Respostas para perguntas chatas da família
A gente sabe que você está desanimado para a ceia de Natal, pois sempre tem aquele parente que, a cada ano, faz as mesmas perguntas. Perguntas que você não aguenta mais responder. Provocações que você nunca achou graça, mas chegou a ponto de nem conseguir forçar um riso falso.
Sem carismer, viemos te ajudar. Porque vestimos o manto da grosseria e pensamos em respostas diretas para essas perguntas — e, de quebra, conseguir uma inimizade familiar.
Use sem moderação.
Without Rizz
Desculpa, mas agora a gente tá na moda, não sei se vocês viram… Tá circulando aí a palavra do momento, “rizz”, que traduzindo pro português significa “CARISMA”!
Estamos internacionais, mesmo desprovidos de rizz, tá bom pra vocês?
Somos agora a Associação dos Sem Rizz, ok? Que sorte a nossa que sou praticamente uma gringa, completamente fluente. Pra ter certeza de que eu não tava louca, é lógico que fui confirmar com o Tui, e é isso mesmo. Agora além de atuais, estamos internacionais. Love u guys!
Mulher no volante, liberdade constante
Outro dia, no meu Instagram, levantei o assunto sobre dirigir. Confesso, nunca me senti muito confortável pra falar sobre isso, porque sempre achei um papo bastante patricinha. Quem pode pagar algumas centenas de reais em autoescola, quem pode comprar, alugar e sustentar um carro?
Mas tem outro lado que me interessa muito. Para quem está posto o direito de ir e vir em segurança e com autonomia? Definitivamente, não para as mulheres. Faz parte do pack da masculinidade aprender a dirigir. Com ou sem carteira, moto ou carro. Com 16 anos (ou menos), pais ou tios botam o adolescente da família atrás de um volante pra ensinar o que é coisa de macho. Para as mulheres, sobra depender dos homens por tempo demais até que consigam aprender por seus próprios caminhos, quase sempre sem apoio. Quanto simbolismo carrega precisar de (quase sempre) um homem para se locomover? A quem serve essa dependência?
Faço um corte pra dizer: é muito triste que a logística falida de transporte urbano tenha levado os carros particulares a serem uma das poucas alternativas viáveis e seguras de locomoção nas cidades. As grandes ainda contam com metrô ou trem, rede de ônibus. Muitas vezes insuficientes, ineficientes e precárias, mas estão lá. E nas cidades pequenas ou nos interiores? Não saber dirigir é quase uma sentença de confinamento, é dependência absoluta. Sem falar das camadas de poluição, combustíveis fósseis, o preço ainda delirante dos carros elétricos. Enfim, é um tanto desolador ainda ver a indústria de automóveis como solução de locomoção e autonomia. Mas é isso, nós aprendemos nas aulas de História, o Brasil escolheu rodovia à ferrovia. Tudo errado.
Eu lembro, quando mais nova, dos embates que tinha com minha mãe que preferia que eu voltasse das nights de madrugada de táxi ou uber. Eu sempre preferi ir e voltar dirigindo (sem beber, lógico). Nunca me senti segura em carros desconhecidos. Detesto a sensação de impotência de confiar num GPS de aplicativo e na fé de que alguém vai me achar qualquer coisa. O medo dela era de assalto, o meu, de tudo que um homem é capaz de fazer com uma mulher. Essa, sim, é uma escolha muito difícil.
Tudo isso pra dizer que, quando levantei esse assunto, recebi centenas de mensagens de seguidoras compartilhando suas histórias. De pais que nunca incentivaram a ex-marido que usa do argumento de que a mulher não sabe dirigir pra ser abusivo e dificultar a divisão de guarda dos filhos. De mulheres que tiraram a carteira, mas nunca perderam o medo, a outras que vão começar a aprender agora, depois dos filhos. Muitas com algum ressentimento de não ter tido apoio suficiente antes, com o ímpeto de tentar de novo, com a gana por mais autonomia na própria vida.
Volto ao começo. Quem pode bancar uma autoescola, um carro, uma moto, um tanque de combustível? Pouquíssimas. Mas ainda insisto que todas deveriam, ao menos, saber dirigir. Nunca se sabe a hora que o grito da autonomia precisará sair.
Livro não é coisa de rico (porque eles não leem)
A crença popular aqui no Brasil é que livro é coisa de rico. Coisa que já devo ter comentado aqui ou na outra newsletter que escrevo. Todo mundo acha o livro caro, inacessível, feito para "poucos". Pensamento totalmente errado, mas vá lá, nas condições econômicas atuais, tudo tá caro. Mas lá no fundo, no fundinho mesmo, a gente sabe que o pessoal acha é que livro não vale dinheiro, como se ele surgisse espontaneamente: é só escrever rapidinho, imprimir e tá lá.
Hoje a PublishNews divulgou os resultados da pesquisa Panorama do Consumo de Livros, feita pela Câmara Brasileira do Livro e pela Nielsen BookData, e uma coisa que os resultados mostraram é que livro não é coisa de rico, porque nem eles leem. Além do dado alarmante de que apenas 16% dos brasileiros consomem livros, o que mais chocou foi esse aqui: 66% das pessoas entrevistadas que fazem parte da Classe A não comprou um livro sequer nos últimos 12 meses. Ou seja: a maioria dos ricos não lê. E sabe o motivo? Disseram que não compram livros por causa do preço.
