Associação dos Sem Carisma #50
Presentes Sem Carisma
Olha os mimossss! Sim, somos uma associação que presa não só pelo direito de ser sem carisma, mas também pela organização do dia a dia da pessoa desprovida de carisma. Imprima os nossos lindos calendários e planeje pra arrasar nesse próximo ano, já que 2020 acabou com todos os nossos sonhos. A gente ama vocês.
E outro mimo é esse papel de presente sem carisma para você embalar o presentinho daquela pessoa. DAQUELA. Para festejar com todo o jeitinho sem carisma que existe.
O cansaço me cansa
Por Camila Fremder
Eu to muito cansada, mas ao mesmo tempo muito cansada de estar tão cansada. E mais cansada ainda de ouvir todo mundo dizendo que está cansado. Esse ano foi tão punk (eu não usava essa gíria há muitos anos, então não sei se estou sendo muito moderna trazendo ela de volta ou muito tiazona que tem vocabulário ultrapassado) que todo mundo realmente tá cansado, mas de repente "estar cansado" parece que virou um meme insuportável que todo mundo repete à exaustão e ninguém aguenta mais. Sabe aqueles memes que quando a gente não aguenta mais ele aparece em um programa da Globo? E você pensa, mas gente, eles ainda tão falando disso? Isso virou o tema cansaço pra mim, não suporto mais.
Eu vi post com frases sobre estar cansada, podcast com esse tema, camisetas, filtros do Instagram, matérias em revistas, sites… Eu me cansei tanto da gente estar cansado que agora estou aqui, cansada, escrevendo um texto sobre estar cansada de estar cansada. Ceis também já se cansaram disso?
Fui ali renascer
Por Isabela Reis
Dizem que o nascimento de um filho é uma experiência de morte. Tudo que a gente foi antes se transforma, aquela antiga mulher até está ali, mas em outra forma. A vida como era deixa de existir. Eu estou a ponto de morrer e renascer em outra coisa que nunca vi antes. Estou pronta? Claro que não! Acho que estaria pronta algum dia? Jamais. Então, tudo bem.
Tudo bem, mesmo. Estou fazendo esse exercício nos últimos dias. Se eu estou escrevendo isso aqui e você está lendo significa que já somos duas pessoas que sobreviveram a 2020. Isso não é pouca coisa. Num ano como esse, isso é tudo. Temos pelo menos um motivo para sorrir aliviadas, ufa!
Eu esperava tudo desse ano, menos uma pandemia e um filho. A pandemia eu continuo dispensando. O filho já é a maior alegria da minha vida. Eu tenho muitos motivos para reclamar desse ano, juro, vocês não têm ideia e talvez nunca tenham. Mas eu vou focar na maior alegria da minha vida.
Tudo isso pra dizer que, finalmente, estou me dando licença maternidade. Eu não tenho a menor ideia quando vou voltar para nossa newsletter, para meu podcast, para qualquer atividade que me lembre a vida que eu tinha antes. Faço algumas estimativas, mas a verdade é que não sei. Renascer demanda tempo e eu pretendo usar todo que eu puder. Eu já tenho pressa demais dentro desses 24 anos. É hora de pausar e ser generosa e egoísta comigo. Eu me-re-ci!
Quando voltar, serei outra. Ainda eu, mas definitivamente outra. Talvez com ainda menos carisma pela privação do sono que #vemaí, com certeza, mas mais realizada. Conto tudo quando voltar, prometo! Feliz Natal! Feliz Ano Novo! Feliz renascimento para todas nós! Foi lindo estar aqui esse ano, obrigada ao time sem carisma mais lindo do mundo: Cami, Bertha, Tai, Bruno e Ale! Agradeço. Agradeço. Agradeço!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha
Por Bertha Salles
E chegamos aos cinquentinha com essa News de hoje, e finalmente ao encerramento de mais um ano, e por fim um ciclo que aqui termina também.
Nunca achei que seria capaz de ter assunto por todas essas semanas para dividir com vocês, mas não é que rolou e deu certo, meus amigues?
Apesar desse ano bosta, queria agradecer por terem dividido comigo esse processo, e por aguentarem essa troca que virou quase um diário aberto (bertha/abertha, risos) da minha vida semanalmente, kkk. Ah, e desculpe por qualquer coisa também, né. Às vezes eu não meço muito as minhas palavras e os detalhes sórdidos e me passo.
Ter esse canal para me reconectar com a escrita e a leitura foi algo muito rico e que vou levar para frente e nunca mais largar. E mais do que isso, também não teria como não agradecer a toda equipe da associação + leitores sem carismers, que foram sempre tão gentis e acolhedores comigo.
