Associação dos Sem Carisma #74
Vida adulta: a revanche
Aqui somos todos adultas. Gostamos? Gostar é uma palavra forte… Não falta na vida adulta situações que queríamos apenas evitar. O trabalho naqueles dias que só queremos ficar deitadas, chorar fazendo o imposto de renda, limpando o banheiro, lavando a louça, pagando o aluguel.. Ô azedume.
Pois a Soda Antarctica, essa maravilhosa, convidou a gente para dar títulos para esse grande drama que é o filme da vida adulta. Aliás, a Camila já fez isso muito bem lá no livro Adulta sim, madura nem sempre.
Não dá pra escapar das tretas da vida né… Mas pensa aí: se for pra ser adulto, #QueSejaSoda. Aquele azedinho gostoso que a gente gosta. E bola pra frente que não dá pra pedir demissão de ser adulto não.
Qual seria o título do filme da sua vida adulta?
RuPaul me salvou
Por Camila Fremder
Pra quem não sabe ou ainda se espanta quando eu conto que num passado distante eu atacava de DJ, em um outro momento da vida eu fui frequentadora assídua de shows de Drag Queens, nacionais e internacionais. Minha preferida era a Adore Delano, paguei o meet and greet e tirei foto de rostinho colado quando ela veio fazer show aqui no Brasil. A maternidade me tirou o tempo de ver os reality shows, mas depois que gravei com as perfeitas do podcast Santíssima Trindade das Perucas, resolvi retomar RuPaul's Drag Race da temporada em que parei, e foi a salvação das minhas noites de ansiedade.
Estou vendo a 12ª temporada e comemorei feliz que essa semana a 13ª entrou na Netflix. Se você anda pensando em besteira perto da hora de dormir (e quando digo besteira quero dizer coisas ruins, pensamentos chatos ou coisas que dão medo), apenas ligue em alguma das temporadas e assista a essas pessoas talentosas que se maquiam, costuram, interpretam, desfilam e alegram a todos, e fique feliz. Drags são maravilhosas. <3
O tempo que não tenho mais
Por Isabela Reis
Oi, gente!
Se você chegou nos últimos cinco meses, prazer! Eu costumava estar aqui quinzenalmente antes do meu filho Martin nascer. Tenho um bebê de quase seis meses e a última vez que estive nessa news foi dias antes daquele 28 de dezembro de 2020 em que minha vida mudou completamente.
Desde então, muitas águas rolaram. Lágrimas, inclusive. Muitas! De alívio, medo, desespero, cansaço, de um amor estarrecedor. Pra mim, a coisa mais difícil até agora foi a disponibilidade integral de tempo. Quando a gente pensa nessa entrega full time, sempre vem a ideia de “não vou poder ir pra night por um tempo, toda saída sem filho tem que ser negociada com a rede de apoio, viajar fica mais complexo”. Mas entendemos o que isso quer dizer quando estamos com fome ou com vontade de fazer xixi há duas horas e não conseguimos nem comer e nem ir no banheiro porque o bebê acorda toda vez que você coloca na cama ou quando apoiamos o prato na mesa. Comida quente e bexiga vazia viram itens de luxo.
Na semana passada, pela primeira vez na vida, descumpri um prazo. Não se enganem, eu não sou uma pessoa organizada que faz tudo com antecedência, muito pelo contrário. Sou procrastinadora, deixo tudo pra em cima da hora, acostumei a virar noite terminando de véspera. Até semana passada, sempre deu tempo. Mas, pela primeira vez, não deu. Tinha que entregar um trabalho até quarta e, depois de chorar de desespero, assumi pra mim que não conseguiria e pedi mais dias. Não dá mais pra virar a noite, não dá sequer pra focar três horas direto sem ser interrompida. Esse foi o maior dos baques.
Pelo menos por um tempo, eu não conseguirei produzir na mesma velocidade e intensidade do que antes. Ué, justo, não? Eu tenho um filho de menos de seis meses! Mas como explica isso para uma mente que se cobra tanto? Não tenho ideia mas vou aprender à força.
Meu último texto aqui foi na News 50 com o título “Vou ali renascer.” Hoje, já posso dizer que, mais do renascer, eu morri. Morri várias vezes. Ano passado eu morri, esse ano eu estou morrendo todos os dias. Eu acordo com meu filho do lado e a Isabela que eu fui morre um pouco mais. A Isabela que tinha todo tempo do mundo, que fazia tudo na hora que quisesse, já morreu tanto que só sobrou um fiapo que já já some também. Na semana passada, pela primeira vez, eu morri do prazo que não cumpri. Eu amo ainda mais a nova eu, eu amo a felicidade e realização que meu filho trouxe. Mas ainda assim, por um mísero prazo, me senti impotente, sobrecarregada, desorganizada e imersa no caos.
