Associação dos Sem Carisma #151
Pensamentos recorrentes de um sem carisma
Cena: você está numa festinha com amigos num canto, minding your own business, sem conseguir entender nenhuma conversa, e aí você se pega pensando… Pensando o quê?
Pois aqui colocamos alguns pensamentos recorrentes entre os membros desta associação que são muito comuns. E não tem nada de errado em pensar isso.
Dicas completamente aleatórias
Por Camila Fremder
1 - Música da @karenjonz com @cssmusic (@luisa_matsushita), que tô ouvindo o dia inteiro. Pra quem já era fã da banda, tipo eu, a música traz uma memória afetiva muito boa. Vale assistir o clipe também, tá no YT e é muito bom.
2 - Episódio “Castelo de Cartas” do podcast @radionovelo com participação de @joaobatistajr e @pirescarol. João pesquisa a vida do bizarro George Santos, brasileiro eleito deputado por um distrito em NY que tem uma história de vida repleta de mentiras. Já Carol Pires, nossa amada recordista do É Nóia Minha (que divide esse título com Chico Felitti) conta da sua pesquisa a respeito da mulher mais velha do mundo que supostamente é parente sua. Tá muito bom!
3 - Estou completamente viciada em um perfil que mostra tapetes imundos sendo limpos, relaxa muito para hora de dormir — @rugwashingasmr. Eu juro que me dá sono, mesmo todas as pesquisas dizendo que precisamos de duas horas sem tela antes de dormir. Esse perfil tem sido o meu calmante.
4 - E para reforçar o momento "hora de dormir", mais um perfil que encontrei e fiquei totalmente fascinada que mostra restaurações de maquiagens. Sabe quando você derruba sua sombra no chão e ela racha inteira? Então, essa pessoa que é praticamente um anjo da beleza, arruma e parece que tá nova! Também é perfeito para acalmar a ansiedade.
Em breve volto com mais dicas aleatórias!
Eu também quis ler um livro, mas nem por isso eu fui embora
Por Isabela Reis
A essa altura, creio que você já saiba do que eu tô falando só pelo título, né? Já faz quase uma semana que o tal ator postou um textão anunciando a separação porque precisava "reencontrar sua essência", e eu ainda me pego pensando na sordidez dessa história enquanto tomo banho ou sento pra escrever esse texto.
Eu também passei os últimos dois anos morrendo de inveja de quem conseguiu terminar livros, meu caro. A verdade é ainda pior: eu até tive tempo, mas meu cansaço pela carga mental era tanto que a mente só me permitiu rolar o feed. Provavelmente, a sociedade que te fez pai nunca te apresentará essa carga.
Já falamos e lemos tudo e mais um pouco sobre essa história, mas me permita dois pontos. Abandonar uma mulher em pleno puerpério só para satisfazer seus delírios do egoísmo é cruel. Nós olhamos muito a história pelo viés do abandono parental de um bebê de quatro meses, porque né, não existe guarda compartilhada de um neném tão pequeno. A distância dessa relação pai-filha será um fato, e a sobrecarga da mãe também. Mas largar essa mãe no ápice da vulnerabilidade é o pior de tudo pra mim.
Antes de viver o puerpério e durante aquele caos hormonal, eu achava que bastava alguém dividir o cuidado com a criança e eu daria conta de mim. Alguém segura meu filho e eu vou lá fazer minha comida, tomar banho, me alimentar e respirar. Dois anos depois, eu olho pra trás e vejo como a gente fica completamente inebriada pelo choque emocional, hormonal, social que é a brutalidade do nascimento de um bebê. Não bastava alguém segurar meu filho. Muitas e muitas vezes eu precisei que alguém me mandasse tomar banho, me lembrasse de botar meu prato de comida, me desse comida na boca, me autorizasse a dormir. Eu acho que a gente perde completamente a capacidade de raciocinar de forma funcional. São muitas mãos prontas para amparar e cuidar de um bebê, mas pouquíssimas dispostas a olhar pra mãe. Menos ainda com intimidade suficiente pra isso. Nenhuma igual a um companheiro de anos de um casamento respeitoso. Ele não poderia ter feito isso com ela. Eu não me conformo.
