Associação dos Sem Carisma #164
Bingo Sem Carisma
Toda semana é a mesma coisa: muitas derrotas e poucas vitórias. Sempre vai ter aquela coisinha chata que vai tirar o seu carisma. E se fosse uma coisinha chata, beleza. Mas geralmente elas vêm em bando. Por isso criamos esse Bingo Sem Carisma para você anotar na nossa cartelinha todas as derrotas que enfrentamos nos últimos dias. Esperamos que você não feche esse bingo.
Uma folga para Camila
Ostra
Nesse momento, é seguro dizer que voltamos ao presencial. Com tudo. Tudo mesmo. Nas últimas semanas, chegaram muitos convites de eventos, mesas, gravações presenciais. E eu travei.
O presencial voltou, mas eu não. Seria injusto dizer que foi um efeito total da pandemia. Não foi, eu já era caseira antes. Mas eu sou uma caseira rolezeira. Faz sentido? Eu amo encontrar minhas amigas, sair com minha família. Eu gosto de sair, mas pra compromissos de trabalho sempre foi mais complexo. Encarar a persona profissional ao invés da filha-amiga-mãe-esposa é infinitamente mais difícil. A sensação é que eu preciso usar 100% do meu cérebro e, quando acaba o compromisso, não sobrou nada de mim. Juro, o último evento que eu fui, cheguei em casa e me senti doente. É um desgaste emocional e, portanto, físico tão grande que me assusta.
Que eu sou sem carisma assumida, não é novidade. Mas esse é um obstáculo além. Fiquem tranquilos, não existe nenhum diagnóstico psíquico por trás. Mesmo. Eu sou a primeira a me patologizar, esse não é o caso. Mas fico pensando se realmente ninguém se sente assim ou se todo mundo disfarça e reprime demais. É realmente tão natural para as pessoas conviverem, interagirem sem o sentimento de ter sido dragada depois? Ou vocês escondem muito bem?
Por aqui, eu não sei exatamente o que fazer. Minha vontade é dizer “desculpa, eu não tenho como ir porque eu não tenho ficado bem emocional e fisicamente depois de compromissos presenciais”. Mas não acho que o mundo está preparado pra essa conversa. De todo modo, quando o dever chama, eu vou. E tenho minhas estratégias que podem te ajudar: chego na hora e vou embora em seguida. Prefiro ir no meu próprio carro pra ser menos uma interação social. Evito marcar outros grandes compromissos pra ter tempo de me preparar antes e descansar depois. Falo muitos “nãos” pra os excessos. Terapia? Faço. Solução? Não tenho. Boa sorte pra gente.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Nestes últimos meses fui impactada por algumas frases que encontrei com temas em comum, mas em diferentes lugares.
Tá, na verdade elas não são as MESMAS, kk, mas são basicamente a mesma mensagem. Fragmentei aqui? Coringuei? Talvez.
Mas li a frase em um trecho do livro da Carla Madeira, Tudo é rio, e ouvi na música da Angela Ro Ro “Amor Meu Grande Amor”, que inclusive já falei sobre aqui na news.
Óbvio que as duas menções são sobre amor, porque sou uma eterna romântica, né?
No livro a frase era: “Me demorei nos seus olhos”. E na música “Amor, meu grande amor, só dure o tempo que mereça”.
Nas duas existe uma menção ao tempo do amor, e eu fiquei pensando em como, de fato, é engraçado quando a gente se apaixona por alguém, o jeito que o tempo acaba passando diferente.
Eu visualizo e consigo sentir ambas as frases, sabe?
Consigo lembrar de diversos momentos, sorrisos, olhos, lábios que me demorei, e também de amores ou relações que duraram mais do que o tempo merecido. Ou das que acabaram ali, quando tinha que acabar.
A sinestesia de um amor, de uma música, um livro, e tudo que podem nos proporcionar me emociona.
Misturar tempo e espaço, é lindo demais num é?
