Associação dos Sem Carisma #187
Situações que seriam resolvidas com uma abdução alienígena
Tem horas que a gente se mete em cada roubada que a única solução possível é essa: uma abdução alienígena.
Quem nunca fantasiou com os etezinhos chegando, perguntando "me leve para o seu líder" e te colocando pra dentro de um disco voador cheio de vacas holandesas? Olha, aqui pensamos isso pelo menos uma vez por semana.
Confira aqui algumas situações em que os sem carisma gostariam, e muito, de serem abduzidos. APENAS ME LEVA!
Presidenta do fã clube dos ETs
Eu sempre fico feliz quando encontro gente que gosta de falar sobre ETs, sabe? Ouvir outras teorias, histórias de quem acha que já viu uma nave, e olha, posso dizer que estou completamente realizada com o episódio do Nóia que saiu ontem, porque fazia tempo que eu não recebia tantas mensagens e compartilhamentos de vocês. Eu e o Nóia agradecemos. <3
O relato que mais recebi foi da adolescência das pessoas, percebi que o medo/encantamento por ET foi algo que marcou demais essa época 1990/2000. Bom, basta olhar a estética das raves (risos). Teve gente me mandando vídeos obscuros, fotos de família com imagens de possíveis ovnis, e até prints de documentos da NASA! Enfim, quem é nóier não brinca em serviço…
Hoje em dia gosto de pensar que eles não são do mal, eu imagino uma turma de ETs aqui em casa, vendo filmes sobre ETs e rindo muito da nossa cara, gritando coisas do tipo "olha que ridícula essa cena, nada a ver com a gente!". Eu faria um brigadeiro pra eles, e eles todos louquinhos de açúcar pulando no sofá, sabe? Me sinto pronta.
Cumplicidade
Escrevo esse texto depois de um evento em que fui convidada a falar sobre cumplicidade feminina. Num dia, ou melhor, num ano em que essa tem sido a tônica da minha vida, eu diria. Hoje, saí de casa cedo para trabalhar e minha sogra ficou com o neto, meu filho. Deu café da manhã, arrumou e levou pra escola. Com amor, afeto, bagunça e vídeos de um neto alegre e uma avó babona.
Há duas semanas, saí de casa para viajar a trabalho e, pela primeira vez, meu filho teve uma crise de choro quando percebeu que eu ia viajar. Minha mãe me consolou: “vai dar tudo certo. Nós somos a prova disso”. Minha mãe viajou muito a trabalho, a Isabela criança se ressentiu tanto, tanto. A Isabela adulta entendeu, claro. Mas a Isabela mãe é quem realmente conseguiu olhar com admiração essa mãe que ia. Que bom que ela foi. Que bom que eu vou.
Eu tenho uma mãe e duas avós que são um trator de incentivo. Eu, filha única, neta única, fui mimada e amada de todos os jeitos possíveis — com muita treta envolvida, claro. Não foi só o amor que nos trouxe até aqui. Foi o olhar dessas mulheres que apostaram tudo naquela menina. Empenharam todo o amor, trabalho, afeto, orgulho pra gente caminhar juntas e dar certo. Não é prepotência falar que deu certo e pouco tem a ver com conquistas profissionais, financeiras, mas com autoestima, segurança e uma rede que nunca me deixou cair. Pelo contrário, sempre deu o impulso reverso pra eu subir ainda mais.
Essa semana, trabalhei loucamente na rua, em evento, ainda tem mais viagem a trabalho vindo. Eu não vou dar conta. Mas a gente vai. O pai, as avós, a tia, os avôs. Meus cúmplices não só no trabalho, mas principalmente na felicidade, segurança e no amor.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Neste segundo semestre, resolvi produzir algumas vídeo-aulas com professores de yoga e funcional para disponibilizar no meu canal do YouTube, o Bebeta Vambora.
Pensei em fazer esse conteúdo por ter percebido no meu grupo do Telegram, Bucinho Suado, que conteúdos de treino gratuitos e fáceis de fazer em casa é bastante procurado pelas pessoas.
Fui atrás de bons profissionais, tanto para darem as aulas quanto para produzirem (filmar, fazer som, editar e etc.) os vídeos. Investi dinheiro, tempo, carinho e dedicação nesses conteúdos.
Fiquei feliz com o resultado e com o "feito", mas depois que postei e não recebi um bom engajamento (curtidas, comentários pipipopopo), é como se tivesse automaticamente invalidado tudo o que produzimos.
É uma merda essa sensação, sabe? Por diversos motivos e camadas, quando isso acontece me pergunto se o material ficou ruim, ou se ficou desinteressante a minha condução… Me passam mil coisas na cabeça, e a autoestima nesse campo vai para a casa do tu sabe quem, rs.
Sei que likes e comentários em posts de redes sociais parecem ser algo superficial e besteira, mas de fato acabam me abalando e achando que estou no caminho errado do rolê (?).
O que será que determina um fracasso? O que determina se você deve mudar o caminho, ou não?
Bom, isso me parece pauta para a minha terapeuta, que retorna na semana que vem (BENZADEUSH!).
Beijinhos, sem carismers <3
Prós e contras de ser uma pessoa cronicamente online
Desde que a internet entrou na minha vida, ali pelo começo do século XXI, eu habito nela. Para quem cresceu longe das grandes cidades, a possibilidade de conversar com gente de outros lugares me conquistou. Eu não fazia ideia de que gostaria tanto de me comunicar com as pessoas, sendo que sempre fui tímida e quieta e morria de vergonha de puxar papo. Mas lá estava eu, teclando nos chats da vida e fazendo amizades.
