Associação dos Sem Carisma #143
É possível ser feliz no amigo secreto?
Quando vira a chavinha do Dia das Bruxas para o Natal, a gente já se prepara para um novo horror na vida do sem carisma: o temido amigo secreto.
Por mais que corramos dele, ele sempre vai nos alcançar onde menos esperamos. Tipo assassino de filme de terror que dá dois passos e alcança a mocinha correndo.
Vai ter amigo secreto da família, do trabalho, dos mais chegados do trabalho, dos amigos, do grupo secreto do zap sem o amigo chato, do grupinho de passeadores de cães da praça… Ô como o povo gosta de celebrar a união com algo que pode abalar a união. Pois um presente ruim dado ou recebido nunca será esquecido.
Como boas leitoras que somos, viemos salvar a sua vida de amiga secreteira com ajuda da Dois Pontos. Nossa livraria favorita tem um Guia de Presentes para você acertar em cheio no presente do amigo, amiga ou amigue secrete. Veja só algumas dicas:
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Vai lá na Dois Pontos encontrar o presente do amigo secreto, da família, dos amigos, do cônjuge, e para você mesma, né? Porque você merece um presente legal. Então já espalha pra todo mundo a livraria Dois Pontos pra dar aquela indireta. ;)
É bonita e é bonita
Por Camila Fremder
Arthur foi ao cinema com a madrasta no feriado, só os dois. Pipoca e M&M rolando. Recebi as fotos com os óculos 3D. A tranquilidade em saber que o seu filho está em boas mãos não tem preço, sabe? A noite ela me liga rindo pra contar que na volta, já no elevador da casa deles, Arthur a viu passando blush e perguntou: "Você está ficando mais bonita pro seu namorado?". Ela riu e disse que sim. E então ele disse: "Acho que não vai adiantar, porque o seu dente está todo sujo de pipoca". Rimos muito.
Eu odeio aquela música "Eu fico com a pureza da resposta das crianças…" porque eu tenho muito uma memória de bêbados levantando o copo e gritando "É A VIDA, É BONITA E É BONITA", mas que a música tem toda a razão isso eu nunca vou discordar…
Cacofonia
Por Taize Odelli
Tava lá à deriva pelo Twitter, que sabe-se até quando vai durar, e caí num artigo de Ian Bogost na The Atlantic falando sobre o fim das redes sociais. No texto ele dá uma pincelada na história da internet, mostrando como essa coisa linda que encurtava distâncias se transformou nesse caos em que vivemos hoje.
E tem um trecho do texto dele que me pegou demais. Aqui vai uma livre tradução:
“[…] as pessoas não deveriam conversar umas com as outras o tempo todo. Elas não deveriam ter tanto a dizer e nem esperar uma grande audiência por isso, e não deveriam achar que têm o direito de falar sobre qualquer coisa, cada pensamento.”
Ah, pois é. E a gente faz isso o tempo todo, né. E cada vez mais. Pra quem vive da internet, como a gente aqui nessa newsletter, sentimos uma pressão constante de falar o tempo todo, se não o algoritmo joga a gente para o limbo do engajamento. Estamos cansadas de ter que fazer isso toda hora, assim como também não temos mais cabeça para ver tanta coisa.
Conversando com um amigo essa semana, nós falamos sobre que lindo era o mundo nos tempos dos fóruns. Se os jovens assinantes não fazem ideia do que é isso, é como se fosse uma pré-rede social, aquele site onde você entra, encontra milhares de tópicos de discussões e conversa com a galera lá. Sem imediatismo, sem respostas instantâneas. Cada um no seu tempo. Eu era uma usuária assídua de fóruns, passava os dias dando F5 nas páginas entre uma tarefa ou outra para ver se tinha algo novo.
E tenho uma saudade desse tipo de interação, sabe? Algo que não vou esquecer em 5 minutos, algo que vai fazer a conversa continuar durante dias e dias. Eu poderia ficar lá só lendo as respostas nos tópicos sem falar nadinha. Só matutando comigo mesma… Os blogs eram assim, as newsletters são assim… É meio contraditório falar contra as redes sociais e a maneira com que elas atuam sendo que dependo delas, tanto no pessoal quanto no profissional. Só que não dá para ignorar que a gente está de saco cheio disso.
Porque se queremos fazer algo diferente, o algoritmo não entende e não entrega. Se colocamos algo “polêmico", ele ameaça suspender a sua conta por divulgação de conteúdo que vai contra as diretrizes da plataforma — diretrizes que poderiam se referir apenas a MAMILOS DAS MULHERES, como a gente sabe. A gente não quer fazer dancinha, challenge, coisa rápida para consumo rápido. Só que essa internet que nós usamos hoje não tá deixando a gente fazer direito o que a gente quer.
