Associação dos Sem Carisma #186
Os prós de ser casada (e solteira)
O que está acontecendo no mundo esses dias que tá todo mundo se separando, gente? Segurem seus cônjuges, porque a bruxa tá solta. Ou não. Deixa o parceiro ir mesmo, porque ser solteira também é bom.
Aqui vão algumas coisas boas que existem na vida de solteira e, também, na de casada. Se bem que, dependendo do ponto de vista, os prós podem ser contras também.
Meu ano do “sim”
Eu sei que a Shonda Rhimes escreveu um livro chamado O ano em que disse sim: Como dançar, ficar ao sol e ser a sua própria pessoa, mas eu não li. Talvez eu ainda leia, mas o importante foi que peguei a mensagem principal e fiz. A ideia é dizer sim pra tudo que você normalmente recusaria. Experimentar, se jogar, testar, aceitar convites, se perguntar “por que não?”.
Eu sou uma pessoa que diz não. Para todos os convites que recebo, minha primeira resposta mental é sempre a recusa. Eu parto do "não" e depois vou me convencendo de que algumas coisas valem a transformação no "sim". Mas é um processo longo que inclui passar por altas doses de desconforto. Sair da zona do "não" significa, pra mim, sair de casa, montar a logística da criança, me arrumar mais do que no dia-a-dia de home office. Será que vale a pena? Não. Inicialmente, não. Mas resolvi testar.
A verdade é que eu vinha dizendo outros “sims” que ainda me deixavam dentro de casa, presa na minha zona de conforto. Em 2021, eu disse sim para ficar o primeiro ano do meu filho inteiro com ele em casa e sendo cuidado diretamente por mim. Em 2022, eu decidi botar meu filho na creche logo na virada do ano e dizer um "sim" urgente pra mim. Eu tava exausta, sobrecarregada e precisava voltar a cuidar um pouco da Isabela.
Em 2023, eu decidi que ia focar no trabalho. Que esse seria o ano em que eu dormiria longe do meu filho pela primeira vez, que eu pararia de recusar viagens profissionais, que eu aceitaria participar de mais eventos presenciais, que eu pegaria vários projetos ao mesmo tempo. Muito pelo dinheiro, é claro, mas também pra ser vista, pra sair da minha bolha de trabalhar sozinha no meu quarto. Decidi topar convites inusitados, coisas que, em anos anteriores, eu recusaria.
E foi assim que, semana passada, eu fui parar em uma plataforma de petróleo em alto-mar. A Petrobras falou “topa fazer cinco viagens nos próximos três meses?”, e, por incrível que pareça, eu li aquele e-mail e minha primeira reação não foi recusar. Eu topei.
Foi e ainda está sendo muito importante pra mim ter me jogado no “sim” esse ano. Eu estive em eventos, eu viajei a trabalho, eu encontrei pessoas queridas que só conhecia pela internet, eu dormi noites inteiras longe do meu filho, eu abri mão do controle, eu superei minhas travas conseguindo respeitar meus limites sociais, eu vivi experiências inimagináveis. Tudo isso regado a muito medo, insegurança, nóia, ansiedade antes e durante, é claro. Fácil nunca é. Mas valeu a pena cada "sim" que eu me permiti dar.
Tudo isso só foi possível por dois motivos.
Primeiro, meu filho tem pai. Não-cenográfico. Pai mesmo. Ele e nossa rede familiar se organizam pra cobrir minhas ausências porque sabem que é importante pra mim que eu aceite viver esses momentos. Ninguém do meu entorno me desestimula, pelo contrário (por eles, eu trabalharia até mais kkkkk). É sempre “vai e a gente vai dar um jeito”.
Segundo, porque eu me priorizei. Tratei na terapia, contornei meus impulsos de recusa, questionei “por que não?” várias vezes, valorizei a importância do meu trabalho, entendi que eu precisava me jogar, controlei o que era possível, me rendi ao incontrolável. Tenho que agradecer também à mim que, por me colocar um pouco em primeiro lugar, entrei no carro, subi no avião, sentei no computador e só fui.
Livros que fariam com que eu terminasse meu relacionamento
A fofoca da vez é a separação entre Sandy e Lucas Lima. Entre o boato de traição e o boato de que o músico teria decidido terminar o casamento após ler A morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói, eu fico com o segundo. Sandy é classuda demais para ser vista como corna. Eu quero acreditar que foi um livro que causou uma revolução dentro da cabecinha desse homem.
Aí pensei: quais livros fariam com que eu terminasse um relacionamento caso eu estivesse em um quando foram lidos? Certamente foram muitos, porque o que eu mais gosto são histórias de amor frustradas. Então preparei uma listinha que pode servir de indicação ou de aviso: fique longe se você não quer contemplar a sua própria realidade.
