Associação dos Sem Carisma #36
Só leitura boa
Mais uma newsletter e mais uma vez a Intrínseca está aqui com a gente nesse clube sem carisma! Falando em clube, já conhece o clube Intrínsecos? Todo mês o clube de assinatura manda para você um livro com uma história mara como essas que selecionamos aqui embaixo.
Nos inspiramos no perfil literário Objeto Livro para mostrar algumas das nossas leituras favoritas da Intrínseca, olha só.
Bercinho
Por Camila Fremder
–— Ele dorme a noite inteira?
–— Dorme.
–— No bercinho?
–— Sim.
–— Desculpa, qual é o seu nome?
–— É bercinho, e o seu?
Saudades de quando eu era um bercinho...
Eu não li todos os livros do mundo
Por Isabela Reis
Eu confesso. Não tenho orgulho, mas preciso confessar. A única coisa que ando lendo é anúncio de apartamento ou preço de geladeira. Com certeza, ter deixado os livros meio de lado é das coisas mais frustrantes da minha vida adulta. Eu cresci com eles. Fui aquela criança cercada de Ziraldo, Ana Maria Machado, gibis da Turma da Mônica. Na adolescência, eu engolia as sagas. Crepúsculo? Comprava no dia do lançamento, as 500 páginas iam embora em um final de semana. Depois que entrei na faculdade, tudo desandou. Agora, faz 84 anos que estou empacada nos mesmos títulos.
Em minha defesa, eu li um na quarentena, em uma sentada, devorei. Nem lembrava mais como era essa sensação de ficar horas a fio lendo um livro. Fazia anos que não me permitia uma ficção. Caí nessa besteira de “quero ler só para aprender” e fiquei os últimos tempos empurrando não-ficção goela abaixo e desmerecendo todo o resto. Que erro! Esse em particular nem é alegre, mas quantas histórias felizes eu não perdi nesses anos? Por que eu me privei da possibilidade de sonhar, de viajar com os personagens, de conhecer lugares novos? Que desgraça é essa que acontece na vida adulta que a gente, sem sentir, rompe com tantas coisas que gostamos?
Tenho uma campanha pessoal que é “eu não li os clássicos”. É uma camisa imaginária que visto, porque existe um constrangimento quando você diz que não leu Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Euclides da Cunha, García Márquez. Não li. Não deu. Sei lá, tava fazendo outras coisas, conhecendo autores negros, maratonando séries, escrevendo resenhas insuportáveis da faculdade, fazendo filho! Posso? Nada contra os clássicos, tenho até amigos que leram, mas eu ainda não li. Eu chegarei lá, prometo! Espero que seja breve, porque o FOMB tá batendo forte. Inventei agora: Fear Of Missing Books (em minha tradução livre: medo de estar por fora dos livros).
Mas por que eu escrevi isso tudo, afinal? Porque, por um tempo, eu tinha vergonha de dizer que eu não tinha lido tudo. Não tenho mais e não quero que você tenha. Só que às vezes a lista é tão imensa com todos os “temos que ler” que paralisa e não começamos nenhum. Isso não pode estar certo. Pegue aí sua listona. Em qual universo você realmente quer mergulhar entre todos que estão aí? Nenhum? Então, cata seu arquivo da #ADSC e reveja indicações da Tai. Escolheu? Não precisa de dois, basta um. Pronto, ufa, já temos por onde começar. Boa leitura para você!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
O selo Tony Ramos Galã de maturidade
Ainda dando aquela viajada sobre a vida adulta (porque eu sigo nessas, e é isso que acontece com quem AINDA RESPEITA A PANDEMIA, aloka que começa a dar bronca), aproveito para dizer que comecei a ler uma indicação de livro maravilhosa da nossa rainha dos livro tudo, Taize Odelli, que é A vida mentirosa dos adultos, da Elena Ferrante.
Eu encomendei esse livro já faz uns 2 meses, na pré-venda da Intrínseca, e ele finalmente chegou e estou o devorando com gosto, sabe. Uma das melhores compras online da quarentener aqui.
