Associação dos Sem Carisma #131
Quando só o humor salva
Situações bosta acontecem o tempo todo. A vontade é chorar e espernear ou deitar em posição fetal até que tudo passe. Mas tem um jeitinho de encarar as coisas que pode mudar tudo isso: o humor.
Sabe aquele comentário chato ou pergunta invasiva que te fazem? Use esse momento para responder com humor, mas sem carisma..
Aqui vão algumas sugestões.
A gente vai se falando...
Por Camila Fremder
Encontrei por acaso no meio da rua, bati aquele papo furado enquanto segurava sacolas de supermercado que não estavam pesadas, mas poderiam muito bem estar. Mandei abraço pra família — bem coisa de gente velha que amo fazer, pois acho que serei uma ótima velha — e me despedi com a tradicional frase: "a gente vai se falando...". Mas ele perguntou quando. Como assim alguém do nada estraga toda a beleza do "a gente vai se falando..."?
Com o "A gente vai se falando..." a possibilidade de algum tipo de contato não é descartada, mas também não é obrigatória pra ele ter me cobrado um prazo. Fiquei sem ter o que responder, inventando desculpas e datas, e ele continuou: " A gente precisa se ver mais!". Eu não quero, eu tenho esse direito, justamente por isso usei o "A gente vai se falando...". Até que ele conseguiu arrancar de mim uma data e eu fui embora indignada, segurando minhas sacolas leves, que poderiam muito bem estar pesadas.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
A porta está aBERTHA
Fiquei pensando sobre quantas vezes o humor já me salvou nessa vida, e olha, foram muitas. Mas eu me lembro exatamente da primeira vez que isso aconteceu.
Com cinco anos eu cheguei de Montreal para Sanjamaica (aka São José dos Campos, SP), e essa transição de língua, adaptação ao clima e cultura não foram nada fáceis no início. A começar pelo meu nome, que não, não é Roberta, Adalberta ou Beta, é Bertha mesmo (a frase da minha vida).
Criança é um bicho ruim quando quer, né? KKK Desculpa se ofendi alguém aí, mas poxa, é verdade, vai.
As piadinhas com o meu nome começaram muito cedo, e eu lembro de voltar para casa e reclamar para a minha mãe que estavam me zoando com relação ao meu nome, e que isso me deixava puta da vida.
E a minha mãe sabiamente falou: DEBOCHE MAIS, DEBOCHE EM DOBRO, DE VOCÊ E DELES TAMBÉM! APRENDA A RIR DE SI MEIXMA RS
Tá, ela provavelmente não usou essas palavras, mas na minha cabeça eu interpreto como eu quiser, né? kkk AQUELAS! Mas na minha memória a mensagem se configurou desse jeito.
E foi dessa frase, dessa experiência, que aprendi a debochar de tudo e de todos, inclusive de mim mesma.
É TIPO ROBERTHA, SÓ QUE SEM O RÔ.
ESTOU DE PORTAS ABERTHAS, DEBAIXO DAS COBERTHAS.
E por aí vai.
Sei que é meio ruim e você não riu ao ler, mas no começo da vida, e até hoje, essas coisinhas me salvam.
Talvez no mês que vem
Por Taize Odelli
Ando numa fase de boas com a vida. É até estranho pensar em como me deixei consumir por pequenas preocupações durante tanto tempo. Coisas que agora são tão pequenas e fáceis de resolver, sabe? (O poder da psiquiatria). Isso não significa, porém, que eu esteja 100% comigo mesma. Na verdade, tem coisas que eu preciso mudar o quanto antes, mas ainda não consigo.
São duas coisas fundamentais que preciso começar a fazer. A primeira é deixar de ser sedentária. Eu sei que eu tenho a vontade e a disciplina para me exercitar com frequência porque já senti como isso faz bem pra mim. Mas desde que arrefeceu a pandemia e tentei voltar para a academia, nunca mais consegui. Para uma semana indo, fico quatro sem pisar na Bluefit. É como se houvesse algo que me prendesse ao sofá e não me deixasse sair. Esse algo é a minha cabeça, claro. Preciso de um personal trainer, mas mal me mexi para ir atrás.
A outra coisa é voltar para a terapia. Eu não posso depender sempre da dra. Valéria e dos remédios se eu quiser ser uma pessoa funcional e saudável, até porque os remédios dobraram de preço e a consulta é bem salgadinha. Mas a minha primeira experiência com a terapia não foi das melhores, e cometi o erro de não ir atrás de outro profissional logo depois. Até agora me justifico dizendo que não tenho dinheiro para pagar por terapia semanal. Enquanto isso, pago a academia sem ir.
Essas são as desculpas que a minha cabeça elabora para adiar as mudanças necessárias. Comecei a pensar em por que eu faço isso, qual é a fonte dessa auto-sabotagem, e desconfio que seja puro medo. Medo de mudar, medo de estar bem e depois ser derrubada pela vida, tipo a música da Alanis lá. Imagina, conseguir ir fazer minha primeira viagem internacional e o avião cair. Conseguir estabilidade financeira e perder quase tudo num tornado (nem tem tornado no Brasil!!!). Encontrar minha casa perfeita e não ser aprovada pelo Quinto Andar (já sofri disso).
Agora que estou "bem", eu morro de medo de que esse momento acabe. Só que para eu estar bem mesmo, ainda tem coisas muito profundas e dolorosas que fico empurrando com a barriga para um futuro que sempre é no mês que vem. Um mês que nunca chega. E eu tenho esse medo provavelmente por nem saber que coisas são essas, e ter medo de conhecê-las.
Mas vamo que vamo, né? Vai que mês que vem realmente venha aí.
Podcastas
É Nóia Minha?
Quer coisa mais chique do que um episódio profundo e engraçado com Bruna Braga e Denise Fraga? Vai lá ouvir!
Calcinha Larga
Maria Santa Helena, Phelipe Cruz e Samir Duarte, do Um Milkshake Chamado Wanda, invadiram o Calcinha. Dá o play!
Ppkansada
Tá solteire? Então vem com as ppkers criar um perfil tudo no Inner Circle. Escuta aí!
Até logo mais
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Pra um grupo que evita tanto interagir com as pessoas, a gente até que tá interagindo bem, né?
Até semana que vem, beijos, se cuidem, brilhem aquela estrela,
Camila, Isabela, Bertha e Taize
Minha solidariedade a Camila. Só de ler me senti ultrajada pelo atrevimento do cidadão ao quebrar o protocolo e exigir data. O "tudo bem?", "a gente vai se falando", são protocolos de urbanidade e requerem formas pré-estabelecidas de resposta. Exigir um appointment não faz parte do protocolo.
As sacolas poderiam estar super pesadas... esse fulano de tal estragou tudo!