Associação dos Sem Carisma #181
Burocracias que enlouquecem
Você é daquelas que, só de pensar em ter que fazer alguma coisa burocrática, dá vontade de cessar de existir? Você não está sozinha, nem sozinho, nem sozinhe. Todos nós odiamos esse momento de ir resolver perrengue chato na rua: passar no banco, num cartório, no Poupa Tempo (referência paulista)... Pegar senha, documentos, aguardar em fila. Ô, chatice!
Aqui vão algumas burocracias que enlouquecem nossa alma já sem carisma.
Reunião de Pais e Mestres
Se a professora do Arthur soubesse o gatilho que me dá receber um convite para uma reunião escolar, ela não me passava mais as infos dos semestres. Gente, eu era bagunceira, eu tirava zero em provas. MÃE, ME PERDOA! EU DEI MUITO TRABALHO! Então toda vez que eu leio "reunião da escola", eu já acho que é comigo, sabe? Fico repassando na minha cabeça se eu não roubei nenhuma prova de ciências nos últimos dias, ou se por acaso eu fui pega atrás do ginásio fumando escondida… É horrível.
E, mesmo quando eu chego na reunião, no papel de mãe, eu fico esperando ela dizer coisas tenebrosas. Nos minutos finais, quando eu vejo que ela não me disse nada demais, e eu finalmente consigo respirar, eu viro a pessoa mais simpática e engraçada do mundo, me despeço dela com um abraço apertado e falo obrigada e desculpa 12 vezes. É óbvio que a nóia não passa quando chego em casa, no momento estou fritando aqui, será que ela me acha muito estranha? Professora Vi, espero que você não leia isso, mas é muito difícil ser assim. Desculpa de novo. E obrigada.
Mundinho das newsletters
Eu não peguei o primeiro boom das newsletters que existiram ali entre os anos 1990 e 2000, pois era apenas uma pequena colona do interior sem acesso à computador e internet. Quando cheguei nessas terras online, já tinha Orkut e blogs. Mas sempre soube da importância que as cartinhas por e-mail tinham entre uma galera "mais velha" do rolê internet. Lamentava não ter vivenciado esse momento.
Newsletter virou sinônimo de spam, propaganda, marketing. Felizmente, uma década depois, o movimento das news de conteúdo voltou, e para quem curte escrever como eu, fiquei feliz em entrar nessa onda da qual faço parte desde então aqui na Associação dos Sem Carisma e com a minha newsletter que vai e volta, criada acho que em 2016, que se chama sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa.
Toda essa introdução foi feita porque hoje quero indicar algumas newsletters que eu adoro ler e fazer um merchan da minha própria, claro, haha. Ultimamente, torço para que as newsletters voltem a ter a relevância que tinham lá na juventude da internet, quando a gente lia e comentava as coisas de verdade. Quando o conteúdo longo não deixava a gente assustado ou cansado e as caixas de comentários pululavam com discussões bacanas. Pra gente gastar os 10 minutos que passa olhando um feed do Instagram sem propósito com algo mais… construtivo. Onde a gente escolhe o que quer ver, e não um algoritmo.
Enfim, aqui vão algumas news que adoro ler.
coisas estranhas, por Moreno
Essa deve ser a newsletter que eu assino por mais tempo, pois é uma preciosidade. O Moreno é bibliotecário e há anos monta a coisas estranhas, uma reunião dos links e negócios mais interessantes, curiosos e bizarros que existem por aí. E entre os links tem suas reflexões sobre alguma coisa que tenha virado assunto. É ótima pra gente descobrir coisa nova.
Não prometo (absolutamente) nada, por Marie Declercq
Marie é jornalista, escreve as reportagens mais interessantes que existem sobre cultura, comportamento, sexo… Enfim, se tem um lance curioso acontecendo, a Marie tá lá. E nessa newsletter ela fala sobre essas diversas coisas doidas e obsessões que existem por aí, formando nossa identidade internética e moldando nosso comportamento. Sempre afiadíssima nos textos, apenas amo.
Conforme Solicitado, por Gabriel Trigueiro, Arnaldo Branco e João Luis Jr.
Também conhecidos como "brothers de BP Ideias", esse trio divino entrega discussões inteligentes sobre política, arte e cultura com o melhor humor que existe. É inteligente, é engraçado, é PROVOCADOR, ui. É conteúdo de qualidade.
Dia Sim, Dia Não, por Davi Rocha
Como cria da internet, o Davi sempre tá comentando algum assunto do momento, fazendo uma piadinha aqui e ali e entregando essa newsletter que pode te fazer pensar e rir em uma única edição. Sem falar na sessão Dráuzio Varella Do Dia, sempre muito informativa. Esse texto que ele escreveu sobre os 30 anos da internet, aliás, está maravilhoso.
nevoeiro, por Carol Bensimon
Eu adoro os livros da Carol Bensimon, uma das minhas autoras nacionais favoritas sim, e nessa newsletter ela fala sobre escrita, sobre a vida, sobre o mundo, sobre tudo, e é sempre tão belo o jeito que ela escreve. Inclusive, Carol dá curso de escrita, tá? Eu aqui estou morrendo de vontade de fazer.
Estão aí minhas recomendações. E aproveitando o espaço: essa semana eu mandei um conto lá no sou meio vagabunda, mas sou boa pessoa. Estamos aí, tentando escrever, então convido os sem carismers daqui a darem uma passada lá se quiserem. Mas ninguém é obrigado, tá? :)
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Uma mulher habilitada
Tirei a carta de motorista em 2013, logo que completei os meus 18 anos. Foi também no mesmo momento em que eu saí de casa, mudei de cidade e entrei na faculdade.
Todas as vezes que voltava para São José dos Campos, que eram aos finais de semana, eu acabava fazendo as minhas aulinhas de direção e tal.
Dirigir meio que não me dizia nada, ficava pensando se fazia sentido, já que eu não ia ter um carro tão cedo também.
Eu lembro de quando fui fazer a minha primeira prova pra tirar a carta, eu TARRA super confiante, KK. A confiança durou pouco, em menos de 1 minuto de prova já fui desclassificada. E acho que a partir daí o bagulho virou meio que uma trava na minha vida.
Na segunda prova da carta, eu estava tão nervosa que morri o carro em uma valeta, liguei o carro engatado e peguei a contramão, rs. Claramente, também não foi o meu dia.
Finalmente, dez anos se passaram e eu senti a necessidade de ter esse controle, essa liberdade e autonomia na minha vida.
Depois de depender de caronas de Bla Bla Car fracassadas e traumáticas, com um pai mais velho que às vezes fica debilitado.
Chegou a hora dessa mona aqui tomar a frente desse volantão da minha vida!
Ah, e para as afilhadinhas que acabaram me mandando mensagem e se inspirando a voltar a dirigir, superar esse medo, eu comecei a fazer aula no Mulheres Habilitadas e vou dividindo com vocês aqui e no meu perfil!
Eu quero uma vida de loira platinada
Chega de gastar
Na semana passada, tive uma série de sensações ruins ao perceber que não sou rico. Isso mesmo, durante a maior parte da minha vida, senti como se eu fosse capaz de abraçar o mundo com meu cartão crédito e gastar dinheiro a todo momento, só que tudo isso mudou quando resolvi dar uma analisada melhor nas minhas próximas faturas no aplicativo do banco.
Ouvir das pessoas ao meu redor sobre meu hábito um tanto compulsivo de gastar dinheiro não é novidade alguma para mim, até porque, se estou perto de alguém, é muito provável que eu esteja gastando. Seja na faculdade, dentro de casa, no meio do mato ou, até mesmo, no ônibus viajando para Balneário Camboriú — em que gastei 80 reais em uma camiseta da Iggy Azalea assim que obtive sinal —. Estou sempre procurando algo para esvaziar o bolso. Só que, apesar do meu cartão de crédito se exercitar mais do que aqueles ciclistas que a gente encontra subindo a serra no final de semana, confesso que meu prazer por gastar acaba sendo menor do que a angústia que sinto quando não estou gastando.
Ao refletir sobre essa angústia, percebi que é como se existisse uma tarefa no meu subconsciente cujo o objetivo é gastar, nem que seja um pouquinho, todos os dias, e, caso eu não tenha gastado, fico sentindo como se estivesse faltando algo. E o mais preocupante dentro disso tudo é que sou assim desde que comecei a trabalhar, aos 17 anos, e não lembro de muitas coisas úteis que tenham sido compradas desde então, rs — caso precise citar duas, diria minha base belíssima do O Boticário e meu protetor térmico da Truss. O lado positivo de tudo isso é que demorou SÓ dois anos e meio para perceber que esse tipo de comportamento é capaz de me levar ao fundo do poço em um futuro próximo, como mês que vem, hahahahaha, ou seja, não é tarde demais.
Apesar de perceber o “fundo do poço” cada vez mais próximo, por consequência dos meus hábitos nada responsáveis em relação a dinheiro, essa reflexão abriu meu olhar para a possibilidade de tratar a minha angústia sem estourar qualquer limite, ou seja, guardando 20% do que ganho a sete chaves de mim mesmo, e evitando ao máximo cair na tentação de gastar em cafés que não preciso e chocolates minúsculos no intervalo das minhas aulas. Para comemorar uma decisão tão madura como essa, comprei um tênis belíssimo como símbolo desse recomeço.
Bote o fone de ouvido e ouça nossas vozes
Esse é o nosso espacinho para divulgar os podcasts das sem carismers da equipe. Não deixa de seguir cada um lá no seu Spotify e deixar aquelas 5 estrelas de avaliação. É muito importante para nós! <3
Ficou curioso com o texto da Camila na edição #179? Então vem ouvir o É Nóia Minha? dessa semana para saber o desfecho. Camila recebeu Clarice Falcão e Lela Brandão para contarem suas gafes!
No Conselhos que você pediu, a Isabela explanou sobre expectativas e esperanças. Ouve aí!
No Santa Reclamação de Cada Dia, a Taize recebeu a reclamação de uma professora que recebe menos de R$10 por aula. É de indignar mesmo.
Até breve!
Ou seja, até semana que vem, porque sexta que vem voltamos com mais uma newsletter para você. E fiquem ligadas aí, que o tempo tá virando de novo para acabar com a nossa imunidade. Leva casaco, não pega sereno, se cuida.
E obrigada por lerem até aqui, beijos mil,
Camila, Bertha, Taize e Claudio
Lembretes de encerramento:
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amei as dicas de newsletter. assinei as que nao acompanhava.
Amei as dicas de newsletters e, principalmente, amei a coluna do Claudio! Normalmente eu já adoro as confissões de quem quer ter uma vida de loira platinada, mas essa semana eu ri alto! Claudio tem todo o meu amor <3