Não saí desse ambiente desde então. Se eu consegui as coisas que tenho hoje, a maioria veio por causa da internet. Foi através do meu finado blog de resenhas que eu conheci o povo do mercado editorial e acabei me mudando para São Paulo. Fui conhecendo todas essas pessoas em fóruns, no Facebook e, principalmente, no Twitter. Se você não é uma usuária ferrenha dessa rede social, talvez seja difícil entender como ela moldou a maneira com que falamos e interpretamos textos nessa última década. Pode ser a rede social mais pobrinha de usuários, mas o que acontece ali dentro sempre reverberou — mais do que devia, acho.
Lembro que meus pais vinham com aquela preocupação inicial de "com que tipo de gente você tá falando aí, guria?", uma reação justa daqueles que, até então, tinham medo de se conectar e achavam tudo isso complicado demais. E eu não conseguia olhar para a internet com esse medo: pra jovem Taize, aquilo parecia uma libertação. Não estava mais presa aos limites geográficos da minha cidade. Era um lugar de possibilidades.

Mas o que não é o amadurecimento, né, menina? Se eu achava a internet linda lá em 2004, hoje o meu maior sonho é sair dela. O que eu tanto amava em estar online, que eram as conversas, os memes bestas, as curiosidades que encontrava, hoje desapareceu. Abrir o Twitter agora é puro estresse. Você quer leveza e entretenimento, mas encontra 10 brigas simultâneas em que todo mundo tá chamando o outro de pior ser humano possível pelo motivo mais idiota. Eu cheguei perto essa semana de desativar o meu perfil, mas não consegui, porque abrir o app já é automático.
O que mais vem tirando a vontade de continuar online é a necessidade que geral tem de falar merda sobre qualquer coisa como se fosse um grande especialista. É a galera que não sabe interpretar texto, como aconteceu esses dias com um músico que fez novela na Globo, que não gostou de uma atividade entregue à sua filha que falava sobre respeitar as diferenças – ele não foi capaz de entender uma redação feita para uma criança. A capacidade mental dele serviu meio que de termômetro pra todo o resto do site: essa é a situação em que as redes sociais nos deixaram: um povo que não sabe nem ler, nem entender.
Agora eu acredito mesmo que as redes sociais contribuíram para o emburrecimento da população. Ninguém sabe mais pesquisar uma informação sozinho. Ninguém lembra que existem outros recônditos online para visitar porque as redes ensinaram as pessoas que tudo o que importa acontece apenas dentro delas. Ninguém mais sabe dialogar, e nem eu mesma sei, porque ultimamente minhas interações no Twitter se resumem a xingar algum ser humano aleatório que falou uma atrocidade. Porque isso me desperta uma enorme raiva, e não consigo ficar quieta. E tô cansada de passar raiva.
Fico pesando os prós e contras de continuar cronicamente online, e ando encontrando mais motivos para desistir do que para continuar. Porque não tá mais trazendo alegria, e sim estresse. Mas quem disse que consigo largar a boa e velha rede mundial de computadores, sendo que toda minha adolescência e vida adulta foi passada nela? Se um dia conseguir, volto para contar, mas vai ser no formato newsletter.
Ps.: Eu não saberia viver sem o YouTube, onde mais encontro entretenimento atualmente. Dito isso, vejam o canal da Bebeta, vou fazer essa aulinha de yoga agora de manhã. ;)
Pod ouvir muito!
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
No É Nóia Minha?, Camila recebeu Manu Barem e Thiago Guimarães debatem as suas nóias de ETs. Dá o play!
No Ppkansada, nossas ppkers receberam as quadrinistas Bebel Alves, Carol Ito e Helô D’Angelo para um bate-papo sobre boys dodóis. Escuta!
E no Conselhos que você pediu, Isabela fala sobre autossabotagem. Bora ouvir!
Até logo mais, nos vemos por aí
Acabooooou mais uma newsletter. Mas não fique triste: se você quiser, podemos te acompanhar durante toda a semana. É só seguir nosso perfil no Instagram, acompanhar nossos podcasts ou nossas redes sociais, se te interessar.
Mas se não quiser tudo bem, uma vez por semana de interação por aqui tá bom também.
Ah, lembrando que neste sábado, dia 6/10 (também conhecido como AMANHÃ), Camila Fremder estará com Pedro Pacífico, o Bookster, na Livraria da Travessa do Shopping Villa Lobos, das 16h às 19h, falando sobre o livro desse nosso membro honorário sem carisma. Colem lá, viu?
Beijos, e até semana que vem (que vai ter feriado),
Camila, Isabela, Bertha e Taize
Lembretes de encerramento:
Vem seguir nosso perfil no Instagram que tem novidade todo dia.
Entre no seleto grupo Associação dos Camillers no Telegram.
Conheça a coleção Sem Carisma na Tangerina Moon.
Nossos caderninhos e adesivos Sem Carisma na Marisco.
E nossos ítens para o lar Sem Carisma na Cosí Home.
E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa.
Sou professora de Mídias e tecnologia para adolescentes e fico pasma que eles não sentem - ainda - esse desconforto com a internet e as redes sociais. Eu, em contrapartida, assim como vc e provavelmente a maioria das pessoas da nossa geração, segue cansada dessa vida online 24h. Parece até uma piscina de ondas que nunca desliga, vc quer sair, mas assim como no the Sims alguém deletou a escada da piscina. E estamos nos afogando nisso. Já tentei fazer um dia da semana totalmente analógico, mas é praticamente impossível.
O texto da Isabela representa muito o que tenho vivido atualmente. Sempre tive mais amigos homens, tinha interesses esteriotipadamente masculinos e muitas "amigas" me decepcionaram.
Depois de muita terapia, tenho me conectado mais, me aberto e entendido melhor o que é ser mulher e a necessidade de mulheres na minha vida. Achei algo raro. E é isso. Cumplicidade.