Associação dos Sem Carisma #22
Tentando ser junina
A vontade era uma coisa um pouco mais animada, e eu digo um pouco porque no fundo a gente sabe que não somos (se você é um sem carisma oficial) assim tão animados, não é mesmo? Por isso, resolvemos te presentear com bandeirinhas juninas sem carisma, para que você se faça a sua própria festa junina sem carisma. A minha também vai ter paçoca e pipoca, já que eu, Camila, não bebo, mas o cardápio a gente deixa pra você decidir, ficamos mais focados nessa belíssima decoração. Dá pra imprimir e colorir, olha que coisa mais querida!
Quem percebe sinais x Quem não percebe
Por Camila Fremder
- Tem alguma coisa estranha acontecendo comigo e com o número 18.
- Por quê?
- Primeiro abri minha caixa de e-mails e dei de cara com 18 e-mails lá pra eu ler...
- E?
- E depois eu fui fazer uma compra online porque preciso de um rodo novo e o valor do rodo foi 18 reais.
- Sei...
- Aí eu fui adicionar na compra um pratinho de plástico pra por a samambaia em cima e custou, adivinha?
- 18 reais.
- É! E quando eu fui calcular o frete, 18 reais!
- Ahã...
- Desci pra pegar as compras, e quando voltei, o elevador estava no 18.
- Sei.
- O que você acha q significa?
- Que você tem 18 e-mails pra ler e responder e tá enrolando com bobagem.
- É, pode ser...
É ruim, mas é bom
Por Isabela Reis
Eu costumo ser um pouco do contra e é provável que eu fuja muito do tema central por aqui. Mas festa junina sem carisma é o meu irrestrito lugar de fala. Faz treze anos que minha mãe organiza uma para cem pessoas dentro do nosso apartamento. Eu detesto festa junina. Veja bem, não moro numa mansão, mas é isso que acontece quando se faz promessas para Santos. A compra da casa foi um rolo sem fim e minha mãe prometeu a São Pedro que se fechasse o contrato, faria uma festa junina em homenagem.
Desde então foram dez edições. Teve um ano que ela se rebelou porque ninguém ajudava a organizar e resolveu não fazer. Obviamente se arrependeu. Ano passado, ela incorporou a festa junina em seu mega aniversário de 50 anos (que não foi em casa, amém), e esse ano, bom, sabemos.
São toneladas de comida - e essa é a única parte que eu gosto -, centenas de bandeirinhas e, pasmem, três horários de quadrilha para todos os convidados aproveitarem. Meu lugar na festa é em um banquinho no canto da cozinha. É lá que todo mundo que chega me procura e é o que sustenta meu carisma para aguentar as longas sete ou mais horas de festa, a música alta, a falação e o banheiro podre.
Depois de uma investigação psicológica, eu finalmente entendi porque detesto festa junina. Na minha escola, era obrigatório dançar e eu jamais, em toda a minha infância, dancei com o garotinho que gostava. Eles sempre escolhiam a menina popular, bonita, de cabelo liso e... branca. Eu sobrava com quem mais tivesse sobrando e era aquele par sem qualquer vontade, ritmo ou apelo emocional. A hora da cavalgada na quadrilha me dá arrepios até hoje. Cada um num ritmo, um pulando e outro no chão, uma desconjuntura só. Eu jamais quis estar ali.
Duzentos e trinta anos, muita terapia e vários namorados que eu escolhi depois, ainda detesto festa junina. E tudo bem! Mas esse fim de semana vou fazer canjica, porque minha avó fazia para mim. Ela morreu há nove anos sem deixar a receita e depois de anos contou o truque para minha tia em sonho.
Eu não gosto de festa em casa. Jamais me chame para dançar quadrilha. Mas não nego canjica. Apesar de tudo, agora, eu queria muito estar detestando cada segundo da organização de uma festa junina na minha casa, porque isso significaria que muita gente que amamos estaria aqui. Minha avó também não está. Mas aí eu faço canjica.
PS: Não me apresentei, mas acho que depois desse texto vocês já sabem muito sobre mim. É um prazer estar aqui.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
A gente sabe que a semana deveria ser romântica por conta do Dia dos Namorados, só que com os últimos acontecimentos e nessa realidade tão bizarra que vem nos permeando, acredito que não faria nenhum sentido falar de amor senão o amor próprio, e no seu mais sentido e puro significado.
Não quero dar uma de good vibes e "tilelê", risos, e muito menos romantizar o momento, mas eu realmente queria falar sobre isso, sobre amor, mas com outra perspectiva.
Vocês sabem que sou 100% Lua em Câncer e romântica, mas eu tenho pensado no quanto a gente projeta o Amor em outras pessoas muito antes de projetá-lo em nós mesmos, e o quanto isso não tem nada a ver com real sentimento e nos faz mal.
Nesse dia, eu sugiro que a gente reflita um pouco sobre como temos nos tratado e cuidado nos últimos tempos, e como tem sido a nossa relação de amor próprio. Porque isso diz muito, ao final de tudo, de como vamos cuidar e ter empatia pelo outro.
Acho que nada mais urgente nesse momento do que o amor próprio e a empatia, né?
Então queria propor esse exercício da gente se olhar de uma forma mais profunda e com mais carinho, para que isso possa reverberar a fora.
