Associação dos Sem Carisma #211
Outras maneiras de dizer que estamos cansadas
Talvez os mais jovens não lembrem, mas nos anos áureos do Twitter, Luciana Gimenez vivia dizendo que estava cansada. Ou very tired. Mas aqui nesta associação nós somos artistas da palavra, e preferimos outras formas de exaltar nossa vitalidade de pressão baixa.
Sabendo que você está cansada, cansado e cansade provavelmente todos os dias, aqui vão ideias de novas maneiras de dizer que está acabado sem precisar repetir a mesma coisa sempre.
O ex, o atual e o Selton Mello
Bom, eu basicamente estou aqui apenas pra receber elogios, porque num intervalo de uma semana eu consegui expor meu atual e meu ex no podcast. Quem mais faria isso? Agora estamos os três rindo muito, primeiro porque vocês sempre acharam eles um a cara do outro, mas agora noiaram que o Tui tem a mesma voz do Selton Mello, COISA Q EU NUNCA TINHA REPARADO!!!
Faz quinze dias que meu analista me deu alta, será que seria o caso de eu pedir uma sessão extra? Fica ai a questão…
Agora tchau, que hoje é niver do Codré e eu tô em Buzios sem crianças, hoje tem. Bjs.
Descansar é preciso!
Eu estou uma entusiasta do descanso, uma panfletária, quase um outdoor ambulante: DESCANSEM! Desde que passei o primeiro ano do meu filho com ele em casa, praticamente sozinha, trabalhando, e tive o tal burnout materno, eu aprendi que precisava descansar. Como num treinamento, fui me dedicando e voltando a respirar depois do puerpério. Com o tempo, tenho ficado boa em entender os sinais do meu corpo e as nuances e diferenças entre o descanso físico e o mental.
Depois que instituí o descanso como parte de uma vida saudável, fica cada vez mais assustador ver como as pessoas não se permitem parar. Quase sempre, são paradas. Por um burnout, uma doença, uma coluna que trava, um choque de realidade. Nos últimos tempos, dois livros e dois movimento me acenderam ainda mais para esse assunto. Os dois livros são pauta do episódio desse domingo do meu podcast Conselhos que você pediu. Modéstia à parte, imperdível. Seguem as indicações:
No livro A vida não é útil, o mais recente imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, faz uma crítica muito dura à visão utilitarista que muitos de nós temos de nossas vidas. O capitalismo pressiona: tudo precisa girar em torno do trabalho. Qualquer outro tipo de distração, lazer, atividade que não sirva ao enriquecimento é perda de tempo. Ailton reforça como os povos indígenas nutrem a ideia de que a vida não precisa ser útil o tempo inteiro. Ela pode ser só a vida. Coisa linda!
Outro livro que estou lendo e a-pai-xo-na-da é O elogio ao ócio, do Bertrand Russell. São 15 ensaios em que ele fala da importância do ócio, do conhecimento “inútil”, defende a jornada de trabalho de quatro horas (!!!), critica o sobretrabalho e o pouco tempo para o lazer. É um livro mais cabeçudo. Alguns ensaios falam de regimes políticos, políticas públicas, tem bastante argumentação, mas vale a pena demais. Eu tô fascinada.
O Nap Ministry (Ministério do Descanso) é o movimento fundado pela ativista, poeta, mãe e mulher negra Tricia Hersey em 2016. Ela resgata a história da escravidão e do trabalho forçado à exaustão e reivindica que, para pessoas negras, o descanso é revolucionário e resistência. Pode parecer bobo, mas a reivindicação é seríssima. Tem a ver com humanizar pessoas negras, afastar todas as consequências negativas na saúde e na relação que a exaustão crônica pode trazer e busca reparação e justiça social.
Por último, mas não menos importante, tenho acompanhado no Instagram a Maíra Blasi (@mairablasi), especialista em futuro do trabalho. Ela é uma das fundadoras do movimento “Direitos Descansistas” (@direitosdescansistas), que reivindica o direito das mulheres de descansar. Sim, é direito! O repouso está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Mas, né? Quem pode? Quem consegue descansar?
É isso, sem carismers! Se estiverem precisando recusar mais um convite, dá pra argumentar profundamente que você realmente PRECISA descansar. Descansem!
Chega de trend
Tava assistindo Diva Depressão essa semana e postaram um vídeo avaliando as trends de casais no TikTok. Como uma mulher hétero, tenho que dizer que morro de vergonha da classe. É tão brega, tão sem sentido, tão vazio. Uma das trends consistia, inclusive, no cara "fingir" que "avançava" na mulher pra ameaçar ela e gravar a reação. Que grande bosta! Muito engraçado fingir que vai bater na mulher pra filmar. Se um cara fizesse isso comigo, era tchau e vai pro inferno na certa.
