Associação dos Sem Carisma #132
Até outubro a numeração dessa newsletter começa com "13"
ATENÇÃO
Nós somos sem carisma, mas nosso futuro presidente (que sempre foi presidente no nosso coração) é carismático.
Sendo a minha própria fake news
Por Camila Fremder
Semana passada minha audiência foi surpreendida nas redes sociais por uma Camila desinibida, social e, digamos assim, quase baladeira. Fui passar 4 dias em um evento na Bahia a convite do Spotify junto com minha amiga (essa assim extremamente social) Helen Ramos, e o que foi visto por lá chocou a todos. Eu dancei ao som de Dani Mercury (sim, eu estava no show) cercada de outras pessoas. Também ajudei Carole Crema, a confeiteira famosa do GNT, a servir a sobremesa no hotel.
Dei palestras, participei de bate-papos, almocei e jantei cercada de pessoas. Dia após dia, seguidores preocupados mandavam mensagens do tipo: "Gente, a Camila está usando drogas?", ou "Alguém sabe se o celular da Camila foi clonado?", e a minha preferida "Camila, se você precisar de ajuda diga ‘cavalo manco’ que nós vamos te salvar". Bom, era eu mesma. Sim, também me assustei com tamanha performance, mas sabe o que eu vou dizer sobre tudo isso? ME CHAMEM PRA EVENTOS QUE EU ENTREGO MUITO CARISMA, HEIN?
A volta do "poder sonhar"
Por Isabela Reis
Domingo passado (28), o histórico discurso “Eu tenho um sonho” completou 59 anos. A Marcha sobre Washington por Justiça e Trabalho foi um divisor de águas na luta por direitos civis nos Estados Unidos. Eu sou de uma geração que cresceu podendo sonhar.
Explico: nasci em 1996. Não vi ditadura, hiperinflação, impeachment do Collor. Nasci no Plano Real. Era um Brasil que apontava para algum futuro melhor que o passado. Vivi minha infância e adolescência nos anos 2000. Longe de mim dizer que todos os problemas do Brasil tinham sido resolvidos. Quem me dera. Mas vi muita gente da minha família mudar o padrão de vida, deixar de somente sobreviver para poder viver um pouquinho também.
Será que temos novos adultos aqui na nossa news? Pois bem, existia um negócio chamado Ciências Sem Fronteiras. O governo brasileiro bancava intercâmbios para universitários irem estudar em universidades estrangeiras em dezenas de países do mundo. Dá pra imaginar?
Frequentemente, leio por aí adultos entre seus 25 e 35 anos amargurados. “Logo na minha vez, tudo desandou”, e não mentiram. Sonhei tanto em ter minha casinha e, quando consigo, um litro de leite custa dez reais. Por muito trabalho e um pingo de sorte, venho de uma família que fez milagre sem ter sobrenome gringo, sem posses, sem terras, sem contatos e posso pagar meus litros de leite. Outras 33 milhões de pessoas no Brasil não podem.
Cresci ouvindo que a minha geração ia ter tudo, poder tudo, inclusive ser presidenta do Brasil, olha só. A sensação é de bater de cara num muro de concreto. Não por mim, é claro, mas pelos milhões de famintos e desalentados dessa desgraça que virou o Brasil. Se você me perguntar se tenho vontade, então, de ir embora daqui, respondo que não, sem pensar duas vezes. Não tenho. Sou apaixonada pelo Brasil, absolutamente apegada a esse país que produz tanta cultura, resiliência e possibilidades, na mesma medida em que produz tragédias. Ainda assim, digo ao povo que fico. Insisto. Amo enlouquecidamente. E, por isso, sofro tanto.
Faz anos que não sinto qualquer pingo de esperança nesse país. Só nos restou a certeza de ladeira abaixo. Mas tem algumas semanas que voltei a sonhar. Ô, Martin Luther, por aqui a gente ainda tem muitos sonhos pendentes. O povo desse país comeu o pão que o diabo amassou e cuspiu em cima. Ou melhor, nem comeu. Será que estamos chegando no fundo do poço pra, finalmente, o único caminho ser voltar à superfície?
Não vai ser sem cobrança, sem disputa, sem suor, sem raiva, sem discordâncias. Mas vai ser. Finalmente, gente. Falta exatamente um mês para esse crápula e sua corja começarem a ser varridos do leme desse país que, sim, escolheu esses genocidas, mas não os merece. Em breve, um ano novo e tantos sonhos novos. Que assim seja!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Parem de atravessar a minha fronteira!
Estou literalmente no auge do meu limite, e olha que quem tem limite é município — dizem por aí, né.
Pois bem, estou mudando o meu nome para Município a partir de agora, então.
Mas tem um lance de quando você é muito bem-humorada e carismática (sim, estou na associação errada, mas vamos fingir que não),as pessoas acham que podem de tudo contigo, que você sempre vai levar no kakaka e risos mil.
Só que, meus anjos, a gente também tem coração, sentimentos, ficamos putos e tristes, a diferença é que a gente faz piada depois, o que não significa que a gente não fique mal, VIU?
