É amargo, mas é bom
Não é porque é amargo que não pode ser delicioso, né?
Na vida tem coisas que descem de forma amarga, mas com um retrogosto de satisfação que vale a pena demais. Aquele cafezinho puro no meio da tarde que te acorda pra vida, o chocolatinho que dá serotonina pro seu corpinho… E a cerveja Beck's, que está apoiando a news de hoje!
Como sem carismas, tem muita coisa que consideramos amargas e ruins e que preferimos evitar. Então propomos uma troca: quando você estiver num momento amargo ruim, troque por Beck's para ficar amargo e bom.
Viu só? Não tem como fugir das coisas amargas e ruins, mas dá para virar o jogo substituindo elas por algo amargo e bom. Mas lembre-se sempre: beba com moderação. Vem aqui conhecer a Beck's e seu sabor amarguinho delicioso!
O amargo sabor de uma TPM
Por Camila Fremder
Muita gente reclama da TPM. Eu não, eu agradeço. Isso porque eu tenho uma dificuldade imensa em dizer não, que some milagrosamente nos 5 dias antes de menstruar. A minha TPM fala por mim, e eu só fico quieta vendo ela agir pra ver se eu aprendo alguma coisa. Viro uma pessoa direta, um pouco grossa e meio amarga, a combinação perfeita pra conseguir recusar um convite pra ser madrinha em alguma outra cidade, pra dizer que infelizmente não posso ler seu TCC de 259 páginas, e até conseguir recusar aquele convite super legal (risos) de batizado no meio de um sábado ensolarado.
Eu vejo as pessoas pesquisando alimentação pra aliviar os sintomas da TPM, medicinas alternativas, suplementos, mas eu só queria ela por mais alguns dias, uns 8 tava bom, sabe? Dava pra recusar muita coisa, dava até pra algumas pessoas acharem que eu sou assim sempre. A Camila da TPM é maravilhosa.
Tudo novo de novo
Por Isabela Reis
Finalmente, gente. Fi-nal-men-te. Ontem, pela primeira vez desde março de 2020, eu recebi a mensagem que tanto esperava: “nenhum Covid no hospital depois de quase dois anos”. Raphael, meu marido, é médico intensivista. Trabalhou desde o primeiro dia da pandemia em CTI, lidando com os casos mais graves de uma doença desconhecida. Integrou a equipe de um hospital de campanha aqui no Rio. Engravidamos no meio desse caos, ele teve Covid duas semanas depois de descobrirmos nosso bebê. Na primeira consulta do nosso pré-natal, ele estava isolado e participou por vídeo. No auge da primeira onda, eram 96 horas por semana em CTI Covid. Esse texto poderia ser inteiro sobre o inferno que ele — e eu por tabela, dada as proporções — vivemos nesse ano e meio de pandemia. Mas deixa para lá. O fato é que, depois de quase dois anos, ontem ele entrou no CTI do hospital particular em que trabalha e o “covidário” estava vazio.
Eu não sou nem maluca de dizer que a vida está voltando a ser como era. Voltar? Como? As máscaras acabam e eu volto a morar com minha mãe e meu filho some no vento igual o Thanos? A vida que eu tinha, nunca mais. Como dizer para alguém que perdeu um amor por essa doença que a vida vai voltar? Nunca mais. Pelo bem ou pelo luto, a gente virou outra gente.
Eu sinto saudade de tanta coisa que eu fazia antes da pandemia. Saudade de coisas que eu nunca mais vou viver da mesma maneira. A vida é outra! Sinto saudade da Isabela nos eventos e eu nem sei mais se essa Isabela ainda existe e se ela gosta de eventos! Mas fato é que eu acordo todo dia querendo viver uma nova primeira vez. Eu fui a um museu semana passada pela primeira vez depois da pandemia! Eu vou reencontrar amigos pela primeira vez neste final de semana! Eu vou ao cinema pela primeira vez para assistir Marighella! Eu vou viajar em dezembro pela primeira vez! Eu vou ter inúmeras primeiras vezes de coisas que eu vivi faz tanto tempo que não lembro.
