Associação dos Sem Carisma #183
40 MIL SEM CARISMERS
Camila Fremder tinha um sonho, e em 2020 ele se tornou realidade: uma comunidade para pessoas que, assim como ela, têm bateria social fraca. Desde então a Associação dos Sem Carisma está aqui, semanalmente entregando conteúdo para você. E agora chegamos à linda marca de 40 mil assinantes dessa newsletter! Quem diria, viu? 40 mil pessoas querendo RECEBER e-mail.
Para comemorar esse feito, atualizamos a nossa carteirinha de membro da Associação dos Sem Carisma. Faça já a sua, e use sem moderação.
Nóias e carisma na Bienal do Livro do Rio
Hoje, dia 8 de setembro, Camila Fremder marca presença na Bienal do Livro do Rio de Janeiro! Vai rolar bate-papo com Raquel Cozer no estande da Amazon Kindle às 18h. Vai ter distribuição de senha lá para uma sessão de autógrafos, mas depois, às 20h, também vai ter autógrafos com a Camila no estande da editora Companhia das Letras.
Vai lá respirar esse ar de cultura, viu? E fazer uma foto bem carismática com nossa presidenta. ;)
Apartamento
Agora em setembro faz um ano que me mudei para este apartamento na Bela Vista, em São Paulo. Finalmente um lugar com tamanho bom, nem grande demais e nem pequeno demais, em que meus 5 bichos cabem e convivem tranquilamente. Com um escritório para trabalhar — embora esteja escrevendo isso jogada no meu sofá, tá frio —, uma sacada onde fico lendo e fumando, lendo e fumando, e uma banheira, o grande sonho da minha vida. É o lugar perfeito pra mim. Era tudo o que eu queria.
Faz um ano, também, que eu acho o meu apartamento pobre de espírito. Faltam quadros. Faltam plantas. Falta um sofá novo que não esteja rasgado pelos gatos e com marcas de queimado. Falta um tapete bonito pra dar aquele "tchã". Falta o papel de parede, que comprei e nunca coloquei (porque não sei e não tenho dinheiro pra mandar colocar).
Esses dias, inclusive, um amigo respondeu o story onde mostrei parte da minha sala com a seguinte frase: "nossa, que quarto de homem hétero solteiro, mozi". Porra, Danilo. Mas ele está certo: minha sala tá tão sem carisma que ela parece um quarto de homem hétero solteiro. Desde então, a sala só me incomoda mais.
Aí aconteceu o advento da reforma de Dora Figueiredo, e só consegui pensar que o ser superior que talvez comande este universo realmente me odeia. Como que ele abençoa Dora com meios de decorar um apartamento e não eu? Porque dar essa dádiva para uma pessoa burra, e não pra mim, que tenho o mínimo de senso prático da vida? A vida é injusta demais.
Eu aqui, nervosa com todas as coisas erradas da casa, com medo também de mexer porque eu sei quanto problema dá alterar a casa dos outros. Já tenho taquicardia antecipadamente ao pensar que, quando sair, vão tentar dizer que eu estraguei um monte de coisa que já tava fodida. E a bonita lá, transformando em casinha da Barbie um apartamento de 34 metros quadrados, que ela sabia que seria pouco pra ela e que teria que se mudar não muito depois. Metendo jacuzzi de 800 litros na laje sem avisar o condomínio. Valorizando o apartamento do cara achando que tava arrasando e ia fazer um puta negócio.
Foi um show de burrice tão grande, mas tão grande, que realmente me dá raiva lembrar que isso aí é o supra-sumo da rede social, da influência, de dar audiência pra pessoas cuja procedência é deveras duvidosa. Não é possível que gente tão sem noção assim seja justamente quem mais recebe os louros desse negócio — mesmo que os louros sejam um projeto da Doma, rs.
O pior é que, depois dessa, ela provavelmente vai conseguir outra permutinha marota para a nova casa. E eu seguirei sem dinheiro para transformar minha sala de homem hétero solteiro em uma sala de avó acumuladora cheia de coisinhas. Porque é assim que funciona, né?
PS.: Enquanto isso, cidades do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, foram destruídas pelas enchentes causadas pelo ciclone que passou por lá. Tem cidade que foi totalmente alagada. Um casal de amigos meus têm familiares lá que foram atingidos. Nesse post tem informações para doar o que for necessário aos desabrigados.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Voltando às origens
Peguei um frila de produção de conteúdo para um reality, e fazia mais de um ano em que eu não trabalhava por trás das câmeras.
Monas, me lembrei na hora que começou o por que de eu sair dessa vida, KKKK.
Mentira, vai. Eu amo o audiovisual. Mas, de fato, ele não mata, ele humilha, KKKK.
Estou há três semanas sem folga de um dia, porque além deste frila têm os podcasts, têm as publis e os PROJETOS PESSOAIS, acho muito chique falar projetos pessoais, mas é verdade, RS.
A cabeça está girando a 360, e esses dias quase tive uma crise de ansiedade e era só fome, que na correria não percebi.
Assim que saí da vida da produção, a primeira coisa que a minha terapeuta falou era para eu prestar atenção na minha ansiedade, que ela provavelmente diminuiria. E diminuiu, fact.
Só que a vida do autônomo é maluca, a gente não sabe quando vai entrar dinheiro de novo, é difícil se programar e contar com o dia de amanhã — o que também causa ansiedade.
