Desculpas para ser sem Sem Carisma no frio
Se você mora no sul, sudeste ou em algumas partes do centro-oeste do Brasil, você deve estar sentindo um friozinho no ar. Aquela quedinha de temperatura gostosa que imobiliza a gente dentro de casa, fazendo destes um dos climas mais apreciados pelos sem carisma. A previsão do tempo desta associação apresenta, então, desculpas para usar quando está frio.
Eu vacinei!
Por Isabela Reis
Nem acredito. Parece que vivi uma experiência sobrenatural. A sensação de finalmente se vacinar no meio de uma pandemia liderada por um genocida que é contra a vacina é mais ou menos essa. Só pode ser um milagre!
Desde que engravidei, mais especialmente depois que Martin nasceu, eu entendi a frase “mãe perde até o direito de morrer”. Eu nunca tive problema ou medo ao pensar na minha própria morte, mas depois que tive filho, só consigo pensar que não quero que ele cresça sem mãe. A gente vira a chave na autoproteção. Eu passei a calcular muito mais os riscos, temer muito mais qualquer tipo de acidente, dirigir mais devagar. Há um mês e meio, tive uma crise de cálculo renal que me levou para a emergência e eu só pensava “não posso ficar internada, meu filho ainda mama no peito, não tem leite congelado suficiente”. Quando tive covid em abril, no dia do teste positivo, perguntei ao Raphael, meu marido: “você acha que devo estocar leite para se eu precisar ficar internada?”.
E veja, eu acho importante pensar em todas as circunstâncias. Detesto esse otimismo acima de tudo, pessoas que acham que sempre TUDO vai ficar bem, nada NUNCA vai dar errado e que é à prova de tudo. Eu me preparo pro pior, tento encarar as possibilidades de desgraça para me antecipar a elas. Acho saudável. Mas é igualmente cansativo.
A gente só pensa merda. Eu já pensava muito em tragédia antes de ter filho, mas depois é um caos. Passo boa parte do dia tendo lampejos de todo tipo de desgraça que pode acontecer. Quando ele não dorme bem, fico irritada. Quando vejo no visor da babá ele apagado no sono sem mexer um músculo há horas, vou lá ver se ele tá respirando.
Medos, preocupações, pessimismos à parte: Vacinei! Não existe guerra vencida ainda, mas a sensação é que triunfei sobre a primeira grande batalha. É alegria com raiva. Muita raiva. É muito provável que você que esteja me lendo tenha perdido alguém para a Covid. Eu sinto muito. Muito mesmo. Algumas pessoas muito queridas para minha família também morreram para uma doença contra a qual já existe vacina há quase um ano. Te abraço porque é muita raiva, é muita indignação, é muito descaso. A missão é nos mantermos firmes, vacinadas para assistir a cada segundo da queda desse genocida e sua corja. A possibilidade de assistir o definhar desses homens maus é meu alimento dia e noite. É também para assistir a isso que eu preciso e quero viver.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Dia desses, escrevi no meu bloco de notas assim:
EM QUE MOMENTO A GENTE QUEBRA?
Bem assim mesmo.
E sempre que escrevo no meu bloco de notas é para me lembrar de desenvolver a ideia aqui com vocês, sem carismers.
Fiquei pensando o que me levou a esse pensamento, porque sou lesada e realmente não me lembrava do que se tratava essa indignação.
Mas refletindo sobre, e também olhando para o meu momento atual, pensei no quanto a gente vai ficando cascudo com a vida e as situações da vida adulta, o mundo ao nosso redor.
Por exemplo, hoje eu estava no Uber indo para o estúdio gravar PPKANSADA, e uma pessoa estava contando a sua história de vida no farol, como acontece com tantas outras no nosso dia.
Esse homem precisava de dinheiro para pagar um tratamento no pulmão. Fiquei sensibilizada, claro, e logo fui falar com o cara.
Procurei dinheiro na carteira e não tinha (eu acho que não saco dinheiro faz um ano, sei lá), mas olhei nos olhos dele e falei que desejava sorte e que ele conseguisse realizar o seu tratamento para ficar bem logo, e que infelizmente eu não conseguiria ajudá-lo agora.
E o que é muito louco é que assim que parei de falar com esse homem, o motorista do Uber me questionou se eu sempre me sensibilizava assim com moradores de rua, ou com pessoas pedindo dinheiro.