Pois é, a pessoa que gasta milhares de reais numa bolsinha Louis Vuitton breguíssima acha um livro… caro. Legal mesmo é ir, sei lá, ver e ser visto no Paris 6 comendo um prato superfaturado chamado Bruno de Luca. Mas o livro é caro. Ler? Pffff, ridículo.
E o foda é que rico gosta de se achar super bonzão, né? Se acham civilizados, dotados de grande cultura – adquirida em 300 viagens pra Disney. Se acham sábios, pois estudaram nos melhores colégios, os mais prestigiados. Mas convida um rico pra ir numa livraria pra ver como a pessoa fica perdida como se tivesse entrado em contato com uma tecnologia alienígena. Eu acho um completo absurdo gente que tem acesso a tudo não dar valor a uma coisa tão fundamental, e tão importante, quanto a leitura.
A maioria dos leitores brasileiros, pasmem, não fazem parte de uma elite endinheirada. Quem lê está na Classe C, essa sim com alguma razão em reclamar de preço, porque não há salário no Brasil que permita que o cidadão compre um livro por mês. Nossa remuneração é baixa, e nossos custos são altíssimos – meio que refletindo o que é o próprio mercado editorial.
O livro tem um custo, e não tem como baratear. A empresa que faz papel não tá nem aí pra leitura no Brasil, porque nas próximas semanas vai vir mais um aumento do papel que vai refletir em maior custo para as editoras e, claro, vai aumentar o preço do livro. Empresa essa muito rica, aliás. E os editores batendo cabeça para tentar manter o preço o mais baixo possível para alguém considerar querer comprar o que está sendo publicado. Mas as contas não fecham. O único jeito de diminuir os custos seria o que, cortar o salário de quem faz os livros? Aí não dá, né. Queria eu que cultura fosse essa coisa linda que se sustenta sozinha, sem dinheiro, mas ela não é.
Todo mundo gosta de falar que literatura é importante, que ler faz bem, que temos que apoiar a literatura, mas ninguém quer botar a mão no bolso pra isso, principalmente quem tem dinheiro. Quando uma "elite" trata os livros com tanta indiferença, que esperança podemos ter de que essa "elite" tenha o mínimo de bom senso? Não que a leitura transforme todo mundo em um arauto cultural, mas pô, rico tem meios, tem tempo, tem até uma poltrona linda de leitura na sala que nunca foi usada. Mas o livro é caro demais pra ele, tadinho.
Depois a gente fala que rico é brega e eles ainda têm a pachorra de ficarem putos.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
A gente por muito tempo acha que a nossa pessoa na vida vai ser a de um relacionamento amoroso, mas eu vou te dizer que não.
Minha pessoa na vida é com quem eu tive a sorte de nascer com algum laço de sangue, o meu primo.
E desde que éramos muito pequenos eu já sabia que ele era a minha pessoa.
Desde os cinco anos copiei seus maneirismos, as suas manias, o seu jeitinho, e assim que me entendi como uma pessoinha, eu segui com base em você.
Você me ensinou de algum jeito a me vestir, as músicas a ouvir, as piadas que eu ia contar e os amigos que eu ia fazer. Não (e nunca) de um modo impositivo, mas sempre de admiração.
Eu tenho muita sorte, porque a minha pessoa nessa vida nasceu sendo o meu primo de sangue. E eu desejo a todo mundo, desde que te conheci, que encontre essa pessoa na vida, para a vida fazer mais sentido e ser mais feliz!
Hora do podcast
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
No É Nóia Minha? dessa semana, Camila recebe a chef Rita Lobo e a criadora de conteúdo Carol Loback para falarem de gente passiva-agressiva.
No Ppkansada, nossas ppkers convidaram a ginecologista e obstetra dra. Marieta Sodré para falar tudo sobre a saúde das nossas ppks. Ouve aí!
E no Conselhos que você pediu, Isabela faz a seguinte pergunta: será que chegou a hora de arriscar? Descubra!
Um tchau derretido pelo calor
Gente, vamos fazer uma petição pra terminar 2023 HOJE? AGORA? Porque estamos só na primeira semana de dezembro e já deu pro nosso carisma. As condições climáticas atuais já são um bom motivo pra terminar o anos antes da hora. Pela nossa sobrevivência, sabe? Pra gente ter alguma coisa pra entregar em 2024.
Enfim, aceitamos dicas para enfrentar esse clima de inferno.
Beijos, hidratem-se bem, protetor solar no talo, cuidem-se
Camila, Isabela, Bertha e Taize
Lembretes de encerramento:
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A coluna da Taize foi exatamente onde penso: pq raios esses 66% existem? Aff 😒
Sobre o dirigir, que a Isabela escreveu, vivo o oposto com meu marido: não aprendeu a dirigir, e aos 30 e muitos, não vê mais sentido. Brinquei um dia perguntando como ia fazer um dia que eu passasse mal? "Chamo o SAMU, vão chegar mais rápido e já levam pro hospital direto!" Há, mizerávi...
A Taizze falando dos livros e os ricos me lembra da cena das adolescentes na primeira temporada de White Lotus, com livros filosóficos na piscina do resort só como acessórios.