Associação dos Sem Carisma #7
Ressaca? Não sei se lembro de você… A gente se conhece de onde?
Por Camila Fremder
Toda vez que eu digo para qualquer pessoa do mundo que eu não bebo, é sempre o mesmo espanto: Mas não bebe nada? Tipo nem um vinho?
E aí eu me vejo explicando, quase que sem jeito, que eu não faço muita questão, mas que se tiver um vinho, ok, eu até bebo uma taça ou duas (e depois da segunda taça já começo a planejar viagem com as pessoas da mesa, ou seja, tá aí a prova de que a bebida não combina nem um pouco comigo…). Resolvi escrever um texto sobre ressaca porque acho que tem tudo a ver com esse pós-carnaval, se bem que eu tenho a impressão de que no Brasil é sempre carnaval em alguma cidade. E, pensando nisso, lembrei uma vez que realmente pulei carnaval, e não satisfeita com isso, ainda bebi.
Segue o causo.
RIO DE JANEIRO - VERÃO DE 2013
Era aquela época em que eu ficava feliz porque tinha arrumado um “esquema” e o “esquema” era um apartamento no RJ de graça, uma carona de carro para lá e um abadá do camarote da Grande Rio. Um belo esquema, se eu realmente gostasse desse tipo de esquema. Comprei uma tiara da Mulher Maravilha, um short jeans cintura alta em um brechó e lá fui eu, me achando a preparada, a do carnaval, a jovenzona.
Meu carisma acabou no carro, duas horas antes de chegar no Rio. Eram 4 pessoas falando sem parar, trocando de música o tempo inteiro, e quando por acaso alguém finalmente escolhia Britney, não durava até a repetição do refrão. Uma tortura. Cheguei no apartamento já loka pra me trancar no quarto e ouvir Evanescence chorando, mas fomos todos jantar juntos e falar mais, como se 6 horas de carro não fossem o suficiente pra contar uma vida. No jantar eu já estava arrependida, mas não queria confessar para mim mesma, afinal, ainda era sexta à noite.
No sábado tinha um bloco onde todos estavam muito animados. Me vesti de mulher maravilha e fui, tenho foto pra provar:
Pra chegar a pé até o bloco eu já me senti em um bloco. Mas foi quando eu cheguei no bloco que eu entendi que eu nunca mais ia conseguir ir embora. Eu me imaginei caçando no bloco pra sobreviver, bolei planos de começar uma família dentro do bloco, aprender uma nova língua… Era muita gente, muito barulho e nenhuma placa sequer indicando a saída. Eu suei tanto que o short jeans grudou no meu corpo e depois secou e com certeza encolheu. A tiara (lembrei agora que têm lugar do Brasil que tiara tem outro nome, mas aí é com você dar um Google caso não tenha entendido, ok?) apertava a minha cabeça, o tênis imundo e úmido de suor ou bebida ou os dois me fazia bolhas em diferentes cantos do meu pé, e foi nesse momento que eu tive a brilhante ideia de beber. Bêbada eu poderia ignorar todo esse desconforto, todas as dores. Na minha cabeça, a pessoa bêbada do bloquinho é a pessoa feliz, que o próprio entusiasmo de braços e pernas em movimento constante lhe garantem mais espaço dentro do bloco.
Escolhi a Catuaba não porque eu goste, mas porque foi a primeira coisa que encontrei. A partir do segundo copo eu não me lembro de muita coisa, mas em algum momento saí dali e cheguei no quarto do hotel onde passei a noite abraçada na PRI, nome carinhoso que dei à privada, já que estreitamos nossos laços nesse dia. Acordei acabada. Era o dia de ver as escolas de samba e eu estava praticamente fantasiada de lixo humano.
