Associação dos Sem Carisma #114
Não esqueça do presente da sua mãe
Tem anos que a gente fica naquelas, né: o que dar de presente no Dia das Mães? Já se foram tantos anos de comemorações, tantos presentes, que você fica com aquela dificuldade de pensar em algo original.
Felizmente existe essa newsletter e existe a livraria Dois Pontos para te ajudar nessa empreitada. Porque se tem uma coisa que é super original e nunca enjoa, essa coisa é um livro.
A Dois Pontos é uma livraria online mara, e agora eles criaram o Guia de Presentes para você achar o livro perfeito para a sua mamis. É só entrar lá no site e dizer qual é a característica mais marcante da sua mãe que a Dois Pontos indica até três livros para ela. E tem dicas para todos os gostos, viu? Pois aqui vão algumas sugestões de acordo com o mood de sua mamãe.
Agora, quer deixar que sua mãe escolha o que quer ler? Aí é só dar um Vale Presente da Dois Pontos, que pra gente que não tem carisma é perfeito. E ainda está liberado para geral as caixinhas dos três clubes de assinaturas da livraria: Bússola, clube de não ficção, o Histórias Irresistíveis, de ficção, e a Assinatura Flip_se, com curadoria da maior festa literária do Brasil.
Use o código SEMCARISMA no site e faça a sua compra de livros com 20% de desconto. Só vai lá na Dois Pontos e aproveite!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Minha melhor amiga me matou.
Vocês já tiveram uma melhor amiga?
Aquela pessoa em que você pode confiar e dividir todas as dores e delícias da vida, uma confidente dos segredos mais sórdidos, que só ela pode entender. A pessoa que vai passar os perrengues mais intensos contigo e ainda dando risada?
Aquela que até já te resgatou do pior momento da sua vida e te trouxe de volta para si?
Eu já tive a sorte de ter essa amiga, mas infelizmente, hoje, ela me matou.
Vou chamá-la carinhosamente de C, sem expor, sem dar o seu verdadeiro nome.
Conheci a C através de uma outra amiga em um almoço aqui em São Paulo.
Lembro que nesse momento da vida eu estava confusa e pensando em trancar a faculdade, para prestar vestibular de novo em outro lugar.
Coincidentemente, seria na mesma faculdade em que essa minha amiga e a C faziam um cursinho juntas para entrar.
Paradas ali, naquela mesa de um restaurante por kilo da Liberdade, de frente para a C, eu jamais poderia imaginar que ela seria a pessoa que dividiria tanto comigo dali em diante.
Naquele dia, chegamos até a fazer alguns planos de morarmos juntas assim que passássemos na faculdade, o que parecia distante, aqueles planos de gente empolgada que nunca vão para frente, sabe?
Por fim, só eu e C passamos na faculdade, e no mesmo curso. E eu não sei se por falta de opções, ou se por já termos batido o santo de cara uma com a outra, começamos a procurar apartamento juntas.
Com ela era tudo fácil e divertido, até a procura por um lar. Se você já procurou apartamento em São Paulo, sabe do perrengue que tô falando. Até isso ficava legal a seu lado.
Ela encontrou um apartamento do ladinho da onde a gente ia estudar.
Era perfeito e não parecia um matadouro ou um cativeiro, e ainda por cima tinha um bom preço. Um milagre paulistano.
A partir daí a gente não se desgrudou mais.
A vida com ela era cheia de abraços, risadas, festas e colos. A minha família virou a dela, a dela a minha, nossos amigos se misturaram e tudo se cruzou perfeitamente, como um casamento bem sucedido entre duas amigas.
Moramos juntas por 4 anos, no mesmo apartamento.
Arrumamos brigas com vizinhos, outras meninas foram morar conosco, mas eu e ela sempre estávamos lá, firmes e fortes.
Namoramos boys zuados e abusivos, pegamos gente esquisita, sentimos ciúmes uma da outra, e era como se fossemos uma só, uma pela outra, inseparáveis e inabaláveis.
Parecia um laço eternizado no tempo e espaço, e nada era capaz de quebrá-lo ou desfazê-lo.
Nosso último ano de faculdade chegou e, infelizmente, alguns caminhos não faziam mais sentido para mim, e outros para ela. Divergimos.
Tivemos um ano de crise e abalo na relação, mas na minha cabeça nada era capaz de desfazer tudo o que já havíamos construído, parecia tão sólido.
E em certo momento, acredito até que essas brigas vinham do medo de se separar, de finalizar um ciclo, de crescer e amadurecer.
Ela se mudaria para o outro lado do mundo, eu iniciaria uma nova vida com o meu namorado atual. Crescemos.
Brigamos muito nessa fase e mal olhávamos uma para a cara da outra. Será que era uma negação do que estava prestes a acontecer? Um jeito de enganar a dor com raiva?
A gente se resolveu antes dela ir viajar. A sua partida me doeu demais, arrancou um pedacinho.
Mas mesmo distantes, nos falávamos semanalmente por vídeo, fazíamos planos de eu ir visitá-la, e estávamos presentes na vida uma da outra, dando o nosso jeitinho.
