Bom dia, nação sem carismer! Chegou mais uma newsletter no seu e-mail indicando duas coisas boas: 1- a semana está acabando e; 2- é hora de ler mais textos gostosos.
Pegando carona no tema do É Nóia Minha? dessa semana, que foi sobre quando nós vivemos para os outros, fizemos aqui uma tabelinha simples para você identificar se vive mais para você ou para as expectativas das outras pessoas. Porque fazer o que a gente não tá com vontade, mas “tem que agradar", é o que mais tira o carisma da gente.
Diquinha pra ouvir
Tem um podcast que estou adorando acompanhar que é o Resumido, do Bruno Natal, que a cada episódio traz um resumo de notícias sobre o universo digital. São 20 minutinhos para se informar e entender como a tecnologia impacta as nossas vidas. Tudo, né?
E o episódio dessa semana falou sobre como as redes sociais fazem mal à saúde, sobre o boicote a um filme com roteiro escrito por Inteligência Artificial e outras coisas que rolaram no mundinho da tecnologia. Tem episódios novos toda terça-feira em todas as plataformas de áudio. E pra quem saber mais sobre os assuntos que o Bruno fala lá no Resumido, tem também uma newsletter onde ele complementa os temas e traz outras discussões Ouve aí que é tudo.
A era dos casamentos chegaram
Cheguei naquela idade. Sim, minhas amigas estão casando ou surtadas pra casar. Nenhuma maluquice de ostentação, status, todas em relacionamentos suficientemente longos com caras ou minas legais e que querem viver o ritual de celebrar o amor. Em todos os nossos últimos encontros, o tema casamento é protagonista. Festa, tamanho da lista de convidados, fornecedores, vestidos, discurso, planilhas, orçamentos. É um mundo completamente novo pra mim, que sempre sonhei com vestido branco, véu e grinalda, mas a vida tinha outros planos. Dentro das nossas conversas, deixo um aviso e uma reflexão.
Primeiro, o aviso. Converse com seu marido ou esposa sobre regime de bens. Se vocês só moram juntos, já configura união estável em regime de comunhão parcial de bens. Tudo que vocês conquistarem de patrimônio individualmente desde que estão juntos é dos dois. Nem sempre isso funciona pra todos os casais, realidades financeiras, ambições. É justo que mulheres financeiramente ambiciosas considerem a separação total de bens. É justo que mulheres que decidam ser donas de casa e mãe em tempo integral tenham direito a comunhão parcial de bens. Mas levantem esse assunto. Dinheiro não pode nunca ser um tabu. Quando mais se fala, menos problema tem. Casar é o de menos, a gente nunca conhece verdadeiramente uma pessoa até se separar dela.
Agora, a reflexão. Eu sempre sonhei numa festança de casamento. Vestidão, horas e horas de festa, bateria da Beija-Flor no final. Eu fiz festa de 15 anos, eu amo grandes eventos, amo festejar. Mas, sinceramente, nesse momento da minha vida, financeiramente não cabe uma festa de casamento. Ainda assim, estou há anos nutrindo uma inquietude de que falta alguma coisa. A aliança que eu tanto queria veio, mas ainda assim falta algo, e não é só a certidão averbada em cartório — é também, mas não só isso.
Conversando, ouvindo, pensando nos planos das minhas amigas, entendi. Eu sinto falta de não ter feito votos, de não ter tido uma cerimônia, de não ter reunido nossa família e melhores amigos pra celebrar nossa relação. Nos mudamos durante a pandemia, não teve open house nem chá de casa nova. Todas as celebrações à nossa família foram ao nosso filho. A gravidez, o nascimento, os aniversários dele. Nosso filho é tudo na nossa vida, mas não é por ele que estamos juntos, ainda bem. Nossa família de três é muitíssimo celebrada, mas faltou celebrar nossa dupla de dois. Nós dois que decidimos há cinco anos embarcar numa relação, há quatro virar uma família e que nunca celebramos as decisões mais importantes que fizemos como casal.
Na verdade, eu não quero uma festança. Eu quero assinar um papel, reunir nossa família, me declarar e ouvir as pessoas que mais amamos no mundo celebrando nosso amor. Pode até ser minha Vênus em Peixes, meu ascendente em Câncer. Mas é mais que isso. A festança vai ficar pras bodas de 10 ou 15 anos. Mas declarar o nosso amor em alto e bom som é mesmo urgente.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
O poder de ~alguns˜ novos encontros
como boa farsa dessa associação, vocês sabem que eu gosto muito de conhecer gente e fazer novas amizades, né? KK Q?
mas por circunstâncias de O INFERNO QUE É A VIDA ADULTA, KKKK, a cada ano que passa, parece que essa prática vai ficando mais difícil. e você vai se fechando cada vez mais no seu casulinho. aí é home office, é fazer tudo de casa e tal. é preguiça. ENTÃO, COMO QUE CONHECE GENTE NOVA? COMO?
pois bem.
porque conhecer gente, e ter pessoas que passam por você sem te atravessar é ok, isso acontece, segue acontecendo. mas agora, conhecer pessoas e desenvolver/sentir uma conexão verdadeira, uma identificação, é muito difícil. e eu tô falando de amizades aqui, hein. não de ROMANCY.
esses dias eu estava falando com uma amiga minha que está morando em outro país há uns sete meses, e ela disse que tinha encontrado umas novas amigas lá, mas que se sentia estranha com elas, uma falta de conexão.
