Associação dos Sem Carisma #121
Frases perfeitas que saem de boquinhas hidratadas
Se engana quem acha que o sem carisma não gosta quando as pessoas falam com ele. Ah, gosta. Só que o que aquela boquinha profere deve ser a frase certa. Uma frase que chega a hidratar a boca. É quase o mesmo efeito que essa dupla maravilhosa da Sallve tem: o Esfoliante Labial tira aquelas pelinhas soltas, e o Hidratante Labial devolve a maciez dos lábios.
Então vem aqui conferir algumas frases perfeitas que saem de boquinhas hidratadas.
Ah, essas frases são música para nossos ouvidos e um bálsamo para as boquinhas ressecadas que existem por aí. Treine-as em frente ao espelho enquanto trata sua boca com o Esfoliante Labial e o Hidratante Labial da Sallve!
Tenho local
Por Camila Fremder
Eu nunca usei nenhum desses apps de namoro. Antes do meu primeiro casamento ainda não existiam e, depois que me separei, achei que nunca mais ia sair com ninguém porque eu era mãe de um bebê de um ano e, por isso, vivia sempre cansada pra qualquer coisa. O tempo passou, conheci Codré, casei de novo e continuo sem saber direito essa dinâmica de arrasta pra esquerda, arrasta pra direita.
Acontece que um belo dia estava almoçando com um amigo que usa um aplicativo chamado Grinder, e na bio de vários pretendentes tinha a frase: Tenho local. E eu toda por fora pensando “o que seria esse tal local”? É uma gíria? É local de fala? Meu amigo deu risada e me explicou que "ter local"é simplesmente uma casa/quarto pra transar. É super óbvio, mas é tão direto que não me ocorreu que logo na bio as pessoas fossem tão diretas assim. Quer sair comigo? Olha só a vantagem, eu tenho um lugar pra gente transar.
Isso ficou na minha cabeça, e assim que eu entrei no escritório novo da Associação dos Sem Carisma, eu falei em voz alta: A gente tem local! Não pra transar, seria carismático demais da minha parte pensar numa suruba dos sem carisma, já que não gostamos nem de praça de alimentação, mas eu tô feliz demais que temos um cantinho nosso, uma redação, depois de anos de pandemia e home office.
Isso só foi possível porque leitores (vocês) e marcas (Sallve aí em cima, por exemplo) apoiam a nossa news. <3 Sou muito grata por isso e também pela equipe que me acompanha desde o início: Taize, Bertha, Bela, Ale Kalko e Bruno. Em breve teremos mais conteúdos diretamente da nossa redação. Sim, nós finalmente temos local.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Hoje é feriado, e estou completamente perdida na vida e na personagem.
Quem sou e o que eu sou?
Esqueci completamente que teria feriado nessa semana, para começar.
Os feriados são diferentes hoje em dia, em que eu sou dona/chefe do meu próprio nariz.
Será que estou fazendo os dias valerem a pena e contarem para a minha vida de um jeito que valha a pena?
Será que estou fazendo a vida da trabalhadora aqui valer a pena de um jeito que faça sentido?
Honestamente, não sei.
Sei que tenho dado o meu máximo e feito valer a pena qualquer segundo que me proponho estar aqui com vocês, e dividir com vocês, ou pelo menos aqui, comigo.
É difícil, mas é uma coisa que venho exercitando para que me sinta presente, e a gente também.
E será que é sobre isso e está tudo bem?
Talvez, acredito que sim.
É proatividade ou só sobrecarga mesmo?
Por Isabela Reis
Semana passada, gravamos um episódio do Ppkansada sobre organização com a Rebeca Rosa (@organizandocomadeusa). Em breve no seu ouvidinho. Mas, enquanto isso, algumas coisas do papo ficaram martelando aqui…
Bom, não preciso nem falar da minha repulsa com esse papo de coach de “trabalhe enquanto eles dormem”, “5am club”, enfim, essas baboseiras. Mas é a tal PROATIVIDADE que me pegou. Eu me considero uma pessoa super proativa, quero logo solucionar. Sou uma resolvedora de problemas, absolutamente prática. Quando o B.O. é de outra pessoa então, nossa, que delícia. Adoro me meter, dar ordens, falar como resolver. E aí, bom, a sobrecarga vem.
