Associação dos Sem Carisma #72
Plaquinhas Sem Carisma
Lar doce lar. Aqui mora a felicidade. Seja bem-vindo.
Toda casa ou apartamento tem uma plaquinha com uma frase fofa na sua porta, né? Mas para nós, os não carismáticos, essas frases estão longe de serem verdade.
Mas essa associação faz tudo por você! Pois agora apresentamos as nossas plaquinhas sem carisma enfeitadas com frases que retratam bem nosso jeitinho de viver.
Nossa dica é você imprimir e colar em um pedacinho de madeira, ou então na própria porta. Para deixar bem claro para quem chegar perto da sua casa que talvez não seja uma boa ideia bater ou tocar a campainha.
Aproveitem!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
Esse final de semana eu estava bem exausta, e só tive o domingo de folga. Então eu quis aproveitar o meu domingo ao máximo, na horizontal e sem pensar em nada. Rs
Peguei e me dei ao luxo de comprar Cruella na Disney Plus Prime (blevers blevers prime super), e foi, de fato, uma das melhores coisas que eu fiz.
O filme faz uma brilhante referência ao movimento Punk na Inglaterra, do final dos anos 70.
E as músicas me lembraram uma época boa, além do filme dar aquele arrepio mágico de quando você fica passada, mas a trilha me arrepiou TO-DI-NHAH! É verdade.
Lembrei de músicas que eu ouvia aos 12, 13 anos e que salvaram a minha vida.
Em um dos momentos mais tensos para mim, em que minha mãe estava sem grana, recém separada, meu pai enlouquecido, eu comecei a ter crise de pânico e era uma adolescente — o que não me ajudava em nada, porque nessa idade seus hormônios estão um caos na terra —, a música me salvou.
Botei algumas músicas para ouvir daquela época e instantaneamente me emocionei, lembrei de um tanto de coisas que eu passei e superei, e na época pareciam insuportáveis e sem saída.
Aos 12 tive que mudar para uma escola de freira, porque a minha mãe dava aula e eu tinha bolsa, sendo que fui criada por um pai ateu e eu levava isso muito a sério.
Fui excluída e me sentia diferente de todo mundo, dos meus pais, daquela instituição. E os únicos amigos que sentia que me entendiam naquela época eram as músicas que eu ouvia trancada no meu quarto.
Sex Pistols, The Libertines e, claro, as bandas emo como My Chemical Romance e The Used. Como me fizeram bem com aquelas letras, que expressavam tantas vezes o meu ódio pelo mundo e algumas coisas. Kkkk
Me sentia muito rebelde, ia de preto pra escola de freira, o que não podia. Pintava os meus olhos, não queria frequentar as aula de religião e causava até me levarem à psicoterapeuta, era uma senhora que me mandava fazer desenhos e eu ficava desenhando os meus ídolos, esses. Ela não entendia nada, coitada.
Pode parecer bobagem, mas para mim foi o meu jeitinho de ser rebelde e me expressar com relação ao que estava vivendo.
O meu escape, e o jeito de me fazer perceber no mundo.
A partir disso, me juntei com algumas garotas e consegui me encontrar com pessoas parecidas comigo, mesmo que nesse ambiente que parecia um tanto hostil.
Na época, montamos uma banda com quatro meninas, que era a coisa mais importante para mim.
Criamos um laço, uma amizade que durou até hoje, e que me salvou de muitos pensamentos ruins e tristes.
Por fim, eu mudei de colégio, nós seguimos a banda e eu me encontrei e fui aos poucos me ajustando e ficando com menos raiva .
Hoje eu ainda sou um pouco disso, apesar de esquecer em alguns momentos (quando estou fazendo falsetes de Mariah Carey e Ariana Grande, alaka).
Então, ao assistir o filme e ver que ali falava dos movimentos rebeldes, dos "underdogs" — os excluídos e que sentem que não se encaixam —, pensei em como a música e a arte podem salvar a vida das pessoas, assim como salvaram a minha.
Viva a arte, e fora biro liro!
