Associação dos Sem Carisma #130
Feriados de Agosto
A gente sabe: não existe feriado em agosto. E esse é o principal motivo para ele ser considerado O PIOR MÊS DO ANO – enquanto novembro é o melhor mês.
Se várias datas criadas comercialmente se tornaram feriados nacionais, queremos abrir uma campanha para instituir feriados em agosto para que ele seja um pouco menos horrível.
Seguem nossas sugestões.
O mistério do duende
Por Camila Fremder
Tem uns mistérios da humanidade que eu fico sempre lembrando, tipo aqueles desenhos que aparecem no meio das plantações, sabe? Tem uns cheios de círculos perfeitos, e aí aparecem mil teorias, uma nave pousou, um E.T. desenhou, um raio laser do espaço… Mas no fundo eu sempre acho que foi uma pessoa entediada. Alguém que mora numa região tão pacata que um dia acordou com a colheita em dia e pensou: Eu vou dar uma agitada nisso aqui. Eu sei que pra vocês esse papo parece meio do nada, mas eu lembrei disso porque o Arthur deu uma dessas hoje.
Ele foi brincar no quarto enquanto eu arrumava a louça da cozinha e, como mãe, eu achei que algo suspeito estava acontecendo porque o silêncio daquele quarto era ensurdecedor. Resolvi dar uma espiada. A cena era a seguinte: Quatro montinhos de papéis picados espalhados pelo quarto. Mas era muito papel. Na mão dele estava uma folha sulfite pela metade que ele rapidamente soltou quando eu entrei no quarto. A explicação: “Mamãe, um duende muito estranho entrou aqui, e olha só a bagunça que ele fez!” Eu quis rir, mas na mesma hora realizei que teria muita coisa pra limpar… Arthur, esse duende teve alguma ajuda? Sim, mamãe, um outro duende invisível. E é isso que eu chamo de ócio criativo.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
A Márcia Sensitiva já tinha dito que essa semana seria ruim para todos os signos. Mas olha, eu não imaginava que seria tão ruim a ponto de eu não poder sair de casa, me relacionar com pessoas, almoçar, trabalhar, ou seja, viver a minha vida, simplesmente, sem me foder, KKKK.
Tudo começou (risos, lá vem) na segunda-feira mesmo, quando fui encontrar o menino que eu estava saindo há umas semanas atrás e que acabou virando mais uma amizade, ou sei lá o quê, e eu já tinha entendido o lance e aparentemente estava tudo bem com isso. Fomos pro rolê, bebemos, nos divertimos, trocamos mó ideia sobre a vida e seus momentos, principalmente os de ficar mais recluso, sem nos relacionar sexualmente com alguém.
E AÍ o que rolou eu não sei, em algum momento eu fiquei bem maluquinha, rs. Voltei para casa e mandei um ZAPÃO para ele falando várias merdas como: "SÓ DEVOLVE AS MINHAS COISAS!". Ou seja, completamente fragmentada com tudo que havíamos conversado de noite, poucas horas antes.
Na terça vivi toda a ressaca moral e física, parecia uma chikungunya, fora a vergonha da situação e dele. Mas tudo bem, ficou tudo na paz depois, passou, esse ponto tá ok.
Na quarta-feira, já APARENTEMENTE recuperada, saí para gravar um podcast com uma amiga, e aproveitei para convidá-la para almoçar pós-gravação.
Pô, rolê delicinha com a minha ami, o que poderia dar errado nessa situação?
Pois é. Eu também achava que nada.
Sugeri um restaurante argentino que não era super barato, mas também nada absurdo.
Meus amores… KKKKK
Pedi o que já havia pedido lá da outra vez, uma salada e uma carne para dividir por 3. Perguntei para o garçom se a carne de 450g daria para dividir por 3 — eu, minha amiga e o agente dela.
O garçom disse que sim, claro, com toda certeza, então é pra 3, né? Indagou.
E foi aí, nessa frase, que deu tudo errado, e eu só descobri assim que a conta chegou. Vejam bem, rs.
Eu não tenho noção (o que é um problema e as pessoas também não costumam ter) de quanto são 450g de carne ou 150g, risos, e não costumo mais andar com balança (sdds ser maconheir4, aquelas, to brincando).
O garçom me trouxe 3 carnes de 450g cada, e MEUS AMORES… DE NOVO.
Ele triplicou o que era para dividir, fez assim como Jesus, multiplicou, KKK. Mas dessa vez eu me fodi, na história lá com Jesus eu não tava, mas o povo se deu bem, aqui, nessa história, o final é triste.
A conta chegou e a minha pressão foi parar lá no pé. Vocês sabem quanto tem custado a carne no Brasil em 2022, né?
