Associação dos Sem Carisma #162
Arrasta pro X
Bateu a carência e você cometeu um perfil em app de paquera. Pois é, acontece nas melhores famílias. E lá, navegando entre centenas de perfis, você vai começando a criar ranço de certos padrões que encontra na galera. Aquela frase feita no perfil, um indício de personalidade, um hobbie que você abomina…
Hoje reunimos aqui as coisinhas que encontramos nesses perfis que fazem a gente não querer dar match NUNCA.
Vamos de dicas?
Minha Lojinha no Enjoei:
A primeira dica é que minha lojinha do Enjoei tá no ar, e comprando algo você pode ajudar o Casarão Brasil, que é um espaço de acolhida para mulheres trans que promove a inclusão social e o exercício da cidadania. Vale a pena conhecer o trabalho deles! Se joga no link!
Livro:
O Lado Sombrio dos Contos de Fadas, lançamento da editora Harper Colins, que eu tive o prazer de escrever o prefácio. Um livro denso e muitoooo intrigante, que você descobre que aquela sua história infantil preferida tem uma origem super bizarra. O livro me prendeu de primeira, li em uma sentada. Virei aquele tipo de pessoa que encontra uma amiga e diz a famosa frase: "Você não sabe o que eu li num livro!". Ou seja, comprem e depois me contem.
Perfil do Instagram "@eusoufabao":
Vídeos para morrer de rir. Ele faz esquetes absurdas onde ele é, por exemplo, Abaporu ou, de repente, vira alguma capital do Brasil que está puta da vida com alguma injustiça. É sempre um surto.
Estamos em crise aqui
Li um texto da The Atlantic falando sobre a crise que se aproxima para quem trabalha com conteúdo na internet. Plataformas limitam cada vez mais seu alcance, não apoiam o conteúdo que você produz e que levam as pessoas a usarem essa plataforma. Marcas que não sabem usar o marketing de influência de forma inteligente, dificuldade em fechar jobs, competição com conteúdos rasos e mastigados… Tudo isso coloca essa “profissão" em cheque.
Coloco “profissão” assim, entre aspas, porque muitos não enxergam isso como um trabalho. Até porque não existe uma definição legal sobre o que é esse trabalho em que você não é jornalista, não é publicitário, não é advogado, enfim… Não há um código de ética regendo as atividades do influencer. Mas não é só isso. Muitos pensam que viver postando conteúdo na internet não merece remuneração. No post que a The Atlantic fez no seu perfil no Instagram, a maioria dos comentários eram de pessoas debochando dos influencers por eles quererem se unir para que essa atividade seja financeiramente viável. Onde já se viu, ganhar dinheiro para ficar em casa vendo filme ou viajando, ou mostrando recebidos… O que mostra a ignorância que existe sobre o trampo que dá fazer conteúdo para as redes sociais.
Influencer, produtor de conteúdo, podcaster, youtuber, seja lá o que for, todos nós sobrevivemos de criar algo e publicá-lo na internet. Quando falamos aqui de influencers, não falamos só dos perfis de mulheres e homens ricos com milhões de seguidores que fazem sorteios suspeitos de iPhone. Estamos falando de quem produz uma ilustração, de quem conta uma história, de quem explica o mundo, de quem fomenta discussões, de quem faz todos os memes que você insistentemente manda para o contatinho. É uma atividade que, sim, tenta vender a noção de vida “perfeita”, mas também engloba quem mostra suas vulnerabilidades. Existem os influencers de lifestyle, e tem os literários, os científicos, os políticos, os de entretenimento.
Mesmo que você nunca tenha seguido uma Virgínia da vida e nem sabe quem ela é, com certeza você já consumiu conteúdo de outro desses influencers, e de forma gratuita. Você compartilhou com alguém, ou recebeu de alguém. Curtiu. Até comentou. Pá: você foi impactado. E dependendo do grau de confiança que você tem nesse perfil específico, você está perto de ser influenciado também. A ver ou não alguma coisa, a ir ou não num restaurante, a comprar ou não um livro.
E a gente adora fazer isso. Eu adoro ir atrás de coisas legais que posso compartilhar com quem me segue e com quem eu gosto. E não acho justo que vocês tenham que pagar por isso, embora a configuração padrão agora seja essa: cada influenciador criar um programa de apoio, medida que só funciona para quem tem milhares e milhares de seguidores para que dê pra pagar as contas. Então sim, estamos aqui fazendo um trabalho que exige tempo e investimento para a alegria – ou ódio – geral da nação.