Agradecer a Camila, que desde que a conheci essa mulher transformou a minha vida em diversos sentidos internos e externos, como me acrescenta conviver com ela. Bruno, por toda a confiança, por puxar a gente para frente e aguentar as merdas que a gente fala (desculpa, bruno). Taize, que prazer foi te conhecer em Janeiro quando tudo ainda não era praticamente nada, kk, e desde então você me inspirou tanto em tantos aspectos, apesar de ficar falando do Juquinha toda semana, que daora foi esse encontro!
Bela, que mulher especial. A forma da Bela se expressar prende a gente, engrandece. Ela tem tanto a dizer e faz isso de forma potente, atenta… Ela é foda.
Ale, artista maravilhosa que sempre deu vida e cor a tudo isso.
Que equipe <3
Foi mal, mas não tive como não ser cafona hoje nesse momento/dia.
Tiveram muitos dias em que ter esse lugarzinho aqui, entre a cabeça, o teclado e vocês, acabou sendo um respiro daqueles dias, ou semanas, em que eu realmente não estava cabendo dentro de mim.
Então poder dividir sentimentos, experiências e muito amor de uma forma tão receptiva, carinhosa e afável foi uma delícia completa. Um carinho na alma que nem eu sabia que precisava tanto.
Me reconhecer na escrita e também na fala das minhas anjas aqui da Associação, ou receber mensagens dizendo que a pessoa já passou por isso, ou também se sente assim, faz a gente ter um sentimento de pertencimento nesse mundo doido que é tão importante. E em um momento em que não podíamos nos tocar, encontrar, esse abraço virtual semanal foi praticamente essencial para manter a sanidade mental. Até rimou, olha que loucurinha.
Falei que eu não ia meter o papo de gratiluz, mas aqui estou sendo hipócrita mais um dia, kk. Mas não tenho como não me despedir desse ano sem agradecer por isso daqui, por vocês todos que fazem parte disso!
Um beijo natalino com muita esperança de vacina (aff, não acredito que rimou de novo. só pode ser destino).
E até ano que vem,
Bebetinha
Leituras para o verão
Por Taize Odelli
Festas de fim de ano são o melhor momento para você enfiar a cara em um livro. Primeiro porque você terá tempo para isso, e é gostoso demais passar os dias envolvida com uma boa história. Segundo, porque é o melhor método para manter as pessoas afastadas de você. Livro aberto = Não fala comigo.
Eu sempre tive uma espécie de "ritual" para o fim do ano: ler um catatau. Quando voltava para Santa Catarina para passar as festas, ou só ficando o recesso em casa mesmo — que é o caso agora —, eu levava um livrão de 500 páginas ou mais que era para garantir que ficaria entretida. Esse ano nem consegui pensar em um catatau para eu ler em casa — esse ano foi meio difícil pensar em qualquer coisa, kkkrying. Mas vou deixar umas dicas aqui para quem também quer ler um LIVRÃO nesse fim de ano.
4 3 2 1, de Paul Auster
Foi um dos últimos catataus que eu li, e já faz mais de um ano. Não que não tenha lido livros grandes desde então, mas acho que nenhum chegou ao tamanho desse. Paul Auster é um dos principais nomes da ficção contemporânea. É homem, é hétero, é branco? É, eu sei. Mas ele é foda. E nesse livro ele conta a história de vida de um garoto em quatro linhas narrativas diferentes. É daquelas histórias sobre a vida em geral, sobre descobertas e crescimento, e é muito legal ver como ele vai desenvolvendo cada "timeline" dessa vida. Bonito demais.
Tetralogia Napolitana, de Elena Ferrante
Se juntar todos os quatro livros, dá um catatau e daqueles. Acho que A amiga genial e os livros seguintes são a definição de leitura de férias: te prende, tem drama, tem altas tretas, te faz virar uma página atrás da outra. Sem falar que há muitas cenas na praia que passam aquele climinha de férias, sabe? Eu sei que vocês devem estar cansados de me ver falando de Ferrante aqui, mas até para quem já leu, acho que é a leitura perfeita para esse momento.
O pintassilgo, de Donna Tartt
Donna Tartt é RAINHA. Apenas. Seus livros são densos, as personagens são emocionalmente muito bem elaboradas, e sempre tem um suspensezinho de pano de fundo. Aqui, um garoto perde a mãe durante um atentado à bomba em um museu, e na correria do rolê acaba "roubando" um quadro — o tal do Pintassilgo. Daí em diante, Tartt trabalha o crescimento desse garoto, contando como sua vida anda e como a culpa que carrega define suas escolhas. É bem forte.
