Associação dos Sem Carisma #2
WhatsApp, o inimigo discreto
Você pode ter essa falsa sensação de que está tranquilo e confortável na sua casinha. Sim, você realmente acha que ninguém vai te perturbar, não é mesmo? Você se sente seguro entre essas quatro paredes de concreto, escondido aí dentro onde ninguém te vê, não é assim que você pensa?
OLHA PRA MIM QUE EU TO FALANDO COM VOCÊ!
Perdão, me exaltei…
Mas a verdade é que com o advento do WhatsApp (eu sempre quis usar a palavra "advento" e eu até escrevi errado de primeira) somos perturbados o tempo inteiro. E mesmo que você silencie os grupos por anos, você sabe que eles estão ali, e você vive nesse medo de ser aquela pessoa que no meio da madrugada encontra coragem pra deixar o grupo mesmo sabendo que de manhãzinha todos irão criar suas próprias teorias a respeito da sua saída repentina e sorrateira de um grupo tão bacana.
Eu sei que enquanto você lia minha lindas e fortes frases um filme passou na sua cabeça e você reviveu cada novo grupo em que foi inserido e cada um que quis sair e não teve coragem. Você, assim como muitos, inclusive eu, vive com medo que aquele grupo da viagem de um ano e meio atrás seja reativado com alguma piadinha idiota, e algo que você pensou que estava morto ressurge como um zumbi sedento por sangue diante dos seus olhos. Não demora muito pra alguém dizer “Vamos marcar? Já faz um ano e meio hein, pessoal?”
Eu acho que podemos te ajudar…
Te apresento agora o documento que te dá o direito legal de sair de qualquer grupo, inclusive os de família. De nada. Só repassa pra geral e usa com saúde.
Sobre estudar astrologia
Por Camila Fremder
Eu sempre fui mestre em pagar micos, do tipo que na terceira série chamou a professora de mãe e todo mundo ficou rindo. Na aula de astrologia não foi diferente. Logo no segundo dia eu confundi os nomes e chamei planetas de países. Sim, acreditem, aconteceu. “Qual país você tem na casa 8?” Silêncio na sala, uma risadinha ao fundo.
Ainda não sei qual aspecto do meu mapa me transforma em uma pessoa completamente sem noção quando na presença de mais de 3 indivíduos (deve ser por isso que eu não gosto de sair de casa…), mas eu acabei me apaixonando por astrologia e sou o tipo de pessoa que não assina coisas sem olhar onde os planetas estão, que pergunta o signo no primeiro date, e que pergunta a data de nascimento, a hora e a localização no segundo. Talvez eu afaste muitos pretendentes...
Eu poderia te dar vários motivos legais para você começar a estudar astrologia, mas como eu acho que quem tá aqui já ama e sonha em se aprofundar no tema, eu me sinto na obrigação de te alertar sobre a parte chata de virar referência em astrologia para as suas amigas (indireta para Jana, Mareu e Leka, e um teste para ver se elas estão lendo a minha newsletter).
Segue o que eu passo semanalmente:
Briguei com minha mãe hoje à tarde, você não viu no meu mapa que isso ia acontecer?
Meu secador de cabelo quebrou, que dia você acha melhor eu comprar outro?
Conheci um virginiano com ascendente em touro, você acha que combina mais comigo ou eu continuo dando bola pro leonino mesmo sem saber o ascendente dele?
Vê que mês eu vou ficar rica?
Você não quer estudar numerologia também? Eu pago.
Tá dando tudo errado, eu culpo qual planeta?
Vê meu mapa hoje de novo? Achei que ontem você olhou muito rápido…
Mas se Vênus é relacionamento, a minha pode estar quebrada?
Bloco dos Sem Carisma
"Vem, vem, veeeeem para ser feliz! (praaa ser feliz)
Eu tô na minha sala, eu tô beleza. Eu tô que tô na horizontal!"
E é nesse clima carnavalesco que eu convido vocês a participarem da primeira saída do Bloco dos Sem Carisma. Na verdade, saída foi muito forte, porque não vamos sair para lugar nenhum. A não ser do quarto para a sala e da sala para o quarto. Ah, e para a cozinha também!
