Vamos começar a sexta-feira com um joguinho para você procrastinar o início do expediente?
Neste caça-palavras, há 7 palavras (simples ou compostas) que parecem qualquer coisa para um ser humano "normal”, mas que são muito amadas por nós que temos o carisma limitado. Comenta aí quais vocês encontrou! 1
O gatinho fofo
Uma história de Arthur e Camila
O gatinho fofo estava andando na rua quando viu um lobo! Era o lobo mais assustador que ele já tinha visto na vida! Mas como ele é um gatinho muito corajoso e forte, ele tentou atacar o lobo, que levou um susto danado.
— Calma aí gatinho, eu só queria conversar.
— Mas você é um lobo assustador!
— Eu? Claro que não, eu só esqueci de pentear o cabelo.
Ficaram amigos, e juntos foram nadar em um rio.
Fim.
Como vocês puderam perceber, hoje Arthur pediu para participar da nossa newsletter. Gostaram da história?
Beijos
Quer anunciar aqui na Associação dos Sem Carisma? Então manda um oi para bpideias@bpideias.com.br e vamos conversar. Aqui não tem algoritmo ;)
Acabou o pano
Quando essa história começou, muitos de nós pensamos: “ah, que que tem, né? Só um placar de jogo!”. Vai ver era até bom para se divertir com os amigos, se aproximar de um assunto, achar sua galera. Depois, os criadores de conteúdo, atores, artistas que gostamos passaram a fazer publicidade. “Que mal tem? Um anúncio como outro qualquer, ué!” Do nada, era outdoor pelas ruas, banner nos ônibus, comercial em horário nobre. Um dia, ouvimos falar de um tal de jogo do tigrinho, do aviãozinho, das rifas. Alguns de nós começaram a cair na real de que esses anúncios e esses sites não eram regulamentados, outros eram ilegais, fraudulentos, lavagem de dinheiro, propaganda enganosa, má-fé. E aí já era tarde demais.
Quando a gente se deu conta, todo mundo conhece uma história de alguém que perdeu dinheiro com aposta esportiva ou jogo do tigrinho. Dinheiro alto, dinheiro que nem tinha, dinheiro que pagaria as contas. Gente que se endividou, gente que roubou dinheiro de parentes para jogar, gente que caiu num buraco.
Não sei vocês, mas durante muito tempo eu passei pano para esse tipo de publicidade quando feita por criadores de conteúdo pequenos. O mercado de publicidade é um funil, poucos conseguem viver disso. Tem muito racismo, elitismo, capacitismo envolvido na escolha das pessoas que vão compor campanhas publicitárias. A regra é serem a mesma patotinha de sempre.
Nos últimos anos, um boom bastante complexo aconteceu. Explico: com a pandemia, toda a verba das marcas para patrocinar eventos, festivais e encontros presenciais acumulou porque, é claro, estávamos todos em casa. Foi um dilúvio de dinheiro para publicidade na internet, que era onde as pessoas estavam. Muitos criadores de conteúdo pequenos que tinham outros empregos acabaram desempregados, outras pessoas usaram o tempo em casa para começar a produzir. Dezenas de rostos novos apareceram, ganharam projeção. Gente que nunca tinha ganho dinheiro com internet ganhou muito dinheiro, mesmo sendo micro-influenciador, mudou a própria vida e a da família.
A pandemia passou, os eventos presenciais voltaram, a verba começou a ser redistribuída. Muitos que apostaram tudo na nova profissão ficaram a ver navios. O dinheiro sumiu. Sobrou o desemprego, a falta de monetização, os filhos para alimentar e o tigrinho. Esse pano eu passei. Durante muito tempo, compreendi e concordei que, na falta de opção, todo mundo tem conta para pagar. É verdade. Mas passaram meses, anos, os joguinhos e as rifas deixaram de ser um bote salva-vidas na crise financeira e viraram um mercado não só milionário, como adoecedor e criminoso.
