Associação dos Sem Carisma #205
Coisas que uma mulher sem carisma não é
É, minhas sem carismers, chegamos ao dia mais difícil da existência de uma mulher: o nosso dia.
Entra ano, sai ano, a gente continua recebendo vergonhosas "homenagens" pelo Dia da Mulher, como se uma rosa e um Sonho de Valsa fossem resolver todos os nossos problemas. A gente tem sempre que lembrar a galera que o Dia da Mulher não existe porque somos mães carinhosas ou parceiras que seguram a barra. Ele tá aí pra lembrar que ainda estamos longe de sermos tratadas com a mesma consideração que os caras.
Pra essa galera, ficam aqui algumas coisas que nós, mulheres com ou sem carisma, não somos.
Aí eu vi vantagem
Eu tinha uns 8 anos e estava de férias lá em Águas de São Pedro. Minha avó e eu resolvemos descer no fim do dia para o centrinho da cidade pra dar uma volta. Chegamos lá, e na porta da farmácia tinha uma fila enorme de pessoas. Não aguentei e perguntei para o último da fila a razão de estarem por ali. "Balinhas. O dono da farmácia está dando balas para quem comprar qualquer coisa na farmácia dele." Ficamos eu e vó Cida plantadas na fila, é claro que não iríamos deixar essa oportunidade passar. Já que ganharíamos balas, minha avó achou por bem comprar um tubo de pasta de dentes. Em quinze minutos saímos felizes carregando uma pequena sacola, saboreando um docinho.
Até hoje sou assim, não deixo passar uma boa oportunidade, de balinhas a descontos, faço questão de saber todas as vantagens que estão disponíveis, e se você é como eu, fique ligado na semana do consumidor da Insider, além dos descontos maravilhosos, você ainda pode comprar uma roupa de qualidade e versátil para usar em muitas ocasiões, da academia ao almoço, passando pela yoga e terminando em uma reunião. Tem vantagem maior do que essa? Meu cupom é SEMCARISMA15 e te dá 15% de desconto, e se você juntar ele com todos os descontos do site, pode chegar em até 38%. De nada <3
Posso aproveitar a oportunidade de me mostrar linda? Segue galeria de fotos com a descrição das peças pra vocês buscarem no site:
Quanta história cabe em um HD?
Essa semana conseguimos extrair os arquivos de um computador da minha mãe que tava parado há quase 10 anos. Aquela CPU branca, com CD-ROM, auge dos anos 2000. Dentro dele, 100 GB de documentos, arquivos e milhares de fotos de 2004 a 2015. Fazia anos que eu queria esses arquivos, especialmente os de 2004 a 2008. Essa lacuna de tempo em que as fotos não eram mais analógicas e reveladas, mas ainda não existia tecnologia suficiente pra estarem em um HD externo, back-up ou nuvem.
Reencontrei fotos de viagens de férias, muitas tiradas de bobeira em casa com a excitação da novidade que era a cybershot, meu aniversário de oito, nove anos e as amigas que perdi o contato, e outras que ainda são muito próximas até hoje e adoraram rever a si mesmas quando pequenas.
Achei uma foto minha com a minha mãe no aeroporto em uma despedida pra viagem que ela faria à trabalho. China, 10 dias, 2004. Sabe Deus como a gente conseguia se falar. Mas ela foi, nós sobrevivemos e eu entrei numa viagem, agora como mãe, pensando o sacrifício e a delícia que é se ausentar um pouco da vida dos nossos filhos. Lembrei também de um desafio anterior, quando ela passou 21 dias nos EUA também à trabalho e estudo, quando eu tinha cinco anos. Essa foi dureza, eu lembro até hoje de como fiquei mal na reta final. Mas bom, sobrevivemos. Hoje eu sou muito orgulhosa da minha mãe ter sido essa mãe. Eu não sei se encararia, mas se surgir, tenho com quem me inspirar.
Cavucando mais, encontrei essa foto aí debaixo completamente perdida numa pasta de férias em búzios. São tantos detalhes fascinantes, juro, que foto maravilhosa. E lá fui eu numa viagem lembrando desse apartamento onde vivi minha infância, os sites que eu entrava, o barulhinho da internet discada (e os esporros quando minha mãe, no trabalho, tentava ligar pra casa e não dava linha, kkkk), do som de interferência que essa caixa de som fazia quando ligavam pro celular. Da Paciência, do Campo Minado, o site da Mônica, do Duende, os Neopets, o Fotolog, as 12 fotos do Orkut.
Vi centenas de fotos da minha avó Anna, falecida em 2012. Sem melancolia, só infinitos registros dela feliz e se divertindo. Ela pintava nas festas, viveu tudo. Um monte de gente que já morreu, outras tantas que nem lembrava, outras que perdi contato.
Mais uma vez, fiquei espantada com o tanto que meu filho parece comigo quando criança. Que coisa assustadora é a genética, que coisa linda é perceber meus traços todos nele. E que ótimo saber que nenhuma das hélices do DNA foram determinantes pro nosso amor e que os genes nada tem a ver com os laços de afeto.
Eu sou uma apavorada em perder minhas fotos. Minha memória não é das melhores e sinto que, se perdê-las, esquecerei boa parte da minha vida. Por isso, depois de ter um HD queimado e parcialmente recuperado, vivo de 1TB na nuvem com back-up no computador e mais HDs só pra garantir, rs. A coisa mais importante que a gente tem é a memória, gente. Eu queria tanto ter fotos, cartas, registros das minhas tataravós. Eu vou lembrar, mas quero que meus netos também vejam o que eu vi. Quero que daqui a 10 gerações alguém possa converter esses arquivos pra o formato que existir no futuro e pensar “quanta história cabe em um HD…".