MAS MEU DEUS, É TUDO EU!
Será esse o preço que eu pago pela minha própria proatividade? Já falei e repito: a sobrecarga é substantivo feminino. Coisa de mulher, infelizmente. Eu vejo muitas nesse lugar de proativas, multitarefas, faz-tudo-ao-mesmo-tempo, abraçando o mundo com as mãos como se isso fosse um troféu. E nossa, amigas, que privilégio deve ser poder fazer uma coisa de cada vez. Lembrei dos tempos em que zoava e reclamava dos homens: “meu deus, você não consegue combinar duas funções, nunca consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo!”, e putz, que INVEJA.
Hoje apareceu um tweet pra mim na timeline que combina bastante com esse papo. Bastante óbvio, mas pertinente, citava uma fala da cozinheira e apresentadora Rita Lobo sobre o privilégio que é não saber cozinhar. Fato. E venho lembrar que cozinhar é, definitivamente, a atividade doméstica mais complexa que existe. Envolve olhar a despensa, fazer a lista, pesquisar preço, ir ao mercado, escolher os itens, guardar corretamente. Já fez tudo isso e ainda nem chegou perto do fogão. Só depois vem o descascar, desembalar, misturar, ferver, cortar e láaaa no final, finalmente, comer. Repete, repete, repete.
Que privilégio é não saber cozinhar e também poder se abster de todas essas etapas. Como deve ser bom não ser proativo e poder somente receber ordens, cumprir, sem precisar planejar, sem precisar antever. Que cilada a gente se meteu com essa mania de produtividade compulsiva, essa proatividade adoecedora e, é claro, essa merda de patriarcado.
Desculpa, a gente não vai ficar rico
Por Taize Odelli
Eu hitei no TikTok semana passada com um vídeo besta. Era uma reação a uma notícia da Folha de 2021, com o dono de uma loja de departamentos famosinha dizendo que é contra taxar grandes fortunas porque o rico ficaria “mais pobre” (Ri-cof-a-cof-chu-cof-e-cof-lo). Como se houvesse parâmetro para se chamar de mais pobre porque perdeu uns milzinhos na conta — quando esses milzinhos seriam tudo para mim, e mais ainda para quem vive em situação carente.
Logo vieram os fãs de milionários defender os ricos. O discurso é aquele: imposto é roubo, e se o rico for mais taxado, isso faz o classe média perder também. Fruto da velha convicção de que ele vai chegar lá e ser milionário. O self-made man, sabe? Aquele que veio do nada e conseguiu tudo.
Pois bem: como um outro usuário bem pontuou, ter um Celta e 3 mil reais na conta não te fazem uma pessoa rica. Eu, você, nós todos dessa newsletter nunca seremos milionários — se houver algum milionário lendo a gente, bora aí fazer um rolê de Mecenas? Talvez um ou dois de nós consiga, com muita sorte, ficar rico. Mas para o resto, só digo: olá, seremos classe média para sempre.
Acreditar que trabalhando você vai enriquecer é a grande mentira desse sistema em que vivemos. A maioria de nós trabalha porque precisa, porque se não trabalhar, vai faltar comida na mesa e lugar para morar. As pessoas não percebem que elas estão mais perto da pobreza extrema do que do conforto dos ricos. Mas a gente prefere se enganar achando que é especial e que vai vencer nesse mundo financeiro.
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Estava relendo O grande Gatsby e ele fala sobre justamente isso: o sonho americano de vencer a qualquer custo. Gatsby veio do nada e ficou ricaço para conquistar Daisy, mas essa dinheirama toda não veio do “trabalho honesto”. Mesmo assim, a gente o celebra porque ele conseguiu sua mansão, seu iate, suas festas suntuosas. Só que a gente não percebe que a história de Gatsby é das mais trágicas, pois ele se enganou a vida inteira pensando que seria alguém para Daisy depois de enriquecer. E não foi.