Agora, em 2024, especialistas já consideram o vício em apostas esportivas comparável a uma epidemia de saúde pública. O vício chega a comprometer 20% do orçamento livre das famílias mais pobres. Segundo a pesquisa “A epidemia das Bets”, feita pelo Instituto Locomotiva, 15 milhões de brasileiros que fazem apostas esportivas online afirmaram ter tido prejuízo nas relações pessoais por conta das apostas; 19 milhões já usaram o dinheiro destinado a outras coisas importantes para apostar online. Fora os casos que vemos repetidamente nas redes sociais e nos portais de jornalismo de pessoas que perderam tudo para as dívidas.
Segurei esse pano o quanto deu. Agora chega, né? Todo mundo tem direito a querer ganhar o próprio dinheiro. Ninguém deveria poder enganar a própria audiência, agir de má-fé, fazer propaganda enganosa, anunciar aplicativos fraudulentos, corroborar com negócios ilegais. É responsabilidade nossa como público tirar o foco, o microfone e a visibilidade dessa gente indecente. Criticar, denunciar, boicotar, cobrar investigação, pressionar por regulamentação. Até que caia um por um.
se quiser falar de amor, fale com a bebetinha!
será que eu sou uma mulher conservadora? KK Q?
todo o meu conflito de personalidade começou na semana passada, quando a lela me mandou uma pipoca de microondas com m&m’s para fazer em casa e eu me lembrei do meu hate pelo microondas, kk. não tenho microondas há mais de 7 anos — sim, esquento tudo no fogão meixmo, como os antigos. porque eu não confio nos raios radioativos (??? duma trozoba, num negócio que esquenta tão rápido girando no quadrado, sabe? Q KKKKK).
não me parece confiável!!!!! assim como a airfryer, pra quê???? negócio feio, trambolhão, E O TEMPO DO FORNO??? DOS ALIMENTOS? hahahaha KKkkkkkk como que um negócio daquele faz um pudim, em sei lá, 10 minutos??? AÍ TEM!!!!!
esses dias também entrei em uma discussão com amigas que trabalham em banco, estudaram economia e administração, sobre confiar no uso de banco digital. porque briguei com o meu banco físico e estava querendo mudar pra outro banco que não fosse totalmente digital. POR QUÊ? PORQUE NAO CONFIO EM BANCO QUE NÃO DÁ PRA FALAR COM UMA PESSOA, QUE SÓ DÁ PRA FALAR COM ROBÔ, SISTEMA!!!!1111 E SE A MAQUINA SE REVOLTA? O BANCO QUEBRA, SOME, DESAPARECE COM MEUS DOIS REAIS E UM SALGADO?
elas, minhas amigas que entendem do assunto, né, me explicaram por a+b que não tinha nada a ver o banco ser digital, que você poder confiar, que não vai quebrar o banco e vai conseguir resolver as suas coisas de forma muito mais prática do que no físico. e para encerrar, me chamaram de: CONSERVADORA!!!
logo eu???? que sempre fui tão Mudernah, desconstruída?
pois é, parece que sim…
estou em crise.
O que sou hoje
Semana passada eu voltei para minha terra, Santa Catarina. Há muitos mixed feelings quando volto pra lá, por causa do que significa morar em SC hoje, ao mesmo tempo que sinto falta da calmaria do lugar. E agora a visita bateu forte. Pela primeira vez depois de muitos anos, a família do lado da minha mãe se reuniu inteira: todos os tios, primos e até os irmãos da minha avó, dona Ruti, que estava comemorando seus 90 anos.
Estou há 17 anos morando longe da minha família. É muito tempo, é a idade que eu tinha quando fui para São Leopoldo fazer vestibular para jornalismo e, um mês depois, me mudei pra lá. No começo, as visitas para Indaial aconteciam pelo menos uma vez por semestre. Lembro que, nas primeiras férias da faculdade, eu passei um mês na casa dos meus pais — um alívio na época em que dividia o apartamento com mais duas meninas e sentia falta das minhas mordomias de filha.
Conforme os anos foram passando, as visitas ficaram mais espaçadas. Quando me mudei para São Paulo, passaram a ser anuais. Volto uma vez para passar no máximo uma semana na casa dos meus pais, porque mais tempo que isso eu não aguento, tenho meus pets para cuidar e trabalho pra fazer. E essas visitas são feitas especificamente para ver meus pais, meus avós e os primos e tios mais chegados, sem me esforçar para encontrar todo mundo. Sempre odiei a obrigação de ter que ser próxima de todos os parentes.
