Associação dos Sem Carisma #166
Rita, nossa rainha
Não podemos começar essa newsletter sem celebrar uma das maiores pessoas que andaram por esse mundão: Rita Lee. Todos nós que fazemos a Associação dos Sem Carisma temos alguma lembrança embalada pelas músicas da nossa rockeira. Então hoje queremos relembrar essas canções que amamos e que tanto representam nosso jeitinho de ser.
Rita, você é gigante. <3
Hoje não teremos o texto da Camila, então deixamos aqui aquele abração forte na nossa presidenta. <3
Ovelha Negra
Rita Lee não fazia parte da trilha sonora da minha infância. Quem mais colocava música em casa era meu pai, fã de sertanejo, música gaúcha e das tradicionais bandinhas de bailes do Sul. Mas mesmo num lugar onde o rock não prevalecia – até eu entrar na adolescência, pelo menos –, todos nós sabíamos quem era Rita Lee e conhecíamos suas músicas mais famosas. E uma delas que sempre me deixou pensando e reverbera em mim até hoje é "Ovelha Negra".
Para quem cresceu num lugar em que você não se sentia pertencente, que não combina com a sua visão de mundo, essa música fez toda a diferença para mim. Eu levava uma vida sossegada, mas eu queria mais. Ouvindo Rita Lee, eu entendi que eu era a "ovelha negra" da família, aquela que não iria seguir os passos de todos os meus outros parentes que permaneceram no lugar em que cresceram. Porque ter ambição de ser diferente é, muitas vezes, uma transgressão. Como assim vai morar longe? Como assim é solteira? Como assim não pensa em casar e ter filhos?
Eu assumi pra mim esse papel de ser a rebelde, por mais certinha que eu fosse na vida. Mas eu era a que questionava, que pensava em como a vida pode ser diferente daquele lugar onde cresci. Se não fosse essa percepção, talvez ainda estivesse lá, levando a vida sossegada, mas que não cabe em mim. Sobra espaço, e eu preciso preenchê-lo. Talvez, quando comecei a arquitetar minha saída de Santa Catarina, eu fosse dominada pelo medo da mudança e da imprevisibilidade dos acontecimentos. Mas não, isso não aconteceu.
Eu não deixei medo algum me desviar do caminho que eu queria seguir. E "Ovelha Negra" foi importante, porque "não adianta chorar / quando alguém está perdido / procurando se encontrar". Ovelhas negras não sentem medo. Eu tenho orgulho de ser essa "diferentona" da família, não porque me ache superior a eles, longe disso. Eu respeito muito a vida que eles escolheram ter, e às vezes até invejo porque parece realmente ser mais tranquila. E mesmo sendo diferente, muitos valores deles estão em mim e ajudaram a formar quem eu sou hoje. Meus pais nunca tentaram me transformar em outro tipo de ovelha, e isso foi fundamental. Talvez, quando eles ouvem essa música, eles se lembram de mim.
Rita, obrigada por representar todas essas ovelhas negras e incentivar essa inquietude. Sem essa inspiração, não sei se estaria aqui.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Eu tinha 9 anos quando te ouvi pela primeira vez, ou, na verdade, na primeira vez em que entendi quem era você, e dali também possivelmente quem eu gostaria de ser.
Já tinha me deparado contigo pela MTV, o meu canal de TV favorito.
E desde muito pequena, por algum motivo, cabelos coloridos e óculos diferentões me chamavam a atenção — não foi diferente com você!
Nesse dia estávamos eu, minha mãe e a minha tia, a considerada rebelde, a Ovelha Negra da família, viajando para o Litoral Norte de São Paulo.
No caminho de São Sebastião em uma viagem de 1h30, quando chegamos na Tamoios, a minha tia sacou do porta-luvas um disco colorido, cheio de colagens e com você no meio desenhada, dizendo ser o seu novo álbum favorito da vida, do seu ídolo, da artista que mais a representava.
A minha mãe olhou de rabo de olho para a minha tia, e como quem concede algo, colocou o CD no toca-discos do carro. AI COMO SEU SOU ANTIGAH! RS E a viagem começou ali de verdade.
Passamos ouvindo “Amor e Sexo”, hit do álbum Balacobaco, praticamente em looping, até eu aprender todas as palavras (que são muitas), dando risada em cada vez que a palavra sexo era mencionada, RS. Criança, né.
Naquela idade era engraçado, já hoje em dia é difícil. KKKK
Mas não precisamos entrar nesse tema, né?
Naquele dia, eu não só te conheci, Rita Lee Jones, como entendi quem era a minha tia, aquela mulher, figura tão transgressora dentro de uma família mais tradicional.
É doido pensar que a partir de Rita conheci Rosane, e acabei conhecendo a mim também.
E é isso que personalidades únicas e especiais fazem, entram em nossos ouvidos, atravessam os nossos olhos, mexem com o nosso coração e se tornam eternas.
Te amo para sempre, Rita Lee <3
Pod Sim
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Para quem é de É Nóia Minha?, o tema da semana foi hormônios num bate-papo gostoso com Silvia Ruiz e Márcia Cunha. Ouve aí!
Domingo é Dia das Mães e nossas ppkers tiveram uma conversa sobre a importância das redes de apoio das nossas mães. Vem ouvir!
No Conselhos que você pediu, Bela fala de um caso da ouvinte que quer ser a protagonista do seu relacionamento. Ouve!
E para finalizar, o Santa Reclamação de Cada Dia reclamou sobre a cultura do clickbait no jornalismo.
Beijos tristonhos
É muito triste quando perdemos uma pessoa tão querida e importante pra gente. E por isso queríamos fazer essa singela homenagem para Rita Lee aqui na newsletter. Sabemos que é difícil estar à altura de uma mulher tão maravilhosa quanto ela. Mas tentamos. <3
Nossos beijos de hoje são tristonhos, mas com aquele calorzinho no coração porque sabemos que tivemos um grande privilégio de ter vivido no mesmo tempo que Rita. E ela vai continuar embalando os nossos momentos felizes.
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