E nos primeiros capítulos já rolou uma identificação doida que parece que escreveram para mim, até! Aquelas que se acha, né, rs.
Mas é muito incrível como ele conversa exatamente com o meu momento de vida e, provavelmente, com a vida de muitos de nós. As reflexões e nóias sobre a infância, e a identificação quando, no meu caso, eu me entendi como mulher e de fato uma mulher adulta.
Porque é isso, a pandemia é tão eterna que ela acaba virando um eterno #TBT da vida, e você fica repassando tudo, cada singelo momento e fase atentamente.
Mas falando nisso de repassar essas fases da vida, eu acabei entendendo finalmente a fase em que eu me encontro –— A fase em que eu acho o Tony Ramos UM GATÃO CHARMOSO, UM GALÃ.
SIM, É...
Nesse período mais em casa, eu estou 100% noveleira e nostálgica, como vocês sabem. E as reprises de novelas estão fervendo!
É Mulheres Apaixonadas, Laços de Família, Totalmente Demais… Olha, um show de horror misturado com saudades.
Não posso evitar e não me perguntar como é possível alguns tipos de diálogos e tanta falta de representatividade, né?
Não que já tenha melhorado muito.
Mas o que eu queria dizer é que, revendo essas novelas, me peguei em um momento muito esquisito, que achei que nunca chegaria para mim, o momento Tony Ramos Galã que despertou no meu coração e mais do que no coração também, se é que me entendem, risos rs.
Isso é sinal de que envelheci? De que eu estou louca ou carente?
Não sei.
Mas agora sei que a vida dá sinais de envelhecimento além dos cabelos brancos e das ruguinhas que começam a aparecer, você também pode ter o seu selo de maturidade Tony Ramos Galã.
E essa foi a minha linda história da forma que eu descobri, ou entendi, que amadureci.
Beijos com pelinhos nas costas,
Bebetinha
Você PRECISA ler Ferrante
Por Taize Odelli
Desculpa chegar assim já metendo uma ordem, mas é que você precisa ler Elena Ferrante. Nem que seja só um capitulozinho –— na verdade, ninguém aqui é obrigado a nada, tá? Só quiz uma entrada dramática.
Conheci a obra de Ferrante com A amiga genial, como quase todo mundo. É o primeiro livro da sua famosa tetralogia napolitana, em que a protagonista, Lenu, narra o desenvolvimento seu e de Lila, sua melhor amiga. É uma história cheia de violência e sonhos, de amizade e ódio, de certezas e dúvidas. Aquele tipo de livro que toca lá no fundinho por falar de sentimentos que você sempre teve, mas nunca soube descrever.
A tetralogia colocou Ferrante nos holofotes da literatura, e seus primeiros livros começaram a sair por aqui também. A filha perdida, Dias de abandono, Um amor incômodo… E todos esses livros, incluindo A vida mentirosa dos adultos, que a Intrínseca acaba de lançar, trazem essa mesma aura da tetralogia: mulheres que estão buscando mais da vida, que querem ir contra aquilo que tentam impor à elas, seja essa imposição algo que vem da sociedade –— como a noção de que mulher tem é que cuidar da casa –— ou uma imposição sentimental –— como tentar reprimir as emoções para ser levada a sério.
É uma história em que você se enxerga, mesmo que ela se passe em outra década e em outro lugar. Porque, no fundo, os dramas que vivemos ainda são os mesmos.
Então, para terminar fazendo um Top 3 Ferrante, aqui vão as minhas dicas:
1- A amiga genial
2- A vida mentirosa dos adultos
3- Dias de abandono
Só leia.
Ah, e aproveitando o assunto e o espaço, se você quiser saber mais sobre Elena Ferrante, conversei ontem com Fabiane Secches sobre A vida mentirosa dos adultos. Só clicar e ver. :)
Dica fina
BEBETIPS:
Na minha diquinha de hoje, vou deixar além do belíssimo livro A vida mentirosa dos adultos, da Elena Ferrante, uma série muito massa que comecei a assistir da HBO que se chama I May Destroy You.
