Associação dos Sem Carisma #157
Museu da "homenagem" às mulheres
É, sem carismers… Passamos por mais um 8 de março intactas. Ou nem tanto… Porque em PLENO 2023 a gente ainda tem que ouvir que é guerreira, forte, meiga, cuidadosa, e responder com um sorrisinho sem graça que diz: "ô, dá parabéns não. Manda Pix."
Sem falar nelas: as imagens encaminhadas de WhatsApp e mensagens de gente que nunca nem falou com você, mas que acharam de bom tom mandar um "parabéns, mulher".
Então aqui vai uma pequena curadoria dessas grandes obras que são as "homenagens" às mulheres nesta data.
100% Carisma
Venho aqui humildemente pedir desculpas por ter enchido o saco de vocês achando que ninguém iria no lançamento da Quibe, e sim, vocês são foda, e lotou, esgotamos todos os livros da livraria e, no calor do momento, talvez eu tenha concordado em fazer um segundo lançamento, esse sim completamente vazio, já que todo mundo tem o livro e não quer mais me ver. Ou seja, continuo nervosa, mesmo sem saber se esse lançamento vai acontecer. Me perdoem por ser assim.
Outra coisa que queria escrever. Preciso criar a sessão 100% carisma aqui nesta newsletter, porque depois de toda a desenvoltura do Arthur com as pessoas no dia do evento, ele precisa herdar parte desse legado (newsletter), e a gente sabe que essa criança sugou o carisma de 197 animadores de festa. A sessão 100% carisma contaria com dicas e notícias felizes, o que vocês acham? Trazer um pouco de inclusão, porque poxa, os carismáticos também são gente…
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Já faz algum tempo que tento fazer uma promessa comigo e para o meu bem: a de tentar ficar um tempinho sem beber.
Fazer o famoso detox. Tentei procurar outra palavra, porque não gosto muito dessa expressão e acho que ela pode ser mal interpretada e associada a dietas restritivas e tal.
Mas de fato acho que tem um lance da gente perceber o nosso corpo, saber o que tá indo bem, o que tá fazendo mal, o que inflama, o que dá alergia.
Tava sendo tipo o leite para mim, que sou intolerante, então sei que tenho que ponderar e não abuso, sabe?
Só que tem uma parada bem diferente entre o leite e o álcool, KKKK, num é? RS
Como é diferente quando a gente tá lidando com um outro fator que não tem nada a ver com o físico — ou, na verdade, tem tudo a ver (BUGUEI) —, que é o fator social.
O fator também de ser uma substância totalmente legalizada e com aceitação em rolês. E que, na verdade, também tem tudo a ver com o mental, né?
Bebemos para relaxar e para socializar, e eu acho isso super válido e necessário, até os golfinhos fazem isso e outros animais também, sabia? KKK DO NADA UM CONHECIMENTO ALEATÓRIO MAS NUM É, VEM COMIGO.
Mas precisamos de fato depender de algo para que isso aconteça? A socialização, o relaxamento, a diversão…
Acho que é aí a chave, e aí que é a parte difícil.
Entender quando a motivação tá dependendo de algo.
Eu me perdi por aí.
Meu corpo vinha dando diversos sinais para dar um tempo, repensar essa relação, e eu fui só ignorando.
Mas nessa semana finalmente eu consegui. Consegui sair, me divertir MUITO, sem beber uma gotinha sequer de álcool. E eu te juro, me senti muito bem sobre isso. Fazia tempo que eu tentava.
Eu não pretendo parar de beber, mas sim ressignificar essa relação aí.
Fico feliz de ter conseguido dar um micro passinho e quis compartilhar com vocês aqui!
Fiz um passaporte
Tem título mais meh do que esse? Tem não, mas é isso mesmo: fiz um passaporte. O que é a coisa mais comum do mundo, né. Tão corriqueira. Quantas vezes já ouvi um "vou passar lá na Polícia Federal pra retirar meu passaporte". Pois então: tô prestes a fazer 34 anos e agora resolvi fazer um.
Isso significa que eu nunca viajei pra Europa, pra Ásia, pros EUA… Nem na América Latina viajei, nem pros países vizinhos que só pedem sua identidade para cruzar a fronteira. Viajar, pra mim, era ir pra Witmarsum visitar os avós ou ir pra Navegantes na casa de um tio do meu pai. Depois de sair de Santa Catarina, viajar passou a ser voltar para o estado para visitar os meus pais.
Só depois dos 20 anos que me aventurei um pouco mais, embora "aventura" seja uma palavra forte. Se fui para Paraty, foi para trabalhar na Flip. Se fui pro Rio de Janeiro, foi convite de um evento – anos depois fui passar uns dias e finalmente entrei no mar carioca. Então assim, experiência com viagem eu considero que não tenho. Andar de avião é um luxo ainda pra mim, vou pro aeroporto com a animação e ansiedade de uma criança.
Viajar foi algo que sempre sonhei em fazer, e se eu tivesse mais controle financeiro eu provavelmente já teria feito isso. A verdade é que minha conta bancária não me impede de viajar. O que me impede é a sensação de que viajar não é pra mim. De me sentir totalmente deslocada, embora seja esse mesmo o intuito de viajar. Um medo sem motivo, que vem da falta de costume, porque nunca fiz isso e não sei como se faz.
Agora tenho um primo morando na Irlanda, e essa semana ele veio todo fofo pedir pra eu visitar ele. Disse que vai ficar de olho em passagens baratas. Que vamos também para Londres. Que ele quer me levar para conhecer as coisas. Um primo que saiu lá de Witmarsum e de cara se meteu em outro país. E foi ele que me deu esse incentivo.
– Arlei, nem tenho passaporte.
