Associação dos Sem Carisma #26
Pra chamar de seu
Todo sem carisma de respeito gosta de ficar no seu canto de boa, e ler tem tudo a ver com isso. Por esse motivo, o presente da semana são marcadores lindíssimos de livros com frases que a gente sabe que são a cara de vocês! Vai dizer que não? É só imprimir, usar e se exibir nas redes sociais. Ah, aproveita e divulga o livro que está lendo quando mostrar seu marcador que é um incentivo nosso para vocês lerem mais! Aliás, fiz um vídeo no meu IGTV só sobre dicas para quem quer ler mais, viu? Vai lá ver!
Viajando nos diálogos
Por Camila Fremder
Já cansei de falar por aqui de como eu gosto de guardar diálogos e depois ficar relendo todos eles e lembrando de como eu estava naquela época (feliz, triste, ansiosa…). Reler um diálogo funciona pra mim tipo ouvir música, eles me levam pro momento exato de quando aconteceram. Lembro de cheiros, sensações, uma loucura. Encontrei um esses dias que me despertou uma vontade de viajar, mas não dessas viagens que todo mundo que está em quarentena imagina, tipo praia e sol ou algum outro país, nada disso. Eu senti saudades de quando visitava meus avós em Águas de São Pedro (interior de São Paulo), e aí me deu saudades dos meus avós, mas uma saudade boa, sabe? Daquelas que a gente ri sozinha.
Encontrei a seguinte anotação:
Visitar os parentes no interior é aprender a jogar conversa fora:
- Sabe a Dirce, filha do Tino, que é irmã da Cecilinha, dona do mercado?
- Acho que eu sei, vó.
- Então, a namorada do filho dela entrou na faculdade em São Paulo.
Jogar conversa fora no portão da casa da minha avó é uma coisa que eu sinto muita falta.
Uma carta de amor às cartas
Por Isabela Reis
Eu devo muito à escrita. Muito, não. Eu devo tudo. Eu falei isso no episódio dessa semana do Nóia, mas acho que preciso de um momento gratidão extra, porque ainda estou entendendo a importância das palavras na minha vida.
Minha avó materna estudou até a quarta série, mas tinha paixão por poesia e declamava como ninguém. Foi o apreço dela pelo estudo que a fez apostar todas as fichas na educação da minha mãe. O jornalismo impresso, cada letra escrita no papel jornal, foi quem deu tudo à minha mãe: dinheiro, prêmios, viagens, casa própria. E foi o que me deu a melhor escola, todos os cursos e aulas que quis fazer, intercâmbios. Meu pai trabalhou com publicidade, principalmente como redator.
Eu fui uma criança cercada de literatura, a Bienal era um evento familiar e eu voltava com uma pilha de livros que, naquela época, a gente escolhia na hora lendo as orelhas. Eu lia muito quando era adolescente. Abusado, de Caco Barcellos, um dos meus preferidos até hoje, foi lido com 15 anos em três dias, todas as 560 páginas. Naqueles tempos em que não tinha WhatsApp, as redes sociais ocupavam espaços muito menos importantes na nossa vida e eu não tinha 10% das obrigações que tenho hoje.
Em algum momento, eu me tornei a adolescente que escrevia cartas para os amigos, namorados, família. De amor, de juras de amizade eterna, de reconciliação, de brigas. E foram as cartas que me salvaram quando eu achei que fosse sufocar, foram as declarações escritas que iniciaram todas as minhas histórias de amor e todo o dinheiro que eu já ganhei foram resultado do momento em que eu resolvi escrever cartas.
Tudo o que eu já tive, todas as minhas relações foram construídas por palavras escritas. Escrever, acima de tudo, me emociona, porque, hoje, vejo que escrevo porque minha família sempre escreveu e esse é mais um fio que nos une. Eu sou muito grata à escrita por ter carregado minha família no colo até aqui, fazendo todo o percurso ser tão mais leve quando a realidade era muito difícil. Eu me preocupo muito com meu legado. O que eu vou deixar para o mundo, para as próximas gerações. E dentre tantos formatos — áudio, vídeo, grito, choro —, as palavras que eu escrevi serão o meu melhor. Talvez não o suficiente, mas definitivamente, o melhor que eu pude entregar de mim.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
Desde a gravação do É Nóia Minha? que saiu ontem, “Dá pra viver de escrita?”, fiquei pensando sobre os meus processos e como ela, a escrita, chegou na minha vida.
Bom, a escrita chegou para mim em um momento onde eu não tinha muito para onde e nem para quem correr e dizer tudo o que eu estava sentindo.
Era tudo tão confuso e dolorido aqui dentro de mim, que eu não conseguia nem verbalizar.
Lembro bem do nosso primeiro contato, eu e ela, a escrita..
Eu sempre tive um caderninho ao lado da minha cama, uma espécie de diário, mas acabava utilizando mais para desenhos e essas coisas.
Até que um dia eu estava lá, transbordando, e não tinha mais por onde vazar (parece que tô falando de menstruação, né, mas são dos meus sentimentos mesmo), então olhei para esse caderninho, peguei uma caneta e comecei a escrever.