Pois bem, fiquei sem saber onde enfiar a minha cara, afinal, eu havia convidado a galera para almoçar, paguei a conta com a mão tremendo, e querendo voltar o cartão pra carteira, sair correndo, sei lá.
Saí de lá e ainda tive que ir para mais uma gravação, não deu tempo nem de chorar.
A Márcia podia ter avisado que eu teria um rombo na minha conta na semana também, mas acho que poderia estar pressuposto na previsão.
Me fodi, tomei no cool grandão e segui a vida, mais uma vez.
Espero que a previsão da próxima semana seja melhor e não me leve à falência.
Mas é a tal história, se um fato desgraçou aí a sua cabeça, porque não gerar conteúdo e entretenimento em cima disso?
Fica a super dik, rs.
Beijos de esperança!
Você consegue consumir aquilo que produz?
Por Taize Odelli
Tava numa livraria esses dias e encontrei esse livrinho: O direito à preguiça, de Paul Lafargue. (Inclusive, passeiem pelas livrarias, gostoso demais.) Nunca ouvi falar desse livro, mas ele é um classicão da ESQUERDA (DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA!), que segundo a sinopse é, "depois do próprio Manifesto Comunista, o texto marxista mais popular do século XIX".
Eu, como pessoa que odeia trabalhar — inclusive esse foi o tema do meu podcast essa semana —, comprei logo né. Porque o fato de eu trabalhar não significa que eu precise gostar dele. E se você acha isso, só deixo essa recomendação.
O livro tem introdução da Marilena Chauí, e já ali você percebe qual será o tapa na cara que vai levar do Paul Lafargue. Mas dentre as muitas coisas que dá vontade de falar aqui sobre o livro, quero me concentrar em uma coisinha específica: você pode consumir aquilo que produz?
Quem trabalha com publicidade vai dizer que sim, rs, mas tô pensando mais no geral mesmo. Tipo: um cara que trabalha em montadora e carro (que está em extinção aqui no Brasil) tem dinheiro para comprar o carro que monta? O pedreiro tem dinheiro para comprar o apartamento que constrói? Eu sei que minha mãe não tinha dinheiro para comprar as roupas que ela mesmo costurava para outras empresas. Então né, no geral, nós sabemos que o que produzimos não é consumido pela gente.
E é isso o que Lafargue fala: o trabalho naquela época, e ainda hoje, consiste em produzir em escala absurda produtos que nem nós podemos usar, produzir para uma pequena parcela da população consumir. Produzir coisas descartáveis que vão para o lixo antes de nós podermos usá-las. Para no fim, segundo ele, nós mesmos sermos descartáveis.
Como é possível não odiar trabalhar? Pois é.
Diquinhaaaaas
Dicaize
Dei essa dica lá no Ppkansada, mas vou deixar aqui também: a série Como mudar a sua mente, na Netflix. Parece título de livro coach, mas não é nada disso. Na série o escritor e jornalista Michael Pollan, autor do livro de mesmo título, fala sobre como vem avançando as pesquisas sobre o uso de substâncias psicodélicas na medicina. Sim: aquele LSDzinho, o cogumelo mágico… Já nos anos 1940, quando o LSD foi criado, ele já era usado em pesquisas sobre doenças mentais e afins, e os resultados eram show. Porém, com a proibição das drogas, essas pesquisas foram para o beleléu. Mas agora estão voltando. Eu gosto muito desse tema e tô adorando assistir, pois traz bastante informação de um jeito bem responsável.
Giro de podcasts
É Nóia Minha?
Amiga, não dá pra te defender, hein… Hoje teve encontro entre migas com Camila Fremder, Renata Vanzetto e Carol Pires. Vai lá ouvir!
Calcinha Larga
Camila, Helen e Tati conversaram com a atriz Heloisa Périssé sobre o medo de perder e relacionamento aberto. Ui!
Ppkansada
O tema das ppkers hoje foi a internet e as redes sociais, com a convidada mais que especialista Manu Barem. Ouve lá!
Tchauzinho
Mais uma newsletter entregue, com aquele conteúdo desmotivacional que vocês amam (meus sentimentos, Bebeta). Mas olha, já passamos da metade do mês, força que logo agosto acaba e aí para o fim do ano é dois pulos.
Bora, viu? Beijos
A gente
Gostei do texto da Taize, mas fiquei triste pq tem trabalhador acreditando em livre negociação com o patrão. =|
Morri de rir com a Bebetinha 😂😂 super te entendo..
Lembrei de uma vez que levei uns amigos pra comer pizza eu tava muito pobre nessa época, daí vi uma promoção de 1,99 a pizza ...levei uma galera , faz tempo então as coisas não estava tão cara a ponto de eu desconfiar da promo .. no final ao pagar a conta era 19,99...eu precisava de óculos na época . Fim ..a vida seguiu!!