– Então faz, ué.
E assim fiz um passaporte.
P.S.: Vou viajar em breve? Não, mas falta de documentação não será mais desculpa, rs.
Eu quero uma vida de loira platinada
A importância de falar mal
Semana passada fui para São Paulo e decidi alugar um apê super mara por alguns dias. As minhas expectativas estavam tão altas com o lugarzinho que, logo quando cheguei, me decepcionei com meros detalhes e comecei a achar defeito em tudo.
“Ain, o piso não está tão limpo, o ventilador é fraco e o banheiro é pequeno.” Até que fiquei preso para fora do apartamento por ter esquecido a senha da fechadura da porta no celular, que ficou dentro do quarto quando resolvi descer para comprar uma aguinha na esquina.
Foi um desespero. Fiquei duas horas junto do moço da portaria tentando adivinhar todas as possíveis senhas da porta até que tudo foi resolvido quando, na trigésima ligação, um contato do prédio nos passou outro contato que levava até a tia da vizinha da prima do cachorro do dono do apartamento e tudo mais. Toda essa loucura pelo telefone da portaria. Nessas duas horas infernais, o que eu mais pensava enquanto chorava as pitangas era: “Eu não deveria ter reclamado do apartamento, isso é karma”.
No entanto, quando tudo deu certo e eu retornei ao apê, novamente percebi o seguinte: aquele chão realmente estava mesmo sujo, o ventilador era realmente fraco e aquele banheiro era realmente minúsculo. Eu não precisaria bancar a blogueira positiva que agradece tudo a qualquer custo, mas eu poderia, ao menos, perceber as coisas boas do apê também, como a cafeteira super prática e o chuveiro maravilhoso. E agradecer por estar em um lugar legal, já que reclamei horrores desde a hora em que cheguei.
Em minha defesa, venho de uma família que adora falar mal — peço perdão ao familiar que estiver lendo isso, mas também não estou mentindo. Sempre tem uma coisinha, um grão de milho minúsculo dentro de algo muito incrível que poderia melhorar. É por meio dessa pequena coisinha que a arte do falar mal entra em ação. A situação do piso, do banheiro e do ventilador são ótimos exemplos do que estou falando. Porém, embora eu saiba que é horrível fazer esses comentários desnecessários e depreciativos sobre quase tudo, infelizmente não sou diferente da minha querida family. Afinal, sou cria deles e vivo há muito tempo com isso.
Mas agora venho aperfeiçoando a minha forma de falar mal para não ficar tão péssima e depreciativa. O objetivo é continuar sendo honesto com o que sinto e ao mesmo tempo entender que as coisas acontecem porque está tudo bem acontecerem. Veja, eu não vou deixar de falar mal do espaço do banheiro do apartamento, pois estou incomodado, mas também não vou permitir que o meu dia seja tomado por esse acontecimento, afinal, graças a Deus eu tenho um banheiro para usar, né? É o mesmo feeling da Márcia Sensitiva, “Bateu o carro porque tem carro, caramba!”. E o banheiro era uma graça, por sinal.
Eu chamo essa técnica de Xingar e Reconhecer. Meus pensamentos sobre ela são mega recentes — deve ser por isso que me sinto um esquisito escrevendo esse texto —, mas agir dessa forma com certeza me ajudou a ficar mais leve após soltar os cachorros sobre qualquer coisa e depois não me martirizar por isso.
Alerto que esse exercício de Xingar e Reconhecer não é muito bom para utilizar com amigos ou familiares. Tem alguns que aconselho apenas a xingar mesmo.
Hora do podcast
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Para começar, teve Bruna Braga e Carol Pires no É Nóia Minha? para falar sobre como tá difícil ser mulher. Ouve aí!
No Ppkansada dessa semana, Taize, Bela e Bertha chamaram a artista plástica Lorena Moreira para hablar sobre o espaço que o reconhecimento que as mulheres encontram (ou não) na arte. Escuta aí!
No Conselhos que você pediu, a Isabela fala sobre Espiritualidade x Negritude. Vem ouvir!
Finalmente acabou essa semana
Ufa, não foi fácil, viu? Mas sobrevivemos! E semana que vem vamos sobreviver também. E na próxima… Com carisma esgotado, mas vivas.
Importante avisar aqui que teve reposição do Boné Sem Carisma e da camiseta off-white lá na Tangerina Moon, tá? Então corre, antes que acabe.
E mais uma vez, obrigada por estarem aqui nesta associação toda sexta-feira.
Beijos,
Camila, Bertha, Claudio e Taize
Lembretes de encerramento:
Vem seguir nosso perfil no Instagram que tem novidade todo dia.
Entre no seleto grupo Associação dos Camillers no Instagram.
Conheça a coleção Sem Carisma na Tangerina Moon.
Nossos caderninhos e adesivos Sem Carisma na Marisco.
E nossos ítens para o lar Sem Carisma na Cosí Home.
E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa.
Esse comentário é pro Claudio: mana, minha família reclama muito também e infelizmente esse jeito de pensar grudou em mim. Descobri que lá na teoria dos esquemas, isso se chama "esquema do negativismo". Achei incrível que tu percebeu isso e já deu um jeito de diminuir isso de uma forma que faça sentido pra ti. Bjs me identifiquei muitoooo!!
Esse texto da Taize me representou bastante. Depois que vim de Jales pra SP em 2014 minhas viagens tem sido só de lá pra cá e cá pra lá. Não fui pra lugar nenhum mais desde então, praticamente.
No ano passado quando chegou a retrospectiva do google e ele me mostrou que visitei 6 cidades, quase tudo por um dia, fiquei mega chateado. Agora também tô na pira de viajar mais =).
Vamos conseguir isso!