Associação dos Sem Carisma #78
Para proteger o carisma
Em tempos como esse, o carisma é escasso. E precisamos proteger aquele pouco carisma que nos resta.
Pois vem com a gente encher nossas bolsinha e mochilinhas com esses itens necessários para manter nosso carisma protegido.
Coloque tudo isso na bolsa e seja feliz. E não se esqueça do Protetor Solar FPS 60 da Sallve, que protege contra a luz azul e luz visível, infravermelho e poluição, além de hidratar a pele e prevenir sinais. Ela é gostosinha e não escorre, perfeita para quando você vai dar aquela caminhadinha para desestressar.
Pele bonita é carisma renovado, então vem conhecer!
O enfermeiro Romeu
Por Camila Fremder
Arthur pegou uma virose daquelas que tira do corpo tudo o que a gente comeu nas últimas horas. Foi uma noite bem difícil, roupa de cama e pijama trocados mais de uma vez. De manhã já estava bem, comeu, brincou e eu, como mãe, respirei aliviada. Achei que finalmente conseguiria dormir naquele dia. Mas, infelizmente, quem pegou a virose fui eu, e mais uma noite em claro, mas dessa vez, encarando as minhas próprias escatologias.
Acordei duas da manhã sem saber muito o que estava sentindo. Levantei e meu corpo andou "sozinho" em direção ao banheiro. Chegando lá, soube o que fazer imediatamente. Comecei com o número 2, que pra mim é infinitamente mais fácil que vomitar. Notei que não estava sozinha. Romeu, um dos meus gatos, sentou ao meu lado. Ajoelhada no banheiro de frente pra privada eu sussurrava baixinho: "É só vomitar, você consegue". Olhei pro lado e lá estava Romeu, que vomita bolas de pêlo semanalmente com a maior facilidade. Me senti encorajada e fiz o que era preciso.
Romeu ficou ao meu lado a noite inteira. Quando eu voltava para cama pra tentar dormir um pouco, ele deitava perto dos meus pés, e quando eu corria para o banheiro pra passar mal de novo, ele chegava logo depois e se sentava me olhando o tempo todo. Romeu é o melhor enfermeiro, ele faz companhia, é calmo, te encoraja com o olhar e sabe ouvir. Tenham gatos.
Eu tenho inveja da ignorância
Por Isabela Reis
Eu queria muito ser aquelas pessoas que não sabem e não pesquisam. Não fazem a menor questão de se informar, sabe? Aquelas que você vê que tá completamente alheia da modernização, das recomendações oficiais, das notícias.
Queria muito ser aquela pessoa que não pesquisa preço, que não fica 3 dias cavucando por um cupom de desconto. Só decide comprar algo e compra. Não porque tem dinheiro sobrando, mas simplesmente porque é uma pessoa prática. Resolutiva.
Queria ser aquela mãe que só faz tudo como antigamente mesmo, que acata todos os palpites, acredita em todas as crendices, não dá a menor bola pra qualquer atualização da medicina, da pedagogia, que funciona somente no empirismo. Seria tão mais fácil.
Eu teria a cabeça muito mais tranquila se não tivesse a menor ideia do que é Pickler, Waldorf, Montessori. Quem foi que inventou essa merda de BLW? Eu queria achar que papinha batida no liquidificador ainda é a melhor coisa do mundo. Seria tão mais fácil se eu não desse a mínima pra amamentação, parto, criação com apego, respeitar a criança, não-violência. Eu queria fazer cara de interrogação ao ouvir “cultura do desmame” e “indústria da cesárea”. Bem do tipo “não tenho a menor ideia do que você está falando”. Sei lá, queria tá cagando pra tudo isso!
Deve ser bom demais não estar nem aí que um verme recusou uma vacina enquanto tentava superfaturar outra. Deve ser revigorante acordar e tomar um café com leite sem desejar a morte do presidente do seu país que fora democraticamente eleito. A ignorância é MESMO uma benção.