Agora o lance para mim é ver sentido no que estou fazendo e no caminho que estou percorrendo, e isso também é um fator ansiogênico. Nem sempre é possível fazer só o que a gente quer e acredita, porque os boletos chegam e cobram, mas que, de fato, é muito melhor estar no trilho deles, é.
Eu quero uma vida de loira platinada
Perrengue Chique
Às vezes na vida tomamos decisões que fogem um pouco da rota comum, simplesmente pela necessidade de utilizar a frase “sou jovem e preciso de experiências”. Esse foi o meu caso quando resolvi comprar um ingresso do The Town. Até aí, tudo muito jovial e divertido, mas se eu soubesse o tamanho do perrengue que eu estava me metendo em um único final de semana em São Paulo, é muito provável que eu tivesse mudado de ideia.
O plano era simples: pegar um avião — inclusive, essa foi minha primeira vez andando de avião e foi muito mara, tirando o fato de que meu estômago resolveu não trabalhar normalmente até que meus pés tocassem em terra firme —, deixar as coisas no hotel, gastar dinheiro na Liberdade — aqui simplesmente cagando para minha decisão de não gastar dinheiro com bobagens —, depois dormir e ir para o The Town na manhã do dia seguinte. Mas como a vida não liga para um ingresso caríssimo e as expectativas altas em relação à viagem, meu sonho de loira platinada caiu por terra assim que o avião aterrissou em São Paulo e a procura por um motorista de aplicativo começou.
Eu entendo que o trânsito dessa cidade é simplesmente insuportável, mas esperar durante duas fucking horas, entre cancelamentos e falhas de localização, um único carro para levar eu e minha melhor amiga para o hotel é sacanagem. Sem contar que ainda consigo ouvir o barulho das buzinas, da decolagem de aviões do Aeroporto de Congonhas e os xingamentos dos taxistas quando perceberam que estávamos esperando a chegada dos carros da concorrência. Por mais que esse tenha sido apenas um terço da prova de resistência que seria enfrentada por dois curitibanos exaustos na capital paulista, essa experiência já fez o rolê consumista na Liberdade ser cancelado por motivos de “que inferno de cidade, não quero mais sair do hotel”. No dia seguinte, o ato de esperar acabou sendo o mais utilizado da viagem — depois do ato de pensar “Ai, que inferno”, é claro —, já que passamos mais de duas horas debaixo do Sol e ao redor de cambistas oferecendo “ingresso sem fila”, enquanto aguardávamos os portões do The Town abrirem. Ah, e, como se as horas de espera acumuladas fora do festival não fossem o suficiente, lá dentro os perrengues continuaram a surgir.
Um perrengue clássico que aparece em qualquer festival que eu piso é o da chuva. Pode reparar, se postei um story dentro de um, pode ter certeza que dá para ver água caindo. E nesse não foi diferente. Quando a Iggy, uma das minhas artistas mais preferidas EVER e razão da minha ida para o The Town, subiu no palco, o maior toró caiu encima de todos e acabou destruindo o meu cabelo e o dela. E, como se não bastasse, após o show dela ter acabado, a chuva só foi piorando, o que forçou minha fuga para dentro de um cubículo que servia pastéis a oitenta reais e estava sem luz, com o chão alagado. A espera lá dentro por um segundo de paz do lado de fora acabou durando quase uma hora e ajudou na tomada da decisão de ir embora. Eu e minha amiga já temos um certo fetiche na frase “Vamos embora”, mas dessa vez quase gememos ao repetir várias vezes que havia chegado a hora. Nem a Demi Lovato serviu de motivo para continuarmos dentro daquele lugar quase inabitável, mas como o Uber demorou praticamente mais de uma hora para chegar, conseguimos ouvir o show da gata na rádio a caminho do hotel.
Apesar dos inúmeros momentos de espera e a vontade enorme de sair correndo gritando na rua, considero essa viagem um enorme perrengue chique, já que lidamos em absolutamente todas as situações com muita classe, além de termos tomado cafés da manhã belíssimos e postado muitos stories na janela do avião. Tudo isso me fez ser grato por essa experiência terrí…, quer dizer, incrível, até porque são nesses momentos de guerra que percebemos a importância de ter um parceiro de viagem que esteja disposto a pagar o preço que for num Uber, apenas pelo desejo de ir embora.
Para ouvir nesse feriadão
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Para comemorar os 4 anos do É Nóia Minha?, Camila voltou às origens e convidou Carol Macéa e Guilherme Facci para reviver o primeiríssimo episódio do podcast. Ouve aí!
O Ppkansada tirou uma folguinha essa semana e volta na próxima.
No Santa Reclamação de Cada Dia, a Taize reclamou junto com os que foram passados pra trás pela 123 Milhas. Escuta aí!
Até mais, e descanse bem
Para encerrar essa newsletter, só queremos desejar que vocês tenham um ótimo feriado, sem perrengue e nenhuma chateação. Porque merecemos demais esse momento, esperamos muito pela sua chegada. Aproveitem!
E obrigada por lerem até aqui. Beijos,
Camila, Bertha, Claudio e Taize
Lembretes de encerramento:
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E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa.
Claudio, agora que to ficando velha, já to desistindo do rolê festival, pois desde o advento do Uber as coisas tem só ido ladeira baixo, muito ao contrário das nossas expectativas.
Amei! Lembrei muito de um vídeo que assisti semana passada no instagram que mostrava um "tour pela casa do adulto parede branca". Ri demais ao asssitir o vídeo e ri novamente ao ler seu texto. No mundo real, esses apês lindos e instagramáveis definitivamente não são a regra, mas sim a exceção.