É, menina, aceita a tua realidade
Lembram que eu falei que estou fazendo consultoria financeira? Pois então, continuo fazendo e tem dado muito certo. Não porque estou com mais dinheiro na conta, mas porque a análise semanal dos meus gastos me fez cair na real sobre a minha realidade em questão de grana. Eu nunca tive muita responsabilidade com meu dinheiro, comprando coisas sem pensar no impacto que isso teria no futuro próximo. O clássico: se eu não tivesse comprado esse vestidinho semana passada, não estaria passando aperto agora, sabe?
Pois agora eu penso nisso. Quando vi as reservas financeiras indo embora porque não consegui renda extra para guardar (ou seja, não entrou publi pro Ppkansada, rs), o desespero bateu e tive que sair do meu mundinho fantástico onde posso consumir coisas mais caras e comer nos restaurantes que gosto toda semana. Nem ficar pegando Uber como se eu tivesse um motorista particular. Sim, filha: sua classe social é aquela do transporte público, não tente fingir que é outra coisa. Você vai se alimentar a maior parte do tempo de PF e andar de metrô se quiser continuar vivendo aqui. São Paulo tem seu preço e ele é alto, então preciso gastar de acordo com o que tenho, e não com o que eu gostaria de ter (ou acho que vou ter caso uma publi apareça, POR FAVOR, MARCAS!).
Analisando meu comportamento com o dinheiro, vi também que há uma armadilha no ambiente em que vivo. Numa conversa online esses dias no BlueSky com uma amiga — a rede social dos ex-Twitters —, falamos de como é difícil acompanhar nosso círculo social da cidade grande quando viemos de um degrau abaixo da maioria da galera que já é acostumada a consumir coisas que nunca tivemos. Como ver shows, viajar, sair toda semana pra jantar em algum lugar legal, consumir tal e tal marca, tirar mini-férias no fim de semana. Essas coisas são comuns para a maioria dos meus amigos daqui, e quando botei o pé nesse "próximo degrau", fiquei deslumbrada, querendo fazer parte disso. E aí qualquer dinheiro que entrava era usado pra ir me afirmando nesse lugar, quando na verdade eu só tinha o bastante para me manter.
E pronto, caí na real. Eu poderia estar numa condição muito melhor agora se eu tivesse sido prudente no passado e não deslumbrada, mas agora o que foi feito está feito. O que me resta é cair na realidade de uma vez por todas e aceitar que, por enquanto, é isso o que eu posso fazer com o que tenho disponível. E só cheguei nessa conclusão porque fiz o que sempre evitei fazer, que é sentar, anotar o que tenho, o que gastei e ver pra onde o dinheiro está indo. Agora tô aprendendo a viver na minha realidade, e isso tá me fazendo muito bem.
Ah, e quero deixar o meu muito obrigada pra Claudia Navarro, que tá me ajudando demais nesse processo. Fica a indicação pra quem tá precisando cair na real também.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Modus Presentis
Nessa semana, dois dos meus irmãos fizeram aniversário. Um deles completa 50 anos, e chamou a família toda (meus 4 irmãos que estão no Brasil, meu pai e os sobrinhos) para fazermos uma viagem a Teresópolis.
Eis que o meu pai me ligou perguntando o que eu ia dar de presente para o meu irmão. Achei fofo, porque o meu pai NUNCA DÁ PRESENTES, tipo, NUNCA MESMO. Em datas como aniversário, Natal e etc., muito menos.
Falei que ia dar um conjuntinho de malhar pra ele, que ele tá na onda do BEACH TENNIS E PÁ, KK, e meu pai se empolga como se tivesse acabado de ter uma ideia brilhante: EUREKAAAAAAAA!
- Vou dar uma Bagaceira para o Flávio!
- Mas, pai, o Flávio nem bebe ou gosta.
- Ué, mas eu gosto, e aí quando eu for pro Rio visitá-lo, eu já tenho o que beber.
PRESENTEIE O OUTRO PENSANDO EM VOCÊ SIM!!!!!!!!! - EMOJI DE JÓIA DE PAI AQUI
Bem que eu tinha achado estranho mesmo esse lance de dar presente…
Seleção de podcasts
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
No mês de março, Camila usa todo o seu carisma para promover um grande Match de Amizades entre mulheres incríveis. E no primeiro episódio, esse encontro é com Roberta Martinelli e Amanda Ramalho. Aliás, esse episódio do É Nóia Minha? tem apoio de Luna Ousadia, da Natura, e você pode assistir!
Cansada de ser guerreira? Então vem ouvir esse episódio do Ppkansada, pois Bertha, Isabela e Taize falam tudo sobre o que a gente está cansada de ter que performar. Dá o play!
Para os fofoqueiros de plantão, tem mais treta familiar pra Camila e o Pedro Pacífico comentarem. Ouve aí E os namoradinhos?.
E no Conselhos que você pediu, Isabela fala sobre o papel do álcool nas nossas vidas. Importante ouvir, hein!
É hora de dar tchau
Aaaah, se a gente tivesse cabeça a essa altura da semana, com certeza dava para escrever muito mais aqui. Mas em plena sexta-feira a gente só pensa no quê? Em encerrar o expediente e fechar a agenda social para descansar.
Então aproveitem, porque nós aproveitaremos nossas casinhas sem dó.
Beijos cansados, mas carinhosos,
Camila, Isabela, Bertha e Taize
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