Associação dos Sem Carisma #142
Listen to my english
Já é difícil entregar carisma em português, agora imagina fazer isso em inglês também. Ai, esse mundo globalizado exige demais…
Como o É nóia minha? dessa semana falou sobre passar vergonha em outro idioma, escolhemos algumas expressões nada carismáticas e brasileiríssimas para você usar nas conversas com os gringos. Salve para uso futuro!
Sua casa com carisma!
Antes de partirmos para os textos da semana, precisamos fazer esse aviso super importante:
A COLEÇÃO COSÍ HOME + ASSOCIAÇÃO DOS SEM CARISMA JÁ ESTÁ DISPONÍVEL!
Vai lá no site da Cosí para conhecer nossa linha de casa com enfeitinho de Natal, moringa, pratinhos, xícara, planner. Tá tudo lindo, e é a nossa cara.
NA ENERGIA DO CAPS LOCK
Por Camila Fremder
Eu sinto falta de uma tecnologia bem específica no corpo humano. Eu acho que, quando a gente estivesse no nosso limite do cansaço, da paciência, do mau-humor, alguma parte do corpo, tipo os olhos, poderia mudar de cor. Sabe quando você entra numa sala fechada ou em um elevador e você olha pra cara de alguém que está dentro e identifica na hora a cara de gripada? E você nota que ela tá tão mal que você, inclusive, tenta ficar o mais distante possível, e quem sabe até prende a respiração o máximo de tempo que conseguir.
Ninguém nunca tem a menor pista de quando eu tô a ponto de matar alguém. E não adianta eu ficar mais quieta que as pessoas interpretam como se eu estivesse triste e FALAM MAIS AINDA COMIGO. EU QUERIA QUE O NOSSO CORPO TIVESSE ESSE PODER DE TRADUZIR A ENERGIA DO CAPS LOCK A QUILÔMETROS DE DISTÂNCIA. SERÁ QUE É PEDIR MUITO?? A pessoa vê você virando a esquina e pelo tom laranja escuro dos seus olhos ela opta por atravessar a calçada, não seria maravilhoso?
Não quer encheção de saco na rede social, você já posta logo de manhã uma selfie com a legenda: "Hoje eu tô assim". Pode encaminhar pro grupo da família, para pessoas que estão te pedindo favor, como aviso de por que não fui no seu evento/aniversário/casamento. E durante uma discussão você já tem uma pista mais clara de quando parar. Tá aí uma ideia.
Mona, você é maluca?
Por Isabela Reis
Não sei vocês, mas eu tô completamente totó, 100% lelé da cuca. Resolvi viajar e tô enlouquecida tentando antecipar tudo pra não ter que trabalhar nas férias. Eu falo “resolvi” como se não tivesse tudo planejando há meses, né? A verdade é que eu procrastinei o quanto pude, me enrolei bastante e agora tô a isso aqui de surtar. Antes fosse só o trabalho, né? Mas a vida acontece fortemente enquanto a gente tem mais o que fazer.
Entre gravar e editar trocentos episódios de podcast, o suporte do compressor do ar condicionado enferrujou, se desintegrou e, bom, só não despencou em queda livre porque deus botou a mão e decidiu que dessa ele iria me poupar. Na última terça, eu tinha deixado um monte de coisa de trabalho pra resolver no corujão pós-criança dormir e aí eu te pergunto: a criança dormiu? Lógico que não! Fiquei 1h tentando, desisti. Fiz minha janta e ele falando. Comi e ele brincando. Botei roupa na máquina e ele cantando. Às 23h45 da noite, ele se rendeu, finalmente dormiu e eu podre, lógico. Ainda tem aquela lista infinita de coisas pra comprar na farmácia, mala pra arrumar, checklist pra bater.
Tô sentada aqui escrevendo enquanto o Lula chora em seu discurso sobre o Governo de Transição. Ele chorou copiosamente e disse “nunca imaginei que a fome fosse voltar tão forte nesse país”. E aí me acho insignificante, fútil, sem problema. Sinto uma raiva descomunal desses genocidas que nos governaram. No meio do caos, sempre sobra um espaço pra odiar essa gente má e desejar a eles as piores coisas do mundo, sem remorso.