Sabe aquela primeira vez que você pegou uma estrada ou comeu aquela comida ou entrou no mar e que faz tanto tempo que você nem lembra mais a sensação? A gente vai viver essa sensação de novo, com novos sentidos, em outra idade, em outro momento, podendo lembrar. Toda semana, eu faço algo que já fiz pela primeira vez. E pensando aqui, isso tem passado batido no meio do caos da vida. Vivendo muito, degustando pouco. Tá faltando aquele olhar que brilha, aquela respiração que vai lá no fundo e aquele “nossa…” contemplativo. Que poder é encher o pulmão para contemplar! Finalmente, gente. Que injustiça, que privilégio e que prazer é poder recomeçar a anotar sensações e primeiras vezes do zero. Que privilégio poder viver as mesmas primeiras vezes do meu filho. Não apresentarei nada a ele, estamos vivendo as mesmas descobertas juntos. Como diz meu guru Emicida: a vida sempre vence.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
O Medo à Liberdade
Tá, esse é o título de um livro do psicanalista Erich Fromm, mas eu fiquei pensando exatamente em como a liberdade é amarga, dá medo, frio na barriga e ao mesmo tempo também é deliciosa. Um paradoxo, talvez? Risos.
Recentemente me emancipei financeiramente por total da minha família, e por mais que tenha me dado o maior cagaço (amo que falei isso no passado, mas ainda tenho esse mesmo sentimento), foi uma das maiores conquistas da minha vida todinha.
Chegar nesse momento em que você sabe que dá conta dos seus próprios b.o's, e quando eu digo b.o's são os boletos mesmo, dá muito medo e insegurança, ao mesmo tempo em que te coloca em um lugar de responsabilidade enorme, atrelado a essa liberdade.
Ser livre, na verdade, é se responsabilizar 100% pelas suas atitudes e escolhas.
E quando eu era pequena, achava que seria algo muito diferente disso.
Eu não entendia que essa independência, ter liberdade, essa palavra que só de falar a gente sorri e pensa com leveza, vem carregada de obrigações. Obrigações essas que são exclusivamente suas, o que pesa um pouquinho mais, e o sentimento vai ficando um tiquinho mais pesado do que parecia inicialmente.
Achava que ser livre seria poder trazer quem eu quisesse em casa sem pensar no horário ou em reclamações, que seria poder almoçar sorvete todos os dias da semana se eu quisesse, ouvir música no volume máximo e essas coisas poéticas e românticas que são o sonho de qualquer adolescente.
E é engraçado, que quando esse momento chega, e você até pode fazer tudo isso, você entende tudo o que têm por trás, e que tudo na vida tem sim consequências.
Ser 100% responsável pelos seus atos e ter a liberdade de escolha é assustador, mas é uma puta de uma satisfação no fim das contas.
É a mesma história com o fato de morar sozinha e não ter a quem culpar pela louça suja, a poeira na casa, afinal, só você mora ali.
Ou se você escolheu gastar demais no seu cartão de crédito, e no mês seguinte a fatura vai chegar e é você mesmo que vai ter que sambar pra pagar.
Acho que eu quero dizer é que tudo nessa vida tem os seus dois lados, nada é por completo uma coisa só, e isso pode ser incrível, mas sempre vai dar aquele medinho.
Como eu consigui deprimir meus amigos
Por Taize Odelli
Eu não me considero a melhor pessoa para dar conselhos. Eu sempre fico em dúvida sobre como as pessoas recebem minhas tentativas de aconselhamento. Se eu fui rasa demais, palhaça demais, grossa demais, complicada demais…
Semana passada estava eu conversando com uma amiga e, enquanto explicava minha visão sobre relacionamentos, amor, romantismo, companheirismo e afins, percebo umas lagriminhas saindo dos olhos dela. Bateu aquela nóia de “ih, piorei a situação". Logo depois, um outro amigo me faz uma vídeo-chamada — o horror do sem carisma, mas ele pode — para fofocar sobre a vida, e digo que ele precisa muito de um tempo sozinho, sem sair com ninguém no sentido bíblico da coisa, para aprender a encarar a própria solidão. "Nossa, Taize...", foi a resposta, naquele tom meio defensivo e assustado de alguém que não esperava ouvir isso.
Acho que cheguei naquele ponto das amizades em que sou a portadora da visão pessimista da vida. Não para desanimar todo mundo de continuar existindo, mas para que encarem como as coisas são realmente complicadas, amargas, doloridas… E faz parte da vida lidar com isso. Faz parte ficar triste por algo que não deu certo, mesmo que esse algo tenha acontecido há meses ou anos atrás. Faz parte encarar o fim das coisas, porque nada é para sempre como a Sandy quis nos convencer em "Imortal".
Por mais que eu seja uma grande ativista da vida sem sofrimento, alguns deles são inevitáveis: a perda das pessoas que se ama — pais, amigos, namorados ou namoradas —, dos bichos de estimação, do controle financeiro… E dessas coisas não tem como escapar: você precisa encarar de frente aquilo que te mete medo, ou aquilo que você está adiando pensar porque sabe que a conclusão será horas de choro em posição fetal no box do chuveiro — por favor, economize água.
