Nóias Sem Carisma
Somos sem carisma porque temos muitas nóias ou temos nóias porque somos sem carisma?
Fica aí uma questão filosófica que não vamos tentar responder hoje, pois exige trabalho — e já estamos cansadas. Mas esses dois sentimentos andam de mãos dadas com a gente.
Como essa semana teve uma batalha de nóias lá no É Nóia Minha?, hoje queremos apresentar algumas preocupações inerentes ao sem carisma e pedir para você dizer qual delas é a pior.
A Camila de antes
Fui à trabalho para o Rio de Janeiro no final de semana passado. Sempre amo participar da Bienal do Livro, e dessa vez não foi diferente, é muito lindo encontrar milhares de pessoas com uma paixão em comum: livros. O bom é que consegui resolver meus compromissos na sexta e tive o sábado e o domingo só pra mim (e Codré). Fazia muito tempo, meses com certeza, e arrisco até dizer mais de um ano, que não tinha dois dias na praia inteiros só pra descansar. Li dois livros, escutei dois podcasts e dormi 10 horas por noite. O que me fez lembrar de quem eu era antes de ter filhos. Fiquei obviamente noiando nisso. Matei um pouco a saudade da Camila de antigamente e fiz uma promessa de não deixar ela esquecida e guardada por tanto tempo de novo.
Conforme os filhos vão crescendo, a gente volta a encontrar uma parte nossa que tinha sumido no meio do caos, da rotina, das mil funções, medos e aprendizados. Mas é claro que toda nóia ainda é pouca pra mim. Voltei morrendo de saudade do Arthur, uma saudade boa e saudável, dessas que só fazem bem pra relação. E aí constatei que, daqui a alguns anos (espero que muitos), algum dia eu vou ser de novo mais "só a Camila" e menos a Camila mãe, o que vai me deixar encanada também. Bom, noiar é a minha profissão…
Setembro tá bom de acabar
Tudo que agosto não entregou de frustrações, merdas e desgosto, setembro meteu o combo em dez dias. Sério, que que aconteceu? Será que teria sido melhor diluir esse inferno astral ao longo dos 31 dias de agosto do que mandar tudo na primeira semana de setembro?
De ator atropelado à tragédia de uma enchente histórica no Rio Grande de Sul, coube tudo nesse último ciclo de Mercúrio Retrógrado. Eu adoro culpar essa merda desse trânsito astrológico, mas eu tô até com pena do pobre do planeta. Não é possível que ele sozinho seja responsável por tanta chatice e desgraça.
Pessoalmente, estou readaptando meu filho na escola. Sinusite, ficou em casa, feriadão, desacostumou. E voltamos à estaca zero. Com a diferença de que dessa vez eu não tinha me planejado pra isso. Cancela tudo de última hora, uma frustração do caralho, um desânimo absurdo, deixando alguns pratinhos caírem ao mesmo tempo e tacando os que sobraram no chão de raiva. Sumi só da internet, já que não dava pra sumir da vida inteira.
Contando cada segundo pra esse mês dos infernos acabar e ainda estamos na metade. Eu sei lá o que dizem os astros, mas vai ter que melhorar, gente. É aquilo, né? Depois que bate no fundo do poço, só tem como subir. Vamos que vamos. Que venha outubro, pelo amor de Deus.
Guilhotina
Guilhotina. Você fala essa palavra e a mente vai direto para a França durante a revolução. Que aparelho tenebroso e, de certa forma, formidável. Tenebroso porque não é lá muito humano essa coisa de matar alguém. Formidável porque, já que a solução que encontraram foi matar mesmo, ela pelo menos fez seu serviço com eficiência. Criada justamente durante a Revolução Francesa, a guilhotina surgiu para dar uma morte rápida e indolor a seus condenados. Vai morrer, mas pelo menos você não vai sentir nada.
Tim Gurner. Nunca ouvi falar desse cara até ontem. Você provavelmente não faz ideia de quem seja esse cidadão. Mas ele disse, em um evento lá na Austrália, que o desemprego no país teria que crescer entre 40% e 50% para que os funcionários voltassem a respeitar os patrões. Sim, isso aí mesmo. Segundo ele, CEO de uma empresa imobiliária, é necessário "ver dor na economia” para aumentar seu poder sobre os funcionários, que estariam se achando demais. O se achar vem da percepção mais do que certa de que quem precisa do trabalhador é o patrão, e não o contrário.