Eu disse que sim, que pensava no que estavam passando, as suas histórias e contextos.
O motorista começou a me fazer diversas perguntas, e dizer que já estava calejado com essas histórias, e que existia a Lei da Atração (O Segredo kkkk). AS PESSOAS AINDA LEMBRAM DISSO E LERAM MESMO ESSA MERDA? KK "QUEM QUER ATRAI".
Ou seja, se você quer sair disso, é só querer e atrair. AH TÁ BOM, VOCÊ VIVE AONDE AMADOH?
Comecei a falar que não achava que era bem assim, por fim o motorista começou a me contar que ninguém olhava nos olhos dessas pessoas e se quer trocavam uma palavra, nem ele.
Não estou querendo me colocar num lugar de NooooSa elAH eh HumANA, MAS É ISSO NO FIM! KKK
Em que momento a gente quebrou e perdeu a nossa humanidade?
Em que momento começamos a tratar outres como invisíveis e sem ao menos olhar dentro dos seus olhos?
Posso estar romantizando essa merda toda, mas tá uma merda para todo mundo e não custa nada olhar nos olhos de alguém e tentar enxergar essa pessoa e tratá-la como outra, assim como é.
Entenderam? Kk
Beijinhos científicos,
Bebetinha
Vamos voltar a falar de livros?
Por Taize Odelli
Faz tempo que não indico leituras aqui, e fiquei com saudades.
Foram muitos textos bad vibes e raivosos — porque brasileira, né — nas últimas edições, então hoje quero oferecer aqui algum entretenimento — e, quiçá, alienamento. Não que eu queira que vocês sejam alienades, muito pelo contrário. Mas não dá pra viver só na raiva, né?
Pensei em indicar alguns lançamentos que chegaram ou estão chegando, pois o mercado editorial continua aí, capenga e publicando — pensou que eu diria firme e forte, né? Kkkrying.
Anotem, que é só coisa fina.
Kentukis, de Samantha Schweblin
Aqui a tecnologia e o voyeurismo é levado para outro nível. Pessoas compram fofíssimos bichinhos de pelúcia que na verdade são robôs espiões, e elas sabem disso. Os kentukis são dispositivos com câmeras controlados remotamente que espiam tudo o que você faz. Se você tem um kentuki, em algum lugar do mundo tem alguém controlando ele para observar seus passos. O que Schweblin faz nesse livro é mostrar diferentes pessoas que são observadas ou estão observando a intimidade alheia através deles, abordando os limites da tecnologia e da privacidade. Lança em agosto.
O essencial de Perigosas sapatas, de Alison Bechdel
Alison Bechdel é a autora de Fun Home, um classicão dos quadrinhos, e esse livro reúne as melhores tirinhas de um grupo de amigas lésbicas publicadas em mais de 20 anos. Selecionadas pela própria Bechdel, as tirinhas vão mostrando como as personagens se conhecem, relacionam, brigam, casam, enfim, isso tudo em "tempo real", acompanhando as mudanças políticas e sociais desses anos todos. Lança agora no começo de julho.
O encantador de pessoas, de Liv Soban
Conheci esse livro através da própria autora, que me chamou para ajudar na divulgação dele. E olha, é daquelas leituras que te dão um abraço, principalmente nos tempos atuais. Liv faz uma homenagem a seu pai, que perdeu há poucos anos para o câncer. No livro ela relembra o relacionamento próximo e único que tiveram, conta como foram os últimos dias de vida do pai e o que fez para que ele tivesse o melhor fim possível. É bonito, é triste, é engraçado, é um jeito diferente de se olhar para a morte e expressar o amor por alguém querido. Acabou de lançar.
Todos os contos, de Julio Cortázar
Saiu um box lindo lindo que reúne todos os contos do argentino Julio Cortázar, um dos autores que mais curto. Meu preferido, até agora, é "A autoestrada do Sul", em que narra como um engarrafamento na entrada de Paris durou tanto tempo, mas tanto tempo, que os motoristas parados criaram uma sociedade própria. É engraçado e meio assustador, porque vejo isso facilmente acontecendo aqui em São Paulo, rs. Para quem gosta de contos, gosta de Cortázar ou quer conhecer Cortázar, é uma dicona. Lançamento fresquinho.