E OOOOOUTRA, TEM MAIS! AAAAH, TEM MAIS! Sim, estou levantando o dedinho indicador e balançando enquanto digito essa frase.
As pessoas se acham muito espertas também pra cima de nós. Se você faz parte desse grupo e se identifica, vou te chamar de pessoa que gira alto, no alto astral, entendeu?
Depois eu penso num nome melhor.
Fato é que todo mundo acredita que tá aí fazendo as suas sacanagens com a gente, e nós, que giramos alto, não estamos percebendo, somos trouxas.
E aqui vai o alerta e o aviso se você é um abusador de quem gira alto: NÃO, VOCÊ NÃO ESTÁ NOS ENGANANDO NÃO, O TROUXA É VOCÊ!
A gente gira tão alto que sacamos absolutamente tudo.
Então se você é o giro alto, ou se você age assim com alguém que gira alto, REPENSE!
Política pra quê?
Por Taize Odelli
Desde 2018 comecei a ter várias conversas sobre política com a minha mãe vez ou outra. Primeiro para convencer ela a não votar em Bolsonaro, claro. Não que ela fosse fazer isso, mas é que ela e meu pai desde sempre votaram branco em tudo. E naquele caso, votar branco era o mesmo que votar no Bolsonaro. No primeiro turno ela até tentou — foi de Ciro —, mas no segundo ela já tinha desistido da política de novo. Agora eu falo com ela para tentar convencê-la de que sim, a gente tem que se importar com a política.
Meu pai e boa parte da minha família é como ela. Política é coisa de vagabundo e mau-caráter (sim, muitos), nunca ninguém ajuda o povo (minha família) em nada, passar esse estresse pra quê? O que é que muito brasileiro pensa sobre política, né? Tem muita gente interessada, mas tem muita gente nem aí para quem está no governo e o que faz — mas vive reclamando de corrupção, hmmmm…
Mas a questão que eles não entendem, ainda, é que a política sempre foi fundamental para todo mundo. Que se eles têm a casa, o trabalho, as férias, o décimo terceiro, a aposentadoria, os financiamentos para comprar um carrinho, as leis, o FGTS, os hospitais públicos, as escolas públicas, o SUS, tudo isso aí é fruto da política. Se nossa sociedade é o que ela é hoje, avançada social e tecnologicamente, para o bem ou para o mal, ela o é por causa da política. A política reúne um grupo de pessoas para pensar a nossa convivência, nossos direitos e deveres. Então não tem essa de "a política não me atinge".
Ela atinge demais. Ela atinge todos os dias. E na parte social, principalmente, ela tem muito a melhorar.
Não estou falando que todo mundo tem que virar militante partidário não, gente, mas eu sonho com um mundo em que as pessoas realmente se envolvam para melhorar o lugar onde vivem e suas próprias vidas. Que entendam que política não é só roubalheira, é algo fundamental para nossa organização social e para o nosso bem-estar.
Só quero deixar aqui, então, um pedido: acompanhem as campanhas, veja os planos de governos e propostas, principalmente dos deputados e senadores do seu estado que vão representar você em Brasília. Saiba quem você está colocando naquela posição e o quê você pode cobrar dela. Participe, mesmo que de longe, mas não jogue esse direito que a gente lutou tanto no lixo. A gente pode viver num mundo melhor.
01 dica
Dicaize
Olha, se você quer ver algo curioso, informativo e fofo nesse fim de semana, vai ver o documentário Dentro da mente de um gato na Netflix. Além de mostrar como esses bichos maravilhosos foram sendo domesticados (nem tanto) pelos humanos, eles apresentam vários estudos e pesquisas sobre a fisiologia e comportamento dos gatos. Dá para aprender muito sobre eles, além de todas as imagens serem belíssimas pois: gatos.
Coloca o fone aí
É Nóia Minha?
Os jornalistas Magê Flores e Maurício Meirelles (não é o comediante), apresentadores do Café da Manha da Folha, foram lá no Nóia conversar sobre traquejo social. Dá o play!
Alás, essa semana estreou o Rapidinhas do Nóia, um episódio curtinho que vai ao ar toda segunda-feira. Vem ouvir o primeiro!
Calcinha Larga
A artista plástica Rita Wainer colou lá no Calcinha para falar sobre como a chatice está nos detalhes. Escuta!
Ppkansada
E as ppkers receberam Martchela, do LambisgóiaCast, para contar como transformamos nossa tristeza em meme. Vai lá ouvir!
É 13 e confirma
E assim nos despedimos de mais uma newsletter. Mas você pode participar desta associação diariamente seguindo a gente lá no Instagram, no TikTok e entrando no grupo de Camillers no Telegram. Altas fofocas rolam por lá.
E queremos lembrar que a camiseta Sem Carisma vermelha voltou lá na Tangerina Moon. Já garante esse look para outubro!
Beijos, e até semana que vem
Camila, Isabela, Bertha e Taize
Pra que ter carisma se nosso futuro presidente entrega tudo né? <3
Importante e necessário posicionamento!
Obrigada!!
13ijos
HABLA MESMOOO!
Muito bom, meninas
13 trilil