Associação dos Sem Carisma #140
Fantasias no ar
É Halloween, é Festa da Democracia… A gente nem sabe o que está mais “assustador” nesse final de outubro, né?
Mas ainda tem gente com força de vontade para participar de um convescote com amigos, uma baladinha hipster… Já que é Dia das Bruxas, aqui vão algumas sugestões de looks assustadores fáceis de fazer, pois exigem que você apenas não apareça.
E você, vai de quê?
Calada vence?
Por Camila Fremder
A minha mãe é a pessoa mais engraçada de todas, mas é um engraçado totalmente sem querer. Ontem à tarde chega a seguinte mensagem dela no meu celular: "Filha, meu celular não está mandando mensagens”. Fiquei por um tempo olhando para aquela mensagem sem entender nada. Respondi: "Mas mãe, isso é uma mensagem". Quase meia hora se passa e ela responde: "Oba, obrigada por arrumar o meu celular!". Eu não tinha feito absolutamente nada, mas também não desmenti, achei por bem deixar quieto.
Hoje chega a seguinte mensagem no meu celular: "Filha, você consegue arrumar o telefone da minha amiga que não está mandando mensagem?". Respondi depois de uns 10 minutos um: "Pronto!". Segundos depois ela me agradece e não me procura mais. Ou ela tá me tirando ou eu finalmente descobri o real significado de calada vence.
E se você pudesse sonhar?
Por Isabela Reis
Como teria sido sua vida nos últimos quatro anos se você pudesse ter sonhado? Onde você estaria hoje se a pandemia não tivesse sido tão avassaladoramente cruel no Brasil? Quantos sonhos você abandonou ou sequer se permitiu sonhar nos últimos tempos? Falta pouco pro segundo turno e, dentro de tudo que já falei incansavelmente sobre isso, eu tenho fincado minha bandeira no sonho. Esse governo tenebroso tirou muito dos brasileiros. A fome é uma violação incontestável. Mas quero falar de subjetividades e da privação do sonho que me perturba.
Eu cresci no Brasil em que todo mundo passou a poder sonhar. Os ricos ficaram ainda mais ricos, os pobres puderam finalmente respirar um pouco. No meio disso, muitos sonhos foram realizados. A casa própria, o primeiro diploma da família, a viagem de avião, o intercâmbio, a televisão nova, o carro, quatro refeições no dia. Mesmo quem não conseguiu realizar todos os sonhos que aprendeu a cultivar, pode, ao menos, imaginar.
Eu sinto que perdemos o poder de sequer imaginar. Comprar casa com esses juros? Viajar de avião com esses preços? Faculdade com esses últimos dois anos de ensino à distância? Renovar eletrodoméstico com a alta do dólar? Um carro popular custando 70 mil reais! E o preço da carne? Sonhar com o quê? Como planejar qualquer futuro?
Talvez você esteja pensando que tudo isso aí são imensos privilégios, mas eu venho te dizer que vários desses itens são direitos. Quem diz é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU:
“Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
Artigo 25°
Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica (…)”
Nós, brasileiros, vivemos — e não é de hoje — um estágio permanente de violação de direitos. Sinto que isso se desdobra numa imensa violação de sonhos. Muitos estavam saindo desse buraco e foram arremessados no fundo dele de novo. Não fomos nós que perdemos a capacidade de sonhar. Tiraram isso da gente. Arrancaram!
Eu não aceito. A única coisa de concreto que temos na vida são nossos sonhos. Eu não aceito que tirem isso de nós. Nessa reta final de eleições me apeguei a essa violência que foi a privação do sonho, a falta de perspectiva, o futuro abandonado, a sobrevivência — e não a v-i-d-a. Me apaguei numa esperança imensa, sufocante, porque desesperança é projeto. Um povo sem esperança é um povo derrotado. Por isso, me agarro na indignação pelos sonhos de que nos privaram, me agarro numa esperança avassaladora de que a vida pode — e vai! — ser melhor e… voto.
Feliz sonhos novos!
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Desde que mudei de emprego-barra-carreira, tenho sentido uma tremenda diferença na minha rotina e de como eu aproveitava e otimizava o meu tempo. Eu vivia, acreditava — e confesso que até enaltecia —, o estilo de vida frenético, pessoas que não têm agenda, tempo para nada, ninguém e muito menos para si.
Fora que achava o máximo ser essa pessoa, kk, sempre maluca de zap online, respondendo e resolvendo os B.O.s no mesmo instante.
Como freelancer, estar de férias significava desemprego, e quanto mais freelas ao mesmo tempo, melhor. Se eu estivesse por um dia de boa coçando a popoca assistindo Sessão da Tarde na TV, eu já me culpava para todo o sempre pelo pecado cometido, rs. Ficava realmente me chicoteando por isso, e com pensamentos ansiosos alugando um duplex na minha mente.
Amo que estou relatando esse sentimento de culpa como algo passado, mas não. Essa mesma culpa ainda vive em mim neste exato momento, minuto, segundo, AGORA, rs.
Eu posso ter algumas tardes livres?