E a porra da Covid que tá torando de novo? Pelo amor de Deus! E como tudo dá espaço pra odiar um pouco… Lembro que a Anvisa aprovou a vacina para bebês há quase dois meses e o Ministério da Saúde simplesmente decidiu não distribuir. Simples assim. E fico pensando “é assim que é viver um projeto de genocídio em curso?”. Pelo visto, sim. Ontem já fui malhar de máscara de novo e tô aqui na dúvida se vou ao Numanice de PPF2 ou se vendo meu ingresso e evito essa fadiga. Se você ainda não tomou a quarta dose, vá. Urgente!
Volto a pensar nas coisas que ainda tenho que gravar hoje, mas meu cabelo tá feio, preciso lavar. No meio disso tudo, fechei uma compra on-line de farmácia e ainda não sei o que vou almoçar. Meu digníssimo esposo tá chegando do trabalho e, cá entre nós, como me atrapalha trabalhar com ele em casa. Juro. Tem sempre algo pra resolver, pra conversar, pra fofocar, é infinitamente mais gostoso ficar deitada nele do que sentada numa mesa gelada. Aff. É o que eu digo, amar é muito contraproducente. Mas eu amo amar e detesto trabalhar, então, tá tudo certo.
Esse foi um passeio por cinco minutos na minha cabeça. Ainda faltou falar da nóia dos gastos dessa viagem de férias. Irresponsável com dinheiro eu não sou, vocês sabem, mas também não viajo no perrengue. Ou seja, cometi um gasto abissal, de forma responsável, viajando com tudo já pago, sem dívidas, mas olha… Quem falar “quem converte não se diverte”, eu mato. Mas enfim, segurando na minha própria mão. Antes fosse só isso, né? Mas outro dia fui comprar leite e ainda tá custando R$ 7,49. É quase um “pop-up desgraçados”. Sempre tem espaço pra odiar um pouco, respirar e seguir o caos.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Em agosto era a minha vez de ir tomar a quarta dose de reforço da vacina contra Covid-19, e eu estava prontinha para ir, com aguinha na boca, hmmm.
Tava toda felizinha e me sentindo com a imunidade mais bala do mundo, porque até então não tinha pego o Covidão, ufa.
É, até então. Foi o que alguém lá do céu me olhou e disse, com voz de locutor de filme dublado da Sessão da Tarde, Herbert Richards Corporation.
Naquela mesma semana fui surpreendida, depois de dois anos fazendo testes praticamente semanais por conta do trabalho, o vírus finalmente me pegou.
Fuen, Fuen.
Fiquei bem mal — febre, dor no corpo, cansaço, de cama mesmo. Mas aí passou, vida que segue, e tanto seguiu que cá estamos em novembro, e eu procrastinando a minha quarta dose, fingindo que nada, vivendo de muitão essa flexibilização.
Mas, sem carismers, é isso, tá flexibilizado, mas o vírus ainda está aí, e mutando. Mas quem também tá aí é a ciência e a vacina, a nossa maior forma de proteção e segurança. Então hoje peguei as minhas coisinhas e fui na UBS tomar vergonha na cara e a minha vacina geladinha no braço.
Escrevo aqui para se você aí, que ainda não tomou, esqueceu, ou procrastinou, vá tomar a sua dosezinha também!
Se cuidem e cuidem dos seus <3
Beijos, protegidos e imunizados,
Bebetinha!
Pra você comprar uns livros
Por Taize Odelli
Tá rolando a famosa Festa do Livro da USP aqui em São Paulo, e como a feira tá rolando online também, resolvi voltar aos meus primórdios dessa newsletter e indicar algumas leituras boas que estão, olha só, COM 50% DE DESCONTO. Porque uma coisa que nos devolve o carisma é uma promoção, né?
Então segura essas recomendações:
Uma tristeza infinita, de Antônio Xerxenesky (Companhia das Letras): já começando com a saúde bem mental, pois é sobre isso que o romance do Xerxenesky fala. Protagonizado por um jovem psiquiatra francês que trabalha em uma clínica isolada na Suíça logo após a Segunda Guerra Mundial, a história traz essas nóias sobre a melancolia que invade a gente, e ainda tem um paralelo bem legal com as coisas que vemos acontecer no Brasil atual. Livrão que, aliás, acabou de ganhar o Prêmio São Paulo de Literatura
O mestre e margarida, de Mikhail Bulgákov (Editora 34): o meu clássico russo favorito, pois se trata apenas da visita do diabo em Moscou no início da década de 1920. Sim, o próprio demo resolveu dar um rolê na capital russa e trouxe seus amigos juntos, causando ALTAS CONFUSÕES. Livraço.