Passei o dia me hidratando, tentando comer saudável, fazendo carinho no meu próprio braço e praticando a auto-pena. Me senti um pouco melhor à noite e fui para o camarote já mais animada. Quando eu cheguei lá, fui tomada por uma emoção. É lindo, é diferente, cheguei até a pensar que, poxa, eu era uma pessoa carnavalesca. Na minha imaginação fértil já me vi desfilando no ano seguinte, e minutos depois já estava convencida que em dois ou três anos poderia sair até como destaque. Rainha da bateria? Talvez. (Sim, eu tenho uma mente muito fértil.)
De repente, um cheiro de rondelli invadiu o ambiente, e eu amo muito rondelli e principalmente molho branco. Devorei a iguaria e voltei pro samba. Não sei se foi a comida pesada na pós-ressaca, a insolação do dia anterior ou um boicote do meu próprio corpo com medo que eu seguisse o plano de me tornar rainha da bateria da Grande Rio, mas eu senti uma pontada na barriga. Daquelas que você sua frio e fala em voz alta: Fudeu. Eu precisava ir embora de lá o mais rápido possível. Entrei pesado na oração porque naquele momento só Jesus na causa, e consegui me enfiar numa van que eu nem sabia pra onde tava indo. Fui parar num hotel que não era o meu, mas que graças a Deus tinha um banheiro logo na entrada e fiz meu solo de bateria lá dentro.
Quando finalmente cheguei no meu hotel, encontrei minha BFF PRI e passamos mais uma noite grudadas. No dia seguinte, como ainda estava muito ligada na PRI, achei melhor não comer nada e fiquei só na água. Logo depois do almoço o plano era entrar no carro e voltar para SP, mas eu realmente não tinha condições de viajar sem a PRI do meu lado e, por isso, fiquei. Eu não sabia como faria para voltar pra SP, eu só sabia que era impossível entrar no carro e comprometer a viagem de todos.
Resumo (amo que depois de escrever tudo isso eu acho que tô resumindo alguma coisa): tive que comprar uma passagem no site de uma companhia aérea e dividir o máximo que dava no cartão. Voltei acabada, sem minha tiara da Mulher Maravilha, que depois lembrei ter trocado ela por uma carona até o hotel no dia do bloquinho, e sem dinheiro.
Acho que é por isso que não sou de beber. Ou de sair. Ou de carnaval.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
Manual de como curar a ressaca de carnaval sem ser com outra ressaca, risos.
Fala meus amigues, como vão vocês?
Vencendo bem o dia a dia e essa ressaca braba do pós-carnaval com força?
Pois eu estou aqui para te dar uma super dica de como se curar neste período que é tão intenso para o folião brasileiro. É isso mesmo, é imperdível, a gerente tá maluca!
Nestas incríveis semanas de carnaval, teve gente que passou nos bloquinhos, nos sambódromos e os que ficaram em casa também na paz de jah rastafari, ou os que, como eu, viajaram junto à família brasileira (kkk) para o interior de alguma cidade e ficou relax nas cachoeiras.
Porém, feriado é feriado, e muitas vezes a gente quer relaxar tomando uns bons drinks e acaba se passando, não que eu seja essa pessoa - longe de mim! risos.
Então essa é pra gente que passou do ponto e tamo junto.
Uma boa dica, além de curar a ressaca arrematando uma outra cerveja em cima (mentira, porque essa não é uma boa dica, kk) - o famoso curar a ressaca com outra -, é você respeitar e ouvir as necessidades do seu corpo.
Quando tô assim eu paro e mentalizo todo o meu corpo e órgãos (parece meio retardado isso, mas juro que funciona muito) e me imagino tomando uma ceva, e aí, automaticamente o meu fígado vai me responder: NANANINANÃO, MOCINHA! kk
Então não se force, sabe. Escuta o seu corpinho.
Não tem nada de errado parar um dia durante, antes ou depois deste grande evento cheio de energias e se hidratar bem, tomar um bom chá e fazer um escalda pés cheio de ervinhas.