Mas se fosse assim, não seria eu. Enquanto isso, essa fudida aqui que vos fala continua demorando um mês pra comprar qualquer coisa em busca de três reais de desconto. Continuo mergulhando no universo do desenvolvimento infantil. Continuo amaldiçoando esse crápula dia e noite. Continuo não tendo paz. E jamais escolheria outro caminho.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Faz mais ou menos um mês que voltei a chorar por cima, e sem parar de chorar por baixo. Benzadeusah!
Não sei se os hormônios e a serotonina se regularam, ou se é o Brasil. Mas sei que eu amo voltar a sentir as coisas por completo.
Esses dias chorei de raiva e cansaço, e foi tão bom botar para fora.
Fiz uma cena bem de novela do Manoel Carlos. Eu estava lavando roupa e sentei no chão chorando e tremendo o queixinho, enquanto me derretia na parede, sabe? Foi tudo.
Sempre que amigues me perguntavam sobre tomar medicação para ansiedade, pânico e depressão, surgia aquela dúvida sobre a apatia ou a euforia, se o remédio te deixava flat ou meio too much. E isso é muito pessoal, e deve ser sempre acompanhado da psiquiatra e psicóloga se possível, para que de fato não aconteça uma mudança brusca dentro de você.
Para mim, o que ficou claro e me deixava satisfeita era quando eu me sentia no estado presente, onde eu realmente conseguisse sentir tudo, mas sem a lente de aumento da ansiedade e do pânico, que acaba muitas vezes sendo nebulosa e tortuosa. Tanto, que às vezes parece que nem rola uma cognição e você só não sente nada.
Por fim, para mim esses momentos onde consigo expor os meus sentimentos e lidar com eles com clareza, por mais que não sejam bons, são uma felicidade sem tamanho. É sinal de que estou aqui, presente.
Às vezes com ódio, porém, presente.
Beijinhos de lágrimas de sal,
Bebetinha
A vida é isso?
Por Taize Odelli
Conversando com meus amigos essa semana, acabamos falando sobre a vida. Envelhecer, não ser mais jovem, as viradas que a vida deu, o que ainda nos falta… A gente vai dar parabéns para um amigo que está fazendo aniversário e acontece isso, toda uma reflexão sobre a nossa idade e onde estamos.
Falta pouco para o meu aniversário de 32 anos. Olhando para esse número agora, vejo que ainda sou "jovem", mas não me sinto mais como uma. Nem quero ser. Ao passar dos trinta — e meus amigos dizem que os 35 guardam ainda mais surpresas —, parei de me preocupar com esse negócio de "será se sou adulta"? Até os 29 eu sentia que não era. Juro.
Aí chegaram os 30 e opa, vamos lá rever tudo o que você fez: saiu do meio do mato, do interior, está vivendo sozinha na maior cidade do Brasil, paga suas contas, tem cinco animais de estimação, uma geladeira foda, máquina de lavar, poltronas, TV, microondas, um aspirador de pó potente, estantes lotadas de livros, um espaço em casa para chamar de "escritório", um liquidificador, acabei de comprar uma cama — eu nunca tinha comprado uma cama nova —, tenho taças de cristal, dezenas de xícaras e canecas, um mini-bar com bebidas nele, muitas plantas pela casa, bancada cheia de produtos de skin care, compro o papel higiênico Neve mais macio e que tem até cheirinho… Não é isso ser adulta?
E não é isso estar vivendo confortavelmente bem? Não dá para estar satisfeita? Pode ser o remédio para a distimia que tomo há três anos, mas eu estou bem ok comigo e com essa vida que está passando. Falta muito ainda. Falta viajar, falta poder ir sozinha para um lugar isolado passar o fim de semana. Falta alguém com quem dividir a vida, sim. Eu quero. Mas tenho 32 anos. Ainda há tempo para tudo isso. Ainda vou ser uma mulher velha que fez mais coisas, mora na casa dos sonhos, toma banho de banheira, viaja para Paris, Nova York, Berlin. Eu vou ser uma velha foda. Estilosa. Sábia. Sábia não sei, mas poderei aprender a transmitir a sabedoria pelo olhar.