Quer coisa melhor do que se poupar de passar calor na multidão, e se poupar de sentir o futunzinho da subaca molhada do outro? Isso quando você não tá lá no meio do bloco batendo cabelo bem sensual e uma mecha fica presa num suvaco alheio. E o prazer de poder fazer xixi no seu banheiro a hora que quiser, sem nem pingar uma gotinha que faz arder aquela bolha que formou no calcanhar de tanto pular bloco? Poxa, eu só vejo vantagens.
Se você é como eu, e quer curtir os melhores comentários do desfile das escolas de samba direto do camarote Minha Sala, estamos providenciando para você na nossa próxima newsletter a pulserinha vip do Bloco dos Sem Carisma. Pra você postar e acharem que o agito aí tá rolando solto...
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
MANUAL DE COMO SER UMA BOA VISITA NA CASA DOS OUTROS
Olha, não existe nada nesse mundo que a gente preza mais na vida adulta do que uma casa bem organizada, limpa e com cheiro de lavanda do campo.
Passamos o mês inteiro juntando cada trocadinho para comprar um vaso para a planta nova - só para fazer um décor diferente! Ou uma graninha extra para trocar o tapetinho do banheiro que já tá louco de véio - e é caro, viu. E aí, você espera a semana por aquele sabadão, quando finalmente vai conseguir limpar a casa na maior paz de jah, sabe.
Você vai passar o pano com vontade - com cera e tudo, pra dar aquele brilho real no piso. E nesse mesmo sábado, quando anoitecer, e aqueles seus "bons amigxs" aparecerem na sua casa (afinal, você não sai de casa) para uma jantinha, uma ceva… Tudo vai por água abaixo.
É bebida no chão, resto de comida no sofá ou na boca do cachorro que sai correndo e sujando tudo pela casa que você limpou com tanto carinho. O piso já começa a ficar grudento, e no banheiro já vemos as pegadas de tênis imundo com água… Olha, me dá nervoso só de pensar.
E o problema não é esse, afinal, a gente tem que zuar com os amigxs mesmo. Mas a questão é: Tem que saber zuar com consciência também, né.
Foi na casa do amiguinho? Comeu e bebeu? Poxa, então dá aquele talento na loucinha. Pega um paninho com um produtinho de limpeza e dá uma passadinha no chão depois de derrubar tudo, sabe. Não custa nada! Chegou na casa? Tira o tênis, ou limpa no tapetinho (no caso em casa não tem tapete, mas fica o lembrete para eu comprar um).
Nada demais, afinal, você desfrutou da companhia desse antissocial que te forneceu bons drinks e boas risadas. Porque assim, a gente é sem carisma, mas a gente é legal!
Que fique bem claro que isso não foi uma indireta, foi uma diretona mesmo. Em nome da saúde mental e física, do respeito e da limpeza do lar, do templo que nós, os sem carisma, tanto amamos e preservamos.
Bom, acabou que isso virou mais uma carta de desabafo do que um manual, então, é isso.
Beijos, assinado,
Bebeta.
RECEITINHA PARA LIMPAR AS ENERGIAS
DA CASA E A CASA MESMO, KK
E para você que ficou querendo mais, segue aí uma receitinha bafo para limpar a casa, fisicamente e energeticamente, né, rs. Olha aí:
Em um balde, adicione água, um pouco de vinagre e sal grosso. Acende um incensinho antes de passar esse babado pela casa.
Pega um pano, molha no balde e ó: CURTE MUITO ESSE MOMENTO!
Com as suas melhores intenções, vai esfregando esse pano no rodo pela casa.
Abre as janelas, deixa a luz entrar e É NÓIS!
Tenho certeza de que você vai se sentir mais leve e protegida no seu templinho.
5 livros de crimes
Por Taize Odelli
A gente AMA UM CRIME.
Não, calma, não é que gostamos de sair por aí e cometer crimes - até porque não gostamos de sair, ponto. Mas nesses momentos de descanso e relaxamento em casa, gostamos de ver/ouvir/ler histórias sobre crimes - que é o tema do É Nóia Minha dessa semana. Então aqui vão algumas indicações de livros sobre crimes, reais ou fictícios.