Segue receitinha babado para você ficar zero bala e prontx pra outra:
Ferva uma leiteira ou uma chaleira com água;
Pegue dois pedaços de gengibre do tamanho do seu dedo indicador, mais ou menos, cada pedaço (eu sempre meço assim, mais fácil, kk). Descasca ele e pode jogar na água depois que ela estiver fervida;
Se você tiver casca de abacaxi, pode colocar na água também;
Adicione hortelã e tampa essa mistura;
Deixa um tempinho até soltar uma coloração e tá pronto pra tomar.
Você pode tomar tanto quente quanto geladinho.
Te garanto que depois dessa você vai ficar novinha em folha.
Curando a ressaca literária
Por Taize Odelli
Eu sei que você já ficou nesse estado ao terminar um livro muito bom. Você passou por uma ressaca literária mesmo sem saber que isso existia.
Pois bem, a ressaca literária é aquele sentimento que você tem ao terminar aquela leitura FODA PRA CARALHO de que nenhum livro no mundo poderá chegar aos pés dessa história. Nenhum. E essa ressaca acaba te deixando total sem vontade de ler qualquer outra coisa, pois qual é o ponto de seguir lendo se você já zerou a leitura da sua vida?
Mas você quer continuar lendo, claro, porque você precisa desse passatempo que te ajuda tanto a afastar o contato humano. E eis que venho aqui com minhas receitas para curar a ressaca literária e seguir em frente. Vem comigo.
Procure outros livros do mesmo autor(a):
É isso, essa é a solução mais simples. Se essa pessoa desgraçada acabou com todos os outros livros para você, é capaz de ela ter escrito outras coisas boas. Então leia tudo dela. Caso o livro que te deixou com ressaca é a primeira publicação do cidadão, lote a caixa de e-mail da editora e do autor com pedidos de novos livros.Leia contos:
O maior problema da ressaca literária é se comprometer com outra leitura. Você está se recuperando dessas 500 páginas que impactaram a sua cabeça e vai querer partir logo para outras 500 páginas? Não, queridinha. Pegue um livro de contos e tente ler vagarosamente um conto por vez. Eu sou fã declarada de histórias curtas, então acreditem em mim. Procure os livros de Lucia Berlin, George Saunders, Lydia Davis ou Alice Munro (meus contistas do coração), você vai terminar um conto e se sentir pronta para ler mais.Procure obras parecidas com essa que te derrubou:
A ressaca literária foi causada por um suspense? Um romance meloso? Um tratado sobre a impossibilidade da alegria e satisfação humanas? Eu sempre tento procurar livros com temáticas parecidas daquele que me atingiu em cheio para continuar na vibe, sabe. Para não senti que fui assim tão abandonada pelo livro. Ajuda também ficar horas na Wikipedia pesquisando sobre coisas mencionadas no livro - principalmente no caso de biografias, reportagens ou relatos históricos. É tipo quando eu vejo The Crown na Netflix e fico dias pesquisando coisas da família real na internet. Funciona.
Vem cá, diferente das ressacas de bebidas - tive uma sábado passado, não recomendo mesmo -, a ressaca literária é benéfica. Porque você encontrou um livro bom, e sempre é maravilhoso ficar vidrada num livro bom. Mas para seguir em frente e continuar nessa busca pela história perfeita, essa ressaca tem que ser curada também. Espero que ajude. ;)
Quem pode Pod
No podson da semana tivemos a presença de Nilo Caprioli e Fernanda Soares falando sobre fofoca. Eu achei que a gente ia debater sobre como é fofocar e tals, mas quando eu vi a gente tava fazendo fofoca mesmo… Pois é, aparentemente até quem diz que não faz fofoca, faz fofoca. Vai ouvir porque tem várias histórias que você vai escutar e falar em voz alta: MENTIRAAAA! Dá esse play maneiro.
Até semana que vem!
Fazer essa newsletter me dá a sensação de que tenho uma nova turma que posso contar minhas histórias do passado sem alguém me interromper e dizer: Cá, você já contou essa história… Por isso, obrigada a você, amiga e amigo sem carisma que nos lê, e, principalmente nos compartilha (sim, isso foi uma indireta , ok?)
Bjos
Cami e Bertha e Taize <3