Guilhotina e Tim Gurner. Ler o que ele disse nesse evento, desejando que metade do seu país viva em miséria para voltar a "respeitar o patrão", é fazer essa conexão direta. Ele não falou de desemprego e demissões em massa pensando em recuperar um mercado falido, porque o mercado imobiliário lá certamente não está falido. Ele quer desemprego porque sentiu que não tem poder sobre os trabalhadores, porque essas pessoas que ganham muito menos do que ele sabem o quanto são exploradas. O bonito se sentiu no direito de falar uma merda dessas porque o ego dele tá ferido pelo trabalhador com noção de seus direitos — e pelo trabalhador que entendeu que a vida não é dar seu sangue para uma empresa. Para continuar sendo rico, ele deseja que milhões de pessoas não tenham dinheiro a ponto de aceitar qualquer merreca para sobreviver.
Tim Gurner não é a única pessoa que pensa isso nesse mundão. Com certeza um monte de cara engravatado que não sabe nem limpar a própria bunda — porque provavelmente pagam alguém pra fazer isso — concordou com ele. Assim como o pequeno empresário, que na fantasia de virar um magnata, culpa a preguiça de seus funcionários pela falta de crescimento do lucro, achando que ele faz parte do mesmo grupo que o CEO australiano.
Quando o dinheiro vale mais, não há vida que faça esses caras enxergarem as pessoas como seres humanos. Por isso me dá pavor toda vez que vejo alguém defendendo bilionários e suas empresas. Eles jamais nos defenderiam. Inclusive, nos jogariam do penhasco sem pensar duas vezes, sem nem cogitar a guilhotina, que seria uma morte rápida e sem dor. No desemprego e na miséria não há fim rápido, há só sofrimento prolongado.
Tim Gurner, e outros como eles, merecem a guilhotina? Certamente, mas minha raiva com gente assim me faz pensar que a guilhotina é algo muito leve perto do que eles realmente merecem.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
quando eu nasci ela tinha 09 anos, mas a gente foi se aproximar só quando eu tinha uns 12.
ela que veio até mim, abriu o seu sorriso, que é um dos mais bonitos que já vi, pegou na minha mão e me mostrou como era a vida com uma irmã.
a nossa família é um pouco diferente das tradicionais, são muitas mães, muitos filhos e um mesmo pai.
são também vários ceps, vários municípios e dois países.
mas por algum motivo, entre portugal, rio de janeiro, florianópolis, são josé dos campos e são paulo, eu vim parar na mesma cidade que você
eu não acho que foi por acaso e nem coincidência.
eu nunca tinha convivido com um irmão até você chegar, e não só mais estar ali e existir. você veio e você ficou. pegou na minha mão e nunca mais soltou.
fiz esse texto para agradecer, agradecer a você, e celebrar a mulher que você é.
sei que é pouco, sei que não é fácil, sei que não tá fácil.
mas eu quero que, no meio desse turbilhão, você saiba o quanto eu te amo, o quanto eu te admiro, e que eu não vou soltar nunca da sua mão também.
tem irene escrito para sempre no meu coração.
Vem pra podosfera
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Que encontro que aconteceu no É Nóia Minha? ontem, hein? Thai de Melo Bufrem e Jana Rosa se juntaram à Camila para mais uma Batalha de Nóias. Vai ouvir se ainda não ouviu!
Aceitas uma fofoca? Hoje a Bertha, a Bela e a Taize te convidam a fofocar sobre a vida lá no Ppkansada. Pega o cafezinho e só vem.
Depois do café, pegue o lenço para ouvir esse episódio de Conselhos que você pediu em que a Isabela lê uma carta que escreveu em 2013 para a Isabela de 2023.
E no Santa Reclamação de Cada Dia, a Taize reclama novamente do trabalho, dessa vez lendo a história de uma ouvinte demitida. Dá o play!
Acabou
É, gente, chegamos ao fim… Finalmente, vamos encerrar esse ciclo, deixar ele pra trás… POIS MERCÚRIO DEIXOU DE ESTAR RETRÓGRADO HOJE!
Já pode ir lá comprar o iPhone novo, assinar contrato, começar seu projetinho pessoal. Que desse inferno, agora, estamos livres. Por enquanto.
Obrigada a todos os sem carismers que leram até aqui. E também aos que leram só o começam e não vão chegar nos agradecimentos.
Cuidem-se, e beijos,
Camila, Isabela, Bertha e Taize
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O texto da Bebeta me emocionou 🥹❤️