Está tudo bagunçado, incerto, acelerado, conturbado, mas aqui está tudo bem, sabe? Não posso dizer que estou satisfeita com tudo, e acho na verdade que é impossível dizer isso em algum momento da vida. A gente nunca estará satisfeito. Mas isso não significa que a gente falhou ou está falhando. A gente só tá vivendo. E tá bom, sabe. Não tá horrível. Não agora.
Dicaralho
Dicaize
No último domingo vi inteirinha a série documental sobre a Elize Matsunaga. Sim, ela, que matou o senhor Yoki e esquartejou o corpo. A história toda é tensa demais, mas o que o documentário deixa bem evidente é o quanto o caso foi recheado de machismo e sexismo, da cobertura jornalística até o julgamento.
Promotores, advogados e a própria Elize dão entrevistas sobre o caso. E olha, enquanto eu assistia me deu uma raiva absurda do pessoal da acusação — um monte de homem falando um absurdo maior que o outro.
Não que Elize seja inocente de algo, pois não é. Não acredito 100% nela, mas não dá para ignorar que a acusação foi baixa, bem baixa.
Gostei bastante do documentário, de como contaram essa história e dessas questões que levanta. Tá lá na Netflix.
Belatips
Eu vou me repetir na dica da Taize do documentário da Elize Matsunaga somente pra dizer aqui minha conclusão ao terminar de assistir: matar até vai, esquartejar já é um pouco demais. Assistam!
Bebedicash
E vamos de mais uma dica aqui babadeira.
No último final de semana, eu assisti ao documentário Three Identical Strangers. Ele conta a história de irmãos trigêmeos que foram separados com 06 meses de idade e divididos pelos Estados Unidos, em famílias de diferentes classes sociais.
Eles crescem sem saber da existência do outro, até que dois deles se encontram por acaso na época da faculdade, com 19 anos. Com toda atenção da mídia em cima do caso dos gêmeos que só se encontraram depois de uma vida toda, o vídeo chega ao terceiro irmão, que é o que vive em uma classe social mais baixa.
Os três viram um sucesso porque são realmente MUITO IGUAIS, e começa a acontecer uma pressão em cima disso, de que os gostos e interesses deles são idênticos, ressaltando o fator genético.
Até que, após esse boom, eles e a família questionam o centro de adoção em que os adotaram por que separaram os trigêmeos.
E o negócio vai ficando cabuloso e bizarro demais.
Uma história que parece incrível e mágica esconde muita perversidade e falta de ética, que afetou a vida dos trigêmeos e de mais irmãos gêmeos espalhados pelo mundo.
Eu fiquei o que? PASSATAH!
TÁ PASSADAH?
Vozes para seus ouvidos (podcasts da semana)
É Nóia Minha? vem com um papo super importante sobre Boy Lixo. O tema e as convidadas vieram como sugestão dos próprios Nóiers, que arrasaram no casting. Manuela Xavier, que é psicanalista, e Laura Neiva, que é apresentadora de TV, contribuíram demais para esse papo, vai lá ouvir!
Calcinha Larga teve a necessária Djamila Ribeiro, ou seja, praticamente uma aula. Vale a pena ouvir mais de uma vez.
PPKANSADA chamou a artista e poeta Marcela Scheid para falar sobre os arrependimentos da vida. Ah, se eles matassem…
Tchau não, até breve!
Ai que saudades que eu estava de escrever aqui na news. <3 Sumi por duas semanas, tava punk a coisa aqui, mas agora estou de volta. Obrigada meninas (Taize, Bertha e Bela) que tocam esse amor de projeto com o maior carinho e dedicação, mamãe ama vocês. Obrigada carismers que me mandaram mensagens preocupados, já to aqui de novo contando meus causos pra vocês.
Bjsss,
Noix