Para te incentivar e inspirar a ter esse carinho e autocuidado, vou passar uma receitinha e um exercício:
- Sempre que puder, se olhe no espelho e se faça um elogio.
Receitinha para aquecer o core s2, essa eu enviei para a Cami e ela gostou, hein:
BANANA BREAD
3 bananas
2 ovos
1 xícara de óleo
1 xícara de farinha de trigo ou de rosca
1 xícara de açúcar mascavo ou demerara
1 colher de sopa de fermento
Canela à gosto e castanhas à gosto, pode adicionar um chocolatinho, aveia ou algo assim que fica bom também.
Amasse as bananas, misture o ovo, açúcar e o óleo. Depois, com uma peneira, adicione a farinha e o fermento, depois a canela e os ADEREÇOS QUE DESEJAR!
Unte uma fôrma com manteiga e polvilhe um pouco de cacau na fôrma ou farinha mesmo se não tiver cacau, e despeje a massa.
Se tiver forminha de pão, melhor, eu não tenho e dá tudo certo também.
No forno pré-aquecido à 180 graus, deixe assando por 50 minutos, ou até colocar o garfinho e sair lisinho.
Deixa esfriar um pouquinho e pode se deliciar!
Se dê esse presentinho se puder que é muito goxtosinho e aquece o coração e a barriguinha!
5 livros sobre política
Por Taize Odelli
Não tem assunto mais importante agora do que política. Eu sei, você deve estar tentando fugir disso. Eu geralmente procuro fugir disso. Mas chega uma hora que precisamos sentar a bunda na poltrona (alô, Westwing, entrega logo a minha) e estudar, e ler, e conhecer.
Te afetando ou não, o mundo está uma bagunça e corremos sérios riscos de repetir os erros do passado. Por isso selecionei alguns livros para esclarecer as coisas e fazer a gente abrir os olhos para sacar o que está acontecendo - ou pode acontecer, bate na madeira. Vamos lá?
Como as democracias morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt
Os dois professores de Harvard, ao discutir como a eleição de Donald Trump se tornou possível, explicam como as democracias podem entrar em colapso ao analisar casos como os de Mussolini na Itália e Hitler na Alemanha. A lição é que as democracias não explodem do nada, mas é uma caminhada lenta que começa com o enfraquecimento das instituições críticas - como o judiciário e a imprensa. Fala de Trump, mas fala muito sobre o que passamos no Brasil também.Ponto-final: a guerra de Bolsonaro contra a democracia, de Marcos Nobre
Parte da Coleção 2020, uma serie de ensaios escritos durante a pandemia, Ponto-final faz uma análise do caos que está a política brasileira. Já vemos isso todo dia no jornal, mas aqui está tudo organizadinho e bem explicado.Sobre a tirania, de Timothy Snyder
Quando Trump foi eleito, o historiador Timothy Snyder fez um post dizendo que os americanos não eram mais sábios do que os europeus do século XX que viram o crescimento do fascismo. O post virou esse livrinho que traz 20 exemplos daquele período que mostram como a tirania se instaurou no mundo e as lições que podemos tirar disso.Origens do totalitarismo, de Hannah Arendt
Um clássico sobre o tema, a autora explica como o antissemitismo cresceu na Europa no final do século XIX, fala da expansão do imperialismo colonial até a deflagração da Primeira Guerra Mundial. Dentre vários temas, ela também explica como se deu o uso do terror para a manutenção de sistemas totalitaristas.Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt
Quando Adolf Eichmann é preso na Argentina, ele é levado pra ser julgado em Jerusalém. Arendt acompanhou esse julgamento, que o condenou pela morte de milhões de pessoas - ele era o responsável pela logística de transporte de judeus para os campos de concentração, um dos principais agentes do Holocausto. Mas no lugar de um monstro, ela encontra um funcionário medíocre incapaz de pensar em seus atos, e aí cunha o termo “banalidade do mal”. É aterrorizante como as pessoas são capazes das maiores atrocidades apenas porque seguem ordens - e sentem zero remorso por isso.
Pois então, as dicas são essas. Desculpa a bad vibe, mas leituras como essas são mais que necessárias neste momento.
E fiquemos todos bem. <3
Podcastzinhos do amor
No É nóia minha? falamos sobre aquela intimidade que sentimos quando seguimos alguém na internet, sendo que nem conhecemos a pessoa. Eu conversei com a Larissa Cunegundes, que agora fazendo a íntima eu já chamo de Lari. Ficou bem legal, ouve aqui!
Já no Calcinha Larga saiu nosso primeiro episódio gravado durante a pandemia, só nós três (Eu, Hel e Tati) num papo entre amigas bem no esquema desabafo. Você pode ouvir aqui!
9vidades da news!
Sim, estamos muito chiques de colunista nova! Eu tô muito feliz em poder aumentar esse time tão lindo e sem carisma, e isso só é possível por conta da presença de vocês, da divulgação que fazem e das marcas que nos apoiam <3 Muito obrigada.
Isabela, acho que falo por todas (eu, Bertha e Taize) dizendo que estamos muito felizes com essa sua participação quinzenal aqui na nossa news! Sigam a Isabela no Instagram!
bjos,
Cami, Bertha, Taize e Isabela <3