E não me conformo também — e não posso deixar de pontuar isso sempre que possível — com esse excesso de exposição. Precisava declarar pra toda rede mundial de computadores que você resolveu se separar porque não lembra a última vez que teve tempo pra refletir? Que doença da exposição é essa que vivemos? Mais uma vez, essa armadilha. Mostra-se tanto, faz-se tanto conteúdo sobre a vida familiar, conjugal, doméstica, que há também a obrigação de informar todos os seus desdobramentos. Tudo terrível, tudo uma invasão tremenda, uma exposição desnecessária da vida do casal e das filhas. Uma pena.
Enfim, não quero chegar a lugar nenhum com esse texto, além de rodar de novo em torno do óbvio. O choque, a revolta, a raiva, a melancolia que esse episódio despertou em todas nós. E acima de tudo, uma inveja dilacerante, uma inveja de tirar o sono dos homens que podem tudo, podem ser pais quando querem e não mais quando deixar de ser conveniente. Que podem acordar um belo dia e decidir que irão botar a pilha de livros atrasados em dia, ainda que isso custe seu casamento. Deve ser muito bom, né?
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
"Estamos indo de volta para casa!"
Nunca achei que essa música de formatura, de fim de ano, slideshow de encerramento de ciclos — “Por enquanto”, de Cássia Eller —, faria tanto sentido na minha vida.
Tem uma coisa que ninguém te conta sobre ficar mais velho, que é o quão apegado você fica à sua casa, à sua rotina e às suas coisas.
Ir viajar, sair para dar rolê, ter férias é ótimo, mas voltar para a sua casinha… Papai do céu, só de falar me arrepia até os Países Baixos!
Desde dezembro estou em um ciclo de viajar com família e amigos, o que amo e sou muito privilegiada por poder fazer, passar um tempo de lazer e com as pessoas que amo.
Mas a saudade da minha casa que senti, do meu dia a dia, meus hábitos, de poder tomar o meu café da manhã que é todo dia exatamente igual (iogurte, banana e granola, vocês sabem rs), fazer o meu exercício e sentar na sala da minha casinha para trabalhar, o sabor que isso tem, não se explica.
Pois bem, a maturidade, o passar dos anos, me tornou uma senhorita apegada ao lar, doce lar, e desbloqueou essa nova skin (isso não é publi de Nova Schin, rs alaka). E agora só me resta abraçá-la e acolhê-la.
Só me chamem para viajar daqui um tempo, tá?
Grande abraaaaaço!
São Paulo, terra de paulista
Por Taize Odelli
Ah, São Paulo. Lembro até hoje de quantas vezes eu falei: jamais vou morar lá. Eu era uma bicho do mato inocente quando costumava dizer isso. Tinha medo de multidões, não era acostumada a andar sozinha por aí porque sempre dependia de alguém para me levar para algum lugar. São Paulo era aquele negócio que existia apenas na novela, ou seja: algo que jamais me pertenceria.
Até que eu pisei em São Paulo pela primeira vez. Era 2011, fui recepcionada por um amigo que foi me mostrando a cidade durante um fim de semana. Museu da Língua Portuguesa. Pinacoteca. Ir encontrar a turma da literatura com quem eu conversava só pela internet na Mercearia São Pedro. Meu primeiro jantar com 10 pessoas no Chi Fu (que teve até treta por causa de uma discussão sobre existir ou não gelo no século XVI), tomar pinga com os amigos de outra turma da internet na Praça Roosevelt, e depois ir para uma balada. Sim, uma balada em São Paulo, na qual me diverti horrores, embora um pouco nervosa com o tanto de gente.
