Associação dos Sem Carisma #182
Para ficar desonline
Tá cansade de ficar on o tempo todo? A conectividade tira a sua paz de espírito? Mas, ao mesmo tempo, tá difícil de desconectar? Então vem seguir essas dicas para substituir as coisas que você faz online por tarefas muito mais tranquilas que não exigem conectividade.
Socializei
Olá, como vai? Vou bem, eu acho. Me sinto bem, mas talvez esteja confusa. Explico. Almocei em um evento de beleza com dezenas de pessoas e, depois, não contente com toda essa animação repentina, ainda fui parar numa exposição de arte. Quem sou eu? Já não sei.
Querem mais? Fechei a exposição, uma das últimas a ir embora. Sem Carisma? Talvez seja culpa da lua cheia. Talvez eu deva ceder meu posto de presidenta pra outra pessoa. Estou assustada. Beijos
Grandona
Semana passada, minhas cômodas novas chegaram. O armário desse apartamento que eu moro não tem gavetas. Pois é. Sou refém de cômodas, comprei uma de seis gavetas quando me mudei e subdimensionei a necessidade. Nunca deu conta, cansei de passar raiva e decidi ter 12 gavetas. Na hora da compra, bateu a dúvida sobre contratar ou não o serviço de montagem. Eu sou a Pereirão da minha casa, mas móvel dá medo, né?
Perguntei pro marido: “Compro as cômodas com instalação (400 reais a mais) ou exerço meu hobby?”. Ele, num movimento inesperado, respondeu :“Exerce seu hobby”. Inesperado porque: 1- Ele não é pão-duro como eu, então, economizar um montador de móveis não é prioridade. 2- Ele não sabe trocar uma lâmpada, então, não confia 100% nos meus dotes e sempre tem um pé atrás de eu fazer uma merda.
Com essa dose de confiança inesperada, resolvi montar sozinha. Qual o pior que pode acontecer? Achar difícil e desistir, fazer uma merda e consertar, fazer uma merda irrecuperável e ter que comprar outra. Me pareceu um bom negócio. E foi!
As cômodas chegaram e eu mergulhei na manual, na minha nova mini-parafusadeira comprada somente pra isso, e fui feliz. A primeira levou umas quatro horas e meia? Sim. Eu fiz merda? Duas. Eu consegui consertar? Só uma delas. Mas deu super certo. A segunda eu montei em 2h e pouco, enquanto batia papo com a família, num ritual quase terapêutico. Conversando e montando. Fofocando e parafusando.
Beleza, eu economizei 400 reais, mas principalmente, eu me senti muito capaz. Sabe? Aquele momento que você faz algo que considera difícil, que prefere nem tentar pra não ter que lidar com a frustração de dar errado, aquela atividade quase imaculada que não é pra você? Me senti grandona, muito capaz, muito fodona.
Fiquei feliz e querendo sentir isso de novo. Pensando que outras coisas que eu tenho evitado e que me trariam essa sensação. E também lembrando de várias outras atividades que me fazem sentir assim. Minha listinha: dirigir, viajar sozinha, cozinhar algo novo, perceber meus toques na educação e comportamento do meu filho, consertar objetos quebrados, conseguir me posicionar em situações desconfortáveis. E você aí? Qual sua lista e o que você pode arriscar fazer pra aumentá-la?
Você é senhora
Era uma vez no Twitter uma millennial de trinta e poucos anos que estava observando sua timeline quando se deparou com um relato singelo sobre uma interação social de sucesso. Porém, as palavras inofensivas da internauta que postou o relato bateram meio errado nessa millennial: como assim você chamou uma mulher de 40 anos de "senhora"? Isso ainda é jovem! A millennial se sentiu atacada, tão perto ela está dos 40 anos, que estão logo virando a esquina, e esbravejou o dia inteiro sobre o absurdo que é o jovem de vinte e poucos tratar uma mulher de 40 como "senhora". Como se ela fosse "velha".
Achou esse primeiro parágrafo totalmente absurdo? Acredite: essa discussão aconteceu mesmo lá naquela rede social. E eu só fiquei em estado de “gente, vocês estão delirando”. Não sei em que momento o pessoal da minha faixa etária internalizou que "senhora" é sinônimo de "idosa" a ponto de se sentir ofendido com o jeito formal de se referir a alguém que você não conhece. Senhora, senhor, senhorita, o que seja: são apenas maneiras de se referir educadamente a alguém – lembrando que "senhorita" não tem a ver com a idade, mas sim com o fato da mulher ter casado ou não.
A impressão é que a minha geração acha que ainda está na adolescência, no início dos 20 anos, ignorando o tempo passa e a gente envelhece. Quarenta anos está longe de ser "velha", mas também não é a mesma coisa que você ter 20 ou 30 — nossa presidenta pode falar mais sobre isso, rs. Mas a gente tá com tanto medo de envelhecer, parece, que um simples "senhora" engatilhou toda uma neura nessa galera que ainda vive a fantasia da juventude. Será que isso é fruto da nossa criação? Das pressões estéticas? Do medo internalizado de que a vida está se esgotando a cada ano que passa, e você está ficando "velha" demais para fazer as coisas?
