Associação dos Sem Carisma #40
40 news <3
Por Camila Fremder
Chegamos na nossa news de número 40, o que me faz lembrar que eu mesma, Camila, também estou perto dos 40 (anos de idade, no caso) e, nossa, meio que assustei agora, tanto com o número de news quanto com a minha idade, mas fiquei feliz. Essas 40 news representam muitos textos, dicas e trocas. E chegar perto dos 40 (na real, faço 39 em novembro, mas sou ansiosa) me dá uma sensação de liberdade enorme, tô achando mó vibe ficar mais velha. Então a minha dica dessa news é: consuma conteúdos que te agregam, e não ache que 40 anos é muito porque ainda me sinto com 27.
Dito tudo isso, hoje estou com vibes cancerianas e resolvi achar umas fotos de quando comecei o É Nóia Minha?. O tema do Nóia dessa semana é podcast, então achei fofo fazer esse abre com fotos de quando tudo começou.
Aquele dia que fui com a Mareu no escritório da detetive para fazer o segundo episódio do Nóia.
Estudo de identidade do podzinho feito pela Ale Kalko.
Quando gravei com a Helen e a Taize, antes do Calcinha e antes da ADSC.
E com as bests Jana Rosa e Lorelay Fox. <3
O caminho é longo, mas a vista pode ser linda
Por Isabela Reis
A lembrança da Cami sobre o início do Nóia me levaram ao Angu de Grilo, o podcast que tenho com minha mãe, a Flávia Oliveira. Ela é jornalista de economia, está todo dia com a cara na televisão, já ganhou muitos prêmios, participou de eventos incríveis e, como jornalista que também sou, isso tudo é muito importante para mim. Mas, no fim das contas, ela é mesmo minha mãe com todos os prazeres e caos que esse papel carrega.
Quando resolvemos começar o Angu, a ideia era gravar as conversas que nós já tínhamos em casa como mãe e filha e espalhar por aí. A diferença é que nossas conversas envolvem economia mundial, política nacional, indicadores sociais, desigualdade, rs. O fato é que, 60 episódios depois, posso dizer que deu certo. O podcast me realiza, é onde posso falar sobre o que eu quiser, no meu tom, a partir dos meus filtros. O que eu não imaginava é como esse processo seria bom para a nossa relação mãe e filha. É o nosso momento.
Minha adolescência foi o caos e minha mãe já expôs esse nosso lado no episódio do Calcinha Larga que participou. Somos extremamente diferentes. Eu sou introspectiva sem carisma, ela é inteirinha aquela música “eu quero ter um milhão de amigos”. O barraco desabou, o barco se perdeu completamente e eu nem sei dizer em que momento a gente conseguiu retomar alguma coisa. A nossa convivência com minha avó materna, dona Anna, também era confusa. Ela era difícil. Nós três somos. Ela morreu abruptamente há nove anos e ficou muito a ser dito, perguntado e respondido. A busca da religiosidade, ancestralidade, história familiar, a maturidade e a terapia pacificaram minha relação com minha avó e minha mãe. O Angu é parte e prova dessa conciliação.
Eu sempre digo que gostaria de ter falado e perguntado mais para minha avó, gostaria de ter tido respostas em vida e sempre recomendo aos quatro ventos para meus amigos: pergunte todas as datas, faça sua árvore genealógica com seus avós, procure entender a história deles. Minha mãe não tinha o melhor canal com minha avó, eu também não. Meu filho terá um canal aberto de diálogo com a avó porque nós duas reconstruímos o nosso. Esse processo não aconteceu por causa dele, mas talvez, sem que a gente entendesse, tenha sido por ele.
Ps.: Esse não é um sinal para você reconciliar com familiares narcisistas, tóxicos e que te façam mal. Você tem direito a se afastar de quem for pelo bem da sua saúde mental. Mas se o problema forem ruídos, mágoas, tretas antigas, é sempre tempo de começar o longo percurso da cura. Mesmo se a outra parte já não estiver nesse plano.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
De volta para a minha terra
Não, não é o programa do Gugu que tá começando, mas é quase isso.
Essa semana tirei umas férias de um dos meus trabalhos (Julius do Everybody Hates Chris) e vim passar a semana na casa da minha mãe no interior de São Paulo.
E como é engraçado voltar para a casa dos pais depois de um tempo morando fora.
Não que eu more super longe e nunca volte para cá, mas quando venho passar um período mais longo, e acompanhar a rotina desse lugar, dos meus pais e amigos, eu não posso evitar um misto de sentimentos aqui dentro.
Lógico que as coisas mudaram — de endereço, de tamanho, de idade, de jeito e opiniões.