Noites e dias desconhecidos, de Bae Su-Ah
Para quem curte histórias doidas, vai nesse aqui. Bae Su-Ah é sul-coreana e aqui narra a história de uma atriz de teatro para cegos que foi demitida e começa a perambular pelas ruas de Seul, enquanto coisas esquisitas vão acontecendo. É isso o que sei sobre o livro, e fiquei afinzona de ler — está na lista! Já tá nas livrarias, viu?
Pequena enciclopédia de seres comuns, de Maria Esther Maciel
Pensa num livro bonito. É esse. Maria Esther Maciel descreve com erudição e ironia seres reais ou imaginários. Ela fala de Marias, de Joões, de viúvas e de seres híbridos de um jeito muito legal. É aquele livro para ler devagar, por mais curtinho e breve que seja, e ainda tem ilustrações lindas. Presentão que saiu há alguns meses.
Aí estão as indicações da vez! Leiam sempre que der, vai ajudar a desopilar, prometo. <3
Você pede e eu te dou — dicas
Dicaize
Eu não sou uma pessoa lá muito de séries, mas comecei a ver no fim de semana Loki, da Disney+. Também não sou das pessoas fãs de super-heróis e afins. Mas adoro o Loki. E Tom Hiddleston. Então a presença de seu ser belíssimo já vale para assistir.
Gosto de Loki pela ambiguidade, pelo humor, pela cara de pau, pela ironia. Ah, é o mais divertido de todos da Marvel.
A série mostra o que aconteceu com Loki após ele sumir quando estava prestes a ser preso — o que aconteceu durante um retorno no tempo para salvar o mundo do Thanos, lá no último Vingadores. Pois sim, a série trata de viagem no tempo, e esse é outro tema que eu curto bastante. Essa "fuga" alterou a linha temporal principal e ele acaba se unindo à firma burocrática dos Guardiões do Tempo para capturar ele mesmo. É doido, é legal, é Tom Hiddleston!!!
Já saíram três episódios, toda semana lança um novo.
Ah, outro ator importante nessa série: OWEN WILSON! Amo demais
Bebedicash
No último final de semana maratonei a série Manhãs de Setembro, da Amazon Prime, estrelando ninguém mais, ninguém menos do que ela, a diva Liniker.
A série conta a história de Cassandra, uma motogirl que está conquistando a sua independência financeira e também emocional, já calejada e muito focada na sua própria vida.
Cassandra acaba de assumir esse lugar depois de muita luta em sua vida, quando de repente aparece uma mulher com um filho dizendo ser o filho dela. Isso transforma e vira a sua vida de cabeça para baixo.
A discussão sobre a questão de gênero permeia a série com muita sensibilidade de todes atores, da fotografia belíssima, e a trilha que tem como a sua principal voz a cantora Vanusa.
Que por sinal, tem voz quase onipresente na série, Cassandra passa por todas as situações de sua vida conversando com uma voz de seu subconsciente, que é a Vanusa, e inclusive as suas músicas embalam, além da trilha, algumas cenas com a interpretação da Liniker/Cassandra.
Série nacional, linda e tocante. Com participação da incrível Linn da Quebrada e atuação da maravilhosa Karine Telles.
São 05 episódios de trinta minutos mais ou menos cada. Perfeito para assistir nesse findis de friozinho!
Vale demais assistir e sentir transbordar esse amorzão! <3
Pódiquéstes
No É Nóia Minha? tivemos mais uma rodada de dates ruins, dessa vez com a nossa audiência. Dá o play aí!
No Calcinha Larga, falamos com Daniela Arrais sobre a obrigação de sempre ser produtiva. Ouve nóis!
E no PPKANSADA nossas ppkers desabafaram seus sentimentos para com os homens após a leitura do livro Eu odeio homens, de Pauline Harmange, lançado pela editora Rosa dos Tempos. Vem desabafar também!
Semana que vem estaremos de volta, então até logo
Vocês notaram que faltou nossa presidenta Camila Fremder na news de hoje, né? A mãe precisa de um tempo off por estar on demais. Mas semana que vem ela volta, prometemos.
Então nós, Taize, Bertha e Bela, agradecemos pela audiência aqui nesta associação — e lá no PPKANSADA também!
Beijos das ppkers!