Gente rica não precisa de defesa, porque gente rica já tem todos os privilégios possíveis. Gente rica não se preocupa com seu bem-estar ou com o bem-estar da sociedade como um todo. “Mas você fala mal de rico e quer ser rica também…” Ora, não vou recusar dinheiro não. Ainda mais neste Brasil. Ainda mais porque nasci numa família que nunca teve dinheiro.
Só que dinheiro, pra gente, é necessidade. Pro rico, é uma coleção. Coleção de números na conta bancária, de investimentos, de renda. Não vai faltar gás na cozinha do rico, nem luz ou água. E a preocupação do brasileiro médio é com a pequena possibilidade do rico “perder” dinheiro, sonhando que um dia ele estará nesse lugar?
Não vai. Não vamos. Tudo não passa de uma mentira elaborada pra gente defender quem não precisa de defesa. Enquanto isso, moradores do Bom Retiro fazem um abaixo assinado contra um projeto de moradias populares porque têm “medo” das pessoas que passarão a frequentar o bairro. Como se essas pessoas já não estivessem lá dormindo nas calçadas. Vê a diferença de tratamento? As pessoas defendem Jeff Bezos, Elon Musk, dono da Riachuelo, o que seja, mas tá nem aí para quem não tem um teto ou comida no prato.
Rico: tadinho. Pobre: quero bem longe de mim. É essa a lógica do brasileiro médio. E ele nunca esteve tão, mas tão errado.
Dicas para seu fim de semana ser mais gostoso
Dicaize
Olha essa belezinha aqui: a editora Tusquets disponibilizou lá no Spotify o audiobook completo de O parque das irmãs magníficas, de Camila Sosa Villada. A autora é uma mulher trans que se inspirou na própria história para escrever esse romance que tem até uns toques de fantasia. Mas a história: a narradora sai da cidadezinha onde nasceu e vai para Córdoba, onde começa a trabalhar com outras travestis em um parque como garotas de programa. Elas vivem também na mesma pensão, que acolhe as pessoas que "não se encaixam", assim como ela. É um livro lindo, forte, que te joga na cara as violências que essas pessoas sofrem — e mesmo assim encontram coisas belas para seguir a vida. Só escutem!
Belatips
Faz tempo que não assistia uma série documental tão boa. Nossa! Que primor é PCC, Poder Paralelo, da HBOMax. Dirigida pelo gigante Joel Zito Araújo, conta a história de fundação e crescimento do PCC. Como carioca, está sendo muito interessante entender melhor a complexidade e domínio desse crime verdadeiramente organizado. As entrevistas com os fundadores da facção e ex-detentos são impressionantes! Vale super a pena assistir.
And just like that: o documentário, também HBOMax. Se eu canso das minhas amigas de Sex and the city? Nunca! O doc da continuação saiu junto com a série, mas eu só fui saber dele meses depois. Uma delícia! Mostra muito dos bastidores, das escolhas de figurino (melhor parte!!), a equipe fiel, o reencontro depois de anos. Muito divertido.
Vem de podcast!
É Nóia Minha?
Teve Marcela Casagrande e LaMona Divine para falar sobre primeiros dates e ser expulsa de suruba. Vai lá escutar!
Calcinha Larga
Dá para ser espiritualizada e gostar de dinheiro? Foi a conversa que rolou com o Pastor Henrique Vieira e as calcinhers. Escuta!
Ppkansada
Depois do primeiro date vem o fora. Qual foram os foras mais bestas que levamos — ou demos? Vai dar o play que as ppkers falaram sobre isso com ajuda da audiência.
Vixi, acabou
Tá de folguinha? Teve feriadão ou estás 100% sem carisma no escritório a essa hora da manhã? Seja o que for, te mandamos abraços virtuais. Aproveitem bem o final de semana, viu? E cuide-sem. E não esqueçam de tomar as vacinas e lavar atrás da orelha. E comprar nossos Cadernos Sem Carisma lá na Marisco.
Beijos,
Nós.