Eu não conseguia evitar as lágrimas que escorriam do meu rosto e pingavam no papel, devia ter uns 11 anos quando a encontrei pela primeira vez dessa forma tão profunda e que fez tanto sentido para mim.
Daí em diante, a gente nunca mais se largou, quando tudo parece entalado e eu não tenho para onde ir, eu corro pro meu papel e minha canetinha e começo a desabafar.
E esse lugar para mim sempre foi seguro, sem julgamentos e um processo 100% terapêutico.
Então, quando não tiver mais ninguém e nem para onde recorrer, te convido a fazer esse exercício e aposto com você que, depois, tudo ficará um tanto mais leve.
E para acompanhar, uma receitinha de chá de ervas que acho que nada combina mais com a escrita do que um delicioso e inspirador chazinho, rsrrsrs (to falando de chá de verdade, hein galera 420!).
Segue:
- Ferva em uma leiteira, chaleira, o que você tiver, 1 litro de água.
- Assim que ferver, macere em uma xícara hortelã e erva doce, depois despeje a água e tampe a xícara com um pires para elas ficarem lá incorporando.
Fica uma delícia e esquenta tudinho, do coração à alma!
Para escrever mais
Por Taize Odelli
Escrever é aquela coisa que acho que todos nós deveríamos exercitar. Afinal, é uma maneira de comunicação, estamos toda hora escrevendo aquela legenda pro Instagram, aquele parabéns elaborado pra amiga, aquele tuíte, e vocês estão aqui, lendo essa newslettinha. Olha só, como a escrita está em todo o lugar.
Eu não sou uma pessoa que tem a grande ambição de ser escritora ou de ter um livro publicado — quem ouviu o episódio de ontem do É Nóia Minha? sabe bem disso, hehe —, mas eu gosto de escrever. É o momento em que eu tento organizar a bagunça que está a minha cabeça. Pode ser doloroso, mas o resultado é reconfortante.
Quero indicar hoje algumas leituras que falam sobre a escrita e também que possam te inspirar a escrever também — no caderno, no diário, no celular, num doc do Word, onde você quiser…
Sobre a escrita, de Stephen King
Stephen King deve ser o ser humano que mais escreve atualmente. Sério, sempre tem livro novo dele saindo. Em Sobre a escrita, ele apresenta conselhos para quem quer escrever, fala da importância da escrita e também relembra a sua história como escritor. E não é só para quem gosta de terror e suspense não: todo mundo pode ler, principalmente se você sonha com uma carreira na escrita.
O método bullet journal, de Ryder Carroll
Com certeza você já viu muita foto de bullet journals por aí. Se você não conhece — onde você esteve nos últimos três anos??? —, é método de organização e registro para que você anote seus objetivos, as coisas que você fez, precisa ou quer fazer. A ideia de Carroll é usar esse método para ter uma visão geral da sua vida e usar o bujo como um registro dela mesmo. Pode parecer complicado no começo, e você pode ficar meio receoso de começar porque tem uma galera craque em lettering que faz bujos, mas o legal é que cada bullet journal é único e você pode aproveitar ele do jeito que quiser. E é um bom incentivo também para começar um diário.
Grande magia, de Elizabeth Gilbert
Mais conhecida como a autora de Comer, rezar, amar, Elizabeth Gilbert escreveu essa carta de amor à vida criativa. Ela conta um pouco da sua história, fala do que a inspira e busca inspirar você a também seguir essa vida curiosa que nos faz ir atrás de coisas novas e criativas. Para quem quer inspiração para escrever um livro, um diário, perseguir um sonho, enfim, é uma leitura que dá um quentinho no coração.
O mundo da escrita, de Martin Puchner
Esse livro é pros nerds. Para quem quer saber de onde veio essa coisa de colocar palavras em papiro, depois papel, depois tela, rs. Puchner faz uma viagem pelo tempo para mostrar como nasceu a escrita, como ela se desenvolveu e como a literatura transformou a civilização. É um livro cheio de informação pra quem é curioso.
Estão aí as dicas, espero que elas te deem vontade de escrever também.
Podcastzinhos do amor
No É Nóia Minha? da semana, todas as perfeitas dessa newsletter participam! Eu, Isabela, Taize e Bertha falamos sobre nossas experiências nas muitas áreas da escrita pra descobrir: Dá pra viver de escrita? Pra ouvir é só dar o play aí!
No Calcinha Larga da semana teve a Marcela Tiboni, que é mãe de gêmeos e autora do livro Mama: um relato de maternidade homoafetiva. Eu não gosto muito de ficar dizendo que episódio tal é o melhor, mas sério, esse é o meu preferido, vale a pena ouvir!
Tchau e bença
Sempre que eu posso eu cito um pagode, né? Citei hoje em forma de título, ouçam, pagode é tudo.
Recebemos vários e-mails fofos de vocês e ficamos com o coração quentinho, muito obrigada pelo carinho.
Bom, não esqueçam de !
bjs,
Cami, Bela, Ta e Bebé <3