Deve ser uma mistureba de tudo isso, porque o que não falta nesse mundo são as estratégias milagrosas para se manter "jovem". Uma coisa é você cuidar da sua saúde e do seu corpo para não chegar aos 60 anos toda quebrada, outra coisa é achar que você vai ter essa pele esticadinha na cara pra sempre se comprar os cremes certos e, por aparentar ser "jovem", todo mundo tem que te tratar como uma garotinha, e não uma mulher adulta. Sinto que essa minha geração está muito perdida nessa coisa de aceitar a passagem do tempo.
Quanta gente fala que, com quase 30, já se sente "velha demais" para fazer algo novo, quanta gente olha para uma mulher de 40, 50, 60 anos e enxerga nela uma visão do "fim da vida", e não uma pessoa totalmente… normal. Que ainda pode fazer tudo o que uma garota de 20 anos pode fazer. Minha avó materna, aliás, completou 89 anos essa semana, e quando mandei parabéns através da minha tia que mora com ela, a tia falou que passaria o recado depois, porque minha avó já tinha ido para o baile. Em plena quarta-feira, com quase 90, no baile. E você tem medo de mudar de carreira aos 30? Ou se esconde de pavor quando uma pessoa mais nova olha para você e te chama de "tia" ou "senhora"?
Bora parar, galera. A vida é longa, e a vida é curta, e você pode fazer a porra que quiser na idade que quiser. Pode doer mais as costas, e provavelmente vai. Mas ainda dá pra fazer. Bora, senhora, ser menos complexada.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
O que dirigir e bolar um têm em comum
Fui fazer a minha primeira aula na autoescola de mulheres habilitadas nesta semana, né. Aí cheguei lá, tomei um café e logo me apresentaram o corajoso instrutor que iria comigo. A mulher da recepção disse que ele era o Buda do Mulheres Habilitadas, "o mais calmo, o mais zen", e que eu ia A-DO-RAR!
Já me animei! Cumprimentei o Buda e fomos para o carro.
(Eu acho muito bom que os carros do Mulheres Habilitadas são todos um rosa choque bem forte com o logo enoooooorme na lateral, e os instrutores usam um look que é uma camisa branca com uma gravata preta. Me sinto muito realizada, porque sempre quis dirigir um carro rosa da Mary Kay.)
Ok, voltando. A gente saiu para dirigir na Praça do Pôr do Sol em Pinheiros, e ele me perguntou se eu costumava frequentar a praça, com um sorriso meio de canto da boca de quem sabe quem são os típicos frequentadores da praça.
(Se você não é de SAMPA, MEU, kk, a Praça do Pôr do Sol é um típico local de jovens paulistanos, apreciadores de cannabis que aplaudem o pôr do sol. — HOJE, NO GLOBO REPÓRTER!)
Falei para ele que na época da Faculdade eu frequentava bastante a praça, RS, mas hoje em dia não ia mais, KKKKK.
É tão especial falar em códigos com as pessoas, tipo, não estamos falando claramente e diretamente sobre o assunto, sobre o que é, mas a gente tá se entendeeeeendo, sabe? KKKK
Na sequência, ele me perguntou o por que de eu não dirigir, se era medo ou algum trauma. Falei que, na verdade, inicialmente não era um medo ou um trauma, nunca aconteceu nada. Eu só sentia que eu não era boa. Tipo, eu sei dirigir, mas é dum jeito ruim, truncado. Eu não aprimorei rápido como os meus amigos que tiraram carta na mesma época que eu, e aí desencanei de tentar.
Nisso, como eu estava lembrando da minha época de juventude, KKKK, logo pensei que a vida é realmente uma metáfora, e que dirigir para mim era que nem bolar um tabaco, ou qualquer coisa que se bole.
Eu sei fazer, mas eu não sou boa, não sou habilidosa.
Comentei isso com o instrutor, dividi o lindo pensamento que tive, e ele me respondeu que para ambas as habilidades não existia ser uma pessoa ruim, e que tudo nessa vida só se aprimora com a prática.
É isso!
Esse é o meu belo texto, a minha lindíssima reflexão de hoje!
Ah, viva os paralelos da vida!!!!!!!! JAH JAH RASTAFARI!!!111
Aprecie estes podcasts
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Cansou de ficar on? Então vem ouvir esse episódio do É Nóia Minha? com Lu Ferreira e Alana Anijar. Dá o play!
No Ppkansada, a Bertha, a Isabela e a Taize chamaram a Joana Cannabrava para falar sobre exercícios físicos e nossa saúde. Vem ouvir esse papo que está bem legal!
E lá no Conselhos que você pediu, a Bela explanou sobre tomar as rédias da sua vida, menina. Vem escutar!
Adeus, Agosto
Que alegria adentrar um novo mês, ainda mais quando esse mês significa que agosto acabou. Sobrevivemos, mas a que custo? Agora que você terminou de ler essa newsletter, já tá liberado procrastinar o trabalho indo ler seu horóscopo de setembro. Depois volta aqui pra dizer o que o mês reserva para você. Queremos saber, é bom pra já adiantar o que vai deixar a gente sem carisma, né?
Dito isso, bom fim de semana, nação, e fiquem bem.
Beijocas,
Camila, Isabela, Bertha e Taize
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Esse ano decidi aprimorar minhas habilidades na direção e estou cada vez melhor, mas depois do texto da Bebeta vou deixar de procrastinar e aprender a bolar um também. Chega de ficar pedindo isso pros amigos, eu já sou uma senhora de quase 30 anos kkkkk
Vocês são meus melhores amigos e nem sabem 💖🫶🏻