Nunca fiz tantas coisas em tão pouco tempo, e apesar de cansada e de saber que eu não aguentaria viver essa vida sempre, eu percebi algo muito importante: São Paulo é a cidade onde eu posso viver isso e posso viver na minha. É uma cidade que me oferece tudo, a cultura e as conexões que não eram possíveis no interior do Sul do Brasil. É uma cidade onde cabe as minhas ambições. É, eu tinha que me mudar pra cá.
Já moro aqui desde 2014, passando por bairros mais "perigosos" a bairros de "gente rica" — entre muitas aspas, tá gente. Passei por vários empregos, conheci mais pessoas que foram importantes para a minha vida. Adotei vários animais nascidos aqui na capital. O mais importante foi ser acolhida pelas pessoas, mesmo os temidos "paulistas", tão zoados pelas suas ideias que são, sim, muitas vezes dignas de serem zoadas. Mas alguns paulistas me acolheram, apesar de ser uma colona de Santa Catarina, assim como acolheram meus outros amigos que vieram de Recife, Natal, São Luís, Goiânia, Curitiba, Belo Horizonte… Lá no Sul eu não conheceria esse tanto de gente de diferentes origens.
Então oh, São Paulo: eu te odeio, mas eu te amo. Te odeio pois és caótica, mas ainda assim és menos caótica do que o buraco em que nasci (buraco mesmo, gente, imagina ter que estudar e trabalhar sem ter um transporte público funcional). E te amo por causa dessas pessoas que eu conheci aqui. É terra de paulista, sim, mas também é minha.
Bebedicash
E falando sobre casa e maturidade, queria sugerir uma revolução que descobri hoje. O aspirador mais potente, mais babado do MUNDO, planeta terra, o Rainbow.
O meu amigo Pedro Nekoi, aka Pinguinho, me indicou para uma demonstração deste super aspirador revolucionário. Viu, amigos mais velhos ficam assim, e é esse o tipo de conversa e informações que trocamos.
A representante do aspirador veio na minha casa fazer uma demonstração do produto, que é caríssimo, mas fica disponível para locação, o que achei que vale super a pena.
Ele além de aspirar, higienizar sofá e tapete, pode passar no piso de taco como pano de chão, deixa lustrado, você pode passar nos móveis para limpar também. É perfeito para quem tem alergias como eu e bichinhos.
Fica a dica de dona de caser para dona de caser aqui.
O Instagram deles é @gruporainbowbrasil.
Podcasts para você contemplar
Camila recebeu no É Nóia Minha o DJ e produtor musical S4TAN e com a DJ, Drag Queen e palestrante Duda Dello Russo para criarem a playlist da vida real. Dá o play!
O Ppkansada continua com o papo sobre tipos de relacionamentos, e Taize, Isabela e Bertha chamaram Newton Júnior, do projeto Não Mono em Foco, o criador de conteúdo Nick Nagari para falar sobre não monogamia política. Vem que o papo tá profundo!
No Conselhos que você pediu, nossa Bela fez um episódio muito Associação dos Sem Carisma. Ouve aí!
Sabe aquele comentário sem noção que chega na sua DM do nada? A Taize fez a sua Santa Reclamação de Cada Dia sobre isso.
Até já
Mais uma newsletter entregue com sucesso — e carisma. Esperamos que vocês tenham um bom fim de semana, e já aproveita as dicas dessa edição para se isolar no quarto e dizer que está ocupada.
Beijos, se cuidem
Camila, Bertha, Isabela e Taize
Vivo sem carisma e fico feliz de saber que não sou a única! Amo os textos da Camila e me inspiro nela para escrever os meus. Eu escrevo o Caos Newsletter, onde publico textos toda sexta-feira com assuntos relevantes (ou nem tanto assim). Falo sobre feminismo, racismo, trabalho e, até, sobre minhas dores de cabeça. Quem curtir ler um texto em tom de conversa, vai amar o Caos!