Associação dos Sem Carisma #41
Bingo da menstruação
Oi pessoinha que menstrua, como vai? Essa news é um pouco mais para você, mas eu disse um pouco, então não vai ficar se achando, tá? Conta pra gente aí, já completou esse bingo?
Carta de uma trouxa para outro trouxa qualquer
Por Camila Fremder
Antes eu fizesse papel de trouxa, quando eu vejo já fiz um caderno todo. Não, melhor, uma carta de metro, dessas de fã, mas que não chega a fã-clube nenhum. Fica ali enrolada contendo as minhas trouxices dentro de uma gaveta. E antes eu lesse essa carta pra me recordar de tantas atitudes trouxas que eu já tive, mas não, eu me esqueço completamente e muitas vezes sou trouxa mais de uma vez na mesmíssima situação. Nossa, você também? Poxa, parabéns!
E eu não tenho vergonha de dizer que vez ou outra (tá, talvez eu tenho vergonha de dizer que é sempre) eu sou feita de trouxa. E quem não é? E sabe o que eu percebi? Não importa como eu seja, meio brava, mais amigona, séria, misteriosa, qualquer tipo de pessoa pode ser, e é, feita de trouxa, acreditem em mim, eu tenho quase 40 anos (eu tô amando muito falar isso sendo que eu ainda tô com 38) e já tentei todas as táticas possíveis pra não ser trouxa.
Esse texto é pra você que, assim com eu, foi trouxa essa semana. Estamos juntos e somos muitos, nunca se esqueça disso! Que na próxima semana você arrase, estarei torcendo.
Sextou.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
Quando penso em menstruação, eu não consigo não fazer uma associação imediata à minha TPM enlouquecedora, que sempre faz questão de anunciar que ela tá vindo.
Mas, ao mesmo tempo, penso no quanto eu amo menstruar. É sério! kkkk
Para mim, menstruar é tipo marcar o fim de um ciclo, e eu sei que é, mas no sentido da vida, do cotidiano mesmo, sabe?
Botar tudo para fora através do nosso sanguinho de ppka.
Parece que junto com ela vai embora toda a ansiedade e estresse que eu vivi naquele mês, ou durante aquele período, que para mim são 21 dias (vazando o meu ciclo na net, risos).
E que sair o sangue pela minha vagina é necessário para só assim eu me sentir pronta para viver e acumular tudo de novo, mais uma vez.
Eu fui uma menina que menstruou super tarde por conta dos problemas alimentares. Então eu fui ter um ciclo de verdade, menstruando todos os meses, a partir dos meus 15/16 anos.
Lembro de passar na ginecologista na época e ela logo pedir para eu tomar anticoncepcional. Afinal, "eu namorava".
Engraçado que pílula não protege de doença, né gente...
Mas enfim, ainda bem que hoje em dia eu mudei de ginecologista.
Muitas vezes me sugeriram também aquelas medicações que cortavam a menstruação, mas sentia que não fazia sentido para mim, porque assim parecia que eu não conseguiria encerrar nada na minha vida, sabe?
Parece doideira ou romantização tilelê, mas sei lá, aqui faz sentido.
Acho muito doido pensar em como lá atrás na minha vida e na minha convivência com familiares e amigues, menstruação ainda era um tabu tão grande que muitas vezes até pensamos em anulá-la da nossa vida, e nem a palavra falávamos. "Tô de chico". Quem é Chico, mano? Rs.
Falar sobre isso abertamente, ter acesso a mil formas de passar pela menstruação — seja com calcinhas absorventes, coletor e etc. —, decidir tomar medicação ou não, ter acesso a leituras, documentários e até falar com todas as letas a palavra m-e-n-s-t-r-u-a-ç-ã-o, é libertador e me faz enxergar o quão poderoso é ser mulher.
Aquela vez em que menstruei lendo Os miseráveis e me senti bem miserável
Por Taize Odelli
Tem alguns livros que marcam de um jeito diferente, enquanto muitos outros caem no esquecimento, mesmo quando a leitura é boa. Se forem me perguntar qual livro é esse, respondo Os miseráveis, do Victor Hugo — que é um livro que “nem li”.
Como uma criança rodeada de tias, menstruação nunca foi um assunto tabu na família. Nem precisaram me ensinar o que era isso, assimilei o funcionamento do corpo feminino com o que aprendia na escola e o que ouvia minhas tias falarem. E eu me espantava sempre quando contavam a história de uma vizinha delas, lá do meio do mato, que chorava porque não menstruava nunca. Todas as amigas já eram “mocinhas”, menos ela. E quando ela finalmente menstruou, ficou feliz e saiu comemorando pela cidade.