Se eu ficar assim, parada, não é ruim?
Eu não tenho que estar produzindo algo nos momentos de ócio?
Não posso ficar só aqui, existindo?
Realmente eu ainda não sei e não consigo lidar com o ócio de uma forma isenta de culpas, fico todo dia em mil conversas internas, desabafos com amigas e psicóloga sobre isso.
Ter um estilo de vida diferente dos tradicionais de trabalho ainda é super esquisito, e muitas vezes faz eu me sentir menor, diminuída.
Mas aos poucos eu saio desse duplex e boto ele para vender de uma vez.
É verdade
Por Taize Odelli
Ai gente, eu não queria falar de política, Brasil, saco de bosta, essas coisas. Mas pô, quem tá conseguindo focar em outra coisa nesses últimos dias? Tá foda.
Eu venho pensando muito ultimamente no que eu posso (nós podemos) fazer para que esse Brasilzão seja, sei lá, menos cuzão. Mas fica difícil ter uma ideia quando tudo o que a gente fala entra por um ouvido e sai pelo outro, sabe?
Por que se a gente diz que Lula tirou o Brasil do mapa da fome, ou que deu educação para milhões de jovens que antes não tinham condições de entrar numa universidade, chega lá o gado dizendo "MAS E A VENEZUELA?". Se você diz que não, nunca existiu essa coisa de mamadeira de piroca, kit gay, ideologia de esquerda nas escolas, doutrinação do demônio, o bolsominion ignora e reafirma que sim, tudo isso existe.
O Brasil nunca viveu o socialismo, o comunismo, mas essa galera está crente de que se Lula ganhar, todos nós passaremos a cantar a Internacional. Que o cidadão com um quarto sobrando vai ter que abrigar um estranho. Que todas as riquezas particulares, os centavos que sobraram na nossa conta (graças ao Paulo Guedes) vão para o governo. Quando a gente aponta as incongruências e os fatos, o bolsominion apenas diz: MAS E A VENEZUELA?
Eu não acredito mais no poder de argumentação com aqueles que escolhem acreditar na mentira e não na verdade. Mas o que é verdade, né? Como mostrar pra pessoa que consome apenas o chorume da internet que ela está passando vergonha? Depois que os BBBs inventaram a expressão "a minha verdade", o mundo degringolou ainda mais. Porque não existe agora só uma verdade. Existe a verdade da Fani, da Karol Conká, da fulana, da sicrana, da Terra Plana… E ai de você se trouxer dados científicos comprovando que a Terra é redonda. Eles não acreditam. Nem adianta tentar
O mesmo acontece com a mentalidade bolsonarista, não existe A Verdade, Os Fatos, Os Registros. Existe apenas as vozes da cabeçorra de Carluxo, da Regina Duarte rindo com o pum do palhaço, do velho da Havan que acha mais importante demitir professor do que pagar seus impostinhos… Que verdade é essa, hein?
Para ouvir surtando
É Nóia Minha?
Alexandre Patrício e Stephanie Noelle foram os convidados da semana para fazer sobre ciúme, inveja e outros sentimentos que a gente tem, mas não quer admitir. Vai ouvir!
Calcinha Larga
A atriz Luisa Arraes foi a convidada da semana lá no Calcinha para aquele papo sobre maternidade, relacionamentos e, claro, dicas mil. Dá o play!
Ppkansada
Hoje o PPK tá especial porque temos a presença dele, Claudio Thorne, nosso lindo estagiário, falando sobre ser Gen Z. Ouve lá!
Conselhos que você pediu
Será que o trabalho tem que ser nossa principal prioridade na vida? Iiiih, assunto profundo no podcast da Bela Reis falando sobre propósito no trabalho.
Santa Reclamação de Cada Dia
A pauta da vez foi reclamar de brasileiro que mora fora e vota nele. É, naquele lá. No feio com berne no cotovelo.
Já deu
Ufa, acabou mais um mês sem fim desse ano. Aliás, vai ter fim esse ano? A gente já tá tão pilhada que vish, a noção de tempo tá toda louca.
Mas vamos guardar nosso carisma para o domingo porque ele vai explodir, se Deus quiser. Ou Alá. Ou Odin. Gaia? Por favor, qualquer entidade maior que exista, ajuda a gente.
Ah, e antes da gente ir:
Sim, tem novidade chegando com a Cosí Home. Mais informações em breve!
13 beijos de alegria e esperança,
Camila, Bertha, Isabela e Taize
Deu 13!!!❤️✌🏼Podemos voltar a respirar!
O texto da Isabela me lembrou uma música que diz "essa gente que não vive, apenas aguenta". É isso neh... Ai, sobre o texto da Taize, sinto o desespero daqui. Acho que só o tempo vai mostrar. Um exemplo fácil são as baixas taxas de vacinação infantil. Infelizmente as pessoas só mudarão quando as sequelas da pólio voltarem a aparecer. É isso, gente. Coletivamente nós falhamos. A tecnologia avança e a humanidade cada dia mais burra. Me desculpem o tom derrotista.