Associação dos Sem Carisma #102
Sem carisma e na fossa
Desgraça nunca vem sozinha, né? A gente já sofre de carisma limitado, e aí vem aquele pé na bunda que te joga lá para baixo. E ser carismático na fossa não é nada legal.
Por isso fizemos aqui um guia com alguns passos para você recuperar o seu carisma durante a fossa. Porque até a hora da fossa passar — porque ela precisa ser vivida —, você vai recuperando um pouco do carisma que perdeu.
Queria te pedir um favor, será que você pode parar de me pedir favor?
Por Camila Fremder
Tem gente que é completamente viciado em pedir coisas para os outros, e eu sei disso porque comecei a dar prints em todo mundo que me pede algum favor e mandar pro Rosner (meu melhor amigo). Aí a gente combinou que a cada 10 prints de pedido de favor que eu mando, ele me manda um pote de sorvete da loja dele. E isso é uma ótima técnica pra você perceber o quanto as pessoas não têm cerimônia nenhuma em pedir favores pra você.
Aparece de tudo um pouco, e como são pedidos bem variados, estamos cogitando criar pesos diferentes para cada tipo. Pra quem pergunta a marca dos meus óculos, marcamos meio ponto; pra quem pede que eu leia um texto, e-mail ou ideia de livro (e já aviso aqui mais uma vez que eu não leio), a gente marca 2 pontos. Tem gente que acha que eu vou lembrar qual episódio eu dei tal dica e eu jamais vou lembrar porque eu tenho mais de 200 episódios gravados, ou seja, um ponto e meio. Outros querem código de desconto de marcas que nunca trabalhei, mais meio ponto. E teve até um cara que eu nunca vi na vida e pediu pra eu apresentar uma das convidadas do Nóia pra ele. Quando eu disse que ela era casada, ele pediu pra eu descobrir se eles tavam bem, esse foram 3 pontos.
Talvez eu esteja comendo sorvetes demais, e muito obrigada Sorvete Discreto por patrocinar meu inbox cheio de pedidos de favor, mas eu juro que é válido perceber o quanto você filtra o seu tempo. Se eu não tivesse entendido o volume, acho que eu tava até agora atendendo pedidos.
É tudo pra mim
Por Isabela Reis
Minha palavra do ano e área de foco em 2022 é LAZER. Eu mereço! Essa decisão não veio na leveza, veio na negligência. No ano que passou, tudo e qualquer coisa esteve antes do lazer e do descanso. Eu fiz tudo pra todo mundo, menos pra mim. Atendi dezenas de demandas de trabalho, me sobrecarreguei com a gestão da casa, cuidei integralmente do meu filho, segurei as pontas em relação ao trabalho do marido. Fiz tudo. Fui um polvo. Oito braços que seguraram o mundo inteiro alheio e só um pouquinho de mim. Tudo que me alivia a alma foi secundarizado. Secundarizado é pouco! Foi pro final do final da fila. É aquele tweet que li: “para de reagir e bota um blusão que você tá é cansada”. Eu não aguento mais reagir! Eu quero descansar!
Começo o ano desesperada de saudade de mim. Nossa! Como era bom não fazer NADA. Como era bom tirar um cochilo depois do almoço. Como era bom almoçar com calma, né? Como era bom conseguir ler algum livro, engrenar em qualquer série, pegar uma praia em plena segunda-feira. Eu tenho um trabalho que me permite flexibilizar. Flexibilizei tanto que não me sobrou nada. A decisão de botar meu filho na creche (falei mais sobre isso num post no nosso insta @associacaodossemcarisma) veio muito dessa necessidade de me dar um tempo, de sair do estado de alerta, de vibrar em outra frequência, de simplesmente conseguir fazer xixi em paz.
E sim, eu passo o dia inteiro em casa e decidi colocar meu filho em horário semi-integral. Meio período não contempla minhas necessidades básicas. Em só quatro horas, ou eu almoço com calma ou eu trabalho com qualidade. E eu não aguento mais escolher quais das minhas necessidades básicas eu vou atender hoje e quais eu vou negligenciar. Serão sete horas que vão passar no meu tempo, no meu ritmo, atendendo às minhas vontades. Tudo meu.