Agora que o ex-calvo Elon Musk comprou o Twitter e quase implodiu o site sem nem sair de casa, essa coisa de pensar o fim das redes sociais voltou com tudo. Não é só a gente que produz conteúdo que está insatisfeita, os usuários também reclamam e muito. Nessa cacofonia de gente falando, postando, hitando, comentando, compartilhando, odiando e amando, quem consegue viver?
Uns 3 anos atrás eu leria um texto como esse do Ian e falaria: deus me dibre, sai pra lá, não vou ter mais emprego se acabar tudo. E hoje estou aqui, torcendo para que o meteoro caia nos servidores de certos sites. Uma hora cansa, e a gente precisa pensar em um jeito mais saudável de interagir.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
O alívio do vício ou o vício do alívio?
Desde que comecei a me exercitar e ter uma rotina ativa, fiquei prestando mais atenção e quase que hiper-vigilante com as atitudes que tinha com relação ao meu corpo.
Se estava bebendo demais, comendo demais ou de menos e porque, sabe?
Isso de uma maneira em que eu evitasse cair na minha tendência à compulsão, ou de que virasse uma paranóia, algum transtorno, afinal, traumatizada sou, néahn.
Tipo, tô sempre noiada se a nóia vai virar uma nóia? KKKKKK!
Brincadeirinha, rs, acho que a palavra hoje em dia é atenta, vai. Vou ser gentil aqui.
Aliás, é isso, também sempre tentando ao máximo ser gentil comigo mesma, com meu corpo e minhas vontades.
Tá, beleza.
Só que é muito fácil na vida que a gente leva, acabar caindo e usando da comida, da bebida e outras coisas dessas gentilezas como uma bengala, e até como forma de recompensa. E eu tenho a tendência a tornar essas recompensas um pouco excessivas, e aí pá, caí em mim mesma, kk, tá vendo?
Voltei no ciclo.
É tipo a história do “hoje eu vou pedir delivery porque eu mereço”, ou “hoje eu vou beber porque tô cansada demais”, sempre usando essas motivações dessa forma, e aí lascou tudo.
Fiquei pensando em como as coisas podem facilmente virar um vício pelo puro alívio que a gente quer ter diante da realidade, e que ter um alívio também é viciante, entendeu?
É, eu também não, mas sigo prestando atenção.
Dá o play enquanto lava a louça
É Nóia Minha?
Camila Fremder chamou Thiago Guimarães para falar sobre traição e julgar os casos da galera. Ouve!
E também teve uma Rapidinhas sobre vingança!
Ppkansada
Se você quer escrever ou exercitar seus textinhos, vem ouvir esse bate-papo da Taize, Bela e Bertha com a jornalista Carol Pires.
Conselhos que você pediu
E falando em traição, o conselho da Isabela foi sobre trair e perdoar. Tá babado!
Santa Reclamação de Cada Dia
Jornalismo isento existe? Não. Mas se quiser saber mais, vem ouvir a reclamação da Taize sobre a imprensa isentona.
Até mais ver
E aí, como vocês estão? Como tá o clima pro fim de ano? Pra Copa? Jesus, quanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Conversa aqui com a gente para não nos sentirmos sozinhas nesse mundaréu de coisas.
Antes de ir embora, segue a gente lá no Instagram que todo dia tem coisa para exaltar a nossa falta de carisma. Outro aviso é que tem camiseta Sem Carisma lá no site da Tangerina Moon, então aproveita. E para abrilhantar o seu lar, tem nossa linha de casa Sem Carisma lá na Cosí Home.
Fiquem com os anjos e beijos,
Camila, Bertha e Taize
"Cacofonia" me levou muito a pensar sobre namoros/amizades com convivência diária ou quase diária. Conversamos online ao longo do dia e quando nos encontramos o que resta pra contar? Pensando em revisar a forma como mantenho tais relações, talvez seja mais legal "guardar" uma ou outra história ou fofoquinha para contar presencialmente kkkkkk confesso que essa conversação diária online aumentou muito com o isolamento social, durante o ápice da pandemia ,e ainda não consegui me desvencilhar desse hábito, mesmo que agora conviva diretamente com as pessoas com quem mais converso por aplicativos. Ao longo do dia ou mesmo de um dia pra outro, será tem tanta coisa assim pra contar? Arrasou no texto Taize, capaz que vai ser meu próximo tema na terapia kkkkkkkk