Ou eu sou muito bobó? KKKKKKK
Homem ainda é homem, e temos toda a razão de odiar
Eu, como torcedora do Corinthians, não pude ficar alheia ao que aconteceu com o time nos últimos dias. Contrataram um técnico condenado por ter estuprado uma menina de 13 anos, nos anos 1980. Não tem como torcer pra um time assim, não tem o que justificar. Ele já saiu, pediu demissão, mas ainda assim: que papelão, hein Corinthians?
Papelão por terem considerado ele como técnico. Papelão de não terem ouvido as torcedoras e seguirem com a contratação. Papelão por, no final da classificação na Copa do Brasil, que rolou essa quarta, todos os jogadores irem comemorar abraçando o estuprador. E, depois da saída do técnico, que durou apenas dois jogos, ainda defenderem esse pobre coitado da cultura do cancelamento.
Abrir comentários de qualquer post sobre esse assunto foi ver uma enxurrada de homens dizendo "todo mundo erra", "agora ele vai pagar a vida inteira por isso?", "isso não tem nada a ver com futebol", "cansei dessa galera da lacração", "ele já pagou pelo que fez". Não, ele não pagou pelo que fez. Ele fugiu da justiça suíça após a condenação. Não, o que ele disse sobre o acontecido não é verdade, pois foi encontrado sêmen dele na menina e ela o reconheceu como um dos agressores. Não, ele não é uma vítima, nem um coitado, nem uma "pessoa de bem". Porque se fosse, primeiramente, não teria estuprado e não teria deixado os outros dois colegas fazerem o mesmo. Se ele fosse uma boa pessoa, ele não tentaria se justificar toda vez que esse assunto vem à tona.
Não existe estuprador "do bem", e aqui me dirijo diretamente aos homens cis heterossexuais que leem essa newsletter: defender estuprador é colocar na testa uma faixa de "eu também posso estuprar e sair impune". Não vai entrar nunca na minha cabeça que uma pessoa capaz disso, ainda mais com uma criança de 13 anos, merece redenção. O que ele merece é ter a cara arrastada no chapisco por onde ele passar. Não podemos deixar gente assim se sentir bem consigo mesma, ainda mais quando a pessoa passou décadas não sofrendo consequência alguma sobre o crime que cometeu.
Ver esse caso todo é perceber como homem ainda é homem. Ainda se protegem. Ainda diminuem o alcance da violência contra a mulher. Ainda são incapazes de fazer as sinapses cerebrais necessárias para chegar na conclusão óbvia: lugar de estuprador é na cadeia, é na lama, na boca do sapo, nos anais de gente com quem você não deve se relacionar. E não comandando nem o maior nem o menor time do país. E quem tá passando pano pra ele está no mesmo balaio. Enquanto ainda existirem homens que diminuem as atitudes criminosas e violentas de outros homens, o ódio por eles vai só aumentar. E que aumente, a gente tem que odiar mesmo.
Dê o play
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Aliás, votem aqui no É nóia minha? para ele ser um dos 10 finalistas da categoria Podcast no Prêmio Ibest!
Camila conversou sobre rotinas diferentes com Cecilia Flesch e Carol Martins lá no É nóia minha. Ouve!
Uma nova temporada do Ppkansada começa hoje, e Bertha, Isabela e Taize chamaram Nathalia Braga para dar o início a essa discussão sobre autoestima. Escuta aí!
No Conselhos que você pediu, a Bela deu aquela refletida sobre individualidade.
E no Santa Reclamação de Cada Dia, a Taize falou sobre o fim dos verificados no Twitter.
Até logo mais
Estamos animadas nessa semana, pois começamos aqui a GESTAR uma novidade para a Associação dos Sem Carisma, e vamos precisar da opinião de vocês. Então aguarde, que logo nossos membros serão requisitados.
Ah, e notaram a ausência de Camila, né? Pois é, demos uma folga pra ela, pois ela merece. <3
Aquele obrigada gigante para quem chegou até o fim dessa newsletter — quem não chegou, melhore —, e voltamos na semana que vem.
Beijos mil,
Camila, Isabela, Bertha e Taize
Lembretes de encerramento:
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E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa.
no momento não tem telegram, como vocês acham que essa instabilidade do serviço no Brasil pode ser contornada pra manter esse contato por grupos?