Em outros tempos, eu escreveria esse texto aqui em 20 minutos. Dessa vez, demorou quase três horas com pausas para uma troca de fralda e roupa, dois mamás, um tempo brincando, mais um tempo ninando sob choros e protestos de um bebê exausto. Escrevo como um abraço para as mães que seguem brincando de morto-vivo. Às mães que deixam todas as petecas caírem, perdem os prazos, atrasam, somem. A todas as mães que não estão dando conta e ainda estão tentando renascer e aceitar seu novo tempo depois de terem morrido tantas vezes. Como aprendi com a pesquisadora Morena Mariah, “devagar também é tempo”.
Se quiser falar de amor, fale com a Bebetinha!
Por Bertha Salles
ATENÇÃO, ATENÇÃO!
Este não é um texto tilelê sobre positividade tóxica, são apenas relatos de bons momentos e de momozinho.
Dito isso, bora começar!
Sou filha única por parte de mãe, e por parte de pai tenho mais quatro irmãos. Nós temos bastante diferença de idade e morávamos em cidades diferentes.
Quando cheguei do Canadá e fui para Sanjamaica City (kkk), cidade da minha mãe, eu convivia muito com os meus primos maternos, tínhamos praticamente a mesma idade. Acho que são 13 netos da minha avó hoje em dia, rs, na época éramos uns 11 com pouquíssima diferença de idade de um para o outro.
O tempo passou, e por algum motivo do destino, universo, conexão afinidade, não sei explicar e chamar ao certo, essa amizade e convivência acabou perdurando com apenas dois primos, o Léo e a Lari.
E é muito doido como existem encontros na vida, que independente de sangue ou não, acabam virando laços eternos. Quando ficamos mais velhos, também entendemos o quanto amizades e amores acabam muitas vezes se afunilando e se perdendo por qualquer razão. Já outras, se entrelaçam e fortalecem mais e mais.
A minha convivência e afinidade com esses dois é por escolha, não é por obrigação, como às vezes rola com aquelas pressões familiares, sabe?
Nós nos escolhemos como família, somos base um do outro desde que eu me entendo por gente.
Nós 3 viemos para São Paulo, e mais uma vez, por destino, nada combinado.
Conseguimos estudar, e nesse meio tempo as nossas mães que não são irmãs, são ex-cunhadas, acabaram se unindo cada vez mais, como mulheres e mães divorciadas que muitas vezes precisaram agir praticamente sozinhas na nossa criação.
No meio desses anos todos, nós tivemos muitas quebras e sofrimentos, assim como em toda a família e vida no geral, o que acabou nos unindo ainda mais como forma de apoio para o outro.
Eu nunca vou me esquecer de quando os meus pais estavam se separando, eu tinha oito anos. E a Lari, minha prima, foi a primeira a perceber que eu estava sofrendo não só emocionalmente, como fisicamente, parando de comer a cada dia e criando aversão a comida. A Lari me estendeu a mão, o braço e o colo, como faz até hoje.
Escreveu uma cartinha, me dizendo que sempre que eu precisasse conversar, ela estaria lá. E esse bilete é verdade!
Também nunca esqueço das risadas deliciosas que dou até hoje com o Léo, de quando ele falava que ia peidar na minha cama até ficar verde, KKK. Ou das Barbies carecas presidiárias (o presídio era a minha cadeirinha baixinha que tinha umas hastes). Das vezes em que nos encontramos para desabafar por um motivo horrível, e do nada estávamos rindo de doer a barriga.
Em todas as dificuldades e momentos mais importantes das nossas vidas, estávamos lá um para o outro. De peito e braço aberto, para confortar, consolar e dividir todo esse amor.
Hoje a Lari tá casada com uma pessoa incrível, e recentemente eles adicionaram um novo integrante para a nossa "pequena" família, que é a coisa mais linda e preciosa desse mundo.
O Léo acabou de casar esse sábado com uma pessoa maravilhosa e que é metade italiano que nem a Lady Gaga, rs, e eu também já o amo.
Nossa pequena família aumentou, e meu coração sempre transborda até molhar o rosto ao falar deles.