Mas fora a vergonha que os casais héteros proporcionam — gente, vamos melhorar? —, minha crítica vai ao próprio conceito de trend. Eu já tentei usar o TikTok várias vezes, mas não duro muito tempo lá porque é uma rede social toda baseada em tendências que vão durar um ou dois dias, no máximo. E é um conteúdo repetitivo, vazio, cansativo de ficar vendo. Porque são sempre as mesmas músicas, o mesmo texto, os mesmos gestos. Canso logo e fecho o app para abrir meses depois só se for necessário.
Falta originalidade, falta criatividade, falta tudo o que uma rede tem que ter de conteúdo bacana para ser interessante. Mas eu entendo o apelo, porque o jeito mais fácil de "consumir" conteúdo é quando ele é rápido, raso e repetitivo. Você não precisa ativar seus neurônios pra entender o que está acontecendo. Nem precisa pensar demais pra fazer seu próprio conteúdo, já que basta repetir o que está sendo feito – e quanto mais você repetir, em volume mesmo, mais o TikTok vai te recompensar. Só que, ao fazer isso, você corre sérios riscos de desaprender a usar os neurônios.
Ok, eu sou já uma velha da internet, eu sou aquela que lia blogs e escrevia blogs, eu sou aquela que está aqui, a cada semana, metendo um textão. Claro que vídeos de 30 segundos com dancinhas no TikTok não fazem a minha vibe. Mas o que me incomoda mais mesmo é essa noção de cópia incessante de conteúdo, coisas bestas e sem sentido que serão esquecidas na próxima semana conforme uma trend surge. E muita gente não percebe como as redes sociais moldam a nossa cabecinha, porque ela vai se adaptando à lógica que essa rede apresenta pra gente. Imagina, ter um cérebro tiktokizado, incapaz de se concentrar em algo um pouco mais elaborado?
Mas a internet hoje tá caminhando pra isso: uma enxurrada de tendências novas que se reciclam e desaparecem, que estimulam interações duvidosas, que não agregam nadinha ao seu dia além de mais 30 segundos perdidos para algo que você não vai lembrar depois, porque outra tendência acabou de aparecer. A nova trend podia ser parar de fazer trend.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
a apatia de terminar com um ficante
já é uma lista tão extensa de términos com ficantes longos, de um “quase algo”, que acho que não sinto mais nada.
essa semana mais um foi embora, mais um foi de arrasta, kK, e eu sigo sentindo que só eu fico. só eu fico com tudo o que ouvi e acreditei, com tudo que idealizei diante disso, com tudo o que senti, sozinha.
é maluco porque eu decidi, tomei a iniciativa de cortar mais essa relação, cortar esse ciclo. mesmo depois de um tempo insistindo em algo que eu já sabia que não ia dar certo, que não tinha nada a ver (((( mona, você é maluca??? a resposta é sim.
mas depois de tanto tempo sozinha, e tentando entender o mundo dos relacionamentos e dos dates, a gente acaba se iludindo, deixando ir, deixando passar, pensa em agir diferente dessa vez, esperando que no final as coisas possam mudar, podem dar certo.
só que não deu, mais uma vez. e eu acho que não deu e eu tive que botar meu limite justamente por saber o que eu quero e espero de uma relação e uma parceria.
acho que dessa vez eu não senti nada ao botar um fim, porque eu já sabia que não ia ser nada, e que não era isso que eu queria, ou merecia.
estou cansada disso e de me sentir assim? estou, tanto que estou apática.
Podouvire
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Teve mais comemoração de aniversário do É Nóia Minha?! Dessa vez, Camila chamou a velha guarda do Camilaverso, Jana Rosa e Antônio Lee, para abalarem a podosfera. Dá o play!
Bora ouvir mais causos de família no E Os Namoradinhos?
No Conselhos que você pediu, Isabela falou sobre treta de vizinhos — nunca queira fazer parte de uma.
E no Sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa, a Taize soltou mais um episódio do podcast comentando os assuntos quentes de abril. Vem ouvir um trecho!
Hora de aproveitar Búzios
E aqui fica mais uma edição da Associação dos Sem Carisma. Espalhe essa newsletter para quem você quiser, faça a palavra da nossa associação reverberar por aí.
E agora, deixa eu aproveitar Búzios, que já fiz muito essa semana e mereço esse descanso.
Beijos,
Camila, Bertha, Isabela e Taize
Lembretes de encerramento:
Vem seguir nosso perfil no Instagram que tem novidade todo dia.
Entre no seleto grupo Associação dos Camillers no Telegram.
Siga o canal do É Nóia Minha? no YouTube.
Conheça a coleção Sem Carisma na Tangerina Moon.
Nossos caderninhos e adesivos Sem Carisma na Marisco.
E nossos ítens para o lar Sem Carisma na Cosí Home.
E vem aqui conhecer o livro Quibe, a formiga corajosa.
Não consigo usar o tiktok também, únicos vídeos que me “pegam” são os de espremer espinhas e cravos 🤭 mas não por muito tempo também
Também acho conteúdo de tiktok completamente dispensável. Chato e repetitivo.