Associação dos Sem Carisma #218
Matches sem carisma
Como rolou mais um Match da Amizade lá no É Nóia Minha?, hoje apresentamos os matches sem carisma que, na verdade, enchem a gente de alegria e renova a energia vital.
Porque não há nada melhor do que encontrar alguém que combina com a sua energia baixa, né?
Viralizada
Viralizei por culpa do TikTok. Vocês provavelmente deram de cara com algum vídeo meu pelas redes sociais, inclusive porque eu viralizei com dois vídeos ao mesmo tempo. E foram em muitas páginas. Mas, como sou analisada e terapeutizada, não fiquei lendo comentários em perfis de fofoca ou pesquisando hate. A maturidade tem lados muito bons mesmo. O fato é que muitas pessoas novas (mais de 35 mil no Instagram) chegaram nas minhas redes e fui inundada de carinho.
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De tudo isso que aconteceu, o que mais me deixa feliz e me comove é como estou sendo acolhida por seguidores tão mais novos do que eu. Quando eu era uma menina de 20 anos, eu não me interessava por ninguém de 40. Assim como as pessoas de 40 anos só me enxergavam como jovem demais, imatura demais. Era um desprezo recíproco.
Viver essa experiência de troca entre gerações tão distintas tem sido meu ponto alto do dia. Eu quero muito ouvir tudo o que os mais jovens têm pra me dizer e ensinar, e sou, com prazer, como eles mesmos dizem, a mãe de todos eles. Espero de coração que ainda possa, com o tempo, me transformar em avó. A internet às vezes é bem legal.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
A gente perde os nossos superpoderes?
Eu tenho um ex-amigo, KKKK (pensando aqui sobre já ter escrito de uma ex-amiga, será q tenho muitos EX's?), que falava assim, que cada pessoinha tem o seu único super-poder, e que ele consistia em uma grande qualidade de personalidade, que só ela tinha e cabia àquilo.
Aí ele falava que o meu super-poder era o de fazer as pessoas se sentirem à vontade e conseguir conversar com qualquer um, sobre absolutamente qualquer coisa. De certa forma, hoje em dia esse é o meu ganha pão, num é?
Sair às ruas e falar com pessoas estranhas sobre os assuntos mais diversos, desde o mais superficial aos mais profundos e íntimos, com muito KAKAKA.
Mas na última semana, eu entrei em crise nas minhas últimas duas diárias de gravação.
Eu estava no meio de um trabalho e de repente TRAVEI. Dei tela azul total. O texto não saía, a boca secou, os dentes ficaram colados nos lábios, sabe?
Parecia que eu tinha me perdido dentro de mim. Onde estava aquele super-poder? Por que não está sendo fácil como costumava ser?
Depois de muito tentar e de travar uma batalha mental fervorosa, mas sem tentar transparecer, afinal eu estava trabalhando, eu consegui entregar. Mas sabia que aquilo não tinha sido eu, não tinha sido o meu melhor.
Tá, todo mundo tem seus dias ruins e nem sempre vai entregar 100%, pensei. É só um dia ruim…
Corta para domingo, na outra diária, eu com duas entrevistadas e de repente a minha cabeça fez: CATAPLUFTTTTTTTTTTTT.
E foi para outro lugar… Estava acontecendo de novo.
Consegui contornar de algum jeito e entregar, não era o meu melhor, mas eu ainda tinha um dia todo de gravação pela frente.
Mandei mensagem para a minha mãe (alô, mãe do Claudio Thorne! Hoje tamo só chamando AS MÃAAANHEEEEEE's):
— 'Mãe, eu não sei mais ser eu mesma! Eu não sei fazer mais uma das únicas coisas que me sinto boa em fazer…
Eu tinha pouco tempo para me recompor e, de certa forma, as suas palavras foram certeiras e era exatamente O TAPA QUE EU PRECISAVA:
Às vezes, a gente só precisa de alguém que te dê um chacoalhão e te lembre quem você é e qual é o seu super-poder.
Duvide
Hoje venho aqui no maior clima mensageira do apocalipse. Para me ler, você está conectado à internet. Provavelmente você chegou nesta newsletter via redes sociais, onde todos nós que escrevemos aqui estamos presentes e, de certa maneira, trabalhamos. Você e eu não passamos um dia sem entrar no Instagram, no TikTok, no Twitter. Não conseguimos nos imaginar vivendo hoje sem essa conectividade constante que tanto nos maravilha e cansa ao mesmo tempo. Mas talvez a gente devesse começar a imaginar isso.
Não porque eu ache que as redes sociais vão acabar. Só vejo que a gente deveria começar a pegar leve com elas mesmo, pela nossa saúde mental. Vai ser bom a gente tirar a importância que elas ganharam na nossa vida para voltar a olhar pro mundo real.
Olha esse tanto de filtros, por exemplo. Alguém sabe qual é a verdadeira cara dessas influs badaladas que só fazem vídeo e foto com filtro de make? Já percebeu o tanto de gente que mete um efeito Paris nos stories porque ele some com os poros da pele no seu rosto? E esses procedimentos estéticos que te deixam com a cara quadrada, boca esticada e cílios enormes, igualzinho os primeiros filtros do Snapchat? Ficou tão normal meter uma edição no rosto que a gente nem percebe mais, e ainda fica triste se olhando no espelho porque não tem a pele lisinha como a da sua it girl favorita. Toda hora eu tenho que me lembrar de que não, isso aí que eu tô vendo não é natural.