que quando ela foi falar sobre uma crise de ansiedade, por exemplo, rolou um olhar meio de Q? KK e depois foi ignorada.
e de fato, não é todo mundo que te entende, não é todo mundo que faz a gente se sentir confortável e acolhida, né.
daí pensei em como acabei dando sorte esse ano, quando eu menos esperava, eu conheci e me aproximei de algumas amigas que parece que simplesmente me conhecem a vida toda.
que passamos pelos mesmos dramas amorosos, de saúde mental, financeiros, espirituais, por vários baques, mas sempre com muito kakaka e deboche ao fundo. o famoso rir para não chorar.
mas também, num lugar de uma apoiar a outra, ajudar a trazer luz e cuidado nesses momentos tão parecidos.
e cara, como é poderoso, como a gente acaba se animando em se encontrar no outro. como é bonito e raro isso! <3
Vida no campo
Ontem passei horas colhendo batata, plantando feijão, pescando, quebrando pedra e cuidando dos animais da Fazenda Witmarsum. Essa semana, gastei muito tempo fazendo atividades de uma típica pessoa do campo ao invés de ficar presa em mais uma discussão idiota da internet ou caindo em alguma live aleatória do TikTok. Quando me informei do golpe na Bolívia, ele praticamente já tinha acabado. Andar pelo vale no meu cavalo Sandoval era muito mais importante do que o que estava acontecendo no mundinho digital.
Tal plenitude só foi conquistada graças a Stardew Valley. Vez ou outra eu volto para esse jogo que simula a vida de um fazendeiro que herdou as terras do avô e largou seu trabalho na cidade para se dedicar a aprender do zero a tocar o lugar. É o jeito que encontrei para voltar pro campo — que é muito menos trabalhoso do que ser uma fazendeira de verdade. Porque eu sou do campo. Minha família cresceu tendo que plantar feijão, colher fumo, tirar leite de vaca e criar galinhas. Na minha infância, eu passava as férias na casa dos meus avós e sempre acompanhava eles na lida. Não ter que fazer isso diariamente transformava catar folha murcha de fumo na estufa em algo divertido. Bem diferente do que os meus pais viveram, tendo que largar a escola e trabalhar na roça aos 10 anos de idade todos os dias na Witmarsum de verdade.
Stardew Valley me traz lembranças dessa época. Ver meu avatar de cabelo branco caminhar pela floresta do Vale dos Pelicanos me dá saudade de quando a gente deitava na grama e ficava olhando pro céu. Ou de quando íamos no riacho brincar na ponte de madeira, botar o pé na água fria cheia de pedrinhas lisas pra pegar filhote de cascudo. Brincar de jogar um pé do chinelo de um lado da ponte e esperar ele sair do outro. Deitar em cima do feijão secando no rancho. Ir debulhar milho na máquina para as galinhas — e depois atazanar elas. Tentar roubar um pintinho da chocadeira e sair correndo pelo quintal com medo dela.
Essa era a parte que eu mais amava da minha infância, aquela parte que não vai voltar nunca mais, porque agora vivo em São Paulo. Já faz muito tempo que a casa dos meus avós não tem mais essas coisas que citei. Faz muito tempo que a estufa de fumo foi demolida e agora é um tipo de garagem. Não tem mais o rancho dos porcos e coelhos onde a gente ia se esconder. Só está de pé o rancho das vacas, que um tio ainda usa, mas da última vez que vi, parecia que iria desmoronar a cada passo que eu dava. Meu avô morreu, e logo será a minha avó, e meus tios, e meus pais… Até chegar a minha vez.
Dói admitir que o mundo não é mais o mesmo. Acho que minha bronca atual com as tecnologias vem muito disso: parece que aquela vida ficou enterrada no passado, ou que foi uma fantasia da minha cabeça, porque aos poucos ela está desaparecendo e eu não faço ideia de pra onde a gente vai.
Pô, não era a minha intenção fazer um texto deprê, mas é isso aí, joguem Stardew Valley, é bem legal.
Quer anunciar aqui na Associação dos Sem Carisma? Então manda um oi para bpideias@bpideias.com.br e vamos conversar. Aqui não tem algoritmo ;)
Turma da podosfera
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Como já informado no início dessa edição, o É Nóia Minha? dessa semana foi sobre quando a gente vive para os outros, e Camila chamou Pedro Pacífico e Ana Suy para conversarem sobre isso. Ouve que tá um papo gostoso demais:
Pois é, a semana teve dose dupla dessa dupla — tudumpsssh —, pois tem mais E os namoradinhos? com Camila e Pedro pra você ouvir!
Nossa conselheira de plantão Isabela Reis falou sobre saúde e atividade física lá no Conselhos que você pediu.
Notinha final
E é hora de desejar a vocês um fim de semana repleto de tranquilidade, sem gritaria, sem desespero, sem compromisso pra cumprir. Desejamos a vocês, sem carismers, a vida de um gato. Tipo o Cisco. Se bem que essa semana ele tomou vacina e ficou meio jururu… Então que seja uma vida de gato em dia que não tem vacina, que aí sim é muito melhor.
Mas tomem vacina, é necessário. E vacinem seus pets. Vocês entenderam!
Bom fim de semana, beijos mil,
Camila, Bertha, Isabela e Taize
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