Associação dos Sem Carisma #152
Ser adulta é viver perdendo o carisma
Ah, se a gente soubesse que crescer e ser adulta era tão, mas tão difícil e cansativo…
É até doido pensar que a gente BRINCAVA de ser adulta, imitando os nossos pais e nossas mães… Aí chegamos lá e o único pensamento que surge é: QUERO MINHA MÃE.
Ser adulta é viver perdendo o carisma diariamente. Porque uma coisa que não falta nas nossas costas é a responsabilidade de ser um ser humano funcional e, muitas vezes, criar outro ser humano funcional. O que exige muita energia.
Então vem aqui elencar com a gente todos esses momentos sem carisma que acabam com a nossa alegria.
Maduro sim, adulto nem tanto
Por Camila Fremder
Eu reclamei em algum episódio do Nóia que gravei esses dias e ainda não foi pro ar, que a escola do Arthur iria misturar as salas, e amigos que estavam juntos há dois anos seriam separados. Minha reclamação nesse dia (vocês devem ouvir na semana que vem, então sim, é um spoiler) foi que eu não quis fazer a mãe chata, e não fiquei mandando e-mail pra escola ou pra professora pedindo pra deixar o Arthur com pelo menos um amigo mais próximo dele. O que aconteceu? Os amigos mais próximos foram separados dele e eu, obviamente, fiquei super triste e apreensiva quando recebi a lista de amigos da nova sala. Dormi mal de quarta pra quinta, porque quinta foi o primeiro dia de aula dele. Criei na minha cabeça cenas dele excluído no canto da classe, imaginei que, quando ele visse a nova turma, ele se recusaria a ficar na escola. Enfim, surtei.
Preciso escrever aqui que nada disso aconteceu? É muito chocante como é a gente que nunca está preparada pra maturidade do filho. Ele entrou na sala curioso, olhou pra trás e me deu um tchau, eu mandei um beijo, e ele deve ter percebido como eu tava nervosa, ele saiu da sala, me deu um abraço e me falou "até mais tarde, mãe", como se na verdade quisesse me dizer "a gente se vê em algumas horas, para de ser exagerada". Mas ele, além de maduro, é muito gentil.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Vai e vem
Nos 83 dias de janeiro, eu pude vivenciar absolutamente todos os sentimentos do mundo. De tristeza ao desespero, de felicidade à euforia.
Tudo em um mês, mas quantas vezes a gente também não experiencia toda essa gama de emoções em um mesmo dia, num é?
Eu estava vendo um vídeo da Jout Jout, que eu infelizmente perdi aqui o link, onde ela falava sobre ter sentido diversas coisas em um mesmo dia. Mas é muito doido como, de repente, a gente pode paralisar diante de um único sentimento, sensação.
Por muito tempo me achei esquisita por ter um mix, uma montanha-russa de emoções de uma vez só. Ficava toda “Eu, hein! Isso daí não é normal, não”.
Mas no fundo é.
Somos tomados por sensações.
Isso se aplica de uma forma muito maluca quando você tem o fator ansiedade e síndrome do pânico. Porque, de repente, uma sensação esquisita, mesmo que seja um calor excessivo, um suor na mão, pode virar uma super nóia e tomar conta do nosso dia.
Daí volto ao começo, de que se a gente só passar despercebido por alguma delas, você só vai ali, vivendo, passando, e no fim do dia, quando deita no seu travesseiro, acaba tomando para si e fazendo uma escolha: eu quero dormir pensando no saldo bom ou ruim do dia?
E é óbvio que a gente tende a ir pro ruim. KKKKKKK RISOS!
Mas é normal, juro.
Ir para o outro caminho é difícil, é um exercício, e eu sempre achei papo de come-terra, mas é possível, hein?
Sei lá.
Brisei e tem funcionado.
Me conta se funciona para você também?
Calo de celular
Por Taize Odelli
Estava pensando hoje sobre como seria a vida sem internet. Não que ela vá explodir e apagar, mas a escolha de viver sem ela. Meus pais, por exemplo: até hoje não tem internet na casa em que eu cresci. Eu que lute com a 3G quando vou pra lá, porque tem que trabalhar mesmo assim. Meu pai usa WhatsApp, e apenas isso, porque o trabalho deu um celular com Zap pra ele e é assim que se comunicam. Minha mãe até hoje me liga de um celular de BOTÃO, já que o telefone fixo não serve para mais nada.
Facilitaria muito falar com a minha mãe pelo WhatsApp. Ela não precisaria ver o que eu posto pelas minhas tias. Não teria horário para mandar um "ow, diz uma coisa…". Porque sim, nossas ligações têm hora marcada, meio-dia. Mas aí repensei. Tá certa a minha mãe, rejeitar a modernidade e abraçar a tradição.
Fico pensando em como é desligar um telefone e esquecer dele, só lembrar da existência quando ele toca ou se precisar falar com alguém. Não tem notificação toda hora, não tem encheção de saco. A cabeça da minha mãe deve ser uma paz, como as pinturas que retratam o paraíso. Pássaros cantando e o barulho de um riachinho passando. E o dedinho dela: o dedinho dela deve ser bonito e lisinho, sem o calombo que fica porque eu costumo apoiar o celular nele. Ela foi da geração do calo de enxada, eu sou da geração do calo de celular.
Dá vontade de largar tudo e viver no mato? Ô se dá, todos os dias. Já consegui ficar um dia inteiro sem pegar no celular – sem estar doente? Nunca, nem me propus a fazer isso. Mas anda dando vontade. Já deletei algumas coisas que faziam com que eu não largasse o celular, tipo joguinhos. Evito abrir o TikTok, porque sei que vou demorar para sair de lá. Tento pelo menos deixar o celular virado pra baixo para não ver as notificações pulando. Mas não consigo deixar ele em outro cômodo. Não consigo não abrir o Twitter e me irritar, não abrir o Instagram e desejar mais uma coisa que não posso comprar…
Tá certa a minha mãe por ter a cabeça livre para pensar em outras coisas. Já eu? Eu me meti a trabalhar com isso, então eu que aguente esse calo.
Vem para o mundinho podcast
Ah, os adultos, eles podem fazer tudo… Podem não, a realidade é dura e a gente pode é só imaginar. Camila conversou sobre a vida imaginária dos adultos com a podcaster Leila Germano e com a ilustradora Juliana Eigner no É Nóia Minha. Ouve aí!
Como é a vida da mãe não monogâmica? Bertha, Isabela e Taize chamaram a Cleidiane Conceição para hablar sobre isso no Ppkansada. Escuta só!
Lá no Conselhos que você pediu, a Bela falou sobre como lidar com um calote. Utilidade pública!
Êêêê Faraó!
Olha o clima da folia chegando… Aquele feriado gostoso para pular… no sofá. Ou num bloquinho, você que sabe das suas escolhas.
Ó, o livro da QUIBE já está chegando nas livrarias. Olha só que fofo o Arthur encontrando um na loja:
O lançamento oficial é no dia 7 de fevereiro, mas já dá pra garantir o seu aqui na Amazon também.
Até semana que vem, e beijos de luz
Camila, Bertha e Taize