Ficar com filho pesa. Tem gente que quer ter filho, mas não quer criar. Delegar os cuidados quando você decidiu criar seus filhos além de somente tê-los também pesa. Pra mim, no momento, não tem carga maior do que lidar com a anulação do meu tempo comigo. As outras dificuldades, eu vou administrando. Essa, eu não consigo mais.
Que em 2022, nós, as mulheres-polvo, se deem um tempo. Que a gente aprenda a delegar. Que a gente lembre que nossas vontades são importantes e que é impossível ser plenamente feliz vivendo em função apenas da demanda dos outros. Tem que ser por você também!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Existem fases da vida em que parece que estamos em uma maré de azar, ou que somos de fato pessoas azaradas. A síndrome de tudo de ruim que poderia acontecer, acontece comigo. Lei de Murphy, que sei eu.
E eu, como uma boa pessoa dramática e com a lua em Câncer, já passei e passo por isso direto.
Tanto que lembro de um ano da minha vida em que sofri 03 acidentes de carro em um período super curto de tempo, e eu tinha certeza que uma força maior queria me levar daqui para um outro plano, kkkkk. Olha que absurdo, que horror.
E recentemente, na última semana, eu sofri um novo assalto. Em menos de 4 meses, fui assaltada 2 vezes.
E quando esse tipo de coisa acontece, amigos ficam me chamando de azarada, dizendo que preciso fechar o corpo, tomar banho de ervas e eu até começo a acreditar neles e no fato de que eu deveria mesmo fazer tudo isso.
Mas quando me deparo com a realidade dos fatos e o que realmente poderia ter acontecido comigo, como por exemplo, uma facada, me machucar (além do fato de ter perdido duas unhas no meu duelo com o bandido no último assalto), ou levar um tiro, sei lá, penso que no fim tá tudo bem e eu tenho na verdade é muita sorte.
É difícil se descolar desse lugar de azar, de "tudo dá errado comigo", ainda mais quando parece que estamos enfrentando uma maré dentro de um botezinho furado.
Não sei se esse também não é aquele lance de quando você acha que está grávida e de repente tudo ao seu redor remete a gravidez — anúncios na TV, amigas grávidas e papos sobre o assunto. Quando na verdade, você só está dando mais atenção e percebendo mais coisas relacionadas ao assunto.
Escrevi tudo isso para dizer que muitas vezes ficamos nesse lugar e esquecemos de olhar mais profundamente para o que rolou, e pensar no que poderia ser pior. Não que isso vá resolver qualquer merda ou trazer o meu celular de volta, mas é que se enxergar com essa perspectiva do azar nos faz muito mal, e acaba nos deixando para baixo. Fora que não adianta nada.
As voltas que o mundo dá
Por Taize Odelli
Esses dias eu recebi uma mensagem de uma seguidora, a Stéphanie, que me deixou de cara com as voltas que o mundo dá. Ou de como o "efeito borboleta" pode funcionar para você. Ou de como as coisas se conectam de um jeito meio misterioso.
Começa em 2020, quando adotei o Batista. Ele tinha 7 anos e vivia na Ong Amigos de São Francisco. Ele cresceu na Ong, então nunca teve um tutor só seu. O pessoal da Amigos foi muito legal em todo o processo da adoção e ficaram bem felizes que o Tico, como era então chamado, conseguiu, finalmente, um lar. Stéphanie, voluntária deles, começou a me seguir por causa do Batista, para ir vendo como ele estava. E aí ela viu que eu gostava de Fórmula 1, e sabe onde ela trabalhava? Na Heineken, patrocinadora da F1 aqui no Brasil. Ela não estava mais no departamento que cuidava do evento, mas passou meu perfil para uma colega que trabalhava ainda lá, que provavelmente passou meu perfil para a agência que cuidava do marketing da marca. Em novembro de 2021, estou eu lá, em Interlagos, vendo ao vivo um treino da Fórmula 1 à convite da Heineken.
