Associação dos Sem Carisma #207
Novos feriados para salvar o carisma
Ok, na próxima semana é Sexta-feira Santa e teremos feriado. Mas 2024 está meio fraco de datas comemorativas com aquela boa folguinha — feriado prolongado, então, nem se fala. E que tal se a gente estabelecesse novos feriados para salvar nosso carisma até o próximo ano?
Aqui vão as nossas sugestões.
Ela vem de dicassshhh
Quando eu li o nome do documentário, eu juro que achei meio apelativo, sabe? Pensei comigo mesma "nossa gente, também não precisa apelar…", mas eles tinha razão, realmente ele só poderia se chamar: A Estarrecedora História de Indrani Mukerjea. Tudo é completamente estarrecedor. É tanta virada de jogo que você começa a achar a vida marota demais. Vou tentar não dar muito spoiler, então vou jogar mais ou menos aqui o que espera vocês. Bom, tem o típico momento novela mexicana de “ela não é sua irmã, ela é sua filha”, tem assassinato, tem herança, tem ex-marido misterioso, enfim, uma grande pira.
Tá lá na Netflix e eu assisti numa sentada os quatro episódios. Aliás, eu acho mais fácil assistir de uma vez, porque é tão rocambolesco que se eu tivesse dormido entre algum episódio, eu iria ter ficado meio confusa. Dá o play aí e depois me conta.
Tsunami
Esse ano começou caótico. Quer dizer, janeiro ainda deu pra passar. Do Carnaval em diante, pareceu um rolo compressor. Não vou entrar em detalhes de todos os problemas que caíram como uma bigorna sobre a minha cabeça, mas caíram. Durante duas semanas, eu agi naquele modo automático: não dá tempo de ficar triste, eu preciso resolver. Acumulei trabalho com burocracias, reuniões, investigações num looping infinito. Eu já me conheço, uma hora a conta chega.
Chegou. Eu fui sentindo o emocional se apertando. A adrenalina dos problemas foi passando, o nó na garganta aparecendo e sumindo, uma ansiedade como nunca senti chegou com taquicardia, dor de barriga, formigamento e tudo que teve direito. Depois, a deprê e todas as lágrimas que não tinham dado as caras. Eu fiz o que aprendi a fazer nessas horas, me entreguei. Chorei por 24h, sem grandes explicações ou motivos. Eu não tinha nada de novo, só um débito a ser quitado com meu emocional.
No dia seguinte, acordei melhor e estou oscilando. Uns dias bons, outros sem energia. Mas parei de chorar e continuo sem a cafeína que cortei pra segurar a ansiedade. Montei minhas estratégias: adiei os trabalhos adiáveis, comi o que quis, não malhei quando não tinha disposição, malhei quando senti que me ajudaria, comecei a assistir uma série nova, terminei de pintar as paredes do quarto do meu filho, avisei ao meu marido que precisava de mais atenção.
Escrevi isso pra lembrar quem está lendo que a conta chega. Às vezes a gente precisa mesmo sufocar as emoções pra resolver problemas, operar na racionalidade, atravessar um momento caótico. Mas reserve um tempo depois pra deixar o tsunami chegar, te arrasar, tirar o peso do peito e ir embora. Faz bem.
Para o Nonno
Morte, né. Desde criança eu já pensava nela, no momento em que eu não teria mais avós, que não teria mais meus pais. Sempre que esse pensamento surgia, eu soltava lágrimas e me consolava dizendo que isso demoraria a acontecer. Segunda-feira, aconteceu.
O seu Roque Odelli, meu avô paterno, o Nonno, morreu na casa de uma das minhas tias em Witmarsum cercado de familiares. Meus pais já tinham ido para lá no sábado porque a saúde dele piorou bastante. Já foram dar aquele último beijo nele sabendo que não demoraria muito pra ele descansar. Todo mundo estava se preparando pra isso, e durante a madrugada, a respiração dele foi ficando mais calma, mais serena, até parar. E aí acabou. Meu Nonno morreu.
Não pude me despedir dele, porque nem teria como chegar a tempo para o velório. Minha mãe falou que ele estava bonito no caixão, apesar da aparência dele nos últimos dias de vida não ser boa. Segundo ela, minha Nonna deu um último beijo nele dizendo como ele estava lindo. Eu não estava lá para ver, mas minha mente já formou essa imagem e choro só de pensar nela, não só pela tristeza da perda, mas porque é uma cena bonita de despedida. Cada um encontrou uma maneira de dar seu adeus, e eu, aqui de longe, só posso me despedir escrevendo.
Roque foi agricultor a vida toda. Teve 10 filhos, o mais velho morreu antes de poder crescer, um trauma que sempre pairou sobre a família, mas de forma velada — dói relembrar. Meu pai foi o segundo filho, o que acabou herdando o título de "mais velho". Ainda criança, Roque perdeu o pai, morto por um vizinho. Casou jovem com Maria, viveu sempre na casa da antiga Nonna, casa que está de pé até hoje, mesmo que modificada. Plantava fumo, feijão, milho, arroz, cuidava de todos os animais, sempre fazia piadas, sempre com seu tamanco de maneira arrastando os pés pra cima e pra baixo. Tocava sanfona enquanto minha avó cantava nas festas da família. Fumava palheiro, e lembro de ele ter me dado um traguinho quando eu deveria ter uns 8 ou 9 anos – achei horrível. Todo dia antes do almoço, tomava um copinho de pinga, assim como uma cuia de chimarrão.
