Associação dos Sem Carisma #103
Eu digo sim!
Uma característica importante do sem carisma é a sua capacidade de dizer não. Não, eu não vou. Não, eu não quero. Não, eu não pedi a sua opinião.
O que poucos sabem é que nós não somos assim tão negativos. Dizemos sim para várias coisas no nosso dia a dia. Só não vê quem não quer.
Fica aí, então, uma seleção de coisas que fazem a gente dizer SIM.
A arte no fim do mundo
Por Taize Odelli
Numa das primeiras newsletters dessa associação, eu falei sobre um livro que tinha tudo a ver com o momento que estávamos vivendo: Estação Onze, de Emily St. John Mandel. Era o começo da pandemia, aquela sensação de não saber o que iria acontecer, quanto tempo ficaríamos presos em casa, o que fazer nesse tempo livre que de repente caiu no nosso colo. Esse livro reunia todos esses sentimentos: se passava durante e depois de uma pandemia que matou a maior parte da população mundial.
E não era uma indicação de leitura pessimista não. Na verdade, foi bem otimista, bem positiva, bem bonita. Agora o livro virou série, Station Eleven, na HBOMax, e vendo essa adaptação eu tive certeza de que sim, Estação Onze é lindo demais, tudo o que a gente precisava lá em 2020 e precisa, ainda, em 2022.
Na trama acompanhamos uma atriz-mirim que testemunha a morte de um ator no palco. Logo após isso, os primeiros sinais da pandemia de gripe aparecem, e não demora para tudo entrar em colapso. Com oito anos, ela está longe da família (provavelmente já morta), com um cara estranho que tentou ajudá-la. Corta para 20 anos depois, o mundo desolado, tomado pela floresta, e a protagonista está lá, viva, uma das atrizes principais de um grupo de teatro que viaja entre acampamentos de sobreviventes para encenar Shakespeare. Para uma história pós-apocalíptica, a última profissão que eu escolheria para uma protagonista seria algo ligado com a arte. Mas aí está a genialidade de Emily St. John Mandel.
Porque Estação Onze não é sobre o fim do mundo. É sobre como nós precisamos da arte e de histórias para sobreviver. A cada nova visita aos acampamentos, o grupo de teatro é recebido com alegria, porque eles trazem junto com eles entretenimento, sabedoria, lembranças. Mesmo no mundo pós-apocalíptico, a arte ocupa um espaço fundamental, porque ela ainda nos apresenta a vida por visões diferentes. Com histórias, passamos adiante velhas sabedorias, crenças, conhecimentos e experiências. Não a experiência selvagem de evitar certas plantas ou animais que podem matar. Mas aquela experiência da consciência: o que vamos sentir, onde vai doer, o que é viver, o que é justo, o que é amar, o que é perder, etc.
Histórias podem guiar a sua vida com um grau de importância alto – um beijo para o cristianismo. Histórias ouvidas na nossa infância ficam impregnadas na gente. E esse é o tema central de Estação Onze: conforme você acompanha as personagens, percebe que elas estão conectadas por uma história específica, um livro que os capturou quando crianças e que reverberou de maneiras diferentes neles. A história é um gatilho para um estilo de vida ou até para a formação de um culto, como acontece no livro. E ela é tão importante para essas personagens porque foi, durante os primeiros anos como sobreviventes, aquilo que mais mantinha elas esperançosas.
Mesmo num mundo onde tudo está destruído, onde o perigo é constante, não deixamos de lidar com a nossa consciência e com a necessidade de alimentá-la com a ficção. Ainda precisaremos de histórias para lidar com todos os sentimentos que poderemos ter. Para vivermos, por alguns momentos, uma vida diferente da realidade que nos resta, ou para tentar encontrar conforto em um momento difícil.
Leiam e vejam Estação Onze, e valorizem aquelas histórias que fazem isso por você.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
A falta de resposta já é uma resposta
Essa frase foi dita por uma das minhas melhores amigas nessa última semana, e eu fiquei simplesmente PASSATAH, ABALATAH e IRRITATAH, rs, com essa mensagem. E acredito que tenha sentido esse mix de feelings porque ela se aplica perfeitamente ao meu momento de vida atual e a algumas atitudes minhas que já não são tão atuais assim.
Como sou uma pessoa que tem muita dificuldade em cortar relações e pessoas, eu acabo passando de alguns limites e fingindo não entender o que o outro quer me dizer, por mais que essa mensagem seja, para muitas outras pessoas, óbvia. Claro que nessas eu também culpo o homem-hétero-cis por ter dificuldade de se comunicar e pela sua habilidade em aplicar ghosting. Mas como uma pessoa bem analisada e terapeutizada, consigo entender os meus pontos e meu lado nessa história também.
Tenho a mania de insistir nas relações até a última gotinha, ou até depois dela. Ainda mais quando parece não ter um ponto final, que para mim seria uma conversa, a pessoa dizendo ou escrevendo em letras garrafais: EU NÃO QUERO MAIS SAIR CONTIGO. SAI INFERNOH! Ou algo do tipo, risos.
Mas o que eu venho percebendo é que algumas vezes as coisas não precisam ser necessariamente ditas, explícitas e jogadas na sua cara.
O silêncio, a falta de resposta, também pode ser um sinal, uma mensagem. E, claro, uma resposta.
Dói, mas é verdade esse bilhete.
Mais uma dica
Dicaize
Não lembro se já recomendei esse perfil aqui, mas se sim, foda-se, vou recomendar de novo. Uma das melhores coisas que o Instagram nos deu nos últimos tempos foi o perfil hmmfalemais, feito por um ser humano misterioso que não sei quem é. Os posts são sessões de terapia com os temas mais relevantes e irrelevantes dos dias atuais. Como as caixinhas de "poste 5 curiosidades sobre você":
Só diálogo maravilhoso, sigam lá.
Bebedicash
Vou indicar a playlist que a minha amiga Olivia criou no Spotify que se chama EAD ESPANHOL, e contém o melhor, o suco do Reggaeton latino em seu interior. Quando eu digo interior, é da sua raba que eu tô falando. Essa vai ficar mexida de verdade.
Espanta qualquer baixo astral ouvir essa playlist, que vai de JBalvin à Bad Bunny e Tokischa.
Pod no meu Cast ( ͡° ͜ʖ ͡°)
O É Nóia Minha? contou com as ilustres presenças da escritora Krishna e da atriz Valentina Bandeira, que se jogam e dizem sim. Diga sim você também para este episódio.
O Calcinha Larga trouxe a atriz Luciana Paes para falar sobre o ghosting de esquerda. Vai lá ouvir!
E nós, ppkers, chamamos Igor Pires e akapoeta, do podcast Clube do Pé Na Bunda, para chorarmos o pé na bunda recebido e dado. Dá o play!
Adeusinho
E aí, minha gente! Infelizmente nossa presidenta não pôde comparecer à reunião da associação hoje. Mas passaremos a ata deste encontro para ela, que voltará com tudo na semana que vem.
Obrigada por ler a gente por mais uma semana, por espalhar e recomendar o estilo de vida sem carisma por aí.
Beijos,
Ppkers Sem Carisma
já dei play no ead espanhol
li a news na sexta e comprei o livro q a taize indicou (estação onze) e MDS, presa nesse livro, fazia tanto tempo q n sentia essa sensação tão gostosinha. brigada pela dica <3