Se vocês estão aqui no Substack, no Instagram, no Twitter, no Tiktok, no Spotify, no YouTube, vocês estão porque tem alguém fazendo coisas bacanas que prendem a sua atenção e continuem nessas plataformas. E estão dando dinheiro a eles fornecendo seus dados e seus olhos aos anúncios que atrapalham o conteúdo que você escolheu ver. E esse dinheiro vai só pras plataformas, não reverte, ou reverte pouco, para quem faz conteúdo. Isso é sustentável? Quem cria consegue, de boas, viver dessa criação? No momento, tá dando não, como bem falou a Bela Reis lá no Instagram sobre a falta de apoio que os podcasters têm das plataformas que ganham dinheiro em cima do seu conteúdo. A crise chegou, e a gente não pode depender da boa vontade de Mark Zuckerberg para melhorar as coisas. Mas parece, também, que não há muito a ser feito agora.
Bicha, pague o meu dinheiro!
Vou pegar carona no texto da Taize aqui em cima e nas reflexões que fiz nos stories sobre as plataformas não pagarem um único real para os podcasters. Sim, é isso mesmo. Se você não tem um contrato de exclusividade, você não ganha nada por plays. Sim, eu também acho um absurdo. Mas por que tão pouca gente fala disso? Por que a gente ainda tem tanta vergonha, receio, medo de falar de dinheiro e, principalmente, de cobrar pelo nosso trabalho? Por que a gente ainda acha que simplesmente receber por um serviço prestado é ser mercenário?
Eu gosto muito de dinheiro. Muito! Sempre gostei. Gosto tanto que não gasto. Mas já entendi que não vou ficar multimilionária nessa encarnação. Essa ideia de ganhar na mega-sena é boa demais pra ser verdade, e acho impossível que essa benção recaia sobre mim. Não que eu não mereça! Mas, enfim, a vida não é tão boa. Dito isto, eu precisarei ganhar dinheiro trabalhando. Coisa que eu não gosto de fazer. Então, pelo menos, que me paguem!
É muito impressionante como chegam propostas de trabalho sem tocar no assunto dinheiro. Fica aquele tabu. Não falam, ficamos constrangidas de perguntar, vamos levando e/ou damos um ghosting, ou trabalhamos de graça. Já faz algum tempo que eu deixei de carregar esse desconforto sozinha e transfiro sem meias palavras. Deixo aqui sugestões de abordagem educadas, quando fazer um barraco ainda não é opção:
Depois me fala como vai ser a remuneração!
Esse tipo de trabalho é remunerado porque envolve um estudo e preparação prévia. Faz parte da atividade jornalística!
Não tenho como participar de três mesas de debate de graça, vamos redimensionar?
Que pena! Eu só faço Pro Bono para ONGs e instituições que não podem pagar.
Essa permuta não compensa pra mim, obrigada!
Bom, é claro que já briguei, me senti desrespeitada, menosprezada. Não vai me pagar? Beleza, não vou fazer, mas também vai ter que me ouvir! Tá tudo bem achar dinheiro importante, gente. Vamos ser objetivas: precisamos dessa merda pra viver. Ganhar dinheiro, ser remunerado, não é só legal, é essencial, é fundamental, é primordial pra sobrevivência nesse capitalismo selvagem. Não tem jeito, não dá pra trabalhar de graça. Nem toda oportunidade de divulgação, de parceria, valerá a pena. Nem toda mão vai poder lavar a outra o tempo todo. A gente tem que falar de dinheiro e, se tacarem em você o rótulo de mercenária, abrace e ignore. Sou mesmo, tenho conta pra pagar e sonho pra realizar!
Por fim, também cabe a nós, que prezamos tanto pela valorização do nosso trabalho, que paguemos os outros honestamente, sem pechinchar. Negocie de forma justa, aceite descontos, pague mais quando puder, fale das suas limitações, se organize até poder bancar o valor cheio, mas não pechinche por mesquinharia de lucrar 10, 20 reais em cima do suor do outro. Isso sim é ser mercenário.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Onde é que eu estava, e onde é que estava a minha mãe?
Se você é meu amigo, trabalha comigo ou já postou alguma coisa comigo, saiba de um fato sobre a nossa relação: a de que a minha mãe vai começar a te seguir no Instagram imediatamente, curtir e comentar todas as suas coisas.
Isso acontecia no Facebook, aconteceu no Instagram e, recentemente, a minha mãe também adentrou ao mundo do Twitter, mUDERNAH. E segue atuando do seu jeitinho presente.
Nós somos muito presentes e confidentes uma na vida da outra, sabe?
Ela é meu amor, meu mundinho e somos as maiores fãs uma da outra.