Wolff Hall, de Hilary Mantel
Esse, na verdade, eu não li, mas se eu tivesse escolhido um catatau para o fim de 2020/começo de 2021, seria esse. É o primeiro livro de uma trilogia histórica que se passa durante 1500 e 1535, na corte Tudor — do rei Henrique VIII, aquele lá. Sob o ponto de vista de Thomas Cromwell, é uma história cheia de intrigas, jogos políticos e tretas. Eu curto bastante um romance histórico, então acho que essa pode ser uma leitura bem boa pro fim de ano.
Sobre a beleza, de Zadie Smith
Zadie é uma das minhas autoras favoritas, qualquer livro dela é uma maravilhosidade. E Sobre é beleza é uma dessas histórias estilo CASOS DE FAMÍLIA, cheia de tretas, filhos rebeldes, traições, desilusões e, para melhorar, uma rivalidade entre dois acadêmicos que acabam tendo que trabalhar na mesma universidade. É eita atrás de eita.
Essa é a nossa news número 50 e última do nosso primeiro ano de Associação dos Sem Carisma. Curti demais falar de livros, e às vezes outras coisas, aqui com vocês, e espero que as dicas tenham ajudado vocês a encontrarem novas leituras. Então quero deixar aqui o meu muito obrigada por acompanharem a gente esse ano todo, e até 2021! E obrigada especialmente para essa equipe sem carisma mais com carisma que existe.
Ah, se quiser continuar recebendo dicas de livros durante esse nosso recesso, dá um bizu lá no meu Instagram que sempre rola livros, gatos, cão e tristezas em geral #publidemimmesma.
Stay beautiful. <3
Dica final
Izzetips
Eu não sou uma pessoa ligada muito em games. Apesar de ter crescido com video games e vendo meus primos jogarem, não desenvolvi essa habilidade na vida adulta. Mas desde o ano passado eu tenho um joguinho do coração que me salva nos momentos de tédio: Stardew Valley.
É um jogo de fazendinha onde você tem que cultivar a terra, criar animais, pescar, cortar lenha, minerar pedras etc. Mas além disso, você tem que conquistar também a simpatia dos moradores da vila. Então é, também, um joguinho de relacionamento, pois conforme você avança você vai formando amizades, crushes e, se conseguir, rola até um casamento com filhos.
É um jogo muito good vibes, com trilha tranquila e gráficos em 8-bit bonitinhos. Prevejo que passarei meu recesso tentando conquistar o coração do Shane, o bêbado-galã-problemático da Vila dos Pelicanos — my kind of guy. Ah: dá para jogar no PC, no Switch, no celular etc.
Bebedicash
Para esse fim de ano, indico o documentário AmarElo - É Tudo para Ontem, do Emicida.
Que obra incrível em sua fotografia, sonoridade e roteiro que é tão potente e urgente.
Acho que todo mundo tinha que assistir AmarElo. A fala de forma acessível e cotidiana sobre racismo, fatores históricos, sociais e políticos através da música e do audiovisual, é algo que não tem como não mexer com a gente e para quem ainda não acordou pra vida (porque tá atrasado pra cacete) de uma vez por todas, mostrando o quão urgente é tudo isso.
A música "Tudo que Nóiz tem é Nóiz" me fez chorar inúmeras vezes.
Assistam d+!
Tem presente de Natal e é Podcast sim!!!
O É Nóia Minha? que saiu hoje, pois estamos lançando essa news um dia antes, foi um presente de Natal meu pra vocês! Não sei se todo mundo vai ter a oportunidade de passar o Natal com a família, então, pra ninguém se sentir muito sozinhe, eu fiz esse Podcast natalino pra garantir umas risadas na sua noite natalina. Eu e alguns ouvintes que participaram por áudio <3 Ouve aí!
O Calcinha Larga, que saiu ontem, teve a musaperfeitamaravilhosa Malu Mader! Sim, eu falei com a Malu Mader e tô até agora repetindo em voz alta pra mim mesma: mano do céu, eu falei com a Malu Mader. Vai lá ouvir.
Cinquentona natalina
Sim, chegamos na nossa news de número 50 bem no Natal, achei tão fofo que fiquei meio emotiva. Não consigo acreditar que já é Natal. Esse ano foi tão doido (pra dizer o mínimo) que parece que ele passou por cima da gente. Mas, felizmente, tivemos a companhia de vocês, e escrever torna tudo mais suportável. Obrigada por nos ler e pela divulgação, a gente só chegou na news 50 por causa de vocês!
Feliz Natal! Espero que nossa news tenha ajudado vocês em algum momento <3
bjs,
Cami, Bertha Bella e Taize <3