Obrigada a essas pessoas por serem quem são, e por fazerem parte de quem eu sou.
Um beijo de amor para as famílias que encontramos nessa vida,
Bebetinha Jah Jah Rastafari, rs
Como um buraco negro curou minha deprê de domingo
Por Taize Odelli
Quando tudo parece estar perdido, acredito que a melhor maneira de voltar a sentir alegria por estar viva é olhar para o mundo. Não o mundo das pessoas e como elas vivem — que, convenhamos, a gente não aguenta mais —, mas o universo em si. Em como o universo funciona. Nas descobertas. Naquilo que está a bilhões de anos-luz da gente.
Estava pensando nisso enquanto assistia Buraco Negro: No limite do conhecimento, um documentário na Netflix sobre a pesquisa que levou até a primeira imagem de um buraco negro. Era domingo, eu curto coisas de astronomia, então achei uma ótima opção para terminar o dia. Quando terminei, eu estava me sentindo outra pessoa.
Preciso explicar rapidinho aqui o que é um buraco negro, né? Bem, ele é um lugarzinho ali no espaço-tempo que tem um campo gravitacional tão forte, mas tão forte, que nada escapa dele. Nem a luz. Por isso a gente não pode ver ele. A luz entra e não sai, não reflete. Então como fazer uma foto de um buraco negro? Aí está a parte complexa. O buraco negro em si a gente não vê. Porém, ele causa uma baita distorção em sua volta, e isso dá para ver. Ali, no limite do horizonte de eventos, que é o ponto de onde nada mais volta.
Você olha essa imagem feita a partir de uma quantidade absurda de dados recolhidos por telescópios do mundo todo e pensa: nossa, que sem graça. Mas aí é que está a mágica. Esse negocinho ali está a 53,5 milhões de anos-luz da gente. É uma imagem de um passado distante pra caralho. Longe pra caralho. A gente mal consegue ler o letreiro de um ônibus virando a esquina, e os caras conseguiram ver um negócio impossível de se ver a 53,5 milhões de anos-luz. É um feito e tanto. E é isso o que me fascina tanto na astronomia, na ciência.
Olhar para o universo é ver como vivemos num contexto muito maior e misterioso. Há coisas incríveis lá “fora”. Coisas que eu gostaria de poder ver e, não podendo, tenho que me contentar com simulações e teorias. E aí vem uma galera que se dedica há mais de uma década a estudar, teorizar, comprovar, observar e dar um jeito de mostrar isso pra gente. De dizer “oh, isso existe, isso é assim, vivemos num mundo onde isso que até então era apenas teoria é, na verdade, real”.
Isso é maior que qualquer coisa. Maior do que qualquer pessoa, qualquer país. Não somos o centro do universo, e muitos dos nossos problemas, acredito, vêm dessa percepção de que somos o centro sim. Ver um documentário como esse tira da gente, pelo menos por algum tempo, esse peso, essa importância que a gente se dá. Enquanto assistia, eu não pensei em mim, nos meus problemas, nos problemas do Brasil. Eu senti apenas maravilhamento. E empolgação. Porque a empolgação desses astrofísicos era tão visível que ela passou pra mim.
Gente, esse é o mundo. Um lugar desafiador e caótico que ainda temos muito a conhecer. Um lugar que vai viver muito além da gente — somos um nadinha perto disso. E isso é o que mais me emociona, sabe? A nossa capacidade, como seres pensantes, de desvendar esses mistérios, colocar mais uma pecinha nesse quebra-cabeça do céu. O conhecimento é lindo demais. O universo é violento, mas lindo demais. Estar vivo e ver essas coisas sendo desvendadas é lindo demais. Viver dói, mas puta que me pariu, tem coisa linda pra caralho.
Ps.: Se alguma astrofísica ou astrofísico lê essa newslettinha e ver que eu falei alguma coisa errada, pode dar aquele toque amigo. <3
Diquinhas demais
Bebedicash
Como estou muito afetiva hoje, a minha dica vai ser sobre comidinha.
Está bem frio, e nada como aquecer a nossa barriguinha com algo gostoso nesse inverrrrno.
A minha dica de hoje vão ser as sopinhas do restaurante Olga Ri, a de lentilha vermelha apimentada com cebola caramelizadinha assim, affff. É bom d+, e esquenta qualquer coração.
Também vou deixar a receita de uma sopinha que eu faço, que é suckess e facinha. Dá até para congelar!
Eu uso 2 linguiças paio.
