Associação dos Sem Carisma #90
Você era uma criança ou adolescente sem carisma?
Já que em dois podcasts dessa semana falamos sobre nossa infância e adolescência, aqui vai um teste para você descobrir se sempre foi uma pessoa sem carisma ou se foi a vida adulta que acabou com o carisma que você tinha.
Vem fazer!
Rei do Carisma
Por Camila Fremder
Arthur tem carisma e não há nada que eu possa fazer. Hoje foi a primeira vez que ele foi na casa de uma amiga depois da escola pra brincar. Recebi fotos dele fazendo bolo com a Ninna e a Amora, depois eles tocaram instrumentos, e na hora que ele foi conhecer o quarto dela, recebi um vídeo onde ele dizia: Nossa, que lindo o seu quarto, ele tem um balão! Em nenhuma foto, mesmo com o passar das horas, ele demonstrava algum tipo de desconforto. Em qualquer imagem ele sorria, abraçava as amigas, sempre gesticulando, ou seja, se comunicando sem parar com as outras pessoas.
Três horas depois, quando fui buscá-lo, ele disse: Entra aqui mamãe, vem conhecer a casa da Ninna. Entrei e ele completamente à vontade com o ambiente. Pensei comigo mesma que na hora que fôssemos embora, ele dormiria em 3 minutos no carro de tanto exercitar o carisma. Ledo engano, ele veio o caminho inteiro contando como seria uma boa ideia ele dormir na casa da Ninna, ou ela passar um final de semana inteiro com a gente. Gente, confirmou demais, eu gerei o cara com mais carisma que eu conheço.
Saindo da toca
Por Isabela Reis
No domingo passado, depois de um ano e sete meses, eu reencontrei três amigas. A última vez que tínhamos nos visto foi no início de março de 2020. Outros tempos, mais simples, menos trágicos. Em um churrasco, eu fui sozinha, descompromissada. Fui até dirigindo, não bebi, mas ri horrores com meus amigos. De lá emendei em algum outro rolê. Uma liberdade impensável.
Corta para um ano e sete meses depois, nosso reencontro em um gramado ao ar livre e eu chegando empurrando um carrinho de bebê com meu filho. Que coisa louca é me reapresentar para minhas amigas nessa versão que elas não puderam acompanhar. Minhas amigas de infância não me viram grávida e só conheceram meu filho agora, aos nove meses. Perdemos tanto. Isso é tão injusto. Que loucura deve ser pra elas, subitamente, me ver mãe. Lembrar de mim sozinha e me rever com um bebê a tiracolo.
A Carol Burgo, artista plástica, estilista e mãe, postou um vídeo no Instagram sobre a forma como estamos precisando nos reconhecer após esse período, especialmente quem foi mãe durante a pandemia. Se nem nós sabemos direito quem nos tornamos, como esperar que ainda nos reconheçam? Como nos reapresentamos para quem amamos depois desse trator de gravidez-parto-puerpério nos esmagar durante um isolamento? Quem somos nós, hoje, afinal?
Tenho pensado muito nisso. Tenho pensado como será de fato viver a vida em sociedade como mãe. Como meus amigos vão realmente reagir e viver essa nova vida comigo? Como é ser mãe publicamente e não em lockdown? Ainda não tenho respostas. Volto no assunto quanto tiver. Mas enquanto isso, sigo buscando me redefinir depois de tudo que me atravessou, atropelou, transformou.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
Quem te deu o direito?
Sobre o direito que as pessoas acham que tem de meter o bedelho em nossas vidas?
Nessa semana teve um dia que acordei virada no ódio e estava sem paciência com ninguém, o que não é o meu padrão.
Nesse dia percebi o quanto as pessoas se sentiam no direito de se meter na minha vida e nas minhas escolhas. Talvez eu compartilhe demais, ou fale demais, não sei.
Mas o que sei, é que a minha mãe me ensinou a ser educada e a respeitar us outres, ainda mais quando a opinião deste não foi solicitada.
Isso aqui tá parecendo quase uma indireta bem direta, mas é mesmo. Porque queria que você que está lendo refletisse se costuma a fazer isso com as pessoas com que convive.
Estou falando de coisas como falar sobre o corpo da outra pessoa, da aparência, do que ela decide comprar ou não, ou até se ela decide adoçar o seu café ou não, como foi o que aconteceu comigo nessa semana.
Cada um tem os seus interesses, conhece o seu corpo e limites, e isso deve ser respeitado. Um comentário como esse, que parece inofensivo, pode acessar lugares no outro que por muitas vezes desconhecemos.
Por exemplo, o fato de eu adoçar o meu café ou não me traz lembranças do meu distúrbio alimentar que vem sendo tratado com muito carinho e atenção por mim, e pelos profissionais que me acompanham — psicóloga, psiquiatra e nutróloga.
Esses dias, também vi no Instagram de uma amiga vários seguidores dizendo que ela parecia grávida em uma foto que postou, e opinando sobre o seu corpo de forma totalmente irresponsável, o que também não se faz. Ela também já sofreu com distúrbios alimentares, e aposto que muitos dos que fizeram esses comentários não sabiam.
Então peço aqui para que tenham cuidado com o que falam e as palavras que usam.
Se não for de um lugar de cuidado, de preocupação ou de muita intimidade, não fale, e não comente. Não é de bom tom, rs.
Que fique o alerta de que esse tipo de fala pode causar vários danos na vida de uma pessoa que muitos nem imaginam.
