Associação dos Sem Carisma #56
Cinema em casa
Pois então, estamos no final de semana de Carnaval sem ter Carnaval. Eu sei que a gente que é sem carisma nem está sentindo tanta falta assim da folia, nossa folia é em casa. Mas também não podemos fazer o que costumávamos fazer no Carnaval, como viajar etc. Pois eis que o Telecine veio nos salvar!
À convite do Telecine, selecionamos alguns filmes para os sem carismas verem no fim de semana de acordo com os diferentes moods que temos.
Gostasse? Então vem aproveitar os 30 dias grátis para novos assinantes para assistir todos esses filmes! Além dos grandes sucessos e lançamentos do cinema, tem as cinelists com mais indicações.
Nossa, mas você tá bem
Por Camila Fremder
Esse ano faço 40. Assim como muita gente acha que ter 40 anos é ainda muito jovem, percebo, por algumas reações, que tem quem me ache muito velha. Ser mulher é engraçado. Quando eu estava grávida, achava muito esquisito quando me diziam que eu não tinha cara de mãe. Como se existisse essa cara. Como se existisse qualquer cara: cara de viúva, cara de divorciada, cara de noiva. Agora, querem a cara da quarentona. Quando revelo a minha idade, ando escutando a frase: Nossa, mas você tá bem.
NOSSA,
MAS
VOCÊ
TÁ
BEM.
Repare na frase. Leia atentamente. Isso parece ser um elogio, mas não é. Começando que ninguém tem que achar nada da sua aparência. Já percebeu que a gente sempre precisa atender a algum tipo de expectativa dos outros? E eu, nesse caso, não estou acabada o suficiente como toda mulher aos 40 anos deve estar. O "nossa" entra com a função de demonstrar espanto, ou seja, eu assusto a pessoa por estar parecendo com qualquer mulher de 35, 37 ou 39 anos. Eu não entendo esses marcos que as pessoas criam. Engravidei, então agora eu ganho um tom angelical, uma cara de meiga, praticamente um convite à doçura. Com os 40 é a mesma coisa. O que eles esperam de mim? Cansaço, andar curvado, expressão de desânimo? Se eu não tenho isso: NOSSA, MAS VOCÊ TÁ BEM. Gente, eu tô bem sim, mas eu tava bem ano passado e tenho certeza que vou estar bem ano que vem, fiquem tranquilos.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
Hoje vou dedicar essa newsletter à moça que trabalha no laboratório em que fui fazer o meu transvaginal.
Me desculpa, mas eu esqueci de perguntar o seu nome, depois me manda uma DM, anja.
É engraçado como tem pessoas na vida em situações muito aleatórias que podem animar o nosso dia só por um pequeno gesto ou palavra de afeto, né não?
Me preparei para ir fazer um transvaginal e um ultrassom de mama (era só um check up, tá turo show), e assim, quem já fez esses exames sabe que não é das coisas mais confortáveis e legais do mundo enfiar um pinto metálico quase até a sua goela, né non? Kkkk Me deixem que eu gosto é de exageraaar.
Acordei cedo e de ressaca para trabalhar, e aí me enrolei com tudo, para variar, e fui para fazer o exame sem almoçar, um erro crucial e primário para uma taurina.
Estava faminta, mau-humorada e esperando pelo pinto metálico.
O laboratório estava quente, e tinham duas mulheres na minha frente que claramente estavam lá emputecidas esperando o divino para serem atendidas.
Logo senti que a gente estava no mesmo barco.
Sabe quando rolam aquelas trocas de olhares com pessoas X e o olhar diz tudo? A gente se conecta.
Do tipo: EU ESTOU AQUI HÁ HORAS E NINGUÉM ME ATENDE, NÃO É POSSÍVEL, EU VOU DAR UM BARRACOH!
Enfim, troquei olhares com as irmãs da fila de espera, com distanciamento social e de máscara, claro, ficou até mais intenso e misterioso, e me desloquei para pedir um auxílio, afinal eu tinha horário marcado e precisava trabalhar para pagar os boleto tudo.
Foi quando essa simpaticíssima e linda pessoa me atendeu, e enquanto eu perguntava do meu transvaginal ela perguntou se eu não era a Bertha da Associação dos Sem Carisma, e disse que gostava muito dos meus textos.
Claramente nesse único momento eu devia estar sem carisma mesmo, mas logo sorri e fiquei mais feliz e o humor do restante do dia já melhorou, assim, 100%.
Depois disso, mesmo com um rombo no estômago, esperei um pouquinho mais, só que tudo ficou diferente e melhor.
Ela e a sua amável colega (um docinho também) me indicaram uma outra salinha mais geladinha, daí depois disso o mundo voltou a sorrir para mim, todo mundo ficou mais simpático.
Coisa de pouco tempo depois, o tempo de ouvir duas músicas da Kali Uchis na sala geladinha delícia, e já fui atendida.
Conversei com o médico do ultrassom sobre robôs e inteligência artificial dos aparelhos de ultrassonografia, até das minhas tatuagens ou dele perder a função ou emprego futuramente por conta da inteligência artificial, kkkry.
Essa parte na verdade não foi muito legal, pobizinho, mas tenho certeza de que vai dar tudo certo. ALAK.
E pronto, apenas por um simples comentário e gentileza dessa mulher maravilhosa que eu nunca tinha visto na vida, o meu dia já estava mais agradável e foi melhor.
Ser legal com os outros nas mínimas coisas e a troco de nada além de ser 0800 é contagiante.
Obrigada por me lembrar disso, mulher do laboratório.
Beijos metálicos (brincadeira), beijos gentis,
Bebetinha
Eles não vão te decepcionar
Por Taize Odelli
Nada pior do que ouvir falar muito bem de um livro e, no final, você não curtir tanto quanto a pessoa que te indicou.