Olha a volta que isso deu: uma adoção, que trouxe também uma nova seguidora, que tinha contatos com algo que eu sempre sonhei em ver. Ah, quer mais coincidência? Stéphanie é de Blumenau, eu cresci na cidade ao lado, Indaial. Provavelmente a gente nunca se encontrou, mas é provável que já tenhamos nos cruzado em algum momento no shopping, que durante muito tempo foi o único da região, pois a proximidade física era grande. Mas sem saber uma da outra e sem saber que, no futuro, uma faria parte da vida da outra, mesmo que por breves momentos.
Eu gosto de registrar esses momentos quando acontecem comigo. Uma conexão entre círculos sociais totalmente diferentes, como a indicação de uma pessoa se torna tão importante para outra, como funciona esse fluxo de passar as coisas de um para o outro, como nos completamos e nos ajudamos, mesmo sem notar. Porque esses são momentos em que eu penso que a vida é boa demais. Porque pequenas coisas rendem grandes alegrias. Quando andava com frequência de ônibus ou metrô, eu gostava de ficar observando as outras pessoas, tentando memorizar os rostos, porque provavelmente a gente poderia se cruzar em outro dia de forma muito mais significativa.
Ai, soei muito jovem mística agora, mas não consigo não me surpreender quando essas coisas acontecem, sabe? É o que chamo de alinhamento dos planetas. A gente nunca sabe quando um encontro ao acaso pode virar um grande evento na sua história pessoal. Procurando um cachorro, eu dei o ponta-pé inicial para que eu ganhasse um ingresso para ver a Fórmula 1, algo que queria muito fazer. Quando que eu imaginaria que isso pudesse acontecer dessa maneira? Nunquinha. As voltas que o mundo dá são maravilhosas demais.
Obrigada, Stéphanie. <3
Dicaize
Demorou, mas esse momento chegou: estou passando por uma fase obsessiva com Abel Tesfaye. Estou ouvindo tudo dele, vendo todos os shows possíveis no YouTube, vídeos sobre a carreira, fofocas antigas. Fico cantarolando toda hora, fico ouvindo toda hora.
Mas quem é Abel Tesfaye? O THE WEEKND, GENTE!!!! Desde que o último álbum dele saiu, o Dawn FM, não ouço outra coisa — mentira, estou alternando entre ele e Foals, que também é maravilhoso. "Sacrifice" e "Take My Breath", até agora, são as minhas favoritas, mas aproveitei a chama de paixão por ele para ouvir a discografia inteira e venho descobrindo coisas delicinhas demais.
Você que gosta de uma FUCK SONG e não ouviu Dawn FM ainda, corre já ouvir.
Podzinhos
Teve João Doederlein, o Akapoeta, e a Gabie Fernandes lá no É Nóia Minha? A gente falou sobre estar na fossa, essa coisa que todos nós já vivenciamos. Ah, João e Gabie apresentam junto com o Igor Pires o podcast Clube do Pé na Bunda. Mas vai lá ouvir o Nóia antes!
O Calcinha Larga recebeu a atriz Martha Nowill para falar sobre gostar do melhor amigo e sobre relacionamentos unilateralmente abertos. Ouve lá!
E no PPKANSADA teve João Luiz Pedrosa, do BBB21, para falar sobre ser legal e não dar mole. Ou dar mole sim. Vai escutar!
Bye bye bye
Mais uma newsletter entregue com sucesso! Essa semana, olha, mais uma vez… A única certeza que temos na vida, tirando a morte, é que vamos estar cansadas na sexta-feira.
Aliás, deixa a gente aproveitar aqui e agradecer por todas as repostas, comentários e compartilhamentos da news de semana passada. Vocês são lindes. <3
Beijos! Se cuidem,
Bertha, Isabela e Taize
Eu amo essa News!!! Semana passada mesmo indiquei ela para uma amiga. Me identifico 100% com a escrita de vocês. Ouço o ppkansada religiosamente e olha, esse podcast é tudo pra mim. Obrigada pelo trabalho maravilhoso, meninas!!!!!!