Associação dos Sem Carisma #62
Vale Eu Desisto
Mulheres são guerreiras. Mulheres dão conta de tudo. A cada "homenagem" à mulher, é isso o que a gente ouve. Mas quem disse que a gente quer dar conta de tudo? Ou tem que dar conta de tudo sempre?
Apresentamos a vocês este Vale Eu Desisto para você mandar para aquela pessoa que joga um monte de trabalho e responsabilidade em cima de você porque você é GUERREIRA.
Somos não, estamos cansadas.
Nossa audiência masculina também pode usar para quando as coisas pesarem. É pra todo mundo.
Aliás, é sobre isso que as ppkers sem carisma vão falar amanhã no festival Não me dê parabéns da Obvious. O painel Guerreiras não, Ppkansadas começa às 16h50 e dá para todo mundo ver. Esperamos você lá!
Parabéns, Nóia <3
Por Camila Fremder
Olha, eu sempre soube que era noiada, mas não sabia que era tanto. Dois anos de É Nóia Minha? são quase 100 episódios, e eu fico muito feliz em poder comemorar esse níver com vocês, os melhores ouvintes do mundo! Toda vez me perguntam se eu tenho medo das nóias um dia acabarem e toda vez eu respondo que não, mas a verdade é que semanalmente me pego pensando em uma nóia pra gravar, e semanalmente eu me encontro noiada gravando uma nóia nova. E eu amo isso.
Ter um podcast é muito incrível. Várias vezes eu tô meio pra baixo antes de gravar (porque, né, sou brasileira) e é só começar a gravar que eu já me sinto melhor. Por isso, resolvi dar 5 dicas que me ajudaram muito a criar o Nóia, caso você queira ter um podcast também:
1- Saiba com quem você está falando. Quem é a sua audiência e com o que ela se identifica. Vale ter uma listinha de coisas, da mais importante para a menos. No Nóia, por exemplo, eu percebi que minha audiência gostava de humor, assuntos atuais, falar sobre relacionamentos, e assim eu fui montando as pautas.
2- Crie uma identidade. Um modo de falar, de se comunicar. Um visual que você consiga replicar em outras mídias na hora que for divulgar. Eu acho muito importante ter uma cara.
3- Encontre um formato. Para isso é importante pesquisar bastante o mercado. Ouça outros podcasts, anote o que mais gosta de cada um deles e estude isso pra encontrar o seu formato.
4- Mantenha uma frequência. Dessa maneira a audiência se apega mais fácil ao seu conteúdo, ela já se programa que no dia tal vai fazer tal coisa te escutando.
5- Crie relacionamento com outros podcasters e faça esse cross. É uma ótima maneira de conquistar novos ouvintes.
Espero que minhas dicas tenham ajudado e inspirado alguns de vocês a soltar a voz por aí!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
Hoje eu não vou falar de amor não, PORQUE EU TO NERVOSAH E INDIGNADAH.
Vamos mudar o nome da coluna de hoje para "Se quiser falar de indignação, fale com a Bebetinha".
Me desculpem, #semcarismers, sei que é sexta-feira e que é difícil demais acordar mais um dia no Brasil, mas hoje estou aqui movida pela força do ódio, sabe.
Olha, a maioria das pessoas romantizam e glamorizam muito alguns trabalhos, como, por exemplo, o nosso aqui, de quem se expõe na internet. Acham que é fácil e tranquilo, mas vou te contar um secret xoxo gossip girl: NÃO É!
É o famoso quem vê close não vê corre.
Trabalhar com criação de conteúdo demanda muito — demanda tempo, energia e a sua saúde física e emocional. E eu não estou me queixando, muito pelo contrário, eu amo muito o que faço, mas é a realidade, como qualquer outro trabalho. E que também, claro, tem muitos benefícios e que a gente tem que mostrar, afinal, vivemos da imagem.
E só para avisar, no meu caso, como no de muita gente que também trabalha com isso, esse não é o nosso único trampo e sustento.
Mas quando a gente tá começando, e é pequeno, existe toda uma caminhada por trás que os outros esquecem de olhar, e de repente PUM, parece que do nada a pessoa estourou e que ela tá ótima (o que não é o meu caso).
Não é do nada, as coisas na maioria das vezes não acontecem do além na vida dus outres. A gente estuda, pesquisa, trabalha em cima, escreve, reescreve, filma, faz luz, aprende a editar, faz o cabelo, a maquiagem, a comida, arrasta os móveis da casa quase construindo uma nova para desmontar tudo do zero de novo, e quando chega no fim do dia ainda tem outro trampo para fazer e entregar, afinal, temos que pagar nossos boletos em dia também.
É como em qualquer outra profissão, um professor não dá aula do nada, um médico não opera um morto muito loko (kkk desculpa) DO NADA! Alaka, pirei.
Por trás do que aparece ali na interface do seu celular e computador num videozinho, tem muito suor envolvido e muita vontade, o que acaba virando frustração na maioria das vezes e ninguém nem sabe.
Hoje tive um trabalho plagiado na maior cara de pau por duas empresas gigantescas do mercado audiovisual e publicitário, um trabalho que criei do zero com uma amiga e participei de todos os processos de criação com pouca grana e pouca gente, na unha. E isso é muito revoltante, mas muito mesmo.
Sei que existe uma banalização enorme do nosso trampo, mas na maioria dos casos tem pessoas ali ralando demais para entregar coisas legais mesmo que nesse momento de merda. Pessoas mesmo, não empresas, fazendo tudo de casa com o maior afeto do mundo, e que muitas vezes estão frustradas como a maioria da população mundial, tirando os cloroqueens, claro que esses daí nem sei em que planeta vivem.