Sou grata todos os dias por tê-la em minha vida, e por ela ser a minha mãe.
Dito isso, voltemos ao motivo desse texto. KKK
Sempre fui uma pessoa escrachada dentro e fora de casa, do mesmo jeitinho com família e amigos. Debochada, desbocadinha, u know. RS
O que deixava a minha mãe — ainda deixa — um tanto quanto preocupada.
Outro ponto importante para chegar onde eu quero com essa história é você também saber que, na adolescência, juventude, ela era super nerd, estudiosa, já hoje em dia é mais peruona, chiquérrima. Muito inteligente, educada, PHYNA!!!!
Fato é que a minha mãe é muito pura e inocente com as coisas mundanas, ounti. Sério.
Ou seja, diferente de mim.
E recentemente tiveram duas situações que podem comprovar a sua pureza e eu quero mostrar!
Olha isso, eu estou com uma mania de falar “mamar” ao invés de “amar” em músicas, textos, e acabo tuitando diversas vezes a palavra MAMAR.
Eis que ela vem toda fofa me perguntar:
— “Fi, o que é ‘mamar’ que você tanto posta?”
Bom, eu expliquei, né. Do gagauzinho. KKK
Aliás, fun fact é que quando eu era neném o meu apelido era “BICHO MAMA”, porque eu mamava 8 mamadeiras por noite. KKKKKKKK MEU DEUS PARA ONDE ESSE TEXTO ESTÁ INDO??? VOLTA!
Ontem eu bem imbecil postei no Instagram uma foto em uma cozinha com uma marmita de receita com a legenda: “Você cozinha como eu cozinho?”
KKKKKKK
E se você foi uma adolescente idiota e segue uma adulta com o senso de humor daquela época, você já brincou desses trocadilhos!
— Qual o diminutivo de México? RS
Não é que a fofa da minha mãe comentou na minha foto assim:
“Lindaaaa! Você cozinha muito melhor que eu! ♥️”
E agora, vou ter que mais uma vez explicar que sou uma BOBOCA, que não cresci, e ter a certeza do óbvio, de que mesmo eu tendo saído dela, somos de lugares bem diferentes!
Pode ir ouvindo
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Aliás, votem aqui no É nóia minha? para ele ser um dos 10 finalistas da categoria Podcast no Prêmio Ibest!
No É Nóia Minha? dessa semana a Camila recebeu Dandara Pagu para falar sobre piores términos. Dá o play!
No Ppkansada, a Bela, a Bertha e a Taize conversaram com a Cida, também conhecida como Escriba do Umbral, para falar sobre tretas na internet.
No Conselhos que você pediu, a Bela fala sobre o equilíbrio entre a privacidade e a exposição nas redes sociais. Ouve!
E no Santa Reclamação de Cada Dia, a Taize discursou contra os fãs de casais. Só escuta.
Até mais ver
Vocês viram esse lance de Notas aqui do Substack? Aparentemente, teremos um novo lugar para chamar de Twitter… Nós já estamos lá, então agora dá para acompanhar nossos posts dessa forma também. Tem essa coisa né, morre uma rede social, vamos correndo atrás de outra.
E gente, obrigada por mais essa semaninha aqui com a gente, viu?
Beijos,
Camila, Bertha, Taize e Isabela
Lembretes de encerramento:
Vem seguir nosso perfil no Instagram que tem novidade todo dia.
Entre no seleto grupo Associação dos Camillers no Telegram.
Conheça a coleção Sem Carisma na Tangerina Moon.
Nossos caderninhos e adesivos Sem Carisma na Marisco.
E nossos ítens para o lar Sem Carisma na Cosí Home.
E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa.
Super apoiadas no lance da remuneração. Produzir (qualquer coisa) é trabalho, mas acho que não apenas as empresas precisam se conscientizar, as pessoas também. Dia desses fui num Stand Up Comedy no esquema "pay what you wish" (moro em Lisboa atualmente). Foram 10 comediantes, pessoas tentando ganhar um extra, se divertir, vender seu talento, emplacar. Eu sei que cada um sentou por horas pra criar suas apresentações de 10 minutos. No final paguei a contribuição sugerida de 10 euros (que vai dar 1 euro pra cada na divisão), mas muita gente jogou umas moedas apenas. Poxa que custa ajudar um pouquinho mais, né? E olha que 10 euros pra mim é uma facada (ganho em Reais ainda), mas não seria justo pagar menos. Todo mundo quer consumir bom conteúdo, mas essa coisa da internet ser tudo de graça, a galera ficou mal acostumada.
sim sim e simmm!!