Associação dos Sem Carisma #32
Termômetro da sensibilidade
Para medir sua sensibilidade e compartilhar com todo mundo nas redes para saberem se podem falar com você ou não — melhor não, risos nervosos.
Para o meu vizinho
Por Camila Fremder
Minha vida toda eu morei em apartamento, por isso sempre ouvi a existência das demais pessoas sem maiores problemas, e nunca fui do tipo que reclama do barulho do sapato de alguém ou da criança brincando de bola.
Acontece que, quando se trata de uma descarga barulhenta, uma das coisas que surge na cabeça da gente é um cocô. E se o problema fosse só o alto barulho que a descarga do vizinho faz, eu até passaria batido por tudo isso, mas não, o fato é que o cocô do vizinho não desce com apenas uma descarga, e sim depois de muitas, mas muitas mesmo. O que me vem em mente não é apenas um cocô, mas um cocô enorme e rebelde, que se recusa a descer. (Desculpa se você tava comendo.)
E como se já não bastasse, além de rebelde e enorme, o cocô do vizinho aparece em horas estranhas, tipo 4 da manhã, fazendo, assim, participações especiais em alguns dos meu sonhos.
Você pode estar se perguntando: "Por que ela não reclama pra ele da descarga?". Sim, eu abordei o assunto dizendo que as paredes do banheiro deveriam ser muito finas, já que eu conseguia escutar a sua descarga, e fiquei vermelha de vergonha no mesmo momento. Ele me disse que já tinha chamado um encanador uma vez, que não resolveu o problema, mas que agora ele havia comprado uma “máquina de desentupir privada” que ajudava bastante. (???)
Eu não tive coragem de digitar no Google “máquina de desentupir privada”, mas seja o que for, a tal “máquina” só fez piorar meus pensamentos, pois ando imaginando agora o vizinho interagindo com suas fezes.
Módulo I: Passando raiva
Por Isabela Reis
Depois de limpar a casa loucamente, testar novas receitas, cuidar dos cabelos e da pele, maratonar séries, ler um livro, escrever, tentar voltar para o funcional e a yoga — e falhar miseravelmente —, fazer palavras cruzadas e outras coisas mais que em breve vocês saberão, eu finalmente cheguei ao último estágio das tarefas de quarentena: estou fazendo um curso.
Na verdade, 2020 era o meu ano dos cursos, antes do carnaval já estava matriculada no Corte e Costura para Iniciantes e Introdução ao Yorubá. Queria finalmente voltar a aprender alguma coisa que me interessasse depois de quase dois anos de formada e longe das salas de aula. As expectativas eram altas e, bom, vocês sabem. Sabe-se lá quando eu vou aprender a ligar essa máquina de costura que era da minha avó.
Como todo mundo resolveu dar cursos online, lá fui eu. Consegui uma vaga disputadíssima num curso que esgota em segundos e começou essa semana. No primeiro dia, lembrei porque esse negócio de sala de aula não é para mim e o motivo de eu sempre ter odiado trabalho em grupo. Nem o virtual ameniza minha falta de carisma em lidar com colegas de classe. É tudo aquilo que eu tinha esquecido que existia.
Tem o aluno que não leu o material de apoio que foi enviado antes e faz perguntas só para ouvir “está na apostila”. Eu li antes da aula? Não. Mas eu pergunto alguma coisa se eu tô no erro? Não! Regra básica. Tem os que pedem para fazer perguntas e quando o professor concede a palavra, abrem o microfone e “então, queria fazer um comentário”. Gente, a minha vontade é desencarnar!
E quando a professora pergunta se alguém tem comentários a fazer? “Eu tenho!”, e começam os cinco minutos de elogios e declarações para a mestre. Não que ela não mereça! Muito pelo contrário, estou amando o curso, mas né, ela é tão maravilhosa que queria ouvi-la.
Até treta no chat teve, resolveram dizer que a monitora tinha respondido uma dúvida de forma indelicada. Eu dei graças a Deus que ela ignorou a alfineta, não estava acreditando que tentaram comprar essa briga. Será que querer que a galera se atenha ao tema da aula é pedir muito? Seria indelicado eu postar aquela placa “fale ao motorista somente o indispensável”?