O meu pedido de hoje é para não romantizar a vida alheia e valorizar os trampos pequenos de quem já tá por aí faz muito tempo tendo que enfrentar um tanto.
Beijos um pouco raivosos, mas para vocês com muito amor,
Bebetinha
Nunca fui amada
Por Taize Odelli
No fim de semana passado me bateu aquela deprê da pessoa solitária. Bateu a solidão. Bateu o sentimento de "caralho, eu nunca vou ser amada na vida".
Não que eu me ajude muito nesse sentido. Sofro do clássico "quem eu quero não me quer, quem me quer eu não quero". É como se eu sentisse prazer em correr atrás do que é difícil e quase impossível — que, no meu caso, é impossível mesmo, nunca tive um sucesso sequer nesse rolê, rs.
Esse é um sentimento horrível, e acho que as redes sociais acabam contribuindo demais com isso. Você vê a foto do carinha de quem gostava e que não sai mais, lembra de como você gostaria que algo tivesse acontecido, algo mais significativo do que o que vocês realmente tiveram, e só de ver o rostinho fica "poxa, seria tão legal. Qual o meu problema? Porque não rolou?".
Nos últimos anos, essas pessoas que passaram pela minha vida deixaram sempre essa sensação de que eu não valia a pena. De que eu nunca fui importante para elas, pois qualquer coisinha era motivo para não me ver. Preciso buscar os cachorros do meu irmão. Amanhã acordo cedo. Não estou a fim de um relacionamento sério — que no fundo significa "não estou a fim de um relacionamento com você especificamente", porque logo depois aparecem juntos com outra pessoa.
Por mais que eu saiba que a culpa não é minha, que cada um vive seus momentos na vida e é difícil encontrar alguém na mesma sintonia que você, sempre bate a insegurança. É inevitável. Mas no fundo eu só apareci na vida das pessoas na hora errada. E nesses dias, o que senti foi o esgotamento de sempre aparecer na vida das pessoas na hora errada. Não consigo acertar. O timing nunca encaixa. E se encaixa, bem, é com alguém que está fisicamente longe.
Seria melhor parar de seguir, de ver, de acompanhar a vida de alguém que não quis nunca fazer parte da minha vida. Mas eu consigo? Não. Porque da minha vida fez parte, de uma forma ou de outra. E curiosa e fuxiqueira do jeito que eu sou, gostaria de continuar acompanhando. Mas às vezes dói. Dói ver todo mundo com alguém do lado enquanto eu permaneço na mesma, correndo atrás daquilo que tem grandes chances de dar errado.
É só esse o desabafo.
Note e anote
Dicaize
Você já deve ter visto Framing Britney Spears depois de toda a propaganda que rolou essa semana (obrigada, Gil do Vigor). É um documentário produzido pelo The New York Times que fala sobre a situação em que Britinha se encontra: desde 2008, quem controla sua vida financeira e profissional — e diria também pessoal — é o seu pai.
A tutela de Britney gerou preocupação dos fãs que criaram o movimento #FreeBritney, e isso virou assunto no mundo todo. O documentário mostra como a cantora começou, como foi tratada pela mídia por causa de sua sexualidade, seus namoros, suas atitudes, um retrato nojento de como uma mulher talentosa e poderosa como ela foi atacada e desmerecida. E tudo isso leva até a tutela do pai, uma relação meio estranha e que tira totalmente a liberdade de Britney e afeta seu trabalho.
Tem lá no Globoplay para ver, aproveita
Bebedicash
Nessa mesma pegada de desabafo de gente pequena que faz grandes corres, hoje vou indicar pequenos produtores de comidas deliciosas que amo muito.
A Páscoa está chegando e tem uma confeiteira perfeita de Pirituba chamada Milene que está vendendo os ovinhos de páscoa mais deliciosos e outros quitutes também. O Instagram dela é @piri.confeitaria, pode encomendar por lá.
@ao.canto: o Julio faz uma torta de chocolate incrível com uma massa de castanhas crocantíssima e fresquinha, kefir, pão de queijo, bolinhos e outras delícias para o seu café da tarde.
@amorphophallus tem os mais lindos arranjos de flores do planeta terra, o Conrado é visionário e genial com as frô e prantinha tudo.
E por hoje é só, o que for lembrando vou lembrar de compartilhar mais vezes! <3
Pipipi, popopó, podcast
Mais um É Nóia Minhaaaa! O episódio está um surto pois é o episódio de dois anos do Nóia com a presença da minha best friend Jana Rosa. A ideia foi tentar alegrar um pouco vocês contando histórias engraçadas nossas, porque não está nada fácil ser brasileiro. Vai lá rir.
O Calcinha Larga veio com os casos absurdos de Jude Paulla <3 Vai lá descontrair um pouco porque você tá merecendo sim!
E no PPKANSADA a Bela, a Bertha e a Taize conversaram com Lela Brandão sobre o problema dos homens: os heterotop e os esquerdomachos. Só ouve!
Beijinho com gosto de bolo
E acabou a nossa news, mas não fique triste: o que não falta é conteúdo nosso ali pelas internets. Olha que momento para maratonar todos os episódios do Nóia, hein? Obrigada por ler, por ouvir, por compartilhar, por aturar a gente. Estamos juntes.
Beijos,
Camila, Bertha e Taize