Como eu "trabalho" indicando livros há tanto tempo, eu sei bem como é isso. Nem todas as pessoas que seguiram as dicas que dei gostaram taaaaanto assim do que leram. E normal, acontece, a gente se relaciona com os livros de maneira diferente, né?
Mas sempre tem aquele livro que acaba encantando mais gente, que indicamos para todo mundo e todo mundo gosta. São os livros que não te decepcionam.
Um desses livros foi Tudo o que eu nunca contei, da Celeste Ng. Foi uma amiga (oi, Diana!) que comprou vários exemplares do livro e distribuiu entre os amigos para incentivar a gente a ler — amo isso, se você quer muito que alguém leia algo, já chegue com o livro na mão para dar ou emprestar para a pessoa! Ng é autora, também, de Pequenos incêndios por toda parte, que acabou virando série. Mas o meu preferido ainda é o primeiro, uma história familiar que guarda muitos segredos. Em Tudo o que nunca contei, uma adolescente de 17 anos desaparece e sua família tenta entender o que aconteceu. Seu corpo é encontrado não muito longe de casa, e é a partir dessa tragédia que seus irmãos e seus pais vão relembrando os dias anteriores ao desaparecimento, criando um relato plural da história dessa família. Achei um livro muito emocionante, daqueles bem feitinhos, que tocam fundo na gente. Porque no final não é um thriller de suspense, mas um grande drama familiar.
Outro livro que não me decepcionou foi O duplo, de Fiódor Dostoiévski. Clássicos também podem decepcionar a gente, mas com esse eu fiquei 100% grudada na história de um homem que, depois de uma noite vergonhosa em que basicamente levou um fora da mulher que gostava, começou a enxergar um homem igual a ele nas ruas. No início ele pensa ser apenas uma alucinação, mas depois esse homem, igual no nome e no corpo, começa a ocupar os seus espaços: sua casa, sua escrivaninha no trabalho… É um livro que me deixou tensa o tempo todo, porque o protagonista é uma pessoa toda errada que não sabe se comunicar direito. Mas é justamente por isso que gostei tanto, Dostô fez a gente se sentir como se estivesse fazendo parte da trama.
Tenho várias amigas que adoram Philip Roth (oi, Isa!), e de tanto ver elas falarem sobre ele, lá fui eu ler o moço. Pastoral americana, um de seus livros mais famosos, e foi a maravilhosidade que me prometeram. É sobre um homem todo certinho, todo cidadão de bem, que está meio em desgraça depois que sua filha adolescente fugiu de casa e está sendo procurada por atentado terrorista (EUA, anos 1960, guerra do Vietnã, protestos, essas coisas). É também um baita dramão familiar daqueles que parecem ir para lugar nenhum, mas guardam uma grande revelação.
Para terminar, outro que atingiu minhas expectativas foi Canção de ninar, de Leïla Slimani, uma daquelas histórias brutais. O livro começa com o assassinato de duas crianças, e a culpada é a babá que deveria cuidar delas. Esse é o grande plot do livro, revelado desde o começo, mas o que surpreende mesmo é a maneira com que Slimani constrói a babá assassina. Aos poucos você fica sabendo quem é ela, quais foram as suas motivações, e tudo isso numa escrita simples e direta. Talvez seja por isso, por ser tão simples, que a história choque tanto.
Sei que nenhum livro é uma unanimidade. Talvez você tenha lido alguma dessas indicações e não gostou tanto, ou achado apenas ok. De novo, acontece, rs. Mas se você não conhece e ama uma treta de família, vai nessas indicações que você não vai se arrepender — nem se decepcionar.
Uma dica
Dicaize
Como uma adoradora do espaço, da Nasa, de extraterrestres e afins, minha dica da semana é o documentário Apollo 11. Ele foi lançado em 2019 e traz cenas inéditas dos bastidores e imagens em alta definição, uma belezura para quem ama ver um foguete subindo — sem trocadilhos, ok?
Em 1969, a missão Apollo 11 decolou para levar o homem até a Lua, aquela coisa lá de "um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade". Eu amei demais ver como conseguiram essa proeza lá naquela época — e, bem, os foguetes de hoje ainda usam muita tecnologia da Saturn 5 (olha como ela é entendida das coisas, rs).
E onde ver esse documentário? Lá no Telecine, bebê!
Pô, pod? Podsim
No É Nóia Minha? dessa semana teve um papo sincero sobre decepções, porque a gente sabe, a decepção, ela vem… E ela vem na família, nos relacionamentos, e até no BBB, pois é. Eu e os podcasters Foquinha e Samir contamos nossas decepções.
O Calcinha Larga teve a maravilhosa Carol Dieckmann, o episódio foi lindo demais e rolou um papo bem sincero sobre luto.
No PPKANSADA falamos sobre essa coisa que sempre fazemos na internet: xeretar. O stalk foi o tema da semana e revelamos técnicas infalíveis.
Errata
Nossa primeira errata, rs.
Na semana passada escrevemos errado o nome da Pipa, marca linda de roupas infantis que apoiou a newsletter.
Então fica aqui o aviso de que ainda está valendo o cupom de desconto para vestir seu filhote com estilo e garbo: PELAESTRADACOMARTHUR!
Segue a Pipa lá no Insta e vem conhecer mais.
É isso, então? É sim…
Mais uma vez uma news patrocinada <3 Vai lá e segue o @telecine porque quem apoia conteúdo merece o nosso apoio também! E temos novidades dos produtos Sem Carisma! Além da reposição das Camisetas, agora você pode ter também a nossa Ecobag Sem Carisma. Vem aqui no site da Tangerina Moon garantir a sua.
Beijos,
Nóis