Sou chata? Sim. Mas a concentração na quarentena tá foda. É só surgir um devaneio pessoal do colega que eu desligo, vou longe, volto 15 minutos depois e já perdi todo o raciocínio que foi retomado. Será que ultrapassei a falta de carisma e me tornei a tradicional conservadora da aula online? Estou muito inflexível? Eu não quero ser flexível, quero aprender! Tô doida? O curso acaba hoje, foi ótimo, depois eu conto detalhes, mas desde já preciso de outro detox de dois anos da sala de aula!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
Ah, as expectativas...
Faz mais ou menos uns 45 dias que, após um desmaio e diversos dias de piriri, resolvi e entendi que eu tinha que começar a me cuidar e procurar ajuda médica (SOS GREYS ANATOMY NÃO TAVA ROLANDO MAIS, RS).
Passei no médico, fiz diversos exames e, lógico, ganhei uma gastrite e síndrome do intestino irritável. Um presente de mim para mim mesma, kkk.
E para cuidar desses recebidos, risos, tive que mudar um pouco a minha rotina e alimentação, tirei o glúten e o álcool da minha dieta com acompanhamento de gastro, nutróloga e, óbvio, minha belíssima terapeuta.
Sim, tudo isso em plena pandemia. E sim, não foi fácil.
Mas automaticamente quando contei isso aos meus amigos e familiares, "incrivelmente" a primeira resposta com relação a esses cuidados foi diretamente sobre o meu peso. Uma questão que sempre foi complicada para mim.
Comentários como: "Nossa, você vai secar, ficar fininha!" foram os mais comuns e ouvidos por mim. (Ps.: não façam isso com as pessoas!)
O tempo foi passando e eu, como boa taurina, fui muito determinada e cumpri com a nova rotina fielmente. Consequentemente, comecei a me sentir melhor, não passei mal de novo nem nada. Mas ao mesmo tempo, sempre vinha até mim um olhar pro meu corpo, ou os comentários de expectativas de emagreceu ou não emagreceu.
E isso não foi nada fácil.
Em primeiro lugar, porque esse não era o motivo da iniciativa dos cuidados, e em segundo, como já falei aqui, sofro com distúrbios alimentares e de imagem, e essa "expectativa" com relação a novas dietas e etc. sempre me deixaram muito frustrada e confusa.
Há muito tempo luto pelo corpo livre tanto nas minhas redes sociais como também na minha vida, e essa luta sempre foi muito pessoal, pois primeiramente atingia a mim. Era e é comigo essa batalha de aceitar o meu corpo.
Uma coisa que eu absorvi na vida é sobre a importância de nos sentirmos bem e satisfeitas com a nossa própria imagem, e dentro dos nossos próprios corpos. Amar e respeitar esse lugar que é só nosso é muito difícil. E é incrível como esse "canto" que é tão pessoal, pode acabar muitas vezes contemplando a opinião e incômodo do bedelho alheio.
Eu não queria que o que vem do outro me atingisse tanto, mas infelizmente, como eu disse acima, é uma batalha, uma batalha de expectativas que muitas vezes nem são minhas, sabe?
Hoje tive um retorno à minha médica, e recebi diversas notícias boas, como o fato de estar me sentindo super bem e com tudo funcionando perfeitamente. Mas eu não consegui esboçar um sorriso ou ao menos me sentir feliz, porque o que significou no fim ali, foi que eu não havia perdido peso. E isso foi muito triste, não pela perda de peso ou não, mas me fez pensar em mim e em tantas outras pessoas que sei que também se sentem assim.
Ao mesmo tempo, sentada ali na cadeira da médica, fiquei me perguntando até que ponto eu estava me sentindo assim por mim ou pelos outres.
Acho que a gente tem que aprender a escolher as nossas próprias lutas e, principalmente, respeitá-las, por mais difícil que seja se desligar da expectativa que contempla o outre.
Eu ainda tô tentando descobrir e entender qual é a minha real batalha, e vou seguir lutando para que outres não tenham que passar por tudo isso, por se martirizarem tanto só por uma casca, e sim pelo que temos dentro.
Mais uma vez, um desabafo 100% pessoal aqui nesse diário semanal que compartilho com vocês, hehe.
Um beijo,
Bebetinha
Um dia frio...
Por Taize Odelli
Um bom lugar pra ler um livro 🎶🎶🎶🎶
Esfriou, galera. Não podia deixar de usar essa linda citação de DJAVAN.
A gente sabe que quando o frio bate dá aquela vontade de se sentir A NÓRDICA sentadinha na poltrona confortável com seu café/chá/chocolate quente, mantinha e livrinho no colo.