E aí vem o encanto da coisa: dói remexer nas feridas? Dói. Arde. O gosto das verdades é amargo, mas quando tudo for processado, discutido, encarado de frente, vem aquele retrogosto saboroso da certeza de que você dá conta de tudo. De que se entende melhor e tem mais ferramentas para lidar com mais uma maré de coisas ruins da vida.
Conversar comigo pode te deixar meio depressivo… Mas hey, eu faço café enquanto a gente conversa, abro uma cervejinha, e no final a gente vai estar rindo de tudo isso.
Hora das diquinhas, bebê
Bebedicash
ESTOU PREGANDO A PALAVRA DE SEX EDUCATION!
Finalmente eu comecei a assistir Sex Education na Netflix, e tenho uma das minhas mais novas e preferidas séries.
Dramédia adolescente cheia de reviravoltas e o melhor, recheada de informação sobre educação sexual de forma descomplicada e acessível.
Fiquei pensando no quanto eu gostaria de ter tido uma série como essa para assistir quando eu estava na adolescência e no auge dos meus hormônios.
Meu Deus, falei que nem uma senhora de 85 anos agora, mas é verdade.
Com personagens complexas e apaixonantes, a série britânica fala sobre as questões mais diversas no infinito universo da sexualidade — homossexualidade, assexualidade, fetiches, bissexualidade, etariedade, enfim… Tem que assistir, porque todo mundo vai se identificar, independente de quem você seja, mesmo.
E eu vou falar para todos os adolescentes da minha família e à minha volta para assistirem, pois sim, estou propagando a palavra de Sex Education e tenho dito.
Dicaize
Eu ainda estou processando uma série que vi faz mais de uma semana na Netflix. Se chama Por que matei minha família?, tem 4 episódios e fala sobre um crime que aconteceu em Jerusalém nos anos 1980. Numa noite qualquer, um garoto de quase 14 anos pega a metralhadora do pai, que era do exército, e atira nos pais e nas duas irmãs mais velhas. Quando a polícia chega, ele acaba confessando que fez tudo sozinho — e é aí que as coisas ficam tenebrosas.
Mais de 30 anos depois dos assassinatos, os envolvidos na investigação e cobertura do caso ainda não fazem ideia dos motivos que levaram um garoto bem de vida e genial como ele a matar toda a família. Sim, porque o guri ainda era um gênio. Aquele moleque que parece ter tudo na vida garantido, sabe? E aí você fica realmente noiado assistindo e pensando no que poderia ter levado ele a fazer isso. Surto psicótico? Alguma doença não diagnosticada? Pura maldade? Sabe-se lá.
Sei que muita gente que assistiu não gostou da série por ela não trazer uma "conclusão final" sobre esse caso, mas eu fiquei presa na história o tempo todo. E não acho ruim essa falta de conclusão: tem coisas que são simplesmente inexplicáveis mesmo.
Para quem curte os programinhas de true crime, fica a dica.
Mas esse povo fala, hein? (os pods da semana)
É Nóia Minha?: Com Chico Felitti e Dani Arrais, eu falei sobre esse checklist infinito de coisas que temos que fazer diariamente, e quando não temos, nós fazemos questão de inventar mais coisas ainda… Quem se reconhece? Vai lá ouvir!
Calcinha Larga: Saiu o trailer!!! Ouve aí porque semana que vem tem episódio novo. <3
PPKANSADA: As nossas ppkers ainda estão de férias, mas semana que vem o PPKANSADA volta com episódios novíssimos. Então ouve o que falta aí!
Então até mais!
Já é novembro, menines! Esse ano que tanto nos abalou já está acabando e sentimos até o carisma voltando aos poucos. Bem aos poucos.
Não se esqueça de seguir a gente lá no nosso insta nada carismático, e responda esse e-mail caso você tenha gostado muito dele. Se não gostou, não precisa falar nada, rs.
Obrigada à Beck's por apoiar a edição de hoje, e já sabe: acabou o expediente, pode abrir a sua Beck's sim. E não esqueça da moderação.
Beijos,
Nóix
Associação dos Sem Carisma #94
o texto de dona bela foi como um abraço. e viva as novas primeiras vezes <3
a vida sempre vence! que texto lindo e como sempre sem carisma! Parabéns meninas e não vejo a hora de poder abrir minha Beck´s! hahaha