E tem as mentiras. É fácil demais criar uma narrativa na internet, qualquer telespectador de novela brasileira tem o talento pro roteiro dentro de si. E a gente tende a dar RT em tudo o que nos choca sem nem ao menos checar os comentários pra ver se aquilo é real ou não. Teve uma época que o tuiteiro sentia vergonha de polemizar notícia antiga, pois foi burro o bastante para não ver a data daquilo que estava divulgando. Hoje, o pessoal nem se importa mais se o vídeo da guria de 20 anos dando chilique no shopping por causa de um iPhone é de verdade ou é encenação (spoiler: é encenação), o que importa é postar sua indignação pela atitude dela o mais rápido possível. A gente reclama de fake news e o escambau, mas a gente também normalizou acreditar em tudo o que se posta na internet porque uma conta "confiável" compartilhou, né? O click bait, que lá nos primórdios da internet também era uma prática rechaçada pela maioria, hoje faz parte dos manuais de redação de todos os veículos de imprensa. A isca sempre funciona, sempre traz engajamento, sempre traz cliques.
Tem ainda toda a questão neurológica da coisa: ver seus números de compartilhamento e seguidores subindo te dá adrenalina, uma sensação gostosinha de "estou vencendo, porra", assim como ver eles estagnados ou caindo te causa profunda depressão ("o que tô fazendo de errado?", "ninguém gosta de mim"). Influencers acostumados com o carinho do público deixam seus egos voarem livres por aí a ponto de se considerarem isentos de erro, e fazem os maiores malabarismos mentais para se justificarem ao invés de apenas dizerem "foi mal, errei, fui moleque". Você olha o sucesso do outro pela tela do smartphone sem duvidar por um segundo daquilo, porque a gente baixou tanto a guarda, surfou tanto na onda das possibilidades do digital, que desaprendeu a ser cauteloso.
Hoje é fácil cair em fake news, em pegadinha, em golpe, em uma seita até, porque a gente simplesmente não olha com mais cuidado para o que os algoritmos colocam na nossa frente. E não é só culpa nossa, a coisa foi construída para ser desse jeito, foi pensada para prender a gente. Mas tem como desprender. Primeiro, regulamentando essa porra toda. Só que, enquanto isso não acontece (e sabe-se lá se vai acontecer), tá na hora de darmos aquele passinho pra trás, desconectar, não levar tão a sério tudo o que é postado, duvidar de tudo o que a gente vê na telinha preta. Porque boa parte daquilo sequer é real, mas acreditar naquilo causa problemas reais.
Eu quero uma vida de loira platinada
Primeira crise do pânico
Às 08h30 da manhã de uma segunda-feira, liguei desesperado para a minha mãe para tentar entender por que havia uma bateria de samba dentro do meu peito, e por que eu não conseguia diminuir o volume para terminar meu café. Quando vi que estava chorando antes mesmo de sentir que, de fato, estava chorando, entendi que estava tendo uma crise do pânico.
Sempre me considerei um ser naturalmente ansioso, do tipo que termina conversas, mas quase nunca as termina no mesmo lugar. Se você já for de casa, é muito provável que nossas conversas comecem no sofá da sala e terminem comigo acabando de lavar o restinho da louça do almoço ao lado da pia, ou testando novos filtros no Adobe Lightroom. Consequências do uso excessivo de celular e da cultura da urgência? Talvez. Mas eu prefiro botar culpa no meu mapa astral que deve ter algo em Áries.
Apesar de ser alguém acostumado a conviver com os desafios diários de ser ansioso, minha ansiedade constante nunca me preparou para essa segunda-feira. Nela, eu senti algo que nunca havia sentido antes. Não tinham filtros do Adobe me descolando do momento presente e me impedindo de tomar café da manhã, muito menos louça na pia porque eu já tinha lavado antes. Tinha pânico. Meu corpo virou um carro sobre-aquecendo numa subida, e o medo de explodir e bater no carro de trás era apenas uma parcela do que estava sentindo.
Para me colocar novamente no lugar e recompor o bem-estar matinal que idealizo em todas as minhas manhãs, respirei fundo demais e desliguei minha mãe do telefone. “Vou chorar, já volto”. A parte cômica foi o que eu disse para mim mesmo depois: “Desculpa”. De alguma forma, senti que havia me colocado nessa situação, que a culpa era minha, eu senti demais, eu guardei mais ainda. E o meu carro estava sobre-aquecendo numa rampa lotada à luz de muitas coisas pra fazer. Então, comecei a resolver tudo do meu trabalho e agendei a bateria de samba que tocava no meu peito para depois. Na terça, no mesmo horário, ela voltou.
Organizei o pânico na minha agenda para que ele deixasse de existir no dia seguinte, assim como faço com muitas emoções. A gente guarda tudo numa caixa, passa uma fita crepe, finge que vai abrir depois, mas não abre. Agora, como que faz quando quando a caixa abre sozinha?
Pods para ouvir
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Camila chamou Samuel Gomes e João Batista Jr. promovendo mais um Match da Amizade lá no É Nóia Minha?, e eles tiveram uma conversa bem legal sobre as causas LGBTQIAP+. Bora ouvir?
Pedro e Camila soltaram a edição picante do E os namoradinhos? Tire as crianças da sala e ouça!
E no Conselhos que você pediu, a Isabela falou sobre como a socialização influencia a maneira com que demonstramos amor. Escuta aí!
Tchauzinho
Que semana, viu? Muito sucesso, muito viral, muito doida. Então fica aí o aviso que Camila tá lá arrasando no TikTok, vai lá seguir!
Mas o que queremos te pedir mesmo é que compartilhe esta newsletter com quem você acha que tem o carisma limitado como você — e a gente. Vamos aumentar nosso clubinho exclusivo de gente que gosta de interagir assim, de longe, devagar, cada um no seu tempo e no conforto de seu lar.
Agora beijos, que vamos descansar. Cuidem-se, viu?
Camila, Bertha, Taize e Claudio
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