Adicione uma lareira se você tem lareira. Gato se você é de gato. Cachorro se você é de cachorro. Rato se você é de rato. Qualquer coisa que te deixe quentinha.
E um livrinho bom que vou indicar aqui.
A redoma de vidro, de Sylvia Plath
Uma jovem na cidade grande passando pela grande experiência de sua vida: estagiar em uma revista de moda, vivendo da sua escrita. Mas apesar das roupas bonitas, das maquiagens, dos rapazes, ela está totalmente sem carisma. O romance da Sylvia Plath tem muito de biográfico, e é uma daquelas histórias que marcam para sempre.
O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald
Aquela clássica história de amor linda e trágica dos anos 1920. Você deve ter visto o filme com o DiCaprio, mas acredite: o livro é muito melhor. Muito. Melhor. Além disso, em breve vai sair uma edição maravilhosa com a capa classicona e eu tive um pequeno faniquito essa semana quando descobri isso.
O mestre e margarida, de Mikhail Bulgákov
Tá tudo bem, tudo bom, lá na Rússia. Até que ele chega: O DIABO. Com seu grupinho que apronta altas loucuras — incluindo um gato preto gigante — ele toca o terror de um jeito daora demais em Moscou. Livro inteligente e maravilhoso demais.
A única história, de Julian Barnes
Outra história de amor, outro livro lindo e triste — desculpa, gente, eu amo tristezas. O narrador conta sua história de amor da juventude, com uma mulher muito mais velha, e fala sobre a importância que esse caso teve em sua vida. É curto e você vai ler inteiro no fim de semana.
Querida Konbini, de Sayaka Murata
Konbinis são aquelas lojinhas de conveniência japonesas, e nesse livro uma mulher de trinta e poucos anos que trabalha em uma deles desde os 18 anos está tentando levar a vida e parecer "normal". Porque, nessa idade, sua família esperava que lá estivesse casada e com filhos. É aquele livro com personagens esquisitinhos que a gente ama.
Pronto! Hora de deixar aquele cantinho de casa confortável para sentar e ler.
Diquinhas mil
Taize
Um dia frio... um bom lugar para COMER UM LAMEN — perdão perdão perdão.
Descobri há algumas semanas, em minhas aventuras pelo iFood, o Neko Lamen e Izakaya. Eu estava com vontade de algo quentinho que não fosse uma ~sopa~, e com saudades de um bom lamen. Pois lá tem várias opções dessa maravilhosidade oriental com massa fresquinha e caldos deliciosos. Tem um combo lindo que consiste em um lamen, uma porção de karaage e refri que vai te alimentar bem (no meu caso, rendeu duas refeições).
E adorei toda a EXPERIÊNCIA desse delivery: os ingredientes vêm em um bowl que pode ser levado ao microondas, e o caldo vem quentinho em uma garrafinha para você misturar assim que chegar em casa. Sem falar na embalagem deles que é a mais fofinha que existe.
Fica essa recomendação!
Bertha
A diquinha de hoje vai ser de um arroba que eu sigo e que sempre me faz muito bem:
@movimentocorpolivre, da maravilhosa @alexandrismos.
Com várias fotos de pessoas e corpos reais, é sempre um aconchego para o coração e um mar de sorrisos.
Eu posso, tu pods, ele podcast (nossa que horrível, perdão)
No É Nóia Minha? da semana falamos sobre mentir para nós mesmos. Gravei com a participação dos ouvintes que mandaram áudios e, como toda vez que isso acontece, eu chorei de rir com as nóias absurdas de vocês. Dá o play pra ouvir os absurdos incluindo a história de quando eu fiquei afim de um cara desenhado num quadro, imagina se eu fosse pisciana?
No Calcinha Larga da semana conversamos com Tchulim sobre como os bebês de repente não são mais bebês, e poxa, cadê o meu bebê que tava aqui outro dia e agora já fala, anda e usa cueca? Da o play aí!
Opa, valeu, hein?
Mais uma news cheia de conteúdo e amor pra vocês, e em breve teremos uma novidade sobre ela! Eu juro que não quero parecer de novo a blogger que tá louca pra contar coisas e não pode, mas eu tô louca pra contar, mas ainda não deu tempo de organizar tudo pois: mãe na quarentena, socorro! O que eu posso adiantar é: mais conteúdo para vocês!
bjos,
Cami, Taize, Bertha e Bela