Beijos de alerta, carinho e atenção,
Bebetinha
Você pensa sobre o futuro?
Por Taize Odelli
Estava eu praticando meu pão e circo da terça-feira vendo The Masked Singer quando sou impactada pela propaganda de um banco — aquele que tem uma cantora famosa como “funcionária” e que nunca aumentou o limite do meu cartão, me obrigando a ter outro cartão.
Era o famoso discurso de propaganda de banco: alguma mensagem motivacional que quer passar a impressão de que uma empresa — ainda mais do ramo bancário, kkkrying — se importa com você, o cliente. Era uma mensagem sobre o futuro.
Primeiro que a preocupação de qualquer empresa não é de cuidar nem de você e nem do seu dinheiro, é pegar o seu dinheiro. Segundo porque dá mesmo pra falar em futuro? Não digo do futuro próximo, o que fala da semana que vem, mês que vem, quiçá até do ano que vem. Falo do futuro distante, aquele que o banco quer dizer que se preocupa, o futuro dos seus objetivos para daqui a 5, 10, 20 anos. O futuro da sua velhice.
Esses dias estava no telefone com a gerente do meu outro banco (aquele que leva o nome do nosso país) e ela me perguntou se eu contribuo com o INSS. Minha filha, o que você acha? Dei risada, e deu para sentir a preocupação no tom de voz dela. Como assim não? Melhor fazer, hein.
Somos de gerações diferentes, ela certamente ainda pensa em aposentadoria e vai se aposentar. Eu já não espero que isso aconteça comigo. Eu não sei se vou ter vida ainda daqui a 50 anos. Ou se vai ter Brasil daqui a 50 anos. Se vai ter mundo.
Com essa “visão” de futuro, percebi que ando fazendo coisas que nunca fiz antes justamente porque não penso mais tanto nele. Eu não tenho planos para esse futuro distante, e são poucos os para o futuro próximo. Só vou seguindo o flow, sem pensar muito no que pode acontecer a seguir. O que é meio perigoso, claro. Mas ficar pensando demais num futuro que, como disse a propaganda, a gente não sabe como vai ser, é tão danoso quanto não se importar com ele. Para mim é mais danoso, porque ficar pensando nele me tirou muitas noites de sono e me impediu de viver várias coisas que poderiam ser legais.
Com 20 e poucos anos, pensava demais no que poderia acontecer nos anos seguintes, media muito as consequências. Eu pensava estar em um local seguro e confortável onde eu me manteria segura e confortável para sempre se seguisse as regras, mas no final se mostrou um lance tóxico que acabou com a minha estabilidade mental. Por isso, nos últimos tempos, ando ignorando que existe vida no dia seguinte, e acho que isso vem me fazendo bem no momento. É uma conta que pode ser cobrada no futuro. Ou não. Se houver futuro, né. Vai que o meteoro caia amanhã.
Dicaca
Bebedicash
Ontem eu recebi um lanche vegano delicioso e preciso compartilhar com vocês.
É uma hamburgueria nova que se chama @plocgreen.
O hambúrguer é feito de proteína de ervilha e é super temperadinho, defumado, e não fica pastoso como a maioria dos lanches feitos de proteína vegetal.
Eu pedi um lanche de cheddar vegano com cebola caramelizada, que acompanha batatinhas fritas palito que chegaram perfeitamente crocantes aqui em casa, e vinham junto com umas maioneses veganas com gostinho do céu.
Uma super dica para você que é vegano e quer um lanchão de respeito, para quem pretende diminuir o consumo de carne, ou se você só quer comer algo muito goxxxxtoso.
Dicaize
Minha dica dessa semana é mais uma daquelas para tirar todo o seu tempo livre e atrapalhar as suas tarefas. Sim: vou indicar mais um joguinho de celular.
Por incentivo de Vizinha Carla, baixei Beatstar. É um joguinho estilo Guitar Hero (saudades imensas) com várias músicas famosinhas e hits do momento além de alguns clássicos. É aquele tipo de jogo que exige coordenação com seus dedinhos, ritmo e tempo, pois precisa esperar horas para liberar cards de músicas novas. Então você fica esperando a caixinha carregar, fique ansiando por mais diamantes para comprar músicas novas, fica disputando com o amiguinho quem fez a maior pontuação em determinada música.
Estou viciada, estou amando e estou prestes a gastar mais dinheiro com esse jogo, mas vou me segurar. Quem jogar, me adiciona lá: Taize#3. Quero ver você bater minha pontuação em Fall Out Boy.
Pods? Pods
É Nóia Minha?: Falamos sobre a nóia que é ser adolescente. Sim, adolê, como eu sempre digo. No episódio da semana teve a escritora e roteirista Thalita Rebouças e a podcaster Déia Freitas do pod Não Inviabilize. Tá muito amor, vai lá!
Calcinha Larga: Fim da quarta temporada de Calcinha larga e fechamos com chave de ouro: Mônica Martelli. <3 Tá muito engraçado! Ouve lá!
PPKANSADA: Bertha, Isabela e Taize entraram no clima Dia das Crianças e falaram sobre a infância e como aqueles eram tempos mais simples. Vai ouvir esse também!
Beijo e queijo
Enquanto escrevo essa news, três gatos disputam o meu colo. Apesar de não ter muito carisma, eu sou muito querida, não é mesmo? Fica aí a lição: quem for te amar, vai te amar mesmo se você for uma pessoa sem carisma.
Paz!