Os enamoramentos, de Javier Marías: Esse aqui eu já indiquei várias vezes nessa newsletter, e é um dos meus livros favoritos da vida. Para mim, é o retrato fiel de que o amor é deveras idealizado, e pode gerar inúmeras tretas. A narradora observa todos os dias um casal feliz que toma café da manhã na mesma padaria que ela. Até que eles somem, e quando a mulher reaparece, sozinha, ela descobre que o marido foi assassinato de um jeito bem aleatório. Ao entrar na vida da viúva, se apaixona por um homem e é feita de trouxa por ele por seguidas vezes. Marías faz umas reflexões pesadas sobre sentimentos, desejo, paixão, e mostra que o amor pode ser nada bonito.
Anna Kariênina, de Liev Tolstói: Não li A morte de Ivan Ilitch, mas esse classicão do russo com certeza também abalaria minhas concepções sobre amor e matrimônio. A personagem que dá nome ao livro é uma rica esposa russa, em um casamento insosso e infeliz, que se envolve com outro homem. Ou seja: merda acontece, né? Essa paixão avassaladora a leva para uma espiral de loucura, e a gente sabe qual é o destino final dessa heroína trágica. Se eu estivesse em um namoro sem graça quando li, com certeza ele chegaria ao fim.
Dias de abandono, de Elena Ferrante: Eu amo muito esse romance da autora de A amiga genial, pois ele mostra todo o desespero que assola a protagonista trocada por uma mulher mais jovem. Olga se vê sozinha com seus dois filhos pequenos quando seu marido sai de casa para viver sua aventurinha de amor. Mesmo sendo belíssima, inteligente, um mulherão da porra, Olga quase enlouquece com a rejeição. É um livro meio claustrofóbico, tenso, e assim: não tem como defender o homem não. Daria um pé na bunda do cidadão na certa. Totalmente justificável.
E aí, qual livro faria você terminar seu relacionamento?
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Desde que a minha terapeuta entrou de licença maternidade, eu tenho tentado me segurar e me virar com os meus próprios recursos. Recursos esses que, claro, foram desenvolvidos com mais de 17 anos de terapia nas costas — caracas, é tempo.
Ao longo dos anos, aprendi sobre o poder de falar como a gente se sente diante das situações, a ir colocando os meus limites, barreiras e proteções. Não cheguei lá, até porque eu não sei onde é “lá", mas talvez tenha criado mais segurança para ir tomando algumas direções no caminho.
Mas nesse tempo fora do consultório da terapeuta, eu percebi também que tem lugares e pessoas quase que inusitadas que, a cada encontro, rola meio que uma sessão de terapia involuntária, sabe?
Exemplo, RS!!!!!!!
Eu faço sobrancelha desde 2016 com a mesma pessoa, a Wendy. Ela é maravilhosa, deusa. A gente se vê uma vez por mês e olhe lá, e nunca nos encontramos fora do estúdio dela. Mas não tem UMA VEZ naquela uma horinha em que ela está tirando a minha taturaninha que a gente não converse sobre os assuntos mais profundos possíveis.
A gente vai desde traumas familiares à saúde mental, de questões como intolerância religiosa à relacionamentos amorosos, viagens e cachorros e por aí vai.
Na última quarta-feira eu fui fazer a sobrancelha, estava me sentindo mega ansiosa, de ressaca, um calor horroroso, e quase tive uma crise de ansiedade indo para o seu estúdio.
Só que foi eu chegar e a gente começar a conversar que eu me senti acolhida, demos risada, nos emocionamos, falamos sobre amor, Valeska Zanello e por aí fomos. Além de eu sair belíssima de lá, kk, era como se eu estivesse mais leve e mais certa do caminho.
Dê o play!
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
No É Nóia Minha? dessa semana, Camila chamou Flávia Reis e Edu Araújo para falar de perrengues em festivais. Escuta aí!
No Ppkansada, Bertha, Isabela e Taize chamaram o Fábio Cruz para explanar sobre traição. Dá o play sem cerimônia!
No Conselhos que você pediu, Bela responde o pedido de conselho de quem atingiu seus sonhos, mas se perdeu.
E no Santa Reclamação de Cada Dia, a Taize recebeu uma cartinha de ouvinte imigrante em Portugal reclamando de influencer.
Até logo mais!
Agradecemos aos membros desta associação por mais uma leitura atenta à essa missiva. Que nosso e-mail te encontre bem, acalente seus demônios internos e/ou arranque pelo menos um sorrisinho. Seja o que for, vai melhorar.
Beijos,
Bertha, Isabela e Taize
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Percebi que a ADSC é a melhor companhia enquanto se espera um exame no posto de saúde. Viva o SUS e a falta de carisma!
"Ter alguém pra ajudar a colocar o lençol de elástico". Tá aí uma grande vantagem que eu ainda não tinha me dado conta... É muito bom mesmo hahaha