O espanto era de COMO ASSIM, MINHA FILHA, VOCÊ QUER TANTO MENSTRUAR????? Menstruar para mim significava crescer, e uma coisa que eu não queria quando criança era crescer. Zero vontade de “virar mulher”. Ser adulta. Sangrar todo mês.
Eu tinha 12 anos, acho que estava na sexta série, e apareceu na escola uns livros daqueles feitos pelo governo para distribuição. O correto seria um kit de livro pra cada aluno, porém não haviam kits suficientes para todos, e a gente nem podia ficar com os livros. Era cada um escolher e devolver depois. Fiquei animadaça, fazia séculos que a gente não podia ir na biblioteca porque estava fechada, eu nem lia direito naquela época por causa disso.
VIctor Hugo me julgando
Entre os livrinhos, tinha um com uma ilustração estranha na capa, pouca imagem e muito texto. Os miseráveis, um título que não me pareceu muito animador, e talvez seja por isso que peguei. Também, folheando, tinha um capítulo chamado “Primeiro beijo”, e achei que tinha coisa interessante aí. Comecei a ler na sala mesmo, tinha um cara preso por roubar pão, que escapou da prisão e foi pra Paris, acabou ficando rico, resgatou e cuidou da filha de uma prostituta, essas coisas. Uma literatura diferente de qualquer coisa que tinha lido. Coisa adulta. Não queria ser adulta, mas gostava de história de adultos.
Em casa, à noite, não parei de ler o livro. Estava tão absorta que fiquei até me segurando pra ir no banheiro porque não queria deixar a leitura de lado. Mas uma hora não tinha mais como aguentar, e lá fui eu fazer o famoso xixizinho. Mas tinha algo diferente aí: uma mancha vermelha na calcinha. Não senti nem medo, nem espanto, nem alegria ou algo do tipo. Fiquei puta. Chamei minha mãe, falei que menstruei e ela me deu um absorvente e ensinou como colocar na calcinha o “modis”.
Voltei pro quarto, BEM MISERÁVEL, continuei lendo COM RAIVA PORQUE PQP TÔ CRESCENDO, e tive que interromper a leitura outra vez porque meu pai me chamou pra dizer: “agora você vai precisar usar véu, inshalá” — na época passava O clone.
Depois de anos e já acostumada com a menstruação, fui descobrir que Os miseráveis era um livro gigantesco, que o que eu tinha lido era uma versão resumida — fui pesquisar agora e a tradução e adaptação é do Walcyr Carrasco, rs. Até hoje pretendo ler ele completo porque ficou marcado na minha memória. É o livro da minha menstruação, de quando passei de criança feliz e inocente pra uma “mocinha” que começaria a pensar no futuro, no que seria quando adulta.
TIPS
Izzetips
Essa semana revi um dos documentários que mais gosto na Netflix: Empire of the Tzars, da BBC. Nele uma historiadora super querida conta como os Romanov governaram a Rússia durante 300 anos. Tem histórias incríveis, cenas belíssimas, e tragédia, claro.
Nessa onda, comecei a ver The Great, que tem no StarzPlay. É sobre Catarina, A Grande, uma imperatriz russa que fazia parte dessa dinastia dos Romanov. Elle Fanning está maravilhosa como Catarina, e a série é cheia de figurinos lindos e é bem gostosinha. O melhor é saber que Catarina vai usurpar o trono do marido e ser FODONA — não é spoiler se aconteceu há mais de 200 anos, rs. Fica a diquinha pra maratonar no fim de semana.
Diquinhas da Bebetinha
Como estamos falando sobre menstruação, aproveito para indicar um documentário da Netflix — Absorvendo o tabu.
O doc fala sobre uma população da Índia onde ainda existe o estigma da menstruação associada à mulher impura.
Acredito que esse documentário te faça refletir bastante até sobre a sua própria relação ao falar sobre ou estar menstruada.
My name is Cast, Podcast (isso foi bem ruim mesmo, amo)
No nosso amado É Nóia Minha? tivemos um papo sobre menstruação e seus muitos tabus. Conversei com a ginecologista Dra. Cidinha e com a facilitadora de sustentabilidade e bem-estar Marcela Rodrigues. Foi muito legal, vai lá ouvir.
O Calcinha Larga teve a musa (que já esteve no Nóia duas vezes) Maqui Nóbrega! Falamos dos truques que levamos pela vida, e também sobre camas de hotéis. Vai ouvir pra entender melhor!
Beijopravocêqueéacaradaperfeição
Olha que news mais amor? Esperamos que depois de ler nossos textos você tenha um dia mais leve. Será que tiramos um sorriso dessa boca linda? Tomara! Segue lá nosso perfil no insta que logo na segunda temos uma entrevista pra lá de desmotivacional com a chefe de cozinha Renata Vanzetto. <3
bjo no cuore