A pediatra, de Andrea Del Fuego (Companhia das Letras): é, falei bastante desse livro já, mas eu adorei demais e vale a recomendação de novo, até porque esse romance é um dos finalistas do Prêmio Jabuti de 2022. É sobre uma médica pediatra, especialista em recém-nascidos, que odeia as crianças, os pais das crianças, e tá obcecada por um cara que tá nem aí pra ela. Tretas mil.
Terráqueos, de Sayaka Murata (Estação Liberdade): essa é uma história de gente esquisitinha do jeito que eu amo. Natsuki desde criança foi uma menina que foge dos padrões de comportamento esperados para uma mulher japonesa. E esse deslocamento social, e desprezo da própria família, faz com que ela nem se sinta humana. Aí a história é essa: ela tentando driblar as expectativas dos outros e só viver de boas como uma alienígena.
A ridícula ideia de nunca mais te ver, de Rosa Montero (Todavia): pensa num livro LINDO. É uma obra de não-ficção em que a autora expõe o luto pela perda de seu marido, e paralelo a isso também conta a história de Marie Curie e o luto dela quando seu companheiro também morreu. Fala do amor e de como uma mulher revolucionou toda a ciência.
É isso, galerinha. Quem estiver aqui por São Paulo, vai lá prestigiar essa festinha dos livros. E quem não estiver, é só entrar no site de cada editora para saber como comprar com descontinho. :)
Dica da Bela
O podcast "Pico dos Marins: O Caso do Escoteiro Marco Aurélio" (Globoplay) acabou de ser lançado e já me pegou. Confesso que podcast criminal e narrativo não são muito minha praia, mas já fui capturada e tô super ansiosa aguardando o próximo episódio. A história é do escoteiro Marco Aurelio que desapareceu misteriosamente, em 1985, aos 15 anos, durante uma trilha no Pico do Marins, em SP. Uma história que ficou super famosa na época e, mesmo assim, nunca solucionada e rodeada de hipóteses. Narrativa super instigante do Marcelo Mesquita e direção do craque Ivan Mizanzuk.
Ouça com amor no coração
É nóia minha?
Para falar sobre passar vergonha em outro idioma, Camila chamou Thai de Melo Bufrem e Kika Igue. Dá o play!
Calcinha Larga
Vem se emocionar com este último episódio das nossas queridas calcinhers, que chamaram a Urias para falar de mandar DMs para famosos e receber nudes não solicitadas. Escuta aí!
Ppkansada
O papo de hoje foi com a Milene da Piri Confeitaria para falar sobre ser mulher e empreender nesse brasilzão. Ouve ouve.
Conselhos que você pediu
Tem algo mais sem carisma do que estar conversando com alguém e a pessoa não sair do celular? Bela deu a letra neste episódio.
Santa Reclamação de Cada Dia
E para encerrar o giro de podcasts da semana, tem episódio falando sobre mulheres que se escondem atrás do feminismo para justificar suas tretas. Vish
Até logo mais
Mais uma newsletter entregue com sucesso! Esperamos que tenham gostado dessa edição, pode comentar à vontade que a gente gosta — para interagir na internet somos boas, pelo menos.
Lembrando sempre que nós estamos também lá no Instagram com conteúdo diário para os não carismáticos dessa nação. Então segue a gente lá, viu?
Beijos alegres,
Camila, Isabela, Bertha e Taize
Moro no interior e aqui a prefeitura já avisou que tem dose de vacina vencendo, tudo isso porque as pessoas simplesmente não estão indo mais se vacinar. É um absurdo. Coletivamente somos muito desleixados, que vergonha. Aqui onde moro as UBS são bem distribuídas, tem campanha de sábado, não tem desculpa. "Ai, não tenho tempo de vacinar". Mas quando você ou alguém da sua casa adoecer, aí vc vai arrumar tempo pra ficar no hospital. Não dá, gente. Não dá.