Lembro dos passeios no Corcel II amarelo que ele tinha, lembro de ficar acompanhando ele na plantação de fumo, de ir ajudar a tratar os peixes na lagoa, e depois levar a lavagem para os porcos no chiqueiro. Foi um exímio jogador de Canastra e Bocha, toda reunião familiar tinha que ter ele jogando, muitas vezes em dupla com a Nonna ou com o meu pai. Lembro da carroça em que levava a gente até a roça, adorava subir nela, apesar do medo de cair. Quando era hora de almoçar ou jantar, ele aparecia na frente da TV e trocava de canal como se a gente não estivesse prestando atenção. Amava música caipira, gaúcha, sertaneja. Ele tinha um jeito serelepe, e meu pai herdou isso dele. Aliás, de todos os filhos, meu pai é o que mais se parece com ele. Ele foi o nonno de 12 netos, uns já chegando na casa dos 40, alguns ainda criança.
É estranho pensar, agora, que ele não está mais aqui. Que o momento que eu temia chegou, e que agora outros momentos assim virão. Já tive várias perdas na família, ano passado, inclusive, um dos filhos de Roque morreu numa tragédia que me deixa revoltada até hoje. Mas quando um avô ou uma avó se vão, pra quem sempre teve essas figuras por perto, é um momento que marca a passagem do nosso tempo. É agora que você entende que, daqui pra frente, mais despedidas irão acontecer.
Então, pra me despedir, só quero dizer que te amo muito, Nonno, e sempre amei (mesmo com as brincadeiras bestas sobre arranjar marido e as insistências para ir na missa de Natal). Obrigada por ter cuidado de mim, a sua primeira neta. Espero te ver de novo de alguma forma, porque eu sei que você tinha muita história para contar, e não ouvi nem metade delas. Pode aparecer nos meus sonhos, quiçá – porque se essa coisa de fantasma existir, eu vou me cagar de medo. E afina bem a sanfona aí, que uma hora vou querer ouvir ela mais uma vez.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Travei uma luta contra o meu próprio organismo há mais de um mês, onde ele dava sinais de abatimento, aquela coisa meio pressão baixa, mas eu fui maior e disse: HOJE NÃO, FARO!
Consegui ir me vencendo à base de tylenol sinus, muito anti-inflamatório, e tirando tudo da minha caixola. Nada que me abalasse e me tirasse as SAÍDAS e OS PRAZERES DE CARNE QUE ME FARIAM GASTAR MAIS ENERGIA E SAÚDE.
Mas essa semana ele me venceu, ontem fui fazer bike e fiquei embaixo do ar-condicionado. Sim, foi a combinação de bike + ar-condicionado, e não todas as festas, cachaças e cigarros por aí.
E pah, eu caí. Fiquei com muita dor, de cama e precisei ser medicada de forma PROFISSIONAL E ASSISTIDA, como todas as pessoas deveriam fazer.
Tem horas que a gente tem que parar de mentir para si mesmo.
Para ouvir
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Olha esse match! Camila chamou Dandara Pagu e Renata Vanzetto para mais um encontro de novas amigas no É Nóia Minha?. Vem ver!
Uma era chega ao fim! Na sexta-feira passada foi ao ar o último episódio do Ppkansada. Bertha, Isabela e Taize se despedem das ppkers, mas já com aquele gostinho de “o que vem aí no futuro"? Bora ouvir!
Só tem treta no E os namoradinhos?, e o episódio dessa semana está demais.
Aquele dilema que hora ou outra assola os casados: casamento tem que ter tesão, ou uma coisa não tem nada a ver com a outra? Bora ouvir no Conselhos que você pediu.
Encerrando com carisma e cupom
E chegamos ao final de mais uma edição da Associação dos Sem Carisma. Mas antes de ir embora, vamos falar de coisa boa? Vamos dar cupom? Vamos usar descontinho porque somos CONSUMIDORES que gostam de aproveitar uma boa pechincha?
Desde o início do mês a Insider vem apoiando nossa news, e quem me acompanha lá no Instagram já sabe que as peças super confortáveis e tecnológicas da Insider fazem parte do meu guarda-roupa. E uma dessas peças é o Motion Shorts, nosso bom e velho shortinho biker, mas com a qualidade que eu amo da Insider: com tecido tecnológico de alta cobertura e ultra respirável, evaporando suor rapidamente. Além disso, não fica nenhuma transparência quando você agacha ou faz outros movimentos, e tem um bolso com tamanho ideal pra você colocar seu celular — e você sabe como valorizamos os bolsos aqui. É boa pra fazer exercícios ou usar no dia-a-dia, olha só como fica perfeita!
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Agora sim, podemos descansar dessa semana que nos arrancou o suor que nem sabíamos que existia dentro da gente. Acabou o verão, e já estamos prontas para a brisa geladinha de outono.
Aproveitem vossos fins de semana, e até semana que vem!
Beijos,
Camila, Bertha, Isabela e Taize
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Taize, que texto lindo!
Me emocionei ao lembrar da minha avó enquanto você compartilhava as lembranças do seu Nonno. Você descreveu perfeitamente esse sentimento que eu tenho (e ainda não tinha conseguido entender) de que a porteira das despedidas se abrem de depois que perdemos um avô.
Que os momentos de amor e alegria que você teve com o seu Roque conforte seu coração.
Um beijo
Apoiamos demais a criação do dia da exaltação dos humilhados. Na falta de um dia das crianças, das mães e dos pais (já que não pertencemos a nenhuma dessas categorias no momento), precisamos de um feriado pra chamar de nosso.