A pandemia veio, e a gente se aproximou mais ainda, dividimos momentos difíceis, incertezas.
"O que eu tô fazendo aqui? Eu só tenho 5 anos!"
A vida adulta era tão difícil, mas a gente deixava mais fácil, mais leve de algum jeito, porque estávamos juntas.
Até que um dia eu liguei para ela e ela não me retornou. Mandei mensagens por todos os lugares e ela não me respondeu mais. Perguntei sobre ela para as pessoas, e ninguém sabia me dizer o que estava acontecendo, mudavam de assunto.
O tempo passou, e até onde eu sei, nada efetivo aconteceu — uma briga, um rompimento, nada.
De repente, ela não estava mais ali, e nisso já se passaram dois anos.
Dois anos em que lido com esse luto, com essa falta da minha melhor amiga, esse vazio, sozinha.
Te escrevo sem saber se um dia vai ler ou não, mas escrevo do meu coração, pois jamais vou te esquecer, C.
Voltando para casa
Por Taize Odelli
Desde 2007 eu moro longe da minha família. Foi fazer 18 anos e partir para outro estado para nunca mais voltar a morar em Santa Catarina. Já falei por aqui sobre essa sensação de pertencimento, e de como eu não tinha isso na cidade em que eu cresci. Sair não era só uma questão de amadurecimento e começar a se virar sozinho. Era meio que uma questão de sobrevivência.
Por causa da pandemia, eu não ia para Santa Catarina desde 2019. Mas semana passada entrei num ônibus com destino à Indaial, enfrentei as 12 horas de estrada e cheguei lá.
E é doido que, mesmo com eu sentindo que nunca pertenci a esse lugar, ele de certa forma pertence a mim. Porque pisar lá despertou aquele monte de sensações. Reconheci o cheiro do carro do meu pai, lembrando de como fazia tempo que eu não sentia isso, mesmo que nunca tenha notado antes. Senti o ar limpo aqui da região, a cor que fica no céu quando o sol está se pondo, como as noites são estreladas e escuras, com aquela iluminação baixa dos postes de luz que não são nada parecidos com os de São Paulo.
Visitei a casa da minha madrinha em Taió, para onde não ia desde que saí daqui. Fui para Witmarsum, onde nasci, e por mais que as casas dos meus tios estejam diferentes, a da minha nonna continua igual – e agora com internet, finalmente.
Fiquei lendo na rede, trabalhando na rede, fazendo nada na rede, do jeito que eu fazia quando era adolescente. Senti o gosto daquelas comidas que não encontro igual em São Paulo: a polenta com ovo frito e linguiça que minha mãe faz, o pastel de beira de estrada de Ascurra que eu amava quando era criança, comendo enquanto tomava uma garrafinha de Choco Leite. Aquele churrasco de carne bem passada que os meus tios fazem…
Senti que isso tudo me deu uma renovada, sabe? Por mais que eu sonhasse em sair de lá, e por mais que ter que voltar a morar em Santa Catarina seja um dos meus maiores medos, visitar esses lugares é sempre bom, e quando vou embora já começo a sentir saudade.
Já voltei para casa, a minha casa em São Paulo, com os meus bichos e a minha bagunça. Mas voltei com saudade dessa antiga casa, sabendo que ainda vou visitá-la mais vezes e que, a cada vez, vou lembrar de coisas novas daquele passado que era bom, mas também era cheio de desejos de andar pelo mundo.
Algumas dicas
Dicaize
Primeiramente, quero exaltar aqui a nova newsletter da rede mundial de computadores: a Folga! Escrita por Anielle Franco, Helen Ramos e Carol Pires, a Folga é uma newsletter feita por três mães que escrevem para você, que também é mãe, desopilar e tirar um tempinho para si. A primeira edição saiu essa semana e fala sobre culpa. Assina aí!
Agora outra dica: Gosta de música? Gosta de shows? Gosta de crônicas? Um amigo meu, o Rodrigo Levino, jornalista e proprietário de um dos melhores restaurantes da cidade – o Jesuíno Brilhante –, lançou um podcast sobre isso.
Ele fala sobre dez shows da década passada que salvaram a sua vida, e o nome do pod é justamente isso: Na Década Passada Dez Shows Salvaram a Minha Vida. São episódios curtos, cada um falando de um desses shows, que vão de Sade a The Strokes. Só ouve!
Podsim, podsuper
Teve um especial só para as vingativas com a Déia Freitas lá no É Nóia Minha? Venha aprender novas técnicas de vingança.
Teve mamacita on demais no Calcinha Larga! Karol Conká falou com a gente sobre o fenômeno dos haters. Ouve lá!
Já ouviu falar em “love bombing"? Também não. Mas as meninas do Ppkansada já ouviram e contaram tudo. Vem escutar.
E no Indiscutível, Déia e Camila fizeram mais um giro de notícias importantíssimas e totalmente inúteis.
Até mais ver
Bateu uma canseira pós-feriado, né? Uma semana cheia, com cinco dias úteis, onde já se viu… Quando é o próximo feriado, alias?
Sei lá…
Beijos,
A gente