Mas a preocupação da mãe que não dorme até chegar em casa e em segurança, o pai ansioso em me ver dentro da divisão de tempo dos pais que são separados desde tão novinha, seguem os mesmos.
Me sentir adolescente e às vezes quase criança. Lembrar dessa época que era tão boa e também cheia de percalços, e principalmente das raízes tão fortes que aqui foram firmadas, e que por fim me transformaram em quem eu sou hoje — essa árvorezona doida e LOKA. Kkk
Ter a segurança e um lugar para voltar, como boa taurina, sempre me acalma e renova os ares.
O sentimento da nostalgia, da saudade, e ter a certeza que eu posso sempre revisita-lo é delicioso e puro, preenche o corpo, seja por uma lembrança ou fisicamente.
Toda vez que volto para cá é quase como uma afirmação de que o tempo passou e não sou mais a mesma, os olhos que enxergam a vista bem verde das montanhas, o córrego que corta a cidade, nunca é o mesmo.
Mas ao mesmo tempo, sei que ao inalar o ar puro da cidade, meus pulmões estarão prontos para caminhadas mais longas.
Um viva às nossas raízes, que nos fazem crescer tão robustos e fortes, nos dando a firmeza para ir para os lados, para cima, às vezes um pouco para baixo, mas que sempre nos fazem lembrar de onde começamos e para onde ir.
Um viva à saudade, à nostalgia, sentimento tão único, seguro, e tão nosso, só nosso.
Beijos firmes e fortes,
Bebetinha
O mundo é um ovo e todo mundo se cruza por aí
Por Taize Odelli
Com certeza você já passou pela situação de ver que duas pessoas de grupos diferentes da sua vida social se conhecem, sem você fazer ideia disso. É o momento em que alguém solta a frase “O MUNDO É UM OVO”, ou a variação “O MUNDO É UM CU” — que prefiro.
Acho que um dos momentos mais O MUNDO É UM OVO que tive foi quando, ao dar match num cara do Tinder aqui em São Paulo e mostrar para minha estagiária na época, ela dizer que conhecia o cara, que ele tinha estudado com o irmão dela em São Luís. Sim, no Maranhão. Brasil país continental meu cu, todo mundo se conhece.
Estou lendo um livro essa semana que trabalha muito essa vibe de pessoas até então desconhecidas que se cruzam por aí, que possuem ligações fortes ou fracas com outras pessoas aleatórias. Eu particularmente amo essas histórias que acompanham diversas personagens e, em algum momento, você descobre que todas estão interligadas — tipo Crazy, Stupid, Love, Noite de Ano Novo e Simplesmente amor.
A literatura adora trabalhar esse tipo de história, não só Hollywood. Então aí vão algumas diquinhas de leituras que exploram diferentes personagens que se cruzam por aí e formam uma história só.
Garota, mulher, outras, de Bernardine Evaristo
Esse é o livro que estou lendo essa semana e amando demais. Evaristo é inglesa e, nesse livro, cada capítulo apresenta a vida de uma mulher negra em Londres. São capítulos curtos, com frases concisas, sem ponto final, e cada mulher tem uma visão diferente da vida. Tem uma diretora de teatro lésbica prestes a estrear uma peça num dos maiores teatros de Londres, uma professora de escola pública, uma vice-presidente de um banco, uma imigrante nigeriana que ainda mantém as tradições do seu país… E durante a leitura, você vai descobrindo como cada uma se conecta com a outra. Nem terminei de ler ainda e já posso dizer que é uma das melhores leituras do ano.
Atlas de nuvens, de David Mitchell
Esse livro não apresenta só personagens diferentes em lugares diferentes, mas também aborda épocas distintas. Ele conta seis histórias que vão do século XIX no Pacífico a um futuro pós-apocalíptico e tribal no Havaí, explorando história, tecnologia, relações pessoais, ficção científica… Enfim, uma mistura que faz todo o sentido no final.
Trilha sonora para o fim dos tempos, de Anthony Marra
Vocês vão cansar de me ver indicando esse livro aqui, isso se já não cansaram! Rs. Mas o que Marra faz nesse livro também é um passeio pelo tempo e por diversas personagens no Leste Europeu, desde o início do século XX na União Soviética até os tempos modernos. O livro foi vendido como um livro de contos, mas para mim ele é um romance completo, pois todas as histórias se conectam perfeitamente. É um livro lindo e você deveria dar uma chance.