Beijos muito punks kk,
Bebetinha
Notificações
Por Taize Odelli
Eu tenho um problema com notificações: eu não posso ver uma que já abro para ver o que é. Não é só curiosidade. É a impossibilidade de deixar aquela bolinha vermelha indicando alguma coisa aparecendo no meu celular. Como se ela fosse uma sujeira que eu imediatamente preciso tirar da minha frente para deixar a tela “limpa”.
Um exemplo: vejo a notificação de e-mail, olho de quem é e resolvo abrir depois quando estiver com mais tempo. Aquela notificação continua lá e eu abro de novo pensando que é algo diferente. Esses dias eu contei: eu abri o aplicativo umas seis vezes durante a manhã achando que era alguma coisa nova, mas era só aquele e-mail não lido. Eu sabia disso, mas a notificação me condicionou a achar que algo novo apareceu.
Esse comportamento não é só uma questão de ver a notificação e responder rápido — embora eu faça isso, mas mais para evitar que eu esqueça de responder. É só essa coisinha lá que fica aparecendo e, para mim, é como se fosse uma cobrança constante para que eu pare tudo e olhe o que está acontecendo. Porque a notificação é uma novidade. Eu preciso olhar.
Esse é o mal da minha geração, que provavelmente é a sua também: estar ligado o tempo todo, sem deixar nada passar. Tem que ver os replies, os comentários, as reações. Tem que responder mensagem de todo mundo, não pode deixar para depois. Tem que ler todos os tweets sobre a CPI para não perder uma voadora de dois pés no peito moral que Randolfe Rodrigues dá no depoente da vez.
E eu não consigo deixar isso de lado. Já deixo meu celular constantemente no silencioso, já tirei várias notificações, mas algumas eu preciso que continuem lá. E aí como parar o gesto automático de pegar o celular, olhar a tela e abrir o que apareceu? Porque é automático mesmo. É feito sem pensar.
Esses dias eu notei um calo no meu dedinho esquerdo da mão, e fiquei horas tentando lembrar de como poderia ter feito esse calo, já que não sou afeita a serviços braçais. Nada me veio à cabeça até que, dias depois, olhando uma dessas notificações que não consigo ignorar, notei que o celular estava apoiado bem nessa parte do dedinho. Eu adquiri um calo por segurar demais o celular. Isso não pode ser saudável, sabe…
Dicas dicosas
Dicaize
Já que falei sobre estar o tempo todo atenta, quero reforçar uma dica que já dei aqui e lá no Insta antes: o livro Sociedade do cansaço, de Byung Chul-Han.
É uma crítica a esse pensamento de que devemos ser sempre produtivos, positivos, que devemos toda hora estar fazendo algo. E mostra como isso vai sugando a gente, transformando-nos em seres exaustos com tanta coisa e tanta informação. Bom demais para repensar como levamos a vida e entender os efeitos colaterais dessa "sociedade do desempenho" e super positivista em que vivemos, que leva a gente para a depressão e o burnout.
Pod... pod tudo
No É Nóia Minha? dessa semana teve Ricky Hiraoka e Bru Fioreti falando sobre dizer não. Porque quem não tem carisma não aguenta ficar dizendo "sim" pra todo mundo, né? Ouve lá no Spotify!
O Calcinha Larga segue na sua pausa. Mas semana que vem tem temporada nova, então vai ouvindo os episódios anteriores para se preparar!
E no PPKANSADA o papo foi sobre rotina, mas aquela rotina boa, saudável, que amamos. Com Bertha, Taize e Carla Ehlke, também conhecida como vizinha da Taize. O episódio foi apoiado pela Holistix, que esteve aqui na news semana passada. Vai lá ouvir!
E por hoje é só!
Na news de hoje não contamos com a presença de nossa presidenta, mas não fique triste: semana que vem ela está de volta. <3 E Bela também voltará em breve, nós prometemos!
Fica aqui o desejo de um fim de semana bonito e tranquilo. E com um #forabolsonaro. Podemos sonhar, né?
Beijos mil,
A gente