Lady Killers: Assassinas em série, de Tori Telfer
Sabemos que a maioria dos serial killers são homens, mas aqui a autora traz uma lista ampla de mulheres que optaram por essa “carreira” sombria, com o perfil de cada uma e, claro, descrições do que fizeram.O silêncio dos inocentes, de Thomás Harris
Você provavelmente já viu esse filme CLÁSSICO, pois saiba então que ele é uma adaptação do livro de Thomas Harris? E como sou dessas que acha que os livros são melhores que a adaptação, óbvio que fui ler. E assim: filme e livro são de qualidade absurda. Não se sinta culpado se você sentir fome ao ler as descrições culinárias canibais de Hannibal Lecter.Assassinos da Lua das Flores, de David Gran
Em 1920, nos EUA, os índios Osage começaram a morrer misteriosamente. Eles eram as pessoas mais ricas do mundo naquela época porque eram, apenas, donos de uma enorme reserva de petróleo. Mas aí foram mortos. Esse livro mostra como esses crimes foram solucionados, e foi a primeira grande investigação de homicídios feita pelo FBI.Por que crianças matam - a história real de Mary Bell, de Gitta Sereny
Em 1968, Mary Bell, uma menina de 11 anos, foi julgada e condenada pelo assassinato de dois meninos na Inglaterra, um de 4 e outro de 2 anos. A história, claro, é bem trágica: ela era filha de uma mulher que se prostituía e que também levava a própria Mary para seus programas, permitindo que seus clientes abusassem dela. Nesse livro, que conta com entrevistas com a própria Mary - hoje livre e vivendo com outra identidade -, Sereny busca mostrar como esses abusos que ela sofreu na infância afetaram ela.Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksiévitch
Este livro está aqui porque partimos do princípio de que a explosão nuclear de Tchernóbil (ou Chernobyl, como preferir) foi um crime, e não um acidente - quem viu a série da HBO tá ligado nisso. Svetlana conversou com sobreviventes e atingidos da tragédia para compor um retrato tenebroso do que aconteceu lá. Livro forte demais.
Pois é isso. Abunde-se na sua poltrona e aproveite a leitura.
Podzinho da semana
Nosso podson da semana tratou sobre um polêmico assunto: casos de crimes verídicos. Convidei a atriz Miá Mello e a jornalista e roteirista Carol Pires que, assim como eu, ficam obcecadas em casos de mistério, perseguição e assassinato. Aproveito pra economizar o tempo de vocês e já dar a lista completa das séries, filmes e livros que indicamos durante esse episódio.
Livros
Bateau Mouche: Uma tragédia brasileira, de Ivan Sant’Anna
O espetáculo mais triste da Terra, de Mauro Ventura
Arquivos Serial Killers: Made in Brazil e Louco e cruel, de Ilana Casoy
Casos de Família: Arquivos Richthofen e Arquivos Nardoni, de Ilana Casoy
A farra dos guardanapos, de Silvio Barsetti
Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado, de Ana Beatriz Barbosa Silva
Podcasts
Séries/Filmes
Making a Murderer (Netflix)
American Crime Story: O. J. Simpson (Netflix)
The Jinx (HBO)
Ted Bundy: a irresistível face do mal (Netflix)
Agora que você está munido de muito material para ficar bem quietinho em casa, vai lá e dá o play nesse ep maravilhoso. Ah, e aproveita e lava essa louça enquanto nos escuta que eu sei que tá acumulada na pia, já dá pra ver daqui.
Semana que vem tem mais!
Já somos mais de 10 mil pessoas sem carisma, e se isso não é acolhimento, eu não sei o que mais pode ser. Nunca me senti tão em grupo como agora, e outro dia mesmo imaginei todos nós, 10 mil pessoinhas, unidas em um mesmo local, e me deu um leve desespero e aquela acelerada no coração que só quem tem pânico de multidão entende. Foi aí que eu me dei conta de como somos especiais por ficarmos quietinhos em nossas casas e, mesmo assim, nos fazendo companhia por aqui e pelas redes <3 Obrigada!
! Vamos reunir mais pessoas que nos entendam e não nos julguem.
bjs
Cami e equipe de lindas e inteligentes mulheres