A última festa dela em que estive presente foi quando eu tinha 16 anos. Depois disso, nunca mais me reuni com a família inteira assim. Naquela época, eu era uma adolescente fantasiando sair daquele lugar, com um namoradinho online em outro estado — que era uma oportunidade concreta de me fazer deixar minha casa. Meus primos eram adolescentes, e as primas que eram pré-adolescentes naquela época hoje são adultas e mães. É muito doido ver como a gente cresceu, pra que lado a vida de cada um foi. Como nos afastamos.
Principalmente como eu me afastei. Sei que lá, entre os parentes que vivem na mesma cidade, nem todos se falam e se veem do mesmo jeito que antes. Mas eu certamente fui a que mais se distanciou daquela vida. Me deu certa inveja de quem ficou lá, por eles fazerem parte efetivamente da vida dos meus avós, até dos meus pais, enquanto eu me comunico com eles 3 vezes por semana e olha lá. Voltando para São Paulo, me bateu uma crise de choro quando o choque da realidade me atingiu: Indaial não é mais a minha vida, aquelas pessoas que foram importantes 17 anos atrás também não são mais parte do meu cotidiano. Doeu quando essa ficha caiu. Deu saudade. Deu até uma pequena vontade de largar tudo e passar um tempo lá.
Mas sei, também, que aquilo não sou eu. Passado o baque da volta para uma São Paulo tomada pela fumaça — e depois de ter conversado com nossa presidenta, <3 — , voltei aos poucos pra mim mesma, a Taize de hoje. Foquei no meu trabalho, na minha casa, nos meus bichos. Agora, escrevendo esse texto, estou contente por estar aqui, e não lá. Por ter construído meu espacinho nesse lugar, por ter dado conta de fazer tudo o que precisava hoje no trabalho, por ter limpado a casa, lavado a louça e as roupas de cama, passeado na rua com o cachorro e até produzido conteúdo pras redes. Contente com a minha casa, com os meus planos, com as pessoas que são importantes pra mim aqui, agora. Sentir saudades do passado faz parte, chorar pela infância perdida também. Mas não tem como voltar, eu sou outra pessoa hoje, e eles também. Só dá pra ir pra frente.
Ps.: Para continuar rapidamente o assunto que levantei na semana passada, escrevi na sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa, como abandonar o Twitter é uma questão de caráter. Lê aqui:
Podcats
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Se você é daqueles que sente uma dorzinha nas costas e já sei procurando na internet o que pode ser, vem ouvir o É Nóia Minha? dessa semana com as queridas Lela Brandão e Roberta Martinelli.
O bolo da Ivone foi assunto no E os namoradinhos? Mas quem é Ivone? Vem aqui pra ouvir essa e mais fofocas!
Se você está estagnado aí no sofá ou na mesa do escritório, bora ouvir esse episódio do Conselhos que você pediu sobre realizar as coisas.
Agora podem ir!
Mas antes, queremos dar os avisos do nosso conselho:
Camila Fremder estará presente na Bienal do Livro de São Paulo no dia 12 de setembro! É a sua oportunidade de presenciar tamanho carisma de perto e pegar o seu autógrafo com nossa musa fundadora.
Bora lá, viu? (Nossa, parece muito com “bora lá, bill". Bate na madeira.)
Agora sim, turma dispensada!
Beijos nada tóxicos,
Camila, Isabela, Bertha e Taize
Lembretes de encerramento:
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Coleção Imaturos na Oyo For Us em parceria com Camila Fremder e Rodrigo Rosner
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Nossos caderninhos e adesivos Sem Carisma na Marisco.
E nossos ítens para o lar Sem Carisma na Cosí Home.
E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa e Quibe e o tesouro das abelhas.
Para quem quer saber quais palavras são: Feriado / Dia de chuva / Pausa pro café / Rolê cancelado / Almoço grátis / Deixa pra depois / Reembolso.
Entendo demais a Taizze! Moro em SP e a família toda no interior, e é sempre uma angústia e um alívio voltar pra casa.
Chocada com o conservadorismo do Micro-ondas e air fryer (amo), gente não é radioativo é física básica aahhahahahahahhahahahaha
e concordo chega de passar pano para apostas...