Com uma fotografia e trilha sonora que te prendem do início ao fim em 30 minutos, você vai pirando junto com o enredo e personagens.
A história é da londrina Arabella, uma escritora que acaba de chegar de uma viagem de trabalho da Itália e, de volta a Londres, acaba saindo para um rolê com alguns amigos, e nessa noite acontece uma parada muito tensa, que eu não posso falar, mas que segue sendo o plot dessa trama MARAVILHOSA, e vai se desvendando ao longo dos episódios.
ASSISTAM, É BAFO!
IZZETIPS:
Não vou indicar delivery, séries ou produtinhos. Hoje nesse espaço quero dar a dica que vem me mantendo relaxada durante a semana –— que foi meio tensa, rs
Pegue aquele seu esfoliante cheiroso, o sabonete luxo, o hidratante perfumado, acenda uma vela aromática ou incenso e tome um banho relaxante. Faz isso, sério.
Quando estou me sentindo meio afobada, procuro me mimar com um banho calmo e cheiroso para pelo menos ter a sensação de que eu sou capaz de desacelerar e fazer algo pelo bem-estar do meu corpinho. E como viciada em coisas cheirosas, isso é o que mais funciona para mim.
Então como hoje é sexta, depois do expediente, faz esse ritual com sabonetes, cheirinhos e creminhos para nanar tranquila e esquecer a semana que passou.
Melhor ainda se você tiver banheira (meu sonho).
BELATIPS:
O Meza Bar é um restaurante que amo. Ele é a tradução do “transado, descolado”. É aquela cartela de drinks que dá vontade de beber ajoelhada, comida impecável, espaço bem decorado e, arrisco dizer, o melhor atendimento do Rio de Janeiro (o que é raro por aqui).
Na quarentena, o Meza fechou para reforma e voltou uma lindeza. Todo dia durmo e acordo querendo ir lá. O cardápio foi todo reformulado e agora é inspirado em uma volta ao mundo, os pratos levam nome de cidades e apresentam suas características típicas. É um primor desenvolvido e gerido pela chef Andressa Cabral, uma mulher potente, visionária, de axé e, não por acaso, negra. Óbvio que eu não esperaria poder dar meus rolêzinhos para comer essas delícias e pedi em casa.
O Arequipa (foto) já virou meu prato favorito: Mix de quinoas, legumes assados, creme de avocado, chips de raízes e peixe namorado no pisco sour. Olha, nem sei. Pessoalmente, também destaco o risoto de limão siciliano, o croquete de moqueca e, de drink (que eles também entregam), o Bonfim. Sem mais.
Experimentem!
Podcast-cast-cast (lê como a musiquinha de abertura do HOT HOT HOT)
No É Nóia Minha? dessa semana teve Dandara Pagu (nossa entrevistada lá no Insta!) e Bruna Olliveira para conversar sobre se sentir bonita fora dos padrões de beleza. Vem ouvir e se sentir bela também!
E no Calcinha Larga conversamos com a Veronica Oliveira, do Faxina Boa, sobre auto-aceitação, homens que acham que suas mulheres trabalham demais (menos, homens) e outras coisitas. Ouve aí!
Acaboooooooou... a-ca-booou
Chegando no final de mais uma news com aquele pedidinho singelo: SIGAM A ASSOCIAÇÃO DOS SEM CARISMA NO INSTAGRAM. Ajude esse clubinho a conseguir o seu arrastinho pra cima. 🙏
Mais uma semana cheia, mais uma sexta-feira que chega com aquele gostinho de FINALMENTE, SENHOR. Cansadas, mas sempre felizes de podermos nos encontrar nesse espaço digital. <3
E não deixem de mandar suas dicas, fotos e colaborações para a Participação da Audiência lá no Insta, ok?
Beijos de todas,
Camila, Bertha, Isabela e Taize