Graça infinita, de David Foster Wallace
Esse é para quem gosta de ousar. Graça infinita é um dos livros mais DOIDOS que já li na vida, e boa parte dessa loucura toda vem justamente da quantidade enorme de núcleos e personagens que o autor criou. Tem alunos de uma academia de tênis, terroristas cadeirantes, espiões travestidos de mulher, internos de uma clínica de reabilitação para alcoólatras e drogados, e no meio disso tudo um filme misterioso que é tão bom que faz com que quem o assista morra de inanição porque não consegue sair da frente da TV. E tudo isso está conectado. Aviso importante: tudo bem se você não entender muita coisa do livro e terminar sem saber quem é o responsável pelo quê, acho que nem 10 leituras vão desvendar tudo o que essa história guarda.
Anotou? Então vai fundo que só tem coisa fina, prometo. E reforço que Garota, mulher, outras vai ser uma ótima leitura.
Dica na chulipa
IZZETIPS
Eu não sou lá uma grande fã de filmes ou séries de terror, porque não curto muitas vezes o tom gratuitamente violento da coisa. Mas histórias de fantasmas eu amo. Amo demais. E no último fim de semana me entretive bem com A maldição da mansão Bly, na Netflix. É do mesmo criador de A maldição da residência Hill, mas dessa vez ele se inspirou em um dos clássicos da literatura que eu mais gosto: A outra volta do parafuso, de Henry James. Foi por isso que resolvi começar a ver a série, e fui positivamente surpreendida.
A história acompanha uma preceptora na Inglaterra contratada para cuidar de duas crianças, de 10 e 8 anos de idade, em uma mansão maravilhosa no interior do país. São dois órfãos que perderam os pais dois anos antes, e o tio, que ficou com a guarda, nem aparece para vê-los. Além das crianças, a casa conta com uma governanta, um cozinheiro e uma jardineira. O que a babá não sabe — ainda — é que lá tem também uma caralhada de fantasmas.
Como disse, o criador se inspirou na história de Henry James e colocou muitos elementos novos na série. Primeiro que ela se passa nos anos 1980, e não no século XIX, como no livro. E as personagens ganham mais profundidade, novos fantasmas são adicionados, há um background maior por trás de cada um que está naquela casa.
Eu amei demais: não é uma super série de sustos, mas tudo é muito bem construído, e a atuação das crianças, principalmente do moleque, é de assustar de tão boa. E um aviso importante: os últimos episódios vão te desidratar de tanto que você vai chorar. Vai fundo nessa belezinha.
BEBEDICASH
A dica de hoje não poderia ser diferente, vai ser algo para aguçar a saudade, aquela nostalgia gostosa.
Vou deixar algumas playlists minhas aqui que são 100% nostalgia em diferentes moods.
Tem a felizinha, a do hip hop e a mais emuxinha.
Espero que gostem!
BELATIPS:
Posso dizer que praticamente zerei as séries policiais/criminais disponíveis no mundo. Mentira, mas eu já vi tudo que gostaria de ter visto. De vez em quando, um lançamento acelera meu coração. Foi o caso do documentário Cenas de um homicídio: Uma família vizinha. É tudo que eu amo, crime real, câmeras de segurança, conversas telefônicas, interrogatório, polígrafo. A história começa com o desaparecimento misterioso de uma mãe e suas duas filhas e depois… Assista e saberá! Mas sério, simplesmente sensacional, e o que garante a qualidade é a edição, a montagem. Excepcional!
Mantendo a mesma linha criminal, a criação brasileira Bom dia, Verônica também me arrebatou e derrubou minhas muitas camadas de preconceito com séries nacionais. Camila Morgado e Du Moscovis dando aulas e palestras de atuação com roteiro verossímil, o que é raro em séries policiais que sempre forçam finais mirabolantes. Paguei a língua com orgulho! Vejam!
Na nóia de calcinha
Vamos falar sobre os pods que saíram essa semana? SIMMMMM!
No Nóia eu conversei com as podcasters Carol Pires (Retrato Narrado) e Branca Viana (Praia dos ossos e Maria vai com as outras) e foi muito incrível. Falamos muito dos processos de criação, de equipe, dificuldades, comercialização e muito mais. Eu amei ter gravado com as duas porque sou absolutamente fã delas.
No Calcinha tivemos um papo cabeça com a psicanalista Maria Homem sobre o orgasmo da mulher. Um papo muito prazeroso, diga-se de passagem… Vai lá ouvir!
Tá bom, a gente marca sim. Te ligo!
Somos mais de 20 mil inscritos aqui e isso nos deixa muito feliz <3 Saber que somos um grupo assim, tão unido, ainda que completamente sem carisma, é mais que um abraço (mas sem precisar abraçar). Não esqueçam de seguir o nosso Instagram porque na segunda-feira teremos Luiza Brasil como entrevistada desmotivacional. Olha que tudo!
Muitos bjs,
Noix