½ cebola
4 mandioquinhas
2 colheres de sopa de cream cheese sem lactose (mas pode usar o que quiser)
sal, pimenta do reino e cheiro verde a gosto.
Em uma panela funda, adiciono a linguiça paio cortada em 4. Nem muito grande, nem muito pequeno, rs - IDEAL KK.
Assim que dourar, adiciono a cebola cortada em cubinhos.
A gordura do paio já vai dar todo o sabor para o refogado da cebola e, óbvio, para a sopinha.
Coloco as mandioquinhas descascadas e cortadas em cubos também.
Tempero com sal e pimenta do reino.
Deixo cozinhar até encorpar, e é a hora do clim xisi, famoso cream cheese.
Coloca e deixa engrossar mais um pouquinho só.
Agora é só ajustar os temperinhos e finalizar com o cheiro verde!
Fica bom demais! <3
Se fizerem, marquem a gente!
Dicaize
Já que estou toda CIENTÍFICA hoje, minha dica é esse vídeo aqui sobre como o universo vai acabar. Uma das teorias sobre isso, pelo menos. A ideia é que todas as estrelas vão morrer, tudo cairá dentro dos buracos negros e eles, enfim, vão evaporar até deixar um grande nada. E é aí que chegamos no fim. Claro, isso são teorias baseadas em uma pá de cálculos que eu jamais serei capaz de compreender porque ainda tenho que fazer continha nos dedos. Mas só essa ideia em si é uma coisa doida demais, e esse vídeo tenta mostrar nossa ideia de como seria isso. Pra ver e se sentir pequenininho e insignificante — o que, pra mim, traz um certo alívio.
Beijos científicos!
Podcasts para edificar a sua vida
No É Nóia Minha? falamos sobre simpatias com a escritora Carol Chagas e Maria Clara Villas. Vai lá ouvir e aprender simpatias novas.
No Calcinha Larga recebemos a produtora de conteúdo e escritora Polly Oliveira para falar sobre afetos complicados. Papo família, vai lá ouvir!
E no PPKANSADA teve um papo sobre poliamor, monogamia, relacionamentos abertos e afins entre as nossas ppkers sem carisma. Escuta aí!
Aquele tchauzinho
Como é bom ter a Bela de volta! <3 Estávamos com muita saudade. E notaram algo diferente? Pois é, estamos testando uma outra plataforma para enviar esta news, que tem um jeito bem mais legal também para ler as edições anteriores. Então aceitamos feedbacks! Avisa se algo não saiu direitinho aí. E obrigada por mais essa semaninha aqui com a gente.
Lembrando também que essa semana saiu modelo novíssimo da nossa camiseta lá na Tangerina Moon: a Porta-Carisma! Para quem estava pedindo por uma nova cor, agora tem. Vê aí!
Beijinhos beijinhos,
Camila, Bela, Bertha e Taize
Descobri vocês nessa terça feira durante a qualificação do meu TCC. A professora comentou que assinava e não sei o que, e eu parei de prestar atenção no que ela tava falando sobre as métricas de comunicação e fui direto pesquisar o que era essa associação de nome tão diferenciado rs
Eu não sou de assinar nada no email porque nunca consigo cancelar essas coisas, no auge dos meus 20 anos eu sou quase uma idosa confusa com tecnologia, mas eu não pensei duas vezes em colocar o meu email. Entre cupons do ifood e propagandas de curso que eu não lembro de ter pedido (?) chegou o email de vocês E EU FIQUEI MUITO EMPOLGADA PORQUE EU NÃO LEMBRAVA QUE TINHA ASSINADO MAs a surpresa foi top. É exatamente o tipo de coisa que eu gosto de ler, e eu como pseudo escritora fiquei muito feliz de ver que existe gente fora dos livros extensos e das colunas de jornal. É leve, é relacionável, e no fim você fica esperando mais uns cinco ou seis textos porque não quer que acabe, como esse casulo confortável com gosto de café da manhã e dias sem nuvem.
Então, obrigada a minha professora por ter citado o nome de vocês (e eu nem lembro o contexto), mas eu mal posso esperar pra sexta que vem :)
Eu fui ler as newsletters antigas, porque me inscrevi tem tipo um mês, e te digo que as antigas estão sem as imagens. Vocês falam "pega esse pendulhicalho de porta", e não há. "Tá aqui a foto pra provar" e também não tá. Xomo você perguntou se estava tudo ok, te digo